terça-feira, março 17, 2015

Conmebol congela premiações e gera insatisfação nas equipes brasileiras

Ataide Gil Guerreiro São Paulo (Foto: Alexandre Lozetti)Inúmeros atrativos fazem da Libertadores a competição mais cobiçada dos brasileiros. Curiosamente, a premiação não é um deles. Pelo segundo ano seguido, os valores dados pela Conmebol às equipes serão os mesmos. O campeão poderá ganhar, no
máximo, US$ 5,1 milhões (cerca de R$ 15,81 milhões), ou US$ 5,3 milhões caso tenha disputado a fase prévia. O vice leva US$ 3,8 milhões. As cotas são consideradas insuficientes pelos clubes do Brasil, e os cartolas planejam pressionar a Confederação Sul-Americana para que no próximo ano os prêmios cresçam. 
Na Liga dos Campeões, correspondente europeu à Libertadores, uma equipe que participe da fase de grupos, mas seja eliminada, sairá com pelo menos €$ 8,6 milhões do bolso (R$ 28,38 milhões), praticamente o dobro do que ganha o campeão na América do Sul. A comparação fica ainda mais gritante quando a premiação para o campeão do Velho Continente é considerada: €$ 37,4 milhões (cerca de R$ 123,42 milhões). Mesmo levando-se em conta as diferenças do mercado entre Europa e América do Sul, o objetivo é agir em conjunto para que o valor tenha um acréscimo considerável já na próxima temporada.   
INFO - premiação campeoanto conmebol europa (Foto: Editoria de Arte)

- Nós pretendemos que essas coisas mudem nos próximos anos. Conversar com demais clubes brasileiros e no próximo ano, se disputarmos a Libertadores, (cobrar da Conmebol aumento na premiação) é uma meta minha, do Ataíde. Podem cobrar. Mesmo quando ainda existia o Clube dos 13, isso já estava em pauta. E naquela época encontrei apoio de clubes chilenos, argentinos, uruguaios, pretendo voltar a debater isso – reconhece o vice-presidente de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro.    
Em dois jogos como mandante na Libertadores, o Corinthians já arrecadou R$ 5.964.982 em bilheteria. É pouco menos da metade do que o campeão do torneio ganha da Conmebol. E é um dado que sustenta a tese de que é necessário um reajuste, como reforça o gerente de futebol do Timão, Edu Gaspar.   
- Obviamente que não é satisfatório. Até pela importância da competição, é a maior do continente. É irrisório. Sinceramente não sei se há um movimento oficial para mudar isso, mas sei que há algo em aberto. Nossa nova diretoria discutirá todas essas questões, sem dúvida. Com certeza vamos botar isso em pauta – declarou o dirigente corintiano.   
De 2013 para o ano passado, o aumento foi de US$ 1,1 milhão. Em 2013, o Atlético-MG recebeu US$ 4 milhões (cerca de R$ 12,4 milhões pela cotação na época). Atual presidente do Galo, Daniel Nepomuceno também esperava um reajuste para a atual temporada. Mas foi mais ameno nas críticas à Conmebol.
- É claro que em três anos, como acontece no Brasil, esperamos que tenha um bom reajuste. Mas creio que 5 milhões de dólares seja um valor ainda ponderável – comentou o dirigente atleticano.   
Gastos maiores que premiação   
Na Libertadores, os clubes recebem os pagamentos a cada fase que disputam. Os valores são estipulados por cada jogo que fazem como mandante. Na fase prévia, os times recebem US$ 250 mil. Na fase de grupos, o prêmio é de US$ 300 mil para cada partida em casa, ou seja, US$ 900 mil por toda a fase (cerca de R$ 2,79 mi). Quantidade considerada insuficiente, segundo Vitorio Piffero, presidente do Internacional, que revela gastar mais do que ganha da Conmebol em algumas ocasiões.   
- Na realidade, a premiação é muito baixa há muito tempo. Todo o restante aumenta, mas os valores dados por eles (Conmebol) se mantêm. Pelo tamanho da competição, que é a maior do continente, está muito aquém do que deveria ser. Temos despesas de viagens imensas. Só para ter uma ideia, para o jogo na Bolívia, fretamos um voo. Gastamos mais do que o que recebemos da Conmebol – exemplifica o presidente colorado.    
Piffero também se mostrou disposto a apoiar qualquer tipo de manifestação que reivindique um aumento nas premiações.   
- Não tive contato com nenhum clube nesse sentido, mas não tenha dúvida de que (o valor baixo) nos desagrada. Muito mais em termos de representatividade. Qualquer movimento nesse sentido (reclamação) é bem-vindo, mas claro que tem que ser analisado. Temos que ver as receitas da Conmebol, se conseguem nos atender – ponderou Vitorio.   
O Cruzeiro adotou um tom mais político ao comentar o assunto. Supervisor de futebol da Raposa, Benecy Queiroz preferiu não entrar na discussão, uma vez que todos participantes do torneio entraram na disputa cientes dos valores que receberiam.   
- Não acho que tenha que haver nenhum tipo de reclamação, até porque, quando se assume o compromisso de participar de uma competição, temos que aceitar todos os termos dela. Aceitamos participar de acordo com os valores e regras do torneio. Não há por que tentar mudar isso. Para o ano que vem, é outra história. 
O atual campeão da Libertadores também preferiu ter uma postura cautelosa como a do time mineiro. Questionado pelo GloboEsporte.com, Matías Lammens, presidente do San Lorenzo, demonstrou curiosidade sobre o assunto, mas se manteve na defensiva.
- Quais clubes brasileiros estão reclamando? – questionou o dirigente argentino, que se esquivou após ouvir a resposta.   
- A verdade é que não temos posição a respeito – respondeu Matías Lammens.    
Falta de transparência dos sul-americanos   
Além de oferecer uma premiação bem mais gorda, a UEFA também divulga quanto ganha de seus patrocinadores, além dos valores dos direitos de transmissão de cada competição e a fatia que é destinada aos clubes. A Conmebol não tem essa prática. No caso da Liga dos Campeões, o faturamento da entidade europeia é de €$ 1,34 bilhão, dos quais 75% são destinados aos clubes. Ou seja, a UEFA divide €$ 1,005 bilhão entre as equipes.
A Confederação Sul-Americana, por sua vez, não deixa clara a qual a porcentagem de seus ganhos com a Libertadores destinada às equipes. Sequer publica os boletins financeiros dos jogos. Em 2015, a entidade ainda aumentou as restrições comerciais no torneio. Não são permitidas ações de empresas que não patrocinem o campeonato nos estádios onde são disputados jogos da Libertadores. É comum ver faixas negras tampando marcas de empresas em algumas arenas da competição. 
A assessoria de imprensa da Conmebol apenas informou que não está autorizada a se pronunciar sobre o assunto. Ainda no ano passado, o tesoureiro da entidade, o boliviano Carlos Chávez Landívar, havia prometido um incremento no montante repassado aos times para esta temporada, mas os valores se mantiveram. Para irritação dos brasileiros.   
- Um campeonato com esse nome não pode desvalorizar seus clubes assim – resume o cartola são-paulino Ataíde Gil Guerreiro.

Fonte: Globo Esporte

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