quarta-feira, setembro 01, 2021

SERVIDORES DO DETRAN-RN ENTRAM EM GREVE POR TEMPO INDETERMINADO NESTA QUINTA FEIRA (02)



Os servidores do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte (Detran/RN) entrarão em greve nesta quinta-feira (2), por tempo indeterminado. 

A decisão foi tomada em Assembleia presencial da categoria na última sexta-feira (27). Os funcionários do Departamento cobram atualização do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da categoria, cobrada há quase um ano, e a realização de concurso público, conforme acordado na greve de 2019, mas que até o momento não avançou concretamente. 

Uma outra demanda reclamada é o pagamento de processos pendentes. Isto porque vários trabalhadores ainda não receberam o pagamento de processos de insalubridade acumulados há mais de ano. 

A direção do Sindicato dos Servidores Públicos da Administração (SINAI), afirma que os trabalhadores optaram pela greve porque enxergam nesse mecanismo de luta de classes a única alternativa frente a forma como o Executivo tem conduzido o processo de negociações em curso.

Fonte: Passando na Hora

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Investigação da PF aponta que agentes de segurança pública têm envolvimento no contrabando de cigarros no RN

Uma investigação da Polícia Federal apontou que agentes de segurança pública estão envolvidos no contrabando de cigarros no Rio Grande do Norte.


PF e PM desarticulam organização criminosa especializada no contrabando de cigarros no RN — Foto: Divulgação/PF


A operação Quinta Coluna, deflagrada nesta quarta-feira (1º), cumpriu cinco mandados de busca e apreensão, expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal do RN, nos municípios de Natal, Mossoró, Caicó e Guamaré.


O objetivo é desarticular uma suposta organização criminosa especializada no contrabando marítimo de cigarros estrangeiros para o RN.


De acordo com os investigadores, a organização seria composta por servidores públicos e particulares e utilizava a região salineira como área de atuação.

As investigações tiveram início no final de 2020 e se intensificaram a partir da análise dos materiais apreendidos na “Operação Níquel”, deflagrada pela PF em 14 de janeiro do último ano.


Na oportunidade, foram identificados outros agentes de segurança pública envolvidos com o grupo criminoso que contrabandeava, transportava, armazenava e comercializava o produto ilícito no Brasil.


Daí em diante, o desembarque, transporte e armazenamento dos cigarros estrangeiros era feito com a “escolta” dos agentes de segurança envolvidos, inclusive com o repasse de informações sigilosas sobre ações de fiscalização para membros da organização criminosa.


A Polícia Federal, no entanto, não informou a qual instituição esses agentes de segurança são vinculados.



Os indiciados serão ouvidos na sede da Polícia Federal em Natal e na Delegacia de Mossoró, e responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de integrar organização criminosa e contrabando, dentre outros em apuração.

O nome da operação “Quinta Coluna” é uma alusão à grupos clandestinos que atuam, dentro de um país ou região prestes a entrar em guerra (ou já em guerra) com outro, ajudando o inimigo e agindo em favor do grupo rival.


PF e PM desarticulam organização criminosa especializada no contrabando de cigarros no RN — Foto: Divulgação/PF


Fonte: G1

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Reitor do IFRN é empossado pelo ministro da Educação em Brasília

O reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), professor José Arnóbio de Araújo Filho, foi empossado oficialmente na tarde de terça-feira (31), em audiência no Ministério da Educação (MEC).


Reitor do IFRN, José Arnóbio (à direita) é empossado oficialmente pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro — Foto: Luis Fortes/MEC


Durante a solenidade, o reitor entregou ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, o portfólio institucional do IFRN e uma mostra de produtos da unidade produtiva de derivados do leite do Campus Currais Novos. Na oportunidade, o ministro declarou que solicitou um incremento de 28% nos recursos financeiros destinados aos Institutos Federais.


O reitor José Arnóbio iniciou o seu discurso lembrando o processo de luta para efetivar a sua nomeação e posse. Destacou também alguns dados relacionados ao trabalho realizado pelo IFRN, como o atendimento a mais de 40 mil estudantes, sendo cerca de 800 estudantes com deficiência.


Relembre

José Arnóbio foi eleito reitor do IFRN em consulta pública realizada com a comunidade no dia 4 de dezembro de 2019. Em 17 de abril de 2020, o MEC nomeou o professor Josué Moreira reitor pro tempore, através da Portaria 405/2020. A juíza Gisele Leite, da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, emitiu decisão judicial no dia 11 de dezembro de 2020, determinando a regularidade da posse do professor José Arnóbio.



Como resultado da decisão judicial, o MEC realizou a nomeação no dia 21 de dezembro de 2020. No último dia 24 de agosto, foi publicado um novo decreto, com a assinatura do presidente Jair Bolsonaro, nomeando definitivamente o professor José Arnóbio de Araújo Filho reitor do IFRN até o dia 21 de dezembro de 2024. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na edição do dia 25 de agosto, convocando a posse para o dia 31.


José Arnóbio é professor do Ensino Básico Técnico e Tecnológico há 26 anos. É mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em Educação Física Infantil e graduado em Licenciatura Plena em Educação Física, as duas últimas formações pela UFRN. Como gestor, exerceu a função de diretor-geral do Campus Natal-Central do IFRN por dois mandatos, durante o período de 2012 a 2019, sendo eleito ao final de 2019 como o terceiro reitor do IFRN.


Fonte: G1

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RN recebe mais 150 mil doses de vacinas contra Covid-19

O Rio Grande do Norte recebe nesta quarta-feira (1°), divididas em quatro carregamentos, mais 150.500 doses de vacinas contra a Covid-19.


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RN recebe mais 150 mil doses de vacinas contra Covid-19 — Foto: Julianne Araújo/Divulgação


São imunizantes da Coronavac, Astrazeneca e Pfizer que serão usados para a ampliação do público atendido com a primeira dose e para completar o esquema vacinal de quem ainda não tomou a segunda dose.


Em dois voos, entre 10h e meio-dia, foram descarregadas 108.440 unidades da Coronavac no Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. Os lotes são divididos por igual entre primeira e segunda doses.


À tarde, de acordo com o Ministério da Saúde, serão mais 21.060 imunizantes da Pfizer e 21 mil da Astrazeneca todas destinadas para aplicação da segunda dose.


Vacinação

O RN contabiliza mais de 3 milhões de doses aplicadas, para 2,1 milhões de pessoas que tomaram ao menos uma dose, representando 80% da população adulta do estado.


Já entre as pessoas que tomaram as duas doses ou a dose única o número passa dos 34%, somando mais de 923 mil pessoas acima dos 18 anos.


Fonte: G1

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Justiça Federal do RN nega pedido para anular nomeação da reitora da Ufersa

A Justiça Federal do Rio Grande do Norte negou o pedido do Ministério Público Federal para anulação do ato de nomeação da posse da reitora da Universidade Federal Rural do Semi-árido, Ludmilla Carvalho Serafim de Oliveira.


Justiça Federal do RN nega pedido para anular nomeação da reitora da Ufersa — Foto: Isaiana Santos/Inter TV Costa Branca


Ela foi nomeada em agosto pelo presidente Jair Bolsonaro, após ficar em terceiro lugar na eleição da instituição. O MPF pediu ainda a nomeação do professor Rodrigo Codes, que ficou na primeira colocação no pleito.


No pedido, o MPF considerou que “a indicação de qualquer nome da lista que não seja a do primeiro colocado tem por finalidade fragilizar a autonomia universitária ou o regime democrático, sendo uma indicação inconstitucional”.


O juiz Orlan Donato Rocha, titular da 8ª Vara Federal do Rio Grande do Norte, observou que a prerrogativa conferida ao Presidente da República de nomeação de reitor e vice-reitor de universidade federal de modo algum configura intervenção indevida na autonomia universitária.


“A escolha do reitor deverá recair dentre os candidatos escolhidos pelo colegiado máximo da instituição, tendo-se por prestigiado, pois, o princípio da gestão democrática da universidade”, destacou o magistrado. Ele argumenta que, mesmo o candidato na terceira colocação da lista, representa uma parcela da vontade dos membros da universidade, sendo legítimo que possa ser nomeado para o cargo maior da instituição. Para o magistrado, a eleição de reitor da Ufersa cumpriu todas as exigências administrativas e legais pertinentes.


Fonte: G1

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Queda de mortes por Covid em agosto não indica pandemia sob controle e números ainda são inaceitáveis, alertam especialistas

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Agosto foi o mês com o menor número de mortes registradas por Covid-19 em 2021: 24.088 óbitos, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de saúde do país.


O número é o menor desde dezembro de 2020 (veja gráfico abaixo), quando o total foi de 21.811 óbitos. Apesar disso, especialistas ouvidos pelo G1 alertam que:


pandemia não está controlada e a comunicação equivocada sobre a reabertura das atividades traz falsa sensação de segurança;

não é aceitável o número de 800 mortes por dia, como registrado na terça-feira (31);

variante delta e a vacinação incompleta aumentam risco de aumento de casos e de hospitalizações;

cenário de alta já verificado no Rio de Janeiro deve ser visto nos demais estados em cerca de 2 meses.


Riscos: delta e vacinação parcial

Na avaliação dos especialistas, a variante delta e a vacinação incompleta – com a maioria dos vacinados no país tendo recebido apenas a primeira dose – trazem risco de aumento de casos e hospitalizações pela Covid-19 neste mês.


Isso já vem ocorrendo no Rio de Janeiro e deve se repetir no resto país, segundo os pesquisadores. Também é possível que haja aumento de óbitos.


Para o físico Domingos Alves, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, o país não deverá ter um aumento de mortes em números absolutos de agosto para setembro, mas as tendências de queda vistas nas últimas semanas devem ser revertidas.


"A tendência de alta de óbitos e de casos vai aumentar até meados de setembro, com certeza. Eu não creio que para setembro, ainda, vamos ver o número de óbitos absoluto como houve em agosto e julho, mas nós estamos observando que tem uma queda de óbitos e internações em todos os estados [que] vai modificar em setembro – começou pelo Rio e agora vai para São Paulo. Depois o Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte", afirma Alves.


A noção de que a situação carioca é um prenúncio para o resto do Brasil é compartilhada por outros cientistas.


"O Rio de Janeiro hoje é como Manaus em janeiro, porque começou a variante gama em janeiro – 14, 15 de janeiro em Manaus –, e o resto do país achando que não ia acontecer. Demorou em torno de 2 meses para ver o resto do Brasil tendo o mesmo padrão", lembra a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).


"Agora a gente começa no Rio de Janeiro – onde demorou em torno de um mês e meio para [a delta] ser dominante. Muito provavelmente [é] uma questão de tempo, pelo que nós estamos vendo em todos os países e agora no Rio, inclusive pressionando de novo internação, agravamento, leitos, tudo de novo", completa.


Até 30 de agosto, haviam sido contabilizados, segundo dados das secretarias estaduais repassados ao Ministério da Saúde, 1.970 casos da variante delta no Brasil. Desses, 849 foram no Rio, o equivalente a 43%.


Ethel Maciel lembra, entretanto, que a testagem no Brasil é insuficiente. Isso significa que, provavelmente, há muitas infecções não mapeadas.


"Essa questão de número de casos no Brasil é difícil de estimar – como não tem programa de testagem, a pessoa precisa ir [ao serviço de saúde fazer o teste]", lembra.


"É um fenômeno parecido com Estados Unidos, Reino Unido e Israel quando a [variante] delta entrou", diz Domingos Alves. "A diferença [para o Brasil] é que a porcentagem de pessoas vacinadas é muito baixa em relação a esses países", ressalta Domingos Alves.

Até o dia 30 de agosto, apenas cerca de 29% da população brasileira havia recebido as duas doses ou uma dose única de vacina contra a Covid-19. Os índices mais altos estão em Mato Grosso do Sul (cerca de 44%), São Paulo (37%) e Rio Grande do Sul (35%). Na outra ponta, Maranhão, Amapá e Roraima aplicaram o esquema vacinal completo em apenas 21%, 15% e 13,5% de seus habitantes, respectivamente.



Comportamento descuidado

Ainda que apenas a primeira dose da vacina não garanta a proteção contra o coronavírus – principalmente contra a variante delta –, ter recebido uma dose já faz com que as pessoas assumam mais comportamentos de risco, explica Ethel Maciel, inclusive no (não) uso da máscara.


Junto a isso há, ainda, na avaliação da pesquisadora, uma sequência de erros na comunicação dos governos com a população sobre a situação da pandemia no país.


"A pandemia segue sem controle. Tudo precisa ser feito com muita cautela, e essa comunicação – e não só do ponto de vista do governo federal, mas [também] do governo estadual – tem como fim a campanha de 2022. Você coloca vidas em risco, as pessoas acreditam que a pandemia está controlada, que a vacinação no Brasil está maravilhosa", afirma Maciel.


"Começou uma corrida entre os estados para ver quem vai baixar faixa etária, como se vacinar com a primeira dose fosse suficiente. É um momento preocupante. As pessoas já não acham que precisam usar máscara. É uma situação complexa, mas está ficando cada vez mais complexa por causa desses erros de comunicação com a população", afirma.


Ela lembra que, embora a variante delta não pareça, até onde se sabe, causar quadros mais graves de Covid-19, o fato de ela ser mais transmissível faz com que consiga alcançar uma quantidade maior de pessoas. Dessa forma, aumenta a chance de que ela "encontre" alguém que vá desenvolver um quadro grave ou morrer.



Em agosto, a média diária de mortes por Covid-19 (número total de mortes dividido pelo número de dias do mês) foi de 777 óbitos. Em julho, que tem a mesma quantidade de dias, a marca havia sido de 1.232 mortes.


Mas Maciel lembra que, apesar de haver uma nova perspectiva em relação ao mesmo período do ano passado por causa das vacinas, o país ainda registra, todos os dias, um número muito grande de mortes pela doença.


"Também é sempre importante falar que o fato de estarmos chegando em torno de 800 mortes por dia não é algo a comemorar. Estão morrendo 800 pessoas por dia, continua péssimo. Quando a gente via na Itália [em 2020] que estavam morrendo 300 pessoas por dia, era uma catástrofe. E, agora a gente tem 800 pessoas [morrendo] e achamos que 'está melhorando bastante, estamos ótimos, vamos ter Carnaval'", diz.


Fonte: G1

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'Já acabou, Jéssica?': jovem abandonou estudo e caiu em depressão após virar meme

"Já acabou, Jéssica?", perguntou Lara da Silva em novembro de 2015, em meio a uma briga na saída da escola, no pequeno município de Alto Jequitibá, em Minas Gerais.


Lara da Silva se tornou meme após briga na saída da escola, em novembro de 2015 — Foto: Arquivo pessoal via BBC


A garota de 12 anos não imaginava, mas aquilo não acabaria naquele dia e a acompanharia ao longo dos anos seguintes. Até hoje, a situação está presente na vida de Lara, por meio dos inúmeros comentários que ela recebe ou até mesmo em marcas no corpo da jovem.


O episódio na saída da escola teve grande repercussão após uma filmagem da briga ser compartilhada nas redes sociais. O registro viralizou, a frase "Já acabou, Jéssica?" se tornou meme e mudou a vida de Lara, hoje com 18 anos, completamente.


"É uma coisa que eu ainda não aceitei totalmente. Se eu parar pra pensar demais nisso, me faz mal. Não é algo que eu goste, mas é uma coisa que aconteceu, não tem como voltar atrás", diz Lara à BBC News Brasil.

Após a repercussão, ela se tornou alvo de bullying, abandonou a escola, passou a se cortar e começou um tratamento psiquiátrico.


Em junho, reportagem do Fantástico ouviu especialistas que deram dicas para lidar com haters. 


O vídeo virou caso de Justiça. Lara, assim como a outra garota que aparece na gravação, move processo contra emissoras de televisão e plataformas nas quais a cena foi exibida. As duas jovens pedem que as imagens sejam excluídas e cobram indenização por danos morais e materiais.


Quase seis anos depois, Lara decidiu conceder uma entrevista sobre o assunto. "Ninguém nunca me perguntou como tudo isso me impactou", comenta, ao explicar o motivo de ter aceitado conversar com a BBC News Brasil.


Na saída da escola


Hoje Lara tem 18 anos e convive com o impacto de ter ficado famosa na internet contra a própria vontade — Foto: Arquivo pessoal via BBC


Era fim de uma manhã de meados de novembro de 2015. Na saída de uma escola estadual da cidade mineira de Alto Jequitibá, município com pouco mais de 8 mil habitantes, diversos adolescentes acompanharam a cena que logo rodaria a internet.



O vídeo mostra Lara caída no chão, enquanto Jéssica está em cima dela. As duas trocam agressões. Lara consegue se levantar após a outra garota correr. Ainda desorientada, arruma o cabelo e pergunta: "Já acabou, Jéssica?".


Ouça ao podcast abaixo: Na mente de um hater:


"Quando eu me levantei, pensei: 'ela me jogou no chão, me bateu enquanto eu estava caída e agora vai correr?'. Foi quando eu disse a frase, que depois se tornou um inferno na minha vida", desabafa Lara.

As agressões físicas se encerraram ali. O principal motivo da briga teria sido o ciúme que Jéssica tinha de um garoto com quem namorava na época. "A gente nem namora mais, mas ela deu em cima dele, sim", disse Jéssica, em entrevista ao site Estado de Minas em 2015, dias após o vídeo viralizar.


Ainda na entrevista ao Estado de Minas, a garota afirmou que a briga também foi motivada porque Lara a irritava e a xingava na escola.


Lara nega que tenha falado mal ou que xingasse a colega de escola. Para ela, o único motivo das agressões foi o ciúme que Jéssica sentia do namorado.


A briga entre as duas garotas era considerada uma situação que logo passaria. Isso se o momento não tivesse sido compartilhado naquele mesmo dia nas redes sociais por um dos jovens que acompanhou a situação.



Quando soube que a filha havia se envolvido em uma briga na saída da escola, a agricultora Deusiana Figueredo, mãe de Lara, estranhou. "Ela nunca tinha brigado antes, até tinha medo de briga. Ela era uma menina muito boba", diz.


No dia seguinte, as mães das garotas foram chamadas para conversar com a diretoria da escola e com o conselho tutelar. Na reunião, as responsáveis pelas jovens assinaram um termo para sinalizar que estavam cientes da situação e se comprometeram a conversar com as filhas para evitar que uma briga ocorresse novamente.


Deusiana logo procurou ajuda para a filha, ao notar sofrimento da garota após vídeo de briga viralizar — Foto: Arquivo pessoal via BBC


Após a reunião, Deusiana notou que algo incomum estava acontecendo: muitas pessoas na cidade haviam visto o vídeo da briga.


"A gente é muito simples, nunca imaginava que acontecesse o que aconteceu. Começaram a me ligar para falar que ela estava na internet e eu vi que o negócio estava ficando sério. Foi um susto. Foi tudo muito rápido", diz Deusiana.


O retorno à sala de aula após o vídeo viralizar foi dramático para Lara. "Não consegui estudar, porque me zoaram muito e eu fiquei muito mal com isso", diz a jovem. Ela comenta que as pessoas a ofendiam e riam da pergunta "já acabou, Jéssica?", que passou a ser repetida massivamente em todo o país. Ali, começou o tormento de Lara.


Quando perceberam que a filha estava abalada, os pais tiraram a garota da escola. Lara foi proibida pela mãe de acessar a internet ou assistir à televisão, pois Deusiana não queria que a menina corresse o risco de acompanhar comentários sobre a briga.


"Ficamos uns dias na praia, para sair da muvuca", diz Deusiana. Ela acreditava que quando retornasse para a cidade, dias depois, o vídeo já teria sido esquecido. "Quando voltamos, vi que as pessoas continuavam falando sobre isso. Passava muitas vezes na televisão", diz a agricultora.


A briga das estudantes foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais naquele período. O vídeo alcançou milhões de visualizações. Sites de humor e perfis de Facebook foram alguns dos meios que ajudaram a propagar a cena.


Depressão e lesões no corpo

A rotina de Lara após virar meme se resumia a ficar em casa ou ir a lugares próximos, como a residência de parentes ou mercadinhos na região em que morava.


"O que eu mais gostava de fazer era dormir e arrumar a casa. Comecei a viver em casa e resolvendo coisas com a minha mãe, que me levava com ela para sair um pouco", diz a jovem.



Nas vezes em que saía nas ruas, ela costumava ser reconhecida e ouvir comentários sobre o vídeo.


O desânimo frequente da adolescente causou preocupação nos pais. A situação se tornou desesperadora para Deusiana quando notou cortes no braço da garota.


Lara conta que começou a se mutilar dias depois de o vídeo viralizar nas redes. Ela admite que antes de se tornar meme já havia pensado em fazer isso, em momentos de tristeza, porém nunca havia tido coragem.


"Eu já costumava me culpar por tudo de ruim que acontecia comigo ou com meus pais. Quando aconteceu isso (o vídeo viralizou), eu não sabia o que era pior: que a minha mãe continuasse me prendendo em casa, como ela começou a fazer, ou me deixasse sair na rua", diz.


"Mais ou menos uns quatro dias depois da briga, comecei a me cortar, por causa de tudo o que estava acontecendo", comenta a jovem.


Os cortes, segundo ela, eram um meio de tentar aliviar o momento que estava vivendo. "Depois da primeira vez, virou um vício. Passei a me cortar cada vez mais fundo e em mais lugares. Quando acontecia alguma coisa, como quando via alguém debochando de mim na rua ou acontecia algo que me deixava triste, eu me cortava", relata. Ela fazia marcas nos braços e em algumas partes das pernas.


Como aconteceu com Lara, casos de autolesão não suicida, termo usado por especialistas sobre os cortes que as pessoas fazem em si, geralmente ocorrem quando o indivíduo vive uma situação de angústia.


"Às vezes, o adolescente está deprimido, não sabe como lidar com aquele sentimento e acaba se machucando para aliviar a desesperança ou a ansiedade", explica a psiquiatra Jackeline Giusti, coordenadora do ambulatório de adolescentes do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).



Giusti comenta que essas lesões no próprio corpo são feitas, geralmente, por crianças ou adolescentes com baixa autoestima. Em muitos desses casos, são jovens vítimas de bullying.


Os estudos sobre o tema, segundo a especialista, apontam que cerca de 20% dos adolescentes têm algum tipo de comportamento de autolesão não suicida.


"Geralmente, são lesões superficiais no corpo sem a intenção suicida. São episódios que costumam ocorrer, pelo menos, cinco vezes ao ano com esses jovens. A intenção do paciente que faz isso não é morrer. Mas há pessoas que estão com um sofrimento tão intenso que também podem tentar o suicídio", explica Giusti à BBC News Brasil.


A psiquiatra ressalta que é fundamental que os responsáveis por esses jovens procurem ajuda especializada logo que notarem as lesões.


"É fundamental tratar esse jovem com respeito, não como vítima ou coitado, e sentar para conversar. É preciso falar que existem outras formas de ajudar a resolver esse sofrimento e que irá ajudá-lo a solucionar essa questão (por meio de terapia e acompanhamento psiquiátrico)", diz Giusti.


"Não necessariamente todas as crianças que se machucam vão precisar de medicação. Mas a grande maioria precisará, porque é muito comum ter algum transtorno associado, geralmente depressivo", acrescenta a especialista.


Deusiana buscou tratamento para a filha. Na cidade em que morava, ela não encontrou um psicólogo que aceitasse acompanhar a jovem. "Foi muito triste. Quando eu falava que ela estava se cortando, os psicólogos diziam que era um caso de difícil tratamento. Tive que buscar atendimento em outra cidade", relembra a mulher.


Para conseguir acompanhamento especializado, Lara enfrentava uma viagem de cerca de duas horas em uma ambulância que levava os moradores de Alto Jequitibá que precisavam de ajuda médica em outro município. "Era isso três vezes por semana (para a jovem ter acompanhamento psicológico). A gente saía de casa de manhã e só voltava 17h, que era quando a ambulância voltava para a nossa cidade", diz Deusiana.



Nesse período, Lara foi diagnosticada com problemas como depressão, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e transtorno de ansiedade. "Cheguei a tomar sete remédios por dia", detalha a jovem.


Vídeo se tornou questão judicial

O tratamento psiquiátrico é destacado pela defesa de Lara nas ações movidas na Justiça.


"A autora sofreu e sofre até hoje as consequências de tamanha exposição, vive em constante constrangimento que ocasionaram danos psicológicos", pontua a defesa dela, nos processos sobre o caso.


Nessas ações, a defesa diz que Lara teve a honra manchada "injustamente perante o público", por meio do vídeo que viralizou.


Há seis ações movidas por Lara, que têm como alvos: o Google, o Facebook, as emissoras de televisão SBT, Record e Band e dois rapazes que criaram um game baseado no vídeo da briga.


A defesa da jovem argumenta que o Google e o Facebook foram fundamentais para a rápida propagação do vídeo e aponta que essas plataformas não impediram os compartilhamentos do registro, mesmo envolvendo a exposição de adolescentes.


Os processos contra as emissoras de televisão têm argumentações semelhantes. A defesa de Lara diz que os canais exibiram o vídeo da briga das garotas ou utilizaram a expressão "já acabou, Jéssica?", ajudando a propagar o caso, sem qualquer autorização dos responsáveis.


A ação contra os dois criadores do jogo chamado "Já acabou, Jéssica?", lançado em novembro de 2015, menciona que eles usaram a briga entre as jovens para lucrar, sem qualquer tipo de autorização dos responsáveis por Lara.


Nas ações, a defesa de Lara afirma que a exibição do vídeo ou qualquer tipo de menção feita por uma empresa à briga em 2015 fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).


"O ECA é muito claro sobre a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral do adolescente, abrangendo a preservação da identidade, autonomia, valores e crenças desses jovens", justifica a advogada Tatiane Hott, responsável pela defesa da jovem.



"A partir do momento em que divulgaram a imagem sem qualquer sentido jornalístico, apenas para mostrar como chacota, isso vai contra o que diz o ECA", completa ela, que cuida da defesa da jovem junto com o advogado José Paulo Hott.


Entre os pedidos das ações está a retirada do vídeo das redes e de todos os conteúdos relacionados a ele, feitos sem qualquer tipo de autorização dos responsáveis por Lara.


No início de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o direito ao esquecimento, que poderia auxiliar nas exclusões de conteúdos na internet, é incompatível com a Constituição Federal, porque apontou que impedir a divulgação de fatos ou dados verídicos pode ferir a liberdade de expressão.


Mas o STF destacou também que possíveis excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, com base em parâmetros constitucionais e na legislação penal e civil. A expectativa dos advogados de Lara é de que a Justiça entenda que o caso dela é um desses nos quais os registros precisam ser excluídos da rede.


As ações também pedem indenização por danos morais, em razão do impacto que causou para a menina, e materiais, em virtude dos valores que os pais tiveram de gastar com os tratamentos que ela precisou fazer após a exposição.


Em nota, o Facebook afirma que não irá comentar o caso. O Google também não fala especificamente sobre a ação movida por Lara, porém diz, em comunicado, que remove vídeos do YouTube, plataforma da qual é responsável, que violem suas diretrizes.


"Caso um vídeo não siga essas regras, ele pode ser removido da plataforma. Além disso, o YouTube cumpre as decisões judiciais que determinam a remoção de conteúdo devidamente especificado por meio da indicação das URLs, conforme estabelecido pelo Marco Civil da Internet e reconhecido pela jurisprudência", diz nota encaminhada pelo Google à BBC News Brasil.



O SBT afirma, em nota, que não exibiu a imagem de Lara em nenhum momento. A emissora argumenta que usou "apenas o jargão para anunciar a novela da tarde, pois na trama existia uma personagem com o mesmo nome (Jéssica)", diz a emissora.


Os rapazes que desenvolveram o jogo não comentaram o caso. "Prefiro não me posicionar enquanto aguardo julgamento da ação", diz Filipe Barbosa, que é alvo da ação junto com Guilherme Castilho.


A Band informa que não faz comentários "sobre os desdobramentos de ações judiciais nas quais é parte, limitando-se a se manifestar nos autos dos processos".


A Record afirma, em nota à BBC News Brasil, que não comenta sobre ações judiciais.


Os processos tramitam na comarca de Manhumirim (MG). Na semana passada, Lara conseguiu a primeira medida favorável na Justiça.


Em 25 de agosto, a juíza Rafaella Amaral determinou que a Record TV exclua vídeos publicados na internet pela emissora, fotos e montagens que tenham algum tipo de relação com o meme, sob a pena de multa diária de R$ 500, que pode chegar até o limite de R$ 30 mil.


Jéssica também move ações na Justiça mineira. A defesa dela destaca que a jovem sofreu "danos psicológicos irreversíveis" e aponta que até hoje ela "vem sofrendo com o ocorrido". No fim do ano passado, ela teve uma decisão judicial favorável.


Em 19 de novembro de 2020, a juíza Rafaella Amaral condenou a Bandeirantes de Minas Gerais a pagar R$ 50 mil por danos morais, R$ 20 mil por danos materiais (referentes aos valores gastos pela família dela com acompanhamento psicológico nos últimos anos) e determinou que a emissora pague o tratamento psicológico de Jéssica.


No processo contra a Band Minas, a defesa de Jéssica apontou que a emissora expôs a garota de forma vexatória, por meio do vídeo que viralizou, em programas de televisão como o extinto Pânico na Band e lucrou em cima da imagem da jovem, que não recebeu nada por isso.



Na ação, a Band Minas alegou que não cometeu irregularidade ao usar o vídeo e apontou que autoridades policiais de Minas Gerais rechaçaram a briga entre as jovens. A juíza, porém, frisou que apesar de a conduta de Jéssica no vídeo não ter sido correta, a ação trata dos danos que a jovem sofreu pela propagação massiva do vídeo.


"O programa Pânico na Band era nacionalmente conhecido pelo humor polêmico e infame que, indubitavelmente, contribui diretamente para a disseminação da conduta da requerente de forma irresponsável e com fins estritamente lucrativos. Friso que a responsabilidade não se recai, apenas, sob o indivíduo que gravou o vídeo e publicou, mas sim também sobre aqueles que divulgaram", destacou a juíza. A Band Minas recorreu da decisão.


Nas últimas semanas, a reportagem entrou em contato com a defesa de Jéssica, que não respondeu aos pedidos de entrevista.


'Se tivesse como excluir (o vídeo), eu gostaria'

As ações judiciais representam a busca por reparação por tudo o que viveu nos últimos anos, avalia Lara. É o capítulo fundamental em uma história que dificilmente será apagada da vida dela. "Se tivesse como excluir (qualquer publicação do vídeo na internet), eu gostaria. Mas acredito que não tenha mais jeito (pela proporção que a cena teve na época)", diz a jovem.


Enquanto o vídeo permanece na rede, ao menos um fato traz alívio para Lara: as abordagens ofensivas ou jocosas sobre a situação reduziram cada vez mais nos últimos anos. A esperança dela é de que, em algum momento, pare de ser alvo de piadas por causa da situação.


O lugar em que mais se depara com comentários sobre o episódio de novembro de 2015 é o Instagram, onde acumula mais de 40 mil seguidores — a imensa maioria composta por desconhecidos, curiosos para acompanhar o que aconteceu com ela.



"Quando publico alguma foto, muitos comentam: já acabou, Jéssica? Eu fecho os comentários por isso. Não faz sentido ler esses comentários. Vai acabar alguma coisa? Por que estão perguntando se já acabou, Jéssica? Não faz sentido", desabafa.


Sobre Jéssica, Lara comenta que elas não mantêm contato, porém explica que os problemas entre elas foram superados.


Hoje, Lara tem 18 anos. Ela trabalha como auxiliar de limpeza e cuidadora de idosos. No futuro, planeja cursar farmácia ou enfermagem. "Gosto de cuidar de pessoas doentes", diz.


Além do trabalho, ela também está concluindo o ensino médio. Ela explica que já deveria ter se formado, se não tivesse passado cerca de um ano longe da sala de aula, após a repercussão do vídeo.


Recentemente, Lara se mudou para Palma (MG) junto com a mãe, que se separou do pai da jovem no ano passado.


'Hoje tenho marcas'

Semanas atrás, os impactos da repercussão do vídeo da filha voltou intensamente às recordações de Deusiana, após a agricultora ler sobre a morte do adolescente Lucas Santos, de 16 anos. A mãe do jovem, a cantora Walkyria Santos, disse que os comentários em um vídeo publicado pelo jovem foram um gatilho para que Lucas se suicidasse.


"Fiquei toda arrepiada com esse caso da cantora. As pessoas não veem o mal que fazem para as outras (na internet), elas não têm noção disso enquanto não acontece na casa delas", declara Deusiana.


Justamente por todos os problemas que Lara vivenciou com a repercussão do vídeo, Deusiana nunca quis que a filha lucrasse com a fama. "Na época (no fim de 2015), ofereceram R$ 5 mil pra ela participar de uma propaganda (de uma operadora de telefonia), mas eu não quis. Se a minha filha tivesse ficado famosa por uma coisa boa, que somasse, tudo bem. Mas não foi isso", diz Deusiana.



"Já me falaram: nossa, você tá com a faca e o queijo na mão (para lucrar com a fama) e é só cortar. Mas eu nunca gostei de briga, como vou querer ficar famosa por causa de uma briga? É uma coisa que não me fez bem e que não engulo até hoje", acrescenta Lara.


Quando a questionam sobre o que ter se tornado meme trouxe para ela, Lara é enfática: muito bullying, depressão e falta de confiança em si e nas pessoas.


"Eu tenho marcas que não mudaram em nada a minha vida. Não fiquei rica ou pobre. Só tenho marca", afirma Lara.


"Mas hoje vivo intensamente", diz a jovem, que nos últimos anos passou a sair de casa sem muita preocupação com olhares ou comentários. "É raro que eu seja reconhecida nas ruas atualmente, mas se isso acontecer e se fizerem comentários ruins, tento ignorar", afirma.


A jovem conta que parou de se cortar há cerca de um ano. Ela continua em tratamento para a depressão.


Fonte: BBC

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Setembro amarelo: campanha de prevenção ao suicídio alerta que falar é a melhor solução

O "Setembro Amarelo" é a campanha que marca o mês dedicado à prevenção ao suicídio. No Brasil, ela é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina. Neste ano, o tema da campanha é "Agir salva vidas".


Setembro Amarelo, logomarca do CVV para a campanha — Foto: Reprodução


Desde 2003, o dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial da Saúde para chamar a atenção de governos e da sociedade civil para a importância do assunto.


No Brasil, o CVV faz um trabalho pioneiro na área de prevenção ao suicídio desde 1962, com a ajuda de cerca de 3 mil voluntários que trabalham atendendo mais de 10 mil ligações diárias.


No Brasil, todos os dias cerca de 32 pessoas dão fim a própria vida. O número corresponde a uma morte a cada 45 minutos.

Um estudo feito pelo CVV apontou que, para cada suicídio, um grupo de até 20 pessoas é impactado diretamente.


“As pessoas que são impactadas são consideradas pessoas de risco porque são sobreviventes de um suicídio. Elas precisam de ajuda também porque costumam relatar sentimento de culpa por não ter percebido os sinais”, explicou Carlos Correia, voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) há 27 anos em entrevista ao podcast do Bem Estar.


É preciso falar sobre suicídio

Apesar dos mitos envolvendo o tema, a prevenção ao suicídio avança. Na década de 1980, um estudo nos EUA afirmavam que essas mortes poderiam ocorrer por imitação. E esse trabalho reforçou a ideia de que "não podemos falar sobre o assunto". Mais de 30 anos depois, a Organização Mundial da Saúde vai na direção contrária, dizendo que, sim, precisamos conversar sobre o suicídio.


Os especialistas na área alerta que "Não é proibido falar, só não podemos falar de forma errada". É errado glamourizar ou tornar herói quem tirou a própria vida, assim como jamais se deve ensinar ou divulgar técnicas.


Depressão, álcool e drogas

Falar de suicídio, na maioria das vezes, é falar de depressão. Falar de depressão, no entanto, não necessariamente é falar de suicídio.

Referência na área, um estudo dos cientistas José Manoel Bertolote e Alexandra Fleischmann publicado há mais de 15 anos no periódico científico "World Psychiatry", do Associação Mundial de Psiquiatria, até hoje é citado por especialistas – incluindo os entrevistados pelo G1 em anos recentes para reportagens sobre o tema.


Os pesquisadores analisaram os dados de 15 mil pessoas que se mataram em todo o mundo, entre 1959 e 2001. A conclusão: o maior percentual dos casos estava ligado à depressão (35,8%) e, em segundo lugar, estavam os transtornos decorrentes do abuso de substâncias lícitas, como o álcool e o cigarro, e também das ilícitas.


Em um cérebro totalmente desenvolvido, o excesso dessas substâncias já contribui de uma maneira negativa, de acordo com os psiquiatras. No caso dos adolescentes, pode ser ainda pior. É um dos motivos para a proibição da venda pela indústria nesta faixa etária.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma cartilha com recomendações para a prevenção do suicídio. Nela, são apontadas 15 causas frequentes que influenciam na retirada da própria vida, como o uso de álcool e drogas, perda ou luto e outros transtornos mentais, como a esquizofrenia.



A maior parte dos casos são executados por pessoas com depressão, independente de sexo, faixa etária ou qualquer outra característica.


Mais comum entre homens

A diferença [de taxas] entre os gêneros é geralmente atribuída a maior agressividade, maior intenção de morrer e uso de meios mais letais entre os homens.


Uma pesquisa de uma universidade do Canadá, de 2008, encontrou a associação da mortalidade por suicídio com a tendência de expor sentimentos. A taxa era menor nas regiões onde os homens eram mais propensos a falar sobre o que sentiam.


OMS afirma que "as tentativas de suicídio de adolescentes estão muitas vezes associadas a experiências de vida humilhantes, tais como fracasso na escola ou no trabalho ou conflitos interpessoais com um parceiro romântico.”


Como salvar alguém?

Os familiares e amigos devem, sobretudo, se dispor a se aproximar de alguém que demonstra estar sofrendo ou que apresenta mudanças acentuadas e bruscas do comportamento. É preciso estar disposto a ouvir e, se não se sentir capaz de lidar com o problema apresentado, ir junto em busca de quem possa fazê-lo mais adequadamente, como um médico, enfermeiro, psicólogo ou até um líder religioso.


De acordo com os médicos, o ideal é que a pessoa seja encaminhada a um psiquiatra e seja medicada. E, no mundo ideal, que tenha um acompanhamento de um terapeuta e o apoio da família.


Outro fator importante a ser lembrado é que os medicamentos que posssam vir a ser receitados levam um certo tempo para surtir efeito. Por isso, os primeiros 30 dias após uma tentativa de suicídio e o início do tratamento são os que precisam de mais atenção.


Na rede pública, a indicação é procurar os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS). Por lá, é possível marcar uma consulta com um psiquiatra ou psicólogo. O Centro de Valorização da Vida (CVV), fundado em 1962 em São Paulo, faz um apoio emocional e preventivo do suicídio pelo número 141.



Mitos comuns sobre o suicídio

'Quem fala, não faz' - Não é verdade. Muitas vezes, a pessoa que diz que vai se matar não quer "chamar a atenção", mas apenas dar um último sinal para pedir ajuda. Por isso, os especialistas pedem que um aviso de suicídio seja levado a sério.

'Não se deve perguntar se a pessoa vai se matar' - É importante, caso a pessoa esteja com sintomas da depressão, ter uma conversa para entender o que se passa e ajudar. Não tocar no assunto só piora a situação.

'Só os depressivos clássicos se matam' - Não. Existe o depressivo mais conhecido, aquele que fica deitado na cama e não consegue levantar. Mas outras reações podem ser previsões de um comportamento suicida, como alta agressividade e nível extremo de impulsividade. Os médicos, inclusive, pedem para a família ficar atenta ao momento em que um depressivo sem tratamento diz estar bem: muitas vezes ele pode já ter decidido se matar e tem o assunto como resolvido.

'Quando a pessoa tenta uma vez, tenta sempre' - A maior parte dos pacientes que levam a sério o tratamento com medicamentos e terapia não chegam a tentar se matar uma segunda vez. O importante é buscar a ajuda.


Fonte: G1

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Professora é suspensa por três dias por criticar Bolsonaro e os apoiadores dele em sala de aula em Cuiabá

Uma professora do ensino infantil foi afastada por três dias de uma escola particular de Cuiabá por criticar o presidente Jair Bolsonaro e os apoiadores dele, dentro da sala de aula, nessa terça-feira (31). Os comentários, gravados em áudio e compartilhados em grupos de mensagens, teriam causado revolta nos pais de alguns estudantes.


Colégio Notre Dame de Lourdes afastou professora por fazer comentários de caráter político-partidário em sala de aula — Foto: Sinepe-MT/Divulgação


A educadora dá aula para o 3º ano do ensino fundamental, que tem crianças com idades entre 7 e 9 anos. Durante a aula, ela citou que o presidente tem apoiado crimes ambientais e não tem colaborado para a evolução do Brasil.


"Ele é a favor do desmatamento. Ele é a favor que os garimpeiros façam destruição dentro das terras indígenas. Além da destruição da natureza, está prejudicando o povo indígena. Os garimpeiros e o presidente da república são a favor disso. Temos que começar a pensar o que queremos para o nosso Brasil", declarou.


A professora criticou ainda a volta do voto impresso, proposta defendida pelo presidente, mas derrotada e arquivada na Câmara dos Deputados, no dia 10 de agosto.


"Votamos com a urna eletrônica, então não tem como você 'roubar'. Tem como 'roubar' se for no papelzinho, e ele [presidente] quer que volte a votação pelo papelzinho, que é para facilitar para ele fazer o que quiser", disse.


Em nota, o Colégio Notre Dame de Lourdes disse que os comentários de caráter político-partidário feitos pela professora em sala infringe o artigo do código de ética assinado pelos funcionários da instituição e que, por isso, foi suspensa.


"A direção do Notre Dame de Lourdes reafirma que não apoia tal conduta e que a opinião expressada não reflete a posição da instituição", diz.


União Brasileira dos Estudantes Secundaristas se manifestou sobre o afastamento da professora — Foto: Twitter/Reprodução


A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, entidade que representa os estudantes de ensino fundamental e médio, pré-vestibulares, técnico e educação de jovens e adultos (EJA), se manifestou no Twitter, afirmando ser contra a posição tomada pela escola contra a professora.


"Uma professora em Cuiabá foi suspensa pela instituição em que ensina por três dias após expor sua opinião sobre o presidente Bolsonaro, responsabilizando-o pelo elevado índice de crimes ambientais. Decisão absurda que ataca a liberdade de ensino e de aprender! A escola é livre!", publicou.


Crítica aos apoiadores

No discurso, a profissional de educação também afirmou que os apoiadores de Jair Bolsonaro são pessoas corruptas, que foram atraídas por ele devido aos discursos feitos desde as eleições.


"Ele tem as pessoas que o acompanham, igual a torcedor de futebol que torce pelo time. Ele tem a torcida dele, mas se formos avaliar esses seguidores, são pessoas corruptas também, que fazem coisas fora da lei. São pessoas atraídas por ele, por causa do pensamento dele, pelas coisas que ele fala e faz, sempre contra a prosperidade do país", pontuou.


Fonte: G1

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Erasmo Carlos apresenta melhora no estado de saúde, mas continua internado com Covid

O estado de saúde do cantor Erasmo Carlos está evoluindo bem, de acordo com o boletim médico divulgado na manhã desta quarta-feira (1), após ter sido diagnosticado com Covid.


Segundo a assessoria do cantor, que está internado no Hospital Barra D'or, ele continua hospitalizado por precaução, em função da idade e das comorbidades que possui. Erasmo continua sem febre.


Erasmo Carlos comemorou os 70 anos de vida e 50 de carreira em show no Theatro Municipal do Rio, em 2011 — Foto: Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo/Arquivo


O artista de 80 anos, que está com Covid, foi internado nesta terça-feira (31) no Hospital Barra D'or, Zona Oeste do Rio, para tratar da doença.


Em maio deste ano, Erasmo recebeu a segunda dose da vacina contra a Covid. Segundo os epidemiologistas, nenhuma vacina é 100% eficaz, mas as chances de uma pessoa vacinada ser infectada pelo vírus e desenvolver sintomas graves da doença é muito menor do que a de quem não foi vacinado.



A proteção máxima só é alcançada quando grande parte da população está imunizada e o vírus para de circular.


Fonte: G1

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Ministro do STF nega recurso de Witzel contra impeachment alegando não pagamento de custas do processo

O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel teve, nesta quarta-feira (1), uma nova derrota na tentativa de questionar a decisão do Tribunal Especial Misto (TEM) do Estado do Rio de Janeiro, que, em abril, condenou-o por crimes de responsabilidade na área de saúde e e decretou o seu impeachment.


Foto de arquivo de 28/08/2020 do governador afastado do Rio, Wilson Witzel. — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO


Desta vez, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou um recurso do ex-governador contra a condenação, por falta do recolhimento das custas processuais no prazo devido.


Moraes manteve a decisão do presidente do TEM, o desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, que, em julho, já havia negado o pedido de Witzel contra a condenação pelo mesmo motivo.


Na ação, o ex-chefe do Executivo estadual alegava que o acórdão do TEM teria violado artigos da Constituição Federal, entre eles, o direito à ampla defesa e ao contraditório. No recurso, Witzel pedia o reconhecimento da nulidade do acórdão ou a redução da penalidade ao patamar mínimo legal.


Mandado de segurança negado

Em agosto, o Tribunal de Justiça (TJRJ) do estado, também negou um pedido por um mandado de segurança apresentado pelo ex-governador contra o processo de impeachment.


Por unanimidade de votos, o Órgão Especial do TJRJ rejeitou a solicitação ao entender que o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu a aplicação da Lei Federal 1.079 a processos de impeachment contra governadores.



Na ocasião, a defesa de Witzel alegou ter havido, durante o julgamento, uma suposta violação da Constituição Federal de 1988. Para isso, argumentou que a parte da lei que define os crimes de responsabilidade não havia sido "recepcionada pela atual Constituição".


O impeachment

Wilson Witzel foi acusado de fraudes na contratação de duas organizações sociais, uma delas, o Iabas, responsável por hospitais de campanha para tratar pacientes de Covid. Os advogados afirmaram que ele é inocente.


A acusação afirma que havia uma caixinha de propina paga por organizações sociais (OSs) na área da Saúde, inclusive na liberação de restos a pagar, e que tinha Witzel como um dos beneficiários.


O valor total de propina arrecadado pelo grupo teria sido de R$ 55 milhões.


No dia 30 de abril, o Tribunal Especial Misto votou de forma unânime pelo impeachment de Wilson Witzel, que perdeu o cargo de governador do Rio de Janeiro.


Os dez julgadores – cinco deputados e cinco desembargadores – consideraram Witzel culpado por crime de responsabilidade na gestão de contratos na área da Saúde durante a pandemia. Eram necessários sete para o impeachment ser confirmado.


O tribunal também decidiu que o ex-juiz-federal ficaria inelegível e proibido de exercer cargos públicos por 5 anos.


Fonte: G1

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