domingo, agosto 12, 2018

RN: 272 mil idosos sustentam famílias

Aos 68 anos, Lucila Costa é a responsável pelo sustento da casa, onde mora junto com a filha de 47 anos, incapaz de trabalhar por conta de uma doença. Sobrevive há 28 anos somente com uma pensão, proveniente do pai militar. Durante boa parte desse tempo, teve ajuda de dois filhos, que moravam junto com ela, para completar a renda, mas há cerca de dez anos se tornou a única fonte financeira. Na mesma situação em que ela, existem outras 272 mil pessoas com mais de 60 anos no Rio Grande do Norte que são as pessoas de referência no lar, sustentam suas famílias, – seja com a renda  de aposentadoria, pensão ou trabalho.

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Lucila Costa, de 68 anos, é a responsável pelo sustento da casa, onde mora com a filha de 47 anos

Essa quantidade corresponde a mais da metade dos idosos com 60 anos ou mais do estado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existiam 406 mil pessoas nessa faixa etária em 2015. Os 272 mil que ainda são chefes de família também fazem parte da pesquisa do mesmo ano. São os dados mais atualizados sobre esse quantitativo, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Lucila mora em Natal e tem três filhos, recebe a pensão desde os 12 anos, mas trabalhou até os 40. Ser a principal renda da família, para ela, não foi consequência da falta de oportunidade de emprego para os mais jovens ou do aumento da expectativa de vida no Brasil. Mas foram essas as duas razões que  provocaram o crescimento dessa situação entre os idosos nos últimos anos, segundo o economista Ivanilton Passos, coordenador de divulgação do IBGE/RN.

“Com o aumento da expectativa de vida, a tendência do número de idosos (de sessenta anos, que são referências na família) é aumentar”, avalia Passos. “O que acontece, também, é do idoso morar da casa dele com a esposa, aí o filho está desempregado, vem com a nora para a casa do pai, e o idoso acaba sendo essa pessoa de referência. É um cenário muito comum os filhos ficarem sem emprego e voltarem para a casa do pai. Isso está acontecendo muito para as pessoas poderem sobreviver”.

Mas, até meados de 2008, outros dois filhos e uma neta moravam casa de 'Cila', como é chamada a pensionista pelos mais próximos, o que a fazia estar no grupo citado por Ivanilton. A renda tinha um complemento dos filhos, mas a maior parte ainda era a pensão. “O salário era menor, mas, dentro das possibilidades deles, eles me ajudavam”, conta Lucila.

Atualmente, 5,7 milhões de lares no Brasil têm 75% renda proveniente de aposentados e pensionistas. Esse número, segundo o estudo elaborado pela LCA Consultores, aumentou 12% de um ano para o outro. Em 2017, eram 5,1 milhões de lares. Segundo informa o estudo, desde 2016 há um forte crescimento dos domicílios cuja principal fonte de renda são aposentadorias e pensões. O que indica que o número no Rio Grande do Norte, hoje, pode ser superior aos 272 mil idosos.

No estado, segundo avalia Ivanilton Passos do IBGE, há ainda mais um fator nessas estatísticas: a maior parte dos 272 mil são moradores do interior. Essa dependência fica reforçada com outro dado do IBGE, divulgado neste ano, que apresenta um terço da economia do estado a – ou 80% dos municípios – dependente desses benefícios. “Parte dos jovens não tem a oportunidade e acabam migrando para os centros urbanos”, diz Ivanilton. “O que acaba causando uma dependência muito grande da administração pública”.

Fonte: Tribuna do Norte
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Busca por previdência privada reduz no RN

Os efeitos da crise financeira nacional refletiram no mercado de Previdência Privada. No Rio Grande do Norte, de 2015 a 2018, o número de clientes caiu 26,5% acompanhado da redução de contribuições. No Brasil, a diminuição no quantitativo de contruibuintes foi maior: 40,3% no mesmo período. O volume contribuído, porém, saiu dos R$ 3,8 bilhões para R$ 4,2 bilhões. A expectativa, porém, é que o cenário mude a partir deste ano em decorrência da instabilidade política e das dúvidas que cercam a reforma da Previdência Social.

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Ivan Terceiro contratou previdência privada para filha de 2 anos

“Essa queda reflete o que chamamos de efeito rebote. A crise é sentida nesse setor num momento posterior”, analisa a professora da Escola Nacional de Seguros, Lilyane Lopes. No Rio Grande do Norte, o mercado de Previdência Privada perdeu clientes de forma progressiva. O número reduziu, coincidentemente, com o recrudescimento da crise nacional. Em 2015, eram 15.110 contribuintes. No ano seguinte caiu para 14.709. Em 2017 voltou a subir com 381 pessoas a mais em relação a 2016. Este ano, porém, reduziu para 11.391 clientes de janeiro a junho.

A clientela dos bancos e seguradoras que comercializam planos de Previdência Privada tem perfil em comum: médicos, advogados, dentistas, profissionais autônomos sem vínculo empregatício formalizado na Carteira de Trabalho e, a maioria, não é servidora pública municipal, estadual ou federal. “No caso da empresa na qual trabalho, tenho como clientes médicos, advogados e dentistas. Eles procuraram a Previdência Privada em decorrência da insegurança relacionada à Previdência Social. E, além disso, por procurarem uma rentabilidade maior e um investimento seguro”, destaca Lilyane Lopes. A maioria da clientela está na faixa entre os 35 e 51 anos idade.

É nesse perfil que se encaixa o microempresário Ivan Terceiro. Após perder o emprego numa operadora de saúde, ele decidiu investir recursos num plano de Previdência Privada. Não para ele, mas para a filha de dois anos e meio de idade. “Como eu não tenho e passei o ano de 2017 inteiro desempregado, iniciei o pagamento para a minha filha. A minha ideia era ter iniciado antes, logo que ela havia nascido, mas não deu certo”, conta. Há seis meses, porém, ele assinou o contrato e paga, mensalmente, cerca de R$ 160,00 em nome da filha.

Conforme explica, o valor será corrigido anualmente de acordo com os índices usados no setor e só poderá ser sacado daqui a 16 anos, quando a criança completar 18 anos de idade. “Ela terá uma renda extra do que equivale hoje a um salário mínimo. Pode parecer pouco, mas é melhor que nenhuma garantia. É para garantir o mínimo do mínimo e evitar o problema de falta de recursos em algum momento da vida. Ela terá a opção de não sacar, ampliar o valor e continuar pagando”, diz Ivan Terceiro. 

De acordo com dados da Porto Seguro Seguros, a empresa com o maior número de clientes no segmento de Previdência Privada no estado, a contratação de planos de previdência da empresa vem crescendo no Rio Grande do Norte. No primeiro semestre de 2018 cresceu 12,4%, resultado da maior divulgação do produto na região e das notícias sobre a reforma da Previdência Social. “Deveremos ampliar ainda mais esse número. As empresas trabalham com metas de crescimento que precisam ser batidas”, destaca Lilyane Lopes.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros, de Capitalização e Previdência Privada do Estado do Rio Grande do Norte (SINCOR/RN), Alderi Alves de Moura, qualquer pessoa pode aderia a um plano de Previdência Privada. “Quem está no começo da vida, o ideal é se programar para uma previdência privada. Os investimentos podem ser a partir de R$ 100”, declara. 

Números
De 2015 a 2018 (considerados os primeiros semestres de cada ano), o número de contribuintes de Previdência Privada caiu no RN e no Brasil. Veja abaixo.

RN / Ano 2015
R$ 32.381.841,00 contribuídos
15.100 contribuintes no período

Ano 2018
R$ 30.200.359,00 contribuídos
11.391 contribuintes no período

Brasil / Ano 2015
R$ 3.831.476.185,00 contribuídos
2.035.302 contribuintes no período

Ano 2018
R$ 4.216.421.575,00
1.213.940 contribuintes no período

Fonte: SES/SUSEP/Tribuna do Norte
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