quarta-feira, outubro 12, 2022

PM prende quatro suspeitos com equipamento de clonagem de cartões em banco de Natal

Quatro suspeitos - dois homens e duas mulheres - foram detidos pela Polícia Militar na manhã desta quarta-feira (12), suspeitos de usar um equipamento para tentar clonar cartões de créditos em Natal.


Materiais apreendidos com suspeitos detidos em Natal — Foto: PM/Cedida


O caso aconteceu por volta das 9h em uma agência bancária localizada na avenida Roberto Freire, na Zona Sul da capital potiguar.


Ao abordarem os suspeitos, os policiais localizaram com eles o dispositivo eletrônico conhecido como "chupa-cabra". Cartões de crédito também foram apreendidos com eles.


Segundo os policiais, os homens e mulheres também portavam equipamentos que seriam usados na instalação do chupa-cabra em caixas eletrônicos.



Os suspeitos foram presos e encaminhados à Central de Flagrantes da Polícia Civil.


Fonte: g1

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Arcebispo de Aparecida diz que é necessário exercer o direito ao voto e alerta contra 'dragões' do ódio, da fome e do desemprego

O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, incentivou os brasileiros a votarem e afirmou que o país precisa vencer muitos "dragões", em alusão a problemas como fome e desemprego, durante missa do Dia da Padroeira no Santuário Nacional de Aparecida.


As declarações foram feitas na manhã desta quarta-feira (12), durante sermão da principal celebração do feriado em homenagem à santa da igreja católica — relembre aqui o que disse o arcebispo nas missas do Dia da Padroeira em 2021, 2020, 2019 e 2018. Segundo o arcebispo, um dos "dragões", a pandemia de Covid-19, já foi vencido.


"Maria venceu o dragão. Temos muitos dragões que ela vai vencer. O dragão que é o tentador, o dragão que já foi vencido — a pandemia — , mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira. [...] E o dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade."

Sobre o voto, o religioso afirmou: "Cidadania que vamos vivendo também votando. É necessário exercer esse direito e poder do povo."


Dom Orlando Brandes também disse que está "faltando pão" e que isto é o que o Brasil precisa hoje, juntamente com paz e fraternidade.


"Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou muito bem no Evangelho. Eles não têm mais vinho. No nosso caso, faltando pão, faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós precisamos nos dias de hoje."


Dom Orlando Brandes — Foto: Gustavo Marcelino


A missa solene da manhã, a principal das celebrações de 12 de outubro no Santuário, teve a presença de Marcos Pontes, senador eleito por São Paulo, e de Carlos França, ministro das Relações Exteriores.


Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta, respondendo a uma pergunta sobre uso político de visita de Bolsonaro à basílica, o arcebispo disse que é preciso ter um identidade religiosa.


"Bom, eu não posso julgar as pessoas. Mas nós precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Nós precisamos ser fiéis a nossa identidade católica. Mas seja qual for a intenção, será bem recebido porque é o nosso presidente. E é por isso que nós o acolhemos."


Um dia antes, nesta terça-feira (11), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota lamentando o que chamou de "intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno" das eleições deste ano. O segundo turno das eleições de 2022 acontecerá em 30 de outubro. Além da disputa presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, brasileiros de 12 estados devem votar para governador.


Segundo o Santuário Nacional, Bolsonaro deve participar de uma das missas do 12 de outubro durante a tarde (veja programação do dia aqui).


Histórico de críticas

Nos últimos anos, as homílias de Dom Orlando Brandes foram marcadas por críticas. No ano passado, o religioso afirmou que "para ser pátria amada não pode ser pátria armada".


Em 2020, Dom Orlando Brandes criticou a volta da impunidade e também as queimadas em biomas como Amazônia e Pantanal.


Já em 2019, o sermão criticou o "dragão do tradicionalismo" e disse que a "direita é violenta e injusta".


Interior da Basílica já lotado por fiéis para Missa Solene às 9h — Foto: Léo Nicolini/ G1


Basílica lotada

Milhares de fiéis celebraram nesta quarta-feira (12) o Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, no Santuário Nacional de Aparecida.


O fluxo de romeiros no maior templo dedicado à santa no país começou intenso desde a madrugada. Após dois anos com limitação de público e medidas sanitárias de distanciamento, o santuário voltou a receber, neste ano, o público sem restrições por causa da pandemia de Covid-19. O interior da Basílica pode receber até 35 mil pessoas por missa.


Os maiores pontos de visitação dos peregrinos costumam ser o nicho que abriga a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que foi aberta já na madrugada, e a Capela das Velas.


A Sala das Promessas funciona das 5h às 18h, enquanto a Basílica Histórica poderá ser visitada das 6h às 19h.


Programação para o 12 de outubro

0h às 4h30 - Vigília Mariana

5h - Missa

7h - Missa

9h - Missa solene

12h - Homenagem a Nossa Senhora Aparecida - Toque dos Sinos

12h - Missa das crianças

14h - Missa

15h - Consagração Solene na Basílica Histórica

16h - Missa

18h - Angelus e procissão solene na Basílica Histórica

19h15 - Missa de encerramento

Após missa, show pirotécnico

Como funciona o estacionamento na Basílica?

O estacionamento do Santuário Nacional tem duas mil vagas para ônibus e três mil vagas para carros. Em caso de lotação, os portões podem ser fechados até que sejam liberadas novas vagas. Os valores são:


Carro de passeio: R$ 28 (diária)

Ônibus: R$ 85 (diária)

Caminhão: R$ 28 (diária)

Micro-ônibus: R$ 62 (diária)

Van: R$ 50 (diária)

Moto: R$ 14 (diária)

Kombi: R$ 40 (diária)

Triciclo: R$ 28 (diária)

Motorhome: R$ 80 (diária)

Reboque: R$ 28 (diária)

Bicicleta: gratuito (é obrigatório o uso de cadeado)


Fonte: g1

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Empresa de turismo é investigada pela polícia de SP por estelionato após cancelar viagens; 99 clientes relatam prejuízo de R$ 1,3 milhão

A dona de uma empresa de turismo da Zona Leste de São Paulo é investigada pela Polícia Civil num inquérito que apura a suspeita de ela ter cometido crime de estelionato após cancelar viagens de clientes que haviam pagado pelo serviço.


Clientes chamaram PM nesta para atender denúncia de estelionato em agência de turismo na Zona Leste — Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal


Até a última atualização desta reportagem nove vítimas chamaram a Polícia Militar (PM) e procuraram o 31º Distrito Policial (DP), da Vila Carrão, para registrarem boletim de ocorrência e denunciarem a proprietária da STF Viagens pelo calote.


Segundo clientes contaram à TV Globo, o número total de pessoas lesadas pela empresa é maior, podendo chegar, no total, a 99. E o prejuízo somado delas supera R$ 1,3 milhão.



A proprietária da STF Viagens foi ouvida no final da noite de terça-feira (11) na delegacia, depois que clientes denunciaram o caso na delegacia. Segundo policiais, ela teria sido ameaçada de agressão por parte das vítimas.


A dona deixou o DP na manhã desta quarta-feira (12) sem falar com a imprensa após prestar esclarecimentos. Ela ainda não foi indiciada pelo crime. Até a última atualização desta reportagem ela era investigada como suspeita de estelionato.


"A autoridade policial segue à disposição para atender eventuais vítimas da mesma empresa", informa trecho da nota enviada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre o caso.

Procurada para comentar o assunto, a defesa da dona da STF Viagens informou à reportagem que estava se inteirando das denúncias contra a empresa e que iria se manifestar somente após isso.


Clientes que acusam a empresa de viagens de calote também prestaram queixa e registraram boletins de ocorrência contra a proprietária. Eles tentam recuperar o dinheiro que investiram nas viagens depois que elas foram canceladas pela dona da STF.


As vítimas contaram que montaram um grupo no WhatsApp com quem foi lesado. Algumas delas contaram que tiveram mais de R$ 300 mil de prejuízo.


O que dizem as vítimas


31º DP, Vila Carrão, investiga denúncia de clientes contra agência de turismo — Foto: Anselmo Caparica/TV Globo


De acordo com os clientes, a proprietária alegou a eles que sofreu um golpe e que não tinha mais dinheiro para custear as viagens e hospedagens deles.


“Hoje [nesta quarta] eu vim aqui tentar ouvir da boca dela se eu ia viajar ou não. Mas assim, ela já deixou claro que ninguém viaja, que ela não tem dinheiro”, falou à TV Globo a médica veterinária Gabriela Dezembro.

“Cadê o dinheiro? É só isso que a gente quer saber. Onde está o dinheiro que nós pagamos para ela e que ela não pagou nossas viagens?”, disse Gabriela.


Segundo o estudante João Victor Carvalho de Sá, a proprietária tinha várias desculpas para não honrar os contratos firmados com os clientes.



“Sempre era uma desculpinha. Até que chegou um dia que a gente foi na agência. Chegando lá ela abriu o jogo: ‘Eu não tenho nada. Não tenho nada comprado, deram um golpe em mim, estou quebrada, estou falida’”, contou João Victor. “Mas não deram um golpe nela. Porque ela pegava o meu [dinheiro] para pagar a [viagem] de outra pessoa e assim ia. Isso gerou um efeito cascata, ela não conseguia mais vender e só dando golpe.”


O sonho da professora Maiara Gomes da Silveira de levar a irmã caçula à Disney foi frustrado com o calote da agência.


“Eu prometi para minha irmã de 7 anos que com 8 anos ela iria conhecer a Disney, que é um sonho, e pra professora juntar dinheiro pra conhecer a Disney não é fácil. E amanhã, no Dia das Crianças, eu vou ter que virar pra minha irmã e falar assim: a gente não vai conhecer a Disney. É muito complicado”, lamentou Maiara.


Fonte: g1

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Zolpidem: os preocupantes efeitos colaterais do remédio que virou moda entre os jovens

Nas primeiras horas da madrugada, o nome de um medicamento costuma virar assunto frequente nas redes sociais.


Zolpidem pode ajudar em episódios agudos de insônia, mas não deve ser tomado por muito tempo — Foto: Getty Images


"Ideia de encontro: tomar zolpidem juntos para ver quem alucina mais e apaga primeiro".


"Na noite passada, tomei zolpidem e picotei meu cabelo todinho."


"Tomei quatro comprimidos de zolpidem agora e me deu vontade de comprar uma lhama."


Relatos como esses, publicados num intervalo de poucas horas no Twitter, mostram como um remédio desenvolvido para tratar a insônia virou um fenômeno cultural, especialmente entre os mais jovens.


Lançado no início dos anos 1990, o zolpidem é um fármaco da classe dos hipnóticos (para indução do sono) que deve ser usado por um curto período — no máximo, quatro semanas — por quem tem dificuldades para dormir ou manter o sono por um tempo adequado.



De acordo com médicos ouvidos pela BBC News Brasil, o uso dele tem se popularizado além da conta — o que abre alas para efeitos colaterais preocupantes e quadros de dependência.


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que, entre 2011 e 2018, a venda do fármaco cresceu 560% no país.


Apenas em 2020, foram comercializadas 8,73 milhões de caixas desse medicamento nas farmácias brasileiras.


Interruptor desligado

O zolpidem atua num receptor dos nossos neurônios e mexe com um químico cerebral chamado ácido gama-aminobutírico, também conhecido pela sigla Gaba.


"Isso, por sua vez, promove uma cascata de eventos que faz a gente ficar sedado e dormir", explica a médica Sonia Doria, do Instituto do Sono, em São Paulo.


"É como se nosso cérebro tivesse um interruptor e o zolpidem apertasse o off para desligá-lo", compara.


Quando dormimos naturalmente, esse processo acontece devagar: aos poucos, o cérebro vai relaxando e se desconectando da realidade, até entrarmos no estado de sono.


O zolpidem faz isso de uma maneira rápida e abrupta — o que é temporariamente bem-vindo para pessoas que não conseguem dormir de jeito nenhum.



Mas o uso desses comprimidos tem uma indicação bem clara e precisa.


"Ele pode ser útil para situações em que a pessoa está passando por um evento muito estressante, como a morte de um familiar ou a perda de emprego, e não consegue pegar no sono por causa disso", exemplifica Doria.


Nesses casos, o tratamento acontece por um curto período, que chega no máximo a quatro semanas.


Se, depois desse período, o descanso noturno continua a ser insuficiente, os médicos costumam partir para outras abordagens, que envolvem medicações diferentes, mudanças de hábitos e terapias psicológicas.


Uso desvirtuado

A grande questão, apontam os pesquisadores, é que o zolpidem está sendo indicado para qualquer dificuldade no sono e por um tempo prolongado demais.


"Apesar de a venda ser controlada e necessitar de prescrição médica, é relativamente fácil obter uma receita hoje em dia", observa a neurologista Dalva Poyares, da Associação Brasileira de Medicina do Sono.


"E isso nos gera muita preocupação", complementa.


Que fique claro: o remédio é seguro e pode beneficiar alguns pacientes. O problema acontece quando há o uso indiscriminado e por tempo prolongado.


A médica aponta que essa popularidade entre os jovens também está relacionada a uma indicação inadequada do zolpidem.



"Ele está sendo prescrito para tratar o distúrbio de ritmo, que acontece quando indivíduos, geralmente mais jovens, dormem mais tarde e apresentam dificuldades para acordar cedo e ir para a escola, a faculdade ou o trabalho", descreve.


"Nesse contexto, o zolpidem é visto como uma solução rápida e como uma forma de dormir mais cedo, mas ele não é indicado para esse fim", alerta.


Zolpidem virou uma espécie de 'fenômeno cultural' entre os mais jovens — Foto: Getty Images


Doria lembra que, quando o zolpidem foi lançado há quase três décadas, acreditava-se que ele não levaria à dependência ou à tolerância (quando a pessoa precisa de doses mais altas para obter o mesmo efeito).



"Hoje sabemos que não é bem assim. Vimos ao longo dos anos que o uso inadequado pode gerar dependência e tolerância, o que faz o medicamento não ser tão isento de efeitos colaterais como se previa", avalia.


Cerca de 5% dos indivíduos que tomam o fármaco podem sofrer com um quadro de sonambulismo e amnésia.


O risco desse evento adverso aumenta se a pessoa ingerir o comprimido e não deitar na cama logo depois, como recomendado pelos médicos.


"Nessa situação, o cérebro passa a funcionar como num sonambulismo, em que o paciente não está totalmente acordado e nem totalmente dormindo", descreve Poyares, que também é professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


É justamente aí que surge o risco de comportamentos imprevistos e inadequados.


"Tem quem faça compras, pegue o carro, se alimente, ligue para os outros, poste nas redes sociais… No dia seguinte, a pessoa não se lembra direito de ter feito essas coisas", caracteriza a médica.


Um dos relatos que viralizou nas redes sociais foi compartilhado por Pedro Pereira. Numa postagem, ele alega ter gastado 9 mil reais ao comprar um pacote de viagens para Buenos Aires, na Argentina, durante uma alucinação relacionada ao zolpidem.


Já a atriz Bia Arantes contou no Twitter que tomou o remédio e não dormiu imediatamente. No outro dia, ao acordar, ela descobriu que havia pesquisado na internet sobre "máquinas necessárias para abrir uma padaria".


Embora muitas dessas histórias sejam engraçadas e curiosas, não se pode ignorar os riscos envolvidos em muitos desses casos.


"E se a pessoa faz algum comentário inadequado no WhatsApp? Ou come algo estragado? Ou, pior, dirige um carro e coloca em risco a si e os outros?", questiona Poyares.


Quando há indicação de uso do zolpidem, a orientação dos especialistas é tomar o comprimido e ir direto para a cama — de preferência, com o celular bem longe para evitar eventuais compras inesperadas ou postagens comprometedoras.


Esse cuidado deve ser ainda maior com as versões sublinguais da medicação (colocadas debaixo da língua para dissolver). Nelas, a absorção é mais rápida e o efeito de sonolência acontece em poucos minutos.


Dependência e tolerância

Doria chama a atenção para a probabilidade de a dose inicial do zolpidem começar a ser insuficiente depois de algum tempo.


"Há também uma dependência emocional, pois alguns passam a acreditar que só conseguirão dormir se tomarem o remédio", diz.


Ela conta que já atendeu pacientes que precisavam ingerir três comprimidos para pegar no sono. Daí, às 3 horas da manhã, eles acordavam e consumiam mais duas unidades. Às 5h, ocorria um novo despertar, com a necessidade de repetir a dose mais uma vez.



Poyares revela que já lidou com colegas médicos que, pela facilidade de acesso ao zolpidem, chegaram a tomar até 30 comprimidos desses por noite.


"Vemos claramente um aumento nos casos de dependência a esse medicamento", atesta.


E esse abuso traz consequências: há o risco de problemas na memória, no raciocínio e na atenção, apontam as médicas.


A melhor maneira de evitar esses estragos é sempre consultar um especialista em medicina do sono se houver alguma queixa relacionada ao descanso noturno — e, se for o caso, seguir à risca a prescrição medicamentosa adequada, em que o zolpidem só é usado por um tempo curto.


"Existem algumas bandeiras vermelhas que indicam a dependência. A principal delas ocorre quando o sujeito toma um comprimido e, depois de um tempo, começa a acordar antes ou a sentir a necessidade de aumentar a dose", exemplifica Poyares.


Para esses casos, há um tratamento que ajuda a se livrar da necessidade de engolir o comprimido para dormir.


"Não é indicado cortar o zolpidem de uma hora para outra. Nós podemos indicar classes diferentes de fármacos que fazem essa substituição aos poucos junto com a terapia cognitivo-comportamental", propõe Doria.


Cerca de 73 milhões de brasileiros têm insônia — Foto: Getty Images


Sono que não aparece

O estudo EpiSono, liderado pelo Instituto do Sono, revelou que os brasileiros demoram, em média, 12 anos desde o início dos sintomas para procurar um tratamento contra a insônia.


Segundo a Associação Brasileira do Sono, esse problema afeta 73 milhões de pessoas no país.


Para Poyares, existe até um desafio em definir o que é esse transtorno.


"A insônia é caracterizada pela dificuldade de iniciar ou manter o sono e pelo despertar precoce", resume.


"Se isso acontece mais de três vezes na semana por pelo menos três meses e há um prejuízo durante o dia, com sonolência excessiva, dificuldade de concentração e irritação, temos um diagnóstico do distúrbio", complementa.


Nesse contexto, o zolpidem é apenas uma das ferramentas coadjuvantes de um processo muito mais complexo, que busca resgatar aos poucos as boas noites de descanso.


"O principal tratamento é a terapia cognitivo comportamental, que muitas vezes é conduzida por um psicólogo especialista em sono", diz Doria.


"Durante os encontros semanais entre o paciente e o terapeuta, são sugeridas mudanças de hábitos, crenças e perspectivas relacionadas ao quarto, à cama e ao dormir", descreve.


É claro que, durante as consultas, o especialista também vai detectar problemas individuais que estão por trás do bloqueio noturno — pode ser que a dificuldade no adormecer tenha a ver com uma ansiedade não tratada ou com hábitos prejudiciais, como o uso de celular minutos antes de ir para a cama e um quarto muito barulhento, por exemplo.



"Não podemos ignorar também os pacientes que necessitam de uma terapia medicamentosa", lembra Poyares.


"Mas ela precisa estar baseada no uso racional dos fármacos e na menor dose possível para obter o efeito desejado", finaliza a neurologista.


Fonte: g1

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Estado de SP registra primeira morte por varíola dos macacos



A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou, na manhã desta quarta-feira (12), a primeira morte no estado em decorrência da varíola dos macacos no estado. Esta é a sexta morte pela doença no país.


Segundo a pasta, o paciente tinha 26 anos, era da capital paulista e estava internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas desde o dia 1º de agosto. Ele possuía diversas comorbidades e passava por tratamento com antirretrovirais para uso emergencial em pacientes graves.


Ainda de acordo com o governo, SP tem 3.861 casos confirmados da doença, com redução do registro de novos casos nas últimas semanas.


O atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. O vírus da Monkeypox, que faz parte da mesma família da varíola, é transmitido entre pessoas e o atual surto tem prevalência de transmissão de contato íntimo e sexual.


A varíola dos macacos é uma doença atualmente tratada como uma emergência de saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


Trata-se de uma zoonose viral: uma doença que foi transmitida aos humanos a partir de um vírus que circula entre animais. Antes do atual surto, a varíola dos macacos ocorria principalmente na África Central e Ocidental, sobretudo em regiões perto de florestas, pois os hospedeiros são roedores e macacos.


Em agosto, o governo de SP anunciou um plano de de enfrentamento da doença.


A medida tem 93 hospitais de retaguarda, uma rede credenciada de laboratórios para testagem e vigilância genômica e serviço de orientação 24 horas para profissionais de saúde. Na ocasião, também foram definidos protocolos de diagnóstico e assistência.


Veja os principais pontos do protocolo assistencial de SP:

Paciente com sintomas chega a UBS, consultório ou hospital;

Caso é definido como suspeito, provável ou confirmado;

Paciente suspeito faz PCR;

Mesmo sem a confirmação, paciente suspeito e contactantes já são orientados para realizar isolamento;

Em caso confirmado, notificação ao estado é compulsória e deve ser feita em até 24 horas da confirmação;

Em casos leves, o isolamento é domiciliar, e, em graves, hospitalar;

O caso confirmado e os contactantes serão monitorados uma vez por dia, por telefone, por 21 dias.


Protocolo para grávidas e lactantes

A grávida que for diagnosticada com varíola dos macacos será acompanhada e indicada para o parto em uma unidade de saúde de alto risco. A indicação para o parto passa a ser de cesárea, mas, caso não hajam lesões na região perianal, poderá ser avaliada a possibilidade de parto normal.


Já as mulheres que amamentam e forem infectadas receberão a orientação de ficar 14 dias sem amamentar.


Fonte: g1

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MPF vê tentativa de 'transferência de responsabilidade' e volta a pedir que Forças Armadas detalhem gastos do 7 de Setembro no Rio



O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro reforçou o pedido para que as Forças Armadas detalhem o planejamento e os gastos dos eventos de comemoração do Bicentenário da Independência no estado, no 7 de Setembro.


O novo pedido foi feito após o MPF entender que os temas não foram respondidos e que o assunto foi empurrado aos comandos militares regionais. A solicitação foi incluída no inquérito que apura desvio de finalidade por parte da União na realização do evento.


O ofício fala em "transferência de responsabilidades" por parte da Defesa e determina que o governo preste "informações precisas sobre o planejamento adotado para as ações do evento realizado na Praia de Copacabana, em 7 de Setembro, e respectivos gastos realizados".


De acordo com o documento, a resposta deve incluir "informações sobre análise prévia acerca dos riscos de confusão com manifestação político-partidária e medidas para preveni-la, além da relação de gastos com o evento em si e com a emissão de diárias e passagens e outros custos".


Segundo os procuradores, no pedido anterior, as Forças Armadas não esclareceram os pontos questionados.


“Prevalece, ainda, incerteza em relação às informações solicitadas, sendo que a última manifestação do Ministério da Defesa atribui aos comandos das forças a responsabilidade de responder a este órgão sobre o planejamento adotado”, diz o ofício.


Fonte: g1

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Bolsonaro cumpre agenda de campanha e participa de missa de Nossa Senhora em Aparecida

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, cumpriu agenda de campanha nesta quarta-feira (12) em Aparecida (SP). Bolsonaro chegou à cidade por volta das 14h e participou de uma missa no Santuário Nacional de Aparecida.


Bolsonaro participa de missa no Santuário Nacional de Aparecida — Foto: Gustavo Marcelino


O dia 12 de outubro é feriado no Brasil em homenagem à padroeira do país para os católicos, Nossa Senhora Aparecida.


Além de Bolsonaro, estiveram no santuário aliados do presidente como o candidato ao governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), os ex-ministros João Roma (Cidadania) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia, agora senador eleito) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O prefeito de Aparecida, Luiz Carlos Siqueira, também assistiu à missa.



A presença de Bolsonaro na igreja foi citada pelo padre Eduardo Ribeiro no início da celebração, gerando aplausos e vaias dos presentes. O celebrante pediu silêncio para seguir a missa e, após isso, não houve novas manifestações políticas dos presidentes.


Diferentemente de outros anos, na missa desta quarta Bolsonaro não comungou – ou seja, não recebeu a hóstia consagrada.


Mais cedo, respondendo a uma pergunta sobre a presença de Bolsonaro no dia da Padroeira, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, disse que é preciso ter uma identidade religiosa.


"Bom, eu não posso julgar as pessoas. Mas nós precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Nós precisamos ser fiéis a nossa identidade católica. Mas seja qual for a intenção, será bem recebido porque é o nosso presidente. E é por isso que nós o acolhemos."


Pela manhã, Bolsonaro cumpriu agenda em Belo Horizonte, onde participou da inauguração de uma igreja evangélica neopentecostal.


Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, e Jair Bolsonaro — Foto: Gustavo Marcelino


Após a missa, por volta das 16h, Bolsonaro e Tarcisio foram de carro até a "Tenda dos Peregrinos", espaço de acolhimento aos romeiros montado atrás do santuário. O presidente tirou fotos com romeiros e deixou o local sem dar entrevista.


Sermão da manhã

Em missa pela manhã, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, incentivou os brasileiros a votarem e afirmou que o país precisa vencer muitos "dragões", em alusão a problemas como fome e desemprego.


Sobre o voto, o religioso afirmou: "Cidadania que vamos vivendo também votando. É necessário exercer esse direito e poder do povo."


Dom Orlando Brandes também disse que está "faltando pão" e que isto é o que o Brasil precisa hoje, juntamente com paz e fraternidade.


"Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou muito bem no Evangelho. Eles não têm mais vinho. No nosso caso, faltando pão, faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós precisamos nos dias de hoje."


'Exploração da fé' e 'guerra santa'

Nesta terça (11), véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota lamentando o que chamou de "intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno" das eleições deste ano.


A nota não cita candidatos nem situações específicas. No entanto, segundo apuração do colunista do g1 Gerson Camarotti, o texto tem relação com a ida do presidente Jair Bolsonaro ao Círio de Nazaré, no Pará, no último domingo (9), em meio à campanha.


Quando a CNBB emitiu o comunicado, a agenda de campanha de Bolsonaro para o feriado também já tinha sido anunciada. Em reação, a Arquidiocese de Aparecida também divulgou nota para evitar o uso político das atividades desta quarta.


"Nesta segunda-feira, dia 10 de outubro, o Cerimonial da Presidência da República informou que o presidente Jair Bolsonaro pretende participar de uma das missas do dia 12 de outubro. Assim como em outros anos, o Santuário recebe a visita e se programa para acolher o Chefe de Estado, buscando também garantir a rotina de visita dos romeiros. Na agenda de Jair Bolsonaro consta a participação em um Terço que será rezado na cidade de Aparecida. Assim, reforçamos que esta atividade não é celebrada pelo Santuário Nacional e nem está sob a supervisão do Arcebispo de Aparecida", informou o Santuário Nacional de Aparecida.



O colunista do g1 Valdo Cruz informou que Bolsonaro tem a chamada "guerra santa" como estratégia eleitoral, buscando voto entre os eleitores que frequentam igrejas, principalmente os evangélicos.


Em meio a esse cenário, Bolsonaro tem feito frequentes discursos de defesa da agenda conservadora, e aliados do presidente têm disseminado fake news contra o ex-presidente Lula (PT) entre os evangélicos.


Recentemente, o TSE determinou a retirada do ar de parte dessas fake news.


Fonte: g1

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Polícia e MP do Pará pedem provas ao governo Bolsonaro sobre alegações de Damares de tráfico de crianças na Ilha do Marajó; veja ofícios

A Polícia Civil e o Ministério Público do Pará (MPPA) pediram ao governo Bolsonaro provas sobre as alegações da ex-ministra Damares Alves sobre crimes na ilha de Marajó. Ela alega, sem provas, que crianças do Marajó são traficadas para o exterior e submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais.


Damares Alves discursa durante cerimônia no Palácio do Planalto em setembro de 2020. — Foto: REUTERS/Adriano Machado


O ofício foi enviado à atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, nesta terça (11), "a fim de que os relatos sejam investigados e todas as providências cabíveis possam ser adotadas", diz nota do MPPA.


A fala de Damares aconteceu durante um culto em uma Assembleia de Deus, em Goiânia (GO), no dia 8 de outubro. Na ocasião, a ex-ministra disse que os supostos crimes foram descobertos pela comitiva presidencial em uma visita ao Arquipélago do Marajó. Damares alegou ainda que o ministério tinha documentos sobre esses crimes.


"O Ministério Público do Estado do Pará solicita que seja encaminhada documentação existente nesse Ministério, no prazo de 05 dias, bem como eventuais esclarecimentos a respeito de medidas tomadas sobre os fatos alegados, a fim de que os relatos sejam investigados e todas as providências cabíveis adotadas", diz o ofício do MP.


Ofício do Ministério Público do Pará que pede provas a governo Bolsonaro sobre acusações de Damares Alves de supostos crimes na Ilha do Marajó — Foto: Ministério Público do Pará


Os promotores que assinam o ofício afirmam não ter nenhuma denúncia ou prova sobre os supostos crimes narrados no vídeo.


O delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Walter Resende de Almeida, também remeteu ofício ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pedindo "com máxima urgência" os documentos, mídias e "tudo o mais que possa subsidiar o desenvolvimento dos necessários procedimentos investigatórios".


Ofício da Polícia Civil que pede provas sobre alegações de Damares de supostos crimes na Ilha do Marajó — Foto: Polícia Civil do Pará


Fonte: g1

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Para não repetir filas, TSE reforça treinamento de mesários para o segundo turno



O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu reforçar o treinamento de mesários em todo o país para o segundo turno das eleições. A ideia é evitar que se repitam as filas registradas no primeiro turno, citadas pelo presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, como uma das poucas intercorrências durante a votação.


A corte pretende reforçar, por exemplo, a orientação para que o próximo eleitor na fila comece a ser atendido – com conferência de documentos, por exemplo – enquanto um eleitor está na cabine de votação (que fica mais afastada, e onde o sigilo do voto é garantido).


No primeiro turno, o TSE percebeu que alguns mesários esperavam o eleitor concluir o registro do voto na urna eletrônica para, só então, iniciar o processo de validação do eleitor seguinte. Uma demora que pode ter contribuído para as filas.


O TSE também deve reforçar que, em casos de problema na leitura da biometria (impressão digital), o mesário pode limitar o número de tentativas. A orientação é proceder à identificação manual, com a assinatura no caderno de eleitores, para agilizar a identificação e o registro do voto.


Os tribunais regionais eleitorais também vêm fazendo reuniões para definir medidas concretas. No TRE do Distrito Federal, a orientação é de que sejam feitas três tentativas de coleta da biometria. Houve relatos de que mesários fizeram tentativas adicionais, atrasando a votação.


No primeiro turno, em algumas seções eleitorais o tempo de espera na fila chegou a três horas. 


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'Maior caso de corrupção do planeta?' Qual a gravidade do Orçamento Secreto

O debate sobre o chamado Orçamento Secreto voltou a esquentar depois que viralizou na quinta-feira (06/10) um vídeo sobre o tema da senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata derrotada à Presidência da República.


Na gravação, Tebet destaca a falta de transparência desse instrumento e diz que "podemos estar diante do maior esquema de corrupção do planeta Terra".


A fala é um trecho de uma entrevista concedida ao podcast Flow ainda durante a campanha, em agosto. Após ficar em terceiro lugar no primeiro turno, com 4,16% dos votos válidos, ela declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa o segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).



No vídeo, Tebet lembra que o chamado Orçamento Secreto deve contar com R$ 19,4 bilhões em 2023, segundo a proposta de lei orçamentária encaminhada pelo presidente ao Congresso. Ela ressalta que esses recursos são enviados por parlamentares para gastos pelo Brasil sem transparência e com baixa capacidade de fiscalização pelos órgãos de controle.


A senadora cita ainda casos com fortes indícios de desvios públicos revelados pela revista Piauí em junho. Essa reportagem mostrou como municípios do Maranhão inflaram artificialmente os números de atendimento pelo SUS para receber uma fatia maior das emendas do relator (nome oficial do chamado Orçamento Secreto), que passaram a contar com bilhões de reais a partir de 2020.


Relator, nesse caso, é o parlamentar que relata a lei orçamentária e, por isso, controla formalmente a distribuição desses recursos no ano seguinte. O deputado Hugo Leal, do PSD do Rio de Janeiro, relatou em 2021 a lei que define o orçamento deste ano e tem a caneta para gerir os R$ 16,5 bilhões reservados para o chamado Orçamento Secreto em 2022.


A destinação dos recursos, porém, é definida a partir da negociação com o Palácio do Planalto e outras lideranças do Congresso, em especial os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).



Uma crítica recorrente a esse processo é que não há transparência sobre qual parlamentar solicitou quais recursos para qual finalidade e quais pedidos foram atendidos ou não.


"O relator, ele vai sozinho comandar R$ 19 bi (em 2023). Pro (Poder) Executivo, (o pedido do relator para liberar) esse dinheiro vai, mas ele vai sem rubrica, sem autoria (do parlamentar que definiu o uso do dinheiro). Ele é secreto porque eu não sei (quem está por trás da decisão do gasto)", disse Tebet ao podcast.


"Podemos estar diante do maior esquema de corrupção do planeta Terra. Exemplo: numa cidade do interiorzinho do Maranhão, (a população) fez mais exame de HIV que toda a cidade de São Paulo, de 12 milhões de habitantes. Tem uma cidade que diz que extraiu num único ano 540.000 dentes, (uma cidade) pequenininha. Significa ter tirado 14 dentes de cada boca, de cada cidadão da cidade, inclusive do bebê recém-nascido que não tem dentes", continuou, ao citar os casos revelados pela revista Piauí.


Na avaliação da senadora, esses números não fazem sentido e podem significar uso de "nota fria" para desviar recursos que não foram de fato utilizados nesses procedimentos de saúde.


"Pode ter dinheiro saído de Brasília, chegado lá, ido pro bolso de alguém. Não tem sentido as menores cidadezinhas do Maranhão receberem os maiores recursos desse orçamento. E aí você vai puxar a fila (da autoria dos gastos), porque ele é secreto, não sei de onde saiu, quem foi o autor, e eu não consigo controlar", conclui na gravação que viralizou.


Maior escândalo de corrupção do planeta?

O chamado "Orçamento Secreto" começou a funcionar a partir do Orçamento federal de 2020, após o Congresso aprovar em 2019 a Lei Orçamentária do ano seguinte prevendo, pela primeira vez, R$ 30 bilhões a serem gastos por meio das emendas de relator.


Inicialmente, o presidente Jair Bolsonaro vetou essa novidade no Orçamento. Depois, porém, ele aceitou negociar com o Congresso e cerca de metade dos R$ 30 bilhões foram mantidos para as emendas do relator de 2020.


A partir de então, o chamado Orçamento Secreto passou a ser um instrumento importante para construir uma base de apoio ao governo no Parlamento e afastar o risco de um processo de impeachment, avalia a cientista política Beatriz Rey, pesquisadora visitante da Universidade Johns Hopkins, em Washington, estudiosa do funcionamento do Poder Legislativo no Brasil e nos Estados Unidos.



Os possíveis desvios revelados pela revista Piauí não são os únicos indícios de corrupção envolvendo o chamado Orçamento Secreto. A novidade não tem nem três anos de duração e já houve uma série de denúncias reveladas pela imprensa brasileira, em especial pelo jornal O Estado de S. Paulo, primeiro veículo a destrinchar o funcionamento das emendas de relator.


Em reportagem de maio de 2021, por exemplo, o jornal revelou que ao menos R$ 271,8 milhões foram usados para aquisição de tratores, retroescavadeiras e equipamentos agrícolas, em geral por valores bem acima dos previstos na tabela de referência para compras do governo, num indício de compras superfaturadas.


O chamado "Orçamento Secreto" começou a funcionar a partir do Orçamento federal de 2020, após o Congresso aprovar em 2019 a Lei Orçamentária do ano seguinte — Foto: WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO


Na avaliação da Transparência Internacional Brasil, organização focada no combate à corrupção, não é possível dizer se o Orçamento Secreto é o maior esquema de desvios de recursos do planeta.


Bruno Brandão, diretor executivo da organização, afirma que não há parâmetros para cravar isso justamente porque nem toda corrupção praticada é descoberta, de modo que não há números oficiais que permitam comparar diferentes esquemas pelo mundo.


Ainda assim, ele diz que é possível afirmar que o chamado Orçamento Secreto é "extremamente grave". Para a Transparência Internacional, trata-se do "maior processo de institucionalização da corrupção que se tem registro no país".


O termo "institucionalização da corrupção" é usado, explica Brandão, porque, no caso das emendas do relator, está sendo usado um mecanismo institucional, que existe dentro da lei orçamentária, para dar um "verniz legal" a uma "prática corrupta".


"O que a gente chama de institucionalização da corrupção é uma forma de dar um verniz legal, institucional, a uma prática absolutamente corrupta na sua essência, que é a apropriação do erário público para interesses privados, sejam eles políticos, de reprodução de poder, ou pecuniários mesmo, interesses materiais", disse à BBC News Brasil.


"E, nesse caso, com imensa escala", destacou ainda.



Mensalão x Petrolão x Orçamento Secreto

Desde 2020, já são cerca de R$ 45 bilhões empenhados pelo governo para gastos das emendas de relator, segundo levantamento da revista Piauí. O valor empenhado é aquele que já foi de fato reservado para o pagamento.


A grande dimensão desses valores tem levado críticos do atual governo a comparar o Orçamento Secreto com escândalos de corrupção dos governos no PT. No caso do chamado Mensalão, o Ministério Público concluiu em 2012 que foram desviados ao menos R$ 101 milhões, por meio de fraudes envolvendo contratos de publicidade de órgãos públicos.


Já no caso do chamado Petrolão, R$ 6 bilhões desviados da Petrobras foram devolvidos após acordos de colaboração, leniência e repatriações.


As dezenas de bilhões do chamado Orçamento Secreto têm sido usadas pelos parlamentares para gastos e investimentos em seus redutos eleitorais, como obras, compras de equipamentos e realização de procedimentos médicos. Não se sabe quanto desse total pode estar sendo desviado em esquemas de corrupção.


Na avaliação de Bruno Brandão, da Transparência Internacional Brasil, a falta de controle sobre esses recursos abre espaço para que uma grande parcela esteja sendo roubada.


"Esse esquema permite isto (desvios de recursos) numa escala talvez não conhecida até hoje e numa forma de pulverização da corrupção, porque é um recurso do orçamento federal jorrando para as localidades que têm menor capacidade institucional de controle. E ainda, além disso, desviando dos mecanismos regulares de transparência e controle do ciclo ordinário orçamentário", afirma.


"Corrupção não é o único problema"

Para Brandão, porém, o problema não está apenas no desvio de recursos públicos. Na sua avaliação, há outros pontos graves envolvendo o Orçamento Secreto.


Um deles é o fato de, num Orçamento já escasso, uma parcela grande de dinheiro estar sendo retirada de outras despesas importantes para bancar gastos de interesse dos parlamentares.


Um exemplo disso, cita o especialista, é o corte previsto de 59% nos recursos para parcela gratuita da Farmácia Popular, que inclui medicamentos do tratamento da asma, hipertensão e diabetes.



Segundo reportagem do jornal Estado de S Paulo, enquanto a proposta de orçamento para 2023 prevê aumento dos recursos destinados às emendas de relator, a proposta do governo Bolsonaro para a Farmácia popular é de R$ 842 milhões, o que representa um corte de R$ 1,2 bilhão no valor previsto para 2022 (R$ 2,04 bilhões).


Na sua visão, esse tipo de troca — recursos retirados de programas de Estado para engrossarem as emendas — reduz a "eficiência do gasto público". O problema, diz, é agravado pela falta de critério na hora de distribuir os recursos pelo país, já que uma cidade que talvez tenha mais carência de investimentos pode estar perdendo recursos para outras que são reduto eleitorais de deputados e senadores aliados do governo.


Desequilíbrio na corrida eleitoral

O diretor da Transparência Internacional Brasil cita ainda outro elemento preocupante envolvendo as emendas do relator: a distribuição desses recursos afeta o equilíbrio na disputa eleitoral, enfraquecendo a própria democracia brasileira.


"Talvez esse seja o aspecto mais profundo (do Orçamento Secreto): perverter o processo democrático. Quem se apropriou desse recurso público utilizou para ganhar favores políticos e apoio nessas bases e assim ganhar eleições e se manter no poder. E são justamente as forças mais corruptas que tiveram esse benefício. O resultado agora já mostrou que deu certo. (Esses parlamentares) se mantiveram no poder, o que há de mais corrupto, mais podre na nossa classe política", critica.



Levantamento da revista Piauí publicado na sexta-feira (07/10) mostrou que "os principais partidos do Centrão (PL, Republicanos, PTB, União Brasil, PSC, PP e Patriota) contaram com mais de R$ 6,2 bilhões de recursos das emendas de relator - uma bolada que ajudou a garantir a reeleição de pelo menos 140 parlamentares".


"Esse valor é superior aos R$ 5,7 bilhões de recursos do fundo eleitoral distribuído entre todos os partidos. Só no PL, de Bolsonaro, 60 deputados reeleitos puderam destinar às suas bases R$ 1,6 bilhão vindos das emendas de relator", diz ainda a reportagem.


Os bilhões do Orçamento Secreto têm sido usados por parlamentares para gastos e investimentos em seus redutos eleitorais, como obras, compras de equipamentos e realização de procedimentos médicos, segundo levantamento — Foto: Agência Senado


O levantamento mostra ainda a discrepância da distribuição de recursos entre parlamentares de diferentes partidos.



"Cada deputado reeleito desse Centrão expandido teve, em média, R$ 42,8 milhões de orçamento secreto. O montante é 470% acima da média recebida pelos deputados reeleitos pela coligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, PCdoB, PV, Psol, Rede, PSB, Avante, Solidariedade, Pros) - R$ 7,5 milhões cada", afirma a reportagem da Piauí.


Os valores analisados pela revista, porém, incluem apenas uma parte do chamado Orçamento Secreto, já que não há transparência total sobre esses recursos.


"A base de dados analisada pela piauí só leva em conta R$ 19 bilhões, dentro de um valor global de R$ 45 bilhões já empenhados (reservados para gasto), restando ainda outros R$ 8 bilhões a empenhar até o fim do ano. Esses R$ 19 bilhões são valores somados entre indicações que se tornaram públicas depois que o Supremo Tribunal Federal determinou transparência e outras planilhas internas do governo obtidas pelo repórter ao longo dos últimos dois anos", diz a reportagem, assinada por Breno Pires.


O que decidiu o STF

Após o Orçamento Secreto ser questionado no Supremo Tribunal Federal, a Corte determinou que o Congresso desse total transparência às emendas do relator. Em resposta, a Comissão Mista de Orçamento criou um portal em que os pedidos passaram a ser registrados. Mas, para especialistas em transparência, a ferramenta ainda é insuficiente.



Um dos problemas apontados é que é possível inserir como autor do pedido não apenas nomes de parlamentares, mas também pessoas, entidades e órgãos de fora do Congresso. A organização Contas Abertas fez um levantamento dos dados disponíveis e encontrou uma série de inconsistências.


"Dentre os R$ 12,3 bilhões das indicações dos 'autores', cerca de R$ 4 bilhões, ou seja um terço das indicações, são atribuídas a 'usuários externos'. Dentre os usuários externos, existe um classificado simplesmente como 'assinante', que indicou R$ 23,6 milhões em emendas de relator", exemplificou o economista Gil Castello Branco, diretor da organização Contas Abertas, em resposta por escrito à BBC News Brasil em setembro.


Outro problema, acrescentou Castello Branco na ocasião, é que esses dados continuam fora dos sistemas que permitem fiscalizar melhor os gastos do governo federal, como Siga Brasil e Portal da Transparência.


"Os dados mostram que os recursos bilionários são distribuídos sem qualquer critério técnico ou parâmetro socioeconômico, o que distorce as políticas públicas e amplia as desigualdades regionais e municipais", ressaltou.


Bolsonaro diz que responsabilidade é do Congresso e Lira defende emendas do relator


Bolsonaro tem buscado se distanciar do tema, insistindo que o chamado Orçamento Secreto é uma iniciativa do Parlamento.



"Pelo amor de Deus, para com isso. O orçamento secreto é uma decisão do Legislativo que eu vetei, e depois derrubaram o veto", disse, ao ser questionado por uma jornalista nesta segunda-feira (02/10).


Na sequência, ao ser interpelado sobre ter recuado do veto, respondeu com irritação e deixou o local da entrevista: "Quem recuou do veto? Ah, eu desvetei? Desconheço 'desvetar'".


Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), costuma defender as emendas de relator dizendo que o parlamentar conhece melhor a realidade dos municípios e, por isso, estaria mais preparado para decidir onde aplicar os recursos federais do que as equipes dos ministérios — argumento que é refutado por estudiosos da administração, como a professora da FGV e procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo Élida Graziane.


Na semana passada, ele voltou a usar esse argumento e sustentou também que o novo instrumento orçamentário terminou com o "toma lá dá cá" entre Planalto e Congresso.


"Emendas de relator são lícitas, constitucionais e democráticas. São, além de tudo, uma posição do Parlamento contra as práticas que levaram a crimes do mensalão, captação de apoio político por compra de votos no Congresso. Isso que não pode voltar", disse Lira em entrevista à Rádio Bandeirantes.



"Usar isso como bandeira de campanha é um erro, vai prejudicar muitas pessoas que tiveram melhorias em suas vidas. É melhor o parlamentar fazer as indicações porque sabe mais das necessidades do povo, do que um ministro que não teve um voto e não conhece o Brasil. Essa prática libertou o Congresso do toma lá dá cá", afirmou também.


Já o relator do Orçamento, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), refutou que as emendas do relator sejam um "Orçamento Secreto", em entrevista do final de setembro ao portal de notícias O São Gonçalo, veículo da baixada fluminense.


"E sobre a famosa polêmica das emendas do relator que passou a ser chamada fora do Congresso de 'Orçamento Secreto', eu digo que não existe absolutamente nada de secreto. Se tivesse o 'orçamento secreto' o Supremo não deixaria fazer e o TCU também não. O que existe é a discussão de critérios de distribuição, mas não existe o orçamento 'secreto'. Ele passa por toda a análise pública dos três poderes, e obviamente da Câmara e do Senado", argumentou.


A BBC News Brasil entrou em contato com o Palácio do Planalto, os presidentes da Câmara e do Senado e o relator Hugo Leal, mas eles não quiseram se manifestar para essa reportagem.



- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63208754


Fonte: BBC

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