A operação “Sucata” da Polícia Civil contra o roubo e receptação de fios de energia chegou a 9ª fase com um saldo de 600 quilos de cobre apreendidos, 13 prisões efetuadas e 49 estabelecimentos fiscalizados em 14 cidades do Rio Grande do Norte, segundo balanço da corporação. A ação tem foco no combate ao mercado ilegal de fios de energia, como cobre ou fibra ótica, mas também atua na identificação de sucatas, que possam estar utilizadas como pontos de venda de cabos, peças roubadas e oficinas de desmanche de veículos. A 9ª fase da operação, que começou em agosto de 2020, ocorreu na última terça-feira (18).
O delegado Renê Lopes diz que o objetivo é rastrear e identificar os infratores por meio da venda dos itens em oficinas de ferro-velho e empresas de reciclagem. “Se existe o furto é porque existe gente interessada em comprar esse material”, diz Lopes. Ele acrescenta que em dois anos de atuação, a operação já alcançou resultados significativos. “Estamos com esse foco de combater o furto, mas principalmente a receptação. É uma operação que já deu muitos frutos e vem sendo desempenhada com apoio da Tributação estadual, Corpo de Bombeiros, operadoras de telefonia, Petrobras e Cosern”, destaca o agente.
O último trabalho da Operação “Sucata” prendeu um homem de 52 anos pelo crime de receptação qualificada. Com ele, os policiais encontraram cerca de 40 metros de cabo metálico, que foram roubados de uma operadora de telefonia móvel, no bairro de Santos Reis em Parnamirim, Região Metropolitana de Natal. Ao longo da ação, os agentes fiscalizaram seis estabelecimentos nas cidades de Parnamirim, Macau e Guamaré. A Polícia Civil contou com apoio do Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Estado de Tributação do Rio Grande do Norte (SET-RN).
Em setembro deste ano, a operação se concentrou em oito estabelecimentos nas cidades de Natal, Parnamirim e Areia Branca. Foram presos em flagrante delito um idoso de 61 anos pela suspeita da prática do crime de posse irregular de arma de fogo, e um homem de 57 anos pela suspeita da prática do crime de receptação qualificada. Com eles, os agentes apreenderam 22 quilos de cobre pertencentes a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Neoenergia Cosern) e a uma operadora de telefonia móvel.
A região da Costa Branca, onde está localizada a cidade de Areia Branca, costuma ser um alvo constante dos criminosos devido a forte presença de empresas ligadas ao setor salineiro, destaca Airton Torres, presidente do Sindicato da Indústria de Sal do Estado (Siesal). Somente no primeiro semestre deste ano, duas salinas e uma comunidade rural tiveram o funcionamento de energia interrompido por causa do furto de fios. Os criminosos roubaram cerca de 600 metros de cabos e deixaram três mil residências no escuro.
A frequência das ocorrências fez com que o sindicato acionasse a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed). “Em função desses acontecimentos os produtores de sal, muito preocupados, se reuniram com o coronel Francisco Araújo [titular da Sesed] e com autoridades da segurança da região de Mossoró. Nós sentimos que as autoridades estão dispostas a reforçar essa segurança, mas destacamos algumas fragilidades. Nos preocupa que quando as forças de segurança prendem essas pessoas, elas são rapidamente soltas pela Justiça e voltam a praticar os furtos”, declara Airton Torres.
O delegado Renê Lopes ressalta que a prática criminosa causa prejuízos a empresas e consumidores. “Isso afeta não só as empresas, como Cosern, Caern, empresas de internet, comunicação, telefonia, mas também o consumidor que tem o serviço interrompido. Então há uma intercorrência no serviço, passa-se um tempo para ser restabelecido e causa um transtorno muito grande. Tudo isso causa muito prejuízo para a sociedade que depende desses serviços no seu cotidiano”, comenta Lopes.
Dados da Neoenergia Cosern mostram que 2.031 interrupções no fornecimento de energia foram provocadas por furto de cabos da rede elétrico nos sete primeiros meses deste ano no Rio Grande do Norte. O número representa um crescimento de 448,9% em relação ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 370 furtos. Em todo o ano passado, foram 1.228 ocorrências. A reportagem da TN tentou contato com a Sesed para repercutir o assunto, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.
Roubos afetam 6 milhões de pessoas no País em 2021
Dados da Conexis Brasil Digital, entidade que representa as empresas de telecomunicações, mostram que durante o ano de 2021 foram furtados ou roubados 4,12 mil quilômetros de cabos de telecomunicações. Os roubos e furtos de cabos afetaram mais de 6 milhões de usuários de telecomunicações em todo o ano passado, segundo levantamento da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).
O total apurado em 2021 apontou queda de 11% em relação a 2020, quando foram roubados ou furtados 4,6 mil quilômetros de metros de ligações. “Os roubos e furtos de cabos podem afetar serviços essenciais para um grande número de usuários. Há muitos negócios, inclusive, que podem ficar completamente paralisados após as ações criminosas, o que resulta em prejuízos incalculáveis”, avalia Vivien Suruagy, presidente da Feninfra.
Fonte: Tribuna do Norte
