sábado, julho 04, 2020

Delegacia de Polícia de Itaú passará a registrar boletins de ocorrências a partir desta segunda-feira (06).

O registro de uma ocorrência policial para fatos criminais em geral é a nova ferramenta disponibilizada, a partir desta segunda-feira, dia 06 de julho de 2020, pela Delegacia de Polícia Militar de Itaú-RN, que passa a registrar Boletins de Ocorrências (BOs), de quaisquer natureza criminal.

Devido a pandemia da COVID-19, a fim de prevenir o crescimento de casos do novo Coronavírus e a circulação de pessoas, os itauenses não precisarão se descolocar até a cidade de Apodi para registrar um BO, a instituição passa a registrar ocorrência de homicídio, latrocínio, estupro, roubo, recuperação e devolução de veículos, violência doméstica e etc, a partir desta segunda .

Ao blog Cidade News Itaú a autoridade policial destaca que, esse novo recurso, é uma facilidade maior para o cidadão registrar ocorrências sem a necessidade de fazê-la pela internet ou se deslocar para outro município, onde o serviço também está indisponível por causa da pandemia.

Arlindo Maia da Redação do Cidade News
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Filha grava reação do pai ao ganhar o primeiro celular aos 53 anos e vídeo viraliza

A jovem Daíse Monteiro, de 22 anos, surpreendeu o pai na última sexta-feira (3) ao dar um presente inesperado a ele, mesmo sem qualquer data festiva próxima. Ao desembrulhar o pacote, sentado em uma rede dentro de casa, na cidade de Areia Branca, litoral do Rio Grande do Norte, José Airton, de 53 anos, chorou. Dentro da caixa, havia um celular: o primeiro que ele vai ter na vida.

O vídeo circulou nas redes sociais desde que foi publicado. A intenção do registro, feito pela própria Daíse, era mostrar o momento à irmã. Mas a cena comoveu a muito mais gente, inclusive a ela, que se abraça e chora junto com o pai.

A situação financeira nunca foi das melhores na casa de José Airton. Analfabeto, ele também não conseguia lidar bem com as funções do celular, como atender um telefonema, o que também justificava ele nunca ter tido um aparelho. Mas recentemente a filha começou a notar que ele começou a mexer no smartphone da mãe, que a própria Daíse deu há cerca de um ano.

"Eu dei um a minha mãe, que também não sabia mexer, e ensinei ela a entrar no Whatsapp... Aí ele começou a mexer no celular dela. Ele a viu entrando no Youtube, então pegava o celular dela, colocava um vídeo ou uma música. Então pensei: por que não dar um a ele também?", falou Daíse.

José Airton, de Areia Branca, ganhou primeiro celular da filha — Foto: Reprodução
José Airton, de Areia Branca, ganhou primeiro celular da filha — Foto: Reprodução

Ela conta que assim que percebeu que o pai aprendeu a usar, de forma intuitiva, o celular, ela pensou no presente. Mas aí foi surpreendida pela pandemia, que fez com que ela parasse de trabalhar por conta das medidas de prevenção ao coronavírus. Daíse é micropigmentadora de sobrancelhas e lábios. "Quando pude voltar uns dias ao trabalho, juntei um dinheiro e comprei o celular", disse.

"Não é o melhor celular, mas pra ele já é muita coisa. Assim, ele pode mexer sozinho, sem precisar pegar o da minha mãe, que precisa do dela. Ele já fez até uma capinha de pano pra guardá-lo".

Entre as coisas que ele mais assiste no celular, estão vídeos de musculação e músicas do estilo brega. "Ele ama malhar, desde novinho que ele faz exercícios físicos. Então ele fica assistindo vídeos de musculação. E ele também ouve músicas: ele gosta de brega e é fã de Zezo", contou.

Daíse com o pai e a mãe — Foto: Cedida
Daíse com o pai e a mãe — Foto: Cedida

Dificuldades
José Airton tem tido dificuldades para trabalhar atualmente, fato agravado pela pandemia do novo coronavírus. Ele pinta e lava barcos, mas os serviços só aparecem em determinados períodos do ano. Assim, quando não tem serviços, ele usa um pequeno barco, que ganhou de um amigo, para pescar e leva a maioria dos peixes para casa - os demais, ele vende. Dessa forma, atualmente o sustento da casa tem sido através da filha.

Na busca por um emprego, José Airton esbarra, muitas vezes, numa mesma barreira: o analfabetismo. "Ele não teve a oportunidade de estudar, porque ele precisava trabalhar, pra levar as coisas pra dentro de casa. Ele até frequentou a escola quando mais novo, mas as necessidades fizeram ele parar. Eu e minha irmã já tentamos com que ele voltasse, mas ele diz que hoje não tem mais paciência", explica Daíse.

A situação se agravava em determinados períodos. "Ele ficava louco, porque a gente vivia pulando de casa em casa, não tínhamos condições de ficar pagando aluguel. A gente já morou num quartinho bem pequeno mesmo, com uma rede em cima da outra", contou Daíse, que já trabalha há alguns anos. "Eu comecei a trabalhar bem nova, fazia faxina, trabalhava em lojinha, supermercado, vendia bijuteria, fazia de tudo".

Os problemas financeiros amenizaram após a família conseguir uma casa para morar e Daíse deixar o emprego para trabalhar no seu próprio negócio.

"Graças a Deus a gente conseguiu essa casa, eu arrumei um emprego melhor, trabalhei de carteira assinada e falei aos meus chefes do meu sonho. Eles super me apoiaram, eu saí e comecei a fazer sobrancelhas. Tinha meses que eu não fazia uma. Depois comecei a ficar mais conhecida, ganhei um concurso de beleza, o que me permitiu começar a ajudar e depois a sustentar tudo".

Fonte: G1
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RN registra 33.910 casos confirmados de Covid-19 e 1.200 mortes pela doença

Teste de coronavírus — Foto: DANIEL GALBER/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDOO Rio Grande do Norte tem 33.910 casos confirmados de Covid-19 e 1.200 mortes pela doença desde o início da pandemia. Os dados foram atualizados neste sábado (4) pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap).

Nas últimas 24 horas, 489 novos casos foram confirmados e outros 29 óbitos foram registrados por coronavírus. Na sexta-feira (3), o estado somava 33.421 casos confirmados e 1.171 óbitos.

De acordo com a pasta, o Rio Grande do Norte tem ainda 45.614 casos suspeitos e 53.465 descartados. Outras 171 mortes estão em investigação para saber se foram ou não por Covid-19.

O boletim oficial não havia sido divulgado até o fechamento desta matéria neste sábado. De acordo com o boletim de sexta-feira (3), 617 pacientes estão internados com coronavírus no RN: 372 na rede pública e 245 na rede privada. A taxa de ocupação das UTIs da rede pública é de 94% e o da rede privada é de 82%. O Rio Grande do Norte realizou também 89.065 exames de coronavírus até o momento. Desses, 39.008 foram RT-PCR e os outros 48.809 foram testes rápidos.

A última atualização no número de recuperados aponta 2.904 pacientes. Esse número, no entanto, está desatualizado. De acordo com a Sesap, os municípios não estão atualizando o sistema que dá origem ao boletim epidemiológico.

Situação do coronavírus no RN
1.200 mortes
33.910 casos confirmados
45.614 casos suspeitos
53.465 casos descartados

Fonte: G1
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PRF recupera carreta com carga de cerveja após roubo com sequestro no RN

Uma carga de cerveja avaliada em cerca de R$ 217 mil foi recuperada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) após o roubo de uma carreta com sequestro do motorista em Canguaretama, cidade do litoral sul do Rio Grande do Norte. O caso ocorreu na noite de sexta-feira (3). O condutor também foi liberado.

Carga recuperada em Macaíba — Foto: PRF/Reprodução
Carga recuperada em Macaíba — Foto: PRF/Reprodução

De acordo com a PRF, após o roubo da carreta com a cerveja, o motorista foi levado pelos bandidos. Os criminosos tiraram o motorista do caminhão e o colocaram em um veículo branco modelo Ônix. A carreta seguiu para Macaíba, na Grande Natal e o carro com o refém seguiu caminho para Parnamirim.

O carro de passeio foi abordado por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os criminosos fugiram e o refém foi libertado. A carreta foi abandonada pelos criminosos em um posto de combustíveis em Macaíba.

Fonte: G1
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Detran retoma serviço de emissão e renovação de CNH em Natal e Mossoró

Os serviços de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e abertura de processo da primeira Habilitação voltam a ser oferecidos pelo Departamento Estadual de Trânsito do RN (Detran) a partir de terça-feira (7), nas cidades de Natal e Mossoró.

Serviço estará disponível nas cidades de Natal e Mossoró — Foto: Divulgação
Serviço estará disponível nas cidades de Natal e Mossoró — Foto: Divulgação

Para o usuário que deseja renovar a CNH, o procedimento deve ser iniciado por meio do acesso ao site do Detran. No ícone “CNH” (no centro da página do site), o interessado clica e logo é direcionado para uma nova aba onde são solicitados os números do CPF e do Registro da CNH. Após preencher os dados, é necessário marcar a opção “não sou robô” e clicar em seguida no botão “consultar”. Na sequência, o usuário estará na página de acesso as suas informações, onde é possível escolher a opção “Renovação de CNH”.

Após consultar as taxas de renovação, o usuário é direcionado a uma clínica médica para o agendamento da captura de imagem e das impressões digitais do condutor, digitalização dos documentos pessoais, como também o exame clínico. Sendo aprovado e quitada as taxas, o condutor recebe a CNH no endereço residencial cadastrado no sistema do Detran.

Primeira CNH
O candidato precisa se dirigir ao Centro de Formação de Condutor (CFC – autoescola) de sua preferência e apresentar um documento de identificação com foto, CPF e comprovante de residência para solicitar a abertura do processo.

Em seguida, o sistema encaminha o condutor para uma clínica médica, onde será feita a digitalização dos documentos, captura de imagem e das impressões digitais. Após aprovação dos exames clínicos, as aulas teóricas de trânsito via sistema online do CFC poderão ser iniciadas.

De acordo com o Detran, o serviço foi montado conforme medidas de prevenção ao contágio do coronavírus. "No sentido de permitir o mínimo contato entre as pessoas, utilizando de maneira inteligente as ferramentas de serviço online e agendamento prévio, como também outras medidas focadas na higienização, distanciamento social, utilização de máscaras de proteção, álcool gel a 70% e outros", disse o órgão.

O serviço foi autorizado pela portaria 489/2020, publicada na edição do Diário Oficial do Estado (DOE) neste sábado (4) e tem validade durante o período de pandemia de Covid-19.

Fonte: G1
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RN tem queda de R$ 490 milhões na receita entre março e junho

O Rio Grande do Norte teve uma queda de R$ 490.777.389,11 milhões nas receitas entre março e junho deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A diminuição se dá em função do momento vivido por conta da pandemia do novo coronavírus. Segundo a Secretaria de Planejamento e Finanças do RN (Seplan), a queda foi estimulada principalmente pelas reduções na arrecadação de ICMS e do Fundo de Participação dos Estados.

Setor comercial fechado estimulou queda do ICMS — Foto: Elisa Elsie
Setor comercial fechado estimulou queda do ICMS — Foto: Elisa Elsie

Entre março e junho de 2019, o RN tinha aproximadamente 3,7 bilhões de arrecadação. Esse valor caiu para cerca de 3,2 bi no mesmo período deste ano.

“Sofremos, sobretudo, com a perda de arrecadação de ICMS, em razão do setor comercial fechado, e com a queda do Fundo de Participação dos Estados, justo em um período de crise enfrentada pelos entes da Federação. Apenas com essas duas arrecadações tivemos déficit de aproximadamente R$ 392 milhões entre março e junho", falou o secretário de Planejamento e Finanças, Aldemir Freire.

Segundo Freire, o estado recebeu compensação do Governo Federal em cerca de metade dos R$ 490 milhões.

Além da redução na arrecadação, o Executivo também precisou investir aproximadamente R$ 270 milhões com ações de prevenção e combate à pandemia do coronavírus. "Ou seja, o impacto da pandemia até agora é de aproximadamente R$ 770 milhões", falou o secretário.

"Minha estimativa é que o impacto da pandemia, entre queda da receita mais aumento de despesas com saúde, irá ultrapassar R$ 1 bilhão".

Houve ainda perda de R$ 48 milhões do Fundeb, R$ 24,3 milhões de royalties, R$ 22 milhões do Simples, e R$ 7,2 milhões do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop). O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), por sua vez, apresentou alta de 1,7% com ganho de R$ 2,8 milhões.

O mês de maio, até o momento, foi o de maior perda, com cerca de 193 milhões de queda na arrecadação. A queda crescia até aquele momento, já que em março, no início da pandemia, o RN tinha registrado diminuição de cerca de R$ 19 milhões nas receitas e em abril, R$ 112 mi. Apesar disso, o mês de junho teve uma queda em relação a maio, com perda de aproximadamente R$ 165 mi.

"Os efeitos econômicos e sociais da pandemia permanecerão mais alguns meses. Mas enfrentaremos mais esse desafio com planejamento e ações”, falou Aldemir Freire.

Dados da queda de arrecadação mês a mês no RN — Foto: Divulgação
Dados da queda de arrecadação mês a mês no RN — Foto: Divulgação

Fonte: G1
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Cidade da Região Metropolitana de Natal decreta 'isolamento social rígido' em combate à pandemia de Covid-19

A cidade de Extremoz, na Região Metropolitana de Natal, decretou nesta sexta-feira (3) o lockdown, sistema mais rígido de isolamento social para tentar conter o avanço da pandemia de Covid-19. O município de cerca de 28,5 mil habitantes registra 343 casos confirmados de coronavírus e 13 mortes causadas pela doença.

Lockdown em Extremoz começa nesta sexta-feira — Foto: Prefeitura de Extremoz/Reprodução
Lockdown em Extremoz começa nesta sexta-feira — Foto: Prefeitura de Extremoz/Reprodução

O lockdown que entrou em vigor nesta sexta irá se estender até o dia 12 de julho. Segundo o Decreto Municipal 028/2020, ficam proibidas as circulações de pessoas e veículos nos espaços e vias públicas da cidade. As novas normas determinam ainda o fechamento completo dos estabelecimentos e serviços considerados não essenciais.

Os serviços autorizados a funcionar deverão seguir uma série de medidas sanitárias para funcionar, como restrição de aglomeração, higienização permanente de superfícies, orientação de funcionários e disponibilização de lavatórios para clientes. De acordo com a Prefeitura de Extremoz são considerados atividades essenciais:

I – Farmácias;
II – Hipermercados, supermercados, mercados, feiras livres, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, quitandas e centros de abastecimento de alimentos;
III – Lojas de venda de alimentação para animais e clínicas veterinárias;
IV – Distribuidores de gás;
V – Lojas de venda de água mineral;
VI – Padarias;
VII – Postos de combustível;
VIII – Restaurantes e estabelecimentos congêneres sediados no interior de hotéis, pousadas e similares, que deverão funcionar apenas para os hospedes e colaboradores, como forma de assegurar a quarentena;
IX – Oficinas mecânicas, borracharias, conserto de bicicletas e empresas de inspeção e perícias veiculares;
X – Bancas de jornal, exclusivamente para comercialização da mídia impressa.
XI – Empresas que prestam serviços de telefonia, internet e tv a cabo, bem como as que prestam assistência técnica e manutenção destes serviços.
XII – Empresas e atividades do ramo da construção civil.
XIII – Lojas de materiais elétricos e de construção
XIV – Óticas, consultórios médicos e odontológicos e laboratórios de exames clínicos.
XV – Atividades sociais e econômicas de combate aos efeitos da pandemia.
O decreto proíbe também a entrada e saída intermunicipal de pessoas, com exceção "nos casos de desempenho de atividade ou serviço essencial ou para tratamento de saúde, devidamente comprovados". Trabalhadores vinculados aos serviços essenciais e moradores que se ausentaram da cidade podem entrar em Extremoz, desde que apresentem documentação exigida.

As multas para quem descumprir as medidas estabelecidas em decreto são de R$ 150 para pessoas físicas e de R$ 500 para os estabelecimentos comerciais. A fiscalização será feita pela força-tarefa "Pacto pela Vida" da Polícia Militar em cooperação com órgãos de segurança e vigilância sanitária. De acordo com o Executivo local, barreiras de fiscalização serão montadas em pontos da cidade.

Para determinar as duras medidas de isolamento, o prefeito de Extremoz Joaz Oliveira levou em consideração a "demora do Estado para a disponibilização de leitos de UTI através da regulação da Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sesap) no caso de pacientes dos municípios que necessitam de transferência para leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI)".

Segundo a prefeitura, Extremoz não tem leitos de UTI com respiradores e dispõe apenas de um serviço de urgência prestado pelo Hospital Municipal, "mantido quase que na integralidade com recursos próprios, com leitos clínicos e sala de estabilização".

Fonte: G1
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A pandemia que ameaça destruir a fruta mais popular do mundo

Uma doença letal aparece do nada. Sua transmissão é silenciosa, espalhando-se antes que os sintomas apareçam. Uma vez contraída, já é tarde demais para detê-la — não há cura. A vida nunca mais será a mesma. Soa familiar?

Assim como a Covid-19, doença que acomete bananas está se espalhando para novos países, forçando a indústria a mudar a forma como a fruta mais consumida do mundo é cultivada e até mesmo seu sabor — Foto: Getty Images/BBC
Assim como a Covid-19, doença que acomete bananas está se espalhando para novos países, forçando a indústria a mudar a forma como a fruta mais consumida do mundo é cultivada e até mesmo seu sabor — Foto: Getty Images/BBC

Não se trata da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. A Tropical Race 4 (TR4) afeta bananas. Também conhecida como mal-do-Panamá, é causada pelo fungo Fusarium oxysporum, que vem destruindo as fazendas de banana nos últimos 30 anos.

Seria apenas mais uma doença a afetar plantas se não fosse o fato de que, na última década, a epidemia se acelerou repentinamente, espalhando-se da Ásia para Austrália, Oriente Médio, África e, mais recentemente, América Latina, de onde vem a maioria das bananas enviadas para supermercados no Hemisfério Norte.

Atualmente, o mal-do-Panamá está presente em mais de 20 países, provocando temores de uma "pandemia da banana" e uma escassez da fruta mais consumida do mundo.

Cientistas de todo o mundo estão trabalhando contra o relógio para tentar encontrar uma solução, incluindo a criação de bananas geneticamente modificadas (GM) e uma vacina.

'Novo normal'?
Mas, assim como a Covid-19, a questão não é apenas se podemos encontrar uma cura, mas também como viveremos com um "novo normal" que mudará as bananas para sempre?


O primeiro lugar para procurar pistas é na origem da banana moderna que todos conhecemos. Sua história mostra exatamente o que acontece se essa doença for ignorada.

Não é a primeira vez que as bananas enfrentam uma ameaça, explica Fernando García-Bastidas, pesquisador em saúde vegetal que estudou TR4 na Universidade de Wageningen, na Holanda, antes de trabalhar em uma empresa holandesa de genética vegetal que tenta combater a doença.

Na década de 1950, a indústria foi dizimada pelo que ele descreve como "uma das piores epidemias botânicas da história", quando o mal-do-Panamá ocorreu pela primeira vez.

Origem
A doença fúngica surgiu na Ásia, onde evoluiu com as bananas, antes de se espalhar para as vastas plantações da América Central.

A razão pela qual foi tão devastadora, diz García-Bastidas, é o fato de que as bananas eram todas de apenas uma variedade, a Gros Michel ou 'Big Mike'.

Essa espécie havia sido escolhida para cultivo pelos produtores porque produz frutos grandes e saborosos que podem ser cortados da árvore ainda verdes, possibilitando o transporte de alimentos exóticos altamente perecíveis por longas distâncias, enquanto continuam amadurecendo.

Cada planta era um clone de aproximadamente mesmo tamanho e formato, produzido a partir de rebentos laterais que se desenvolvem a partir do caule das raízes, facilitando a produção em massa.

Isso significa que cada bananeira é geneticamente quase idêntica, produzindo frutas consistentemente, sem imprevistos. Do ponto de vista comercial era excelente, mas, do ponto de vista epidemiológico, era um surto à espera de acontecer.

O sistema de produção de bananas se baseou fragilmente na diversidade genética limitada de uma variedade, tornando-as suscetíveis a doenças, diz García-Bastidas.

Sistema de produção de bananas se baseou fragilmente na diversidade genética limitada de uma variedade, diz especialista — Foto: _Alicja_/Pixabay
Sistema de produção de bananas se baseou fragilmente na diversidade genética limitada de uma variedade, diz especialista — Foto: _Alicja_/Pixabay

Lição aprendida?
Mas engana-se quem pensa que a indústria aprendeu a lição.

Foi iniciada, então, a busca por uma variedade para substituir a Gros Michel que poderia ser resistente ao mal-do-Panamá. Na década de 1960, uma espécie, a Cavendish, chamada no Brasil de banana nanica, mostrava sinais de resistência que poderiam salvar a indústria da banana.

Batizada em homenagem ao 7º duque de Devonshire, William Cavendish, por ele ter cultivado a planta em sua estufa em sua residência oficial, a Chatsworth House, a banana também poderia ser transportada verde — embora tivesse um sabor mais suave do que a Gros Michel.

Dentro de algumas décadas, ela tornou-se a nova referência para a indústria da banana e continua sendo até hoje. Mas para os cientistas que observavam com nervosismo as vastas plantações em expansão, era apenas uma questão de tempo até que houvesse outro surto.

Na década de 1990 uma nova cepa do mal-do-Panamá, conhecida como TR4, surgiu, novamente na Ásia, que era letal para as bananas Cavendish.

Desta vez, com uma economia globalizada em que pesquisadores, agricultores e outros visitantes das plantações de banana circulam livremente pelo mundo, ela se espalhou ainda mais rapidamente.

García-Bastidas, que completou seu doutorado em TR4 na Universidade de Wageningen, descreve a doença da banana moderna, que ataca o sistema vascular das plantas fazendo-as murchar e morrer, como uma "pandemia".

"As bananas estão inegavelmente entre as frutas mais importantes do mundo e são um alimento básico importante para milhões de pessoas", diz ele. "Não podemos subestimar o impacto que a atual pandemia do TR4 pode causar na segurança alimentar."

García-Bastidas foi quem viu pela primeira vez o TR4 fora da Ásia, na Jordânia, em 2013.

Desde então ele tem "cruzado os dedos" para que a doença não afete os países em desenvolvimento, onde as bananas são um alimento básico.

Mas registros da doença já foram observados na África, particularmente em Moçambique.

A razão pela qual o TR4 é tão mortal é porque, assim como a Covid-19, ela se espalha por "transmissão furtiva", embora em diferentes escalas de tempo.

Uma planta doente ficará saudável por até um ano antes de mostrar os sintomas da doença: manchas amarelas e folhas murchas. Em outras palavras, quando a TR4 é identificada, já é tarde demais e ela terá se espalhado por esporos no solo em botas, plantas, máquinas ou animais.

García-Bastidas, que é natural da Colômbia, sabia que o TR4 chegaria ao centro da produção de banana na América do Sul.

Mal-do-Panamá, é causada pelo fungo Fusarium oxysporum — Foto: Getty Images/BBC
Mal-do-Panamá, é causada pelo fungo Fusarium oxysporum — Foto: Getty Images/BBC

'Pior pesadelo'
Em 2019, seu pior pesadelo se tornou realidade — o telefonema veio de uma fazenda na Colômbia. As bananeiras tinham folhas amarelas e murchas. E o produtor queria lhe enviar amostras.

"Foi como um pesadelo", diz ele. "Num minuto estou na fazenda, no próximo no laboratório, no outro explicando para o ministro do governo colombiano que o pior já aconteceu. Durante muito tempo, não consegui dormir bem. Foi de partir o coração", lembra.

Como todos os outros países com TR4, a Colômbia está agora tentando retardar o surto enquanto o mundo observa com ansiedade os sinais da doença no restante da América Latina e no Caribe.

Como não há cura, tudo o que pode ser feito é colocar as fazendas infectadas em quarentena e aplicar medidas de biossegurança, como desinfetar botas e impedir o movimento de plantas entre fazendas. Em outras palavras, fazer o equivalente a lavar as mãos e manter o distanciamento social.

Paralelamente, a corrida para encontrar uma solução está a pleno vapor.

Na Austrália, cientistas desenvolveram uma banana Cavendish geneticamente modificada (GM) que é resistente ao TR4. A fundação Bill e Melinda Gates também está financiando pesquisas na área.

No entanto, apesar das fortes evidências científicas de que os alimentos geneticamente modificados são seguros, é improvável que a banana esteja na prateleira de um supermercado perto de você enquanto os órgãos reguladores e o público permanecerem desconfiados.

Para García-Bastidas, que agora trabalha na empresa de pesquisa KeyGene em colaboração com a Universidade de Wagegingen, na Holanda, a banana transgênica é uma "solução fácil" que pode resolver o dilema da indústria por cinco a dez anos, mas não solucioná-lo por completo.

Ao fim e ao cabo, diz ele, o maior obstáculo é ter uma indústria inteira baseada em uma única variedade clonada de outras plantas.

Os testes estão sendo desenvolvidos apenas para rastrear o TR4, já que as bananas têm sofrido por receber menos recursos com pesquisa do que outras culturas básicas.

Mais diversidade
Em vez disso, García-Bastidas quer introduzir mais diversidade na cultura da banana, para que ela seja mais resistente a surtos de doenças como o TR4. Ele ressalta que existem centenas de bananas com potencial para cultivo em todo o mundo. Por que não usá-las?

Já em países como Índia, Indonésia e Filipinas, as pessoas comem dezenas de variedades diferentes de bananas, com sabores, cheiros e tamanhos diferentes. Mas elas são difíceis de cultivar e exportar na escala da Cavendish, que foi criada para suportar o transporte através dos oceanos.

Em seu laboratório na Holanda, García-Bastidas e seus colegas estão usando as mais recentes técnicas de sequenciamento de DNA para identificar genes resistentes ao TR4 e produzir bananas que podem suportar a doença e ser comercialmente viáveis.

"Temos centenas de variedades de maçãs", ressalta. "Por que não começar a oferecer diferentes variedades de bananas?"

A melhor esperança é que uma banana resistente à exportação surja nos próximos cinco a 10 anos. Mas essa não é uma bala de prata. Depois de enfrentar não uma, mas duas pandemias no século passado, dessa vez a indústria da banana terá que buscar mais do que apenas introduzir outro clone no mercado.

Dan Bebber, professor associado de ecologia da Universidade de Exeter, no Reino Unido, passou os últimos três anos estudando os desafios ao sistema para manter o suprimento de bananas como parte de um projeto financiado pelo governo britânico, o BananEx.

Segundo ele, a melhor maneira para a indústria de banana sobreviver ao TR4 é mudar a forma como essa fruta é cultivada.

No momento, as bananas Cavendish são cultivadas em uma vasta monocultura, o que significa que não apenas o TR4, mas todas as doenças se espalham rapidamente. Durante o período de crescimento, as bananas podem ser pulverizadas com fungicidas de 40 a 80 vezes.

"Isso pode ter grandes impactos na microbiota do solo", diz Bebber. "Para cuidar das bananas, é preciso cuidar do solo."

Bebber aponta para relatos das Filipinas de que as fazendas orgânicas se saíram melhor contra o TR4 porque a microbiota no solo é capaz de combater a infecção.

Ele diz que as fazendas de bananas devem procurar adicionar matéria orgânica e talvez implantar um sistema de rotação de culturas para aumentar a proteção e a fertilidade, usando micróbios e insetos em vez de produtos químicos como "defensivos agrícolas", além de deixar mais espaços livres no terreno para incentivar a vida selvagem.

Isso pode significar um aumento no preço das bananas, mas a longo prazo elas seriam mais sustentáveis.

Segundo Bebber, as bananas são muito baratas hoje. Não apenas porque o custo ambiental de uma monocultura com produtos químicos pesados não foi levado em consideração, mas principalmente o custo social de empregar pessoas com salários muito baixos.

A ONG Banana Link, que faz campanhas sobre o assunto, culpa os supermercados por forçar preços cada vez mais baixos, comprometendo o meio ambiente, a saúde dos trabalhadores e, por fim, a vitalidade da safra de banana.

As bananas produzidas para o comércio popular garantem de alguma maneira que os agricultores recebam um preço justo por elas, mas Bebber diz que trabalhadores de todo o setor estão começando a exigir melhores salários.

Mais uma vez, ele diz que isso alimenta o TR4, já que eles precisam ser pagos de maneira justa para garantir que as fazendas sejam mais bem gerenciadas para a prevenção de doenças.

"Durante anos, falhamos em levar em consideração o custo social e ambiental das bananas", diz ele. "É hora de começar a pagar um preço justo, não apenas pelos trabalhadores e pelo meio ambiente, mas pela saúde das próprias bananas."


'Bananageddon'
Jackie Turner, uma cineasta americana que questiona como as bananas são cultivadas desde que trabalhou em uma plantação como estudante, concorda que a solução está na justiça e na diversidade.

Em seu filme Bananageddon (uma combinação das palavras banana e armageddon), ela conversa com cientistas que tentam impedir a disseminação do TR4, especialistas em segurança alimentar que alertam sobre a escassez e trabalhadores nas plantações preocupados com seus meios de subsistência.

"O TR4 é muito parecido com a Covid-19, pois não tem tratamento", diz ela. "É um cenário de 'dia do juízo final' para as bananas", afirmou.

Depois de viajar pelo mundo por dois anos para observar o impacto que o TR4 já está causando, Turner está convencida de que as bananas precisam ser cultivadas de uma maneira diferente, o que significa introduzir novas variedades.

Ela diz que isso não só será melhor para o meio ambiente e para a proteção contra doenças, mas também para o consumidor.

Para tentar incentivar o público a apoiar pequenos agricultores que cultivam variedades diferentes, ela criou a The Banana List (A Lista das Bananas, em tradução livre).

A compilação reúne as lojas que vendem diferentes variedades de bananas, para que consumidores possam experimentá-las e uma nova demanda surgir.

Por exemplo, a nanica vermelha, que tem um sabor que lembra framboesas, a dedo de moça, menor e mais doce que a Cavendish, ou a Blue Java, com gosto de sorvete de baunilha. As bananas não são apenas deliciosas, mas ajudarão a criar um tipo diversificado de agricultura, mais resistente a doenças.

Para Turner, a pandemia da banana pode ter resultados positivos se nos forçar a cultivar bananas de maneira mais ecológica e a comer uma variedade maior de frutas.

"Talvez a gente coma menos bananas e pague mais por elas", admite. "Mas sabemos que serão bananas melhores."

Esta reportagem faz parte do Follow the Food, uma série que investiga como a agricultura está respondendo aos desafios ambientais. Follow the Food traça as respostas emergentes para esses problemas — de alta e baixa tecnologia, local e global — de agricultores, produtores e pesquisadores dos seis continentes.

Fonte: G1
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Celso de Mello envia para Justiça Federal do DF inquérito que investiga Weintraub

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira (3) enviar para a Justiça Federal do Distrito Federal o inquérito que investiga o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub por suposto crime de racismo.

Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação — Foto: Adriano Machado/Reuters/Arquivo
Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação — Foto: Adriano Machado/Reuters/Arquivo

O inquérito foi aberto em abril e apura uma publicação de Weintraub na internet na qual o então ministro insinuou que a China poderia se beneficiar propositalmente da pandemia do novo coronavírus (relembre mais abaixo).

Weintraub deixou o Ministério da Educação em junho, e Celso de Mello decidiu enviar o caso para a primeira instância da Justiça porque Weintraub perdeu o foro privilegiado.

Celso de Mello, porém, questionou a Procuradoria Geral da República (PGR) se o caso deveria seguir na Justiça Federal ou na Justiça estadual.

A PGR, então, se manifestou a favor de o caso seguir para a Justiça Federal porque o Brasil é signatário de diversos tratados e convenções de combate à discriminação racial.

Fonte: G1
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Reino Unido inicia testes de tratamento com plasma de recuperados de covid-19

O plasma sanguíneo de pacientes que se recuperaram da covid-19 está sendo testado no Reino Unido como um tratamento potencial para aqueles que ainda sofrem da doença causada pelo novo coronavírus.

Reino Unido inicia testes de tratamento com plasma de recuperados de covid-19 — Foto: Getty Images
Reino Unido inicia testes de tratamento com plasma de recuperados de covid-19 — Foto: Getty Images

Espera-se que a transfusão do plasma com anticorpos contra o coronavírus possa ajudar os sistemas imunológicos daqueles em dificuldades.

Ann Kitchen foi a primeira pessoa a receber o tratamento no país. Ela estava sendo tratada na unidade de terapia intensiva do Hospital St. Thomas, em Londres, quando os pesquisadores pediram que ela participasse do teste de plasma sanguíneo.

"Eu apenas senti que era a coisa certa a fazer. Alguém tem de ser o primeiro. Se isso vai ajudar outras pessoas, apenas senti que era o certo."

Desde então, cerca de 200 outras pessoas já concordaram em participar dos testes. Cerca da metade recebeu o plasma.

Dose instantânea de imunidade

Dois estudos no Reino Unido estão testando se o plasma é ou não eficaz — Foto: Getty Images
Dois estudos no Reino Unido estão testando se o plasma é ou não eficaz — Foto: Getty Images

Antes da pandemia, não havia um programa nacional específico de doação de plasma. Agora, mais de 90 mil pessoas se ofereceram para doar seu plasma na Inglaterra. O material pode ficar congelado por três anos.

Até agora, já foi coletado o suficiente para tratar mil pessoas. Os pesquisadores desejam obter o máximo possível agora, especialmente para o no caso de uma possível segunda onda de infecções.

A ideia por trás deste tratamento é simples. Uma maneira de o sistema imunológico combater infecções é através da produção de anticorpos. Portanto, em teoria, dar esses anticorpos a alguém que está doente pode conferir a esta pessoa uma dose instantânea de imunidade.

Dois estudos no Reino Unido estão testando se isso é verdade. Gail Miflin, diretor médico do departamento de sangue e transplante do sistema de saúde pública do Reino Unido, o NHS, diz que saberemos ainda este ano se o plasma é ou não eficaz.

"No momento, não sabemos. Esperamos que isso faça uma enorme diferença e ajude as pessoas a se recuperarem e a saírem do hospital mais rapidamente."

'Só sei que comecei a me sentir melhor'

Ann está otimista. "Tudo o que sei é que, poucos dias depois de receber esse plasma, comecei a me sentir muito melhor. Então, espero que seja comprovado que funciona."

Ela está se recuperando em casa há várias semanas e acha que está começando a entender o quanto estava doente.

Seus sete filhos e filhas disseram que estavam assustados, porque ela ficou "muito mal". Agora, há dias em que ela se sente bastante cansada, mas diz que, na maior parte do tempo, se sente "fantástica".

Ann diz ser incrivelmente grata aos doadores do plasma que recebeu. "Fico feliz por haver pessoas por aí que estão dispostas a dar uma chance às outras pessoas."

Fonte: G1
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Pesquisas buscam hipóteses para entender maior sensibilidade dos homens à Covid-19

Desde o início da pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, cientistas ao redor do mundo começaram a perceber que a infecção tende a afetar homens de forma mais grave que mulheres.

29 de junho: Mulher ajusta máscara contra Covid-19 em Los Angeles, na Califórnia, enquanto homem segura uma máscara ao andar na rua. — Foto: Frederic J. Brown / AFP
29 de junho: Mulher ajusta máscara contra Covid-19 em Los Angeles, na Califórnia, enquanto homem segura uma máscara ao andar na rua. — Foto: Frederic J. Brown / AFP

Um estudo conduzida por cientistas chineses, publicado no final de abril na revista científica Frontiers in Public Health, concluiu que os homens morrem duas vezes mais por coronavírus do que as mulheres.

Outra pesquisa publicada em abril, do Global Health 50/50, um grupo de pesquisadores da University College London focado em saúde e gênero, mostrou que, apesar de homens e mulheres se infectarem na mesma proporção, pacientes do sexo masculino têm de 50% a 80% mais chances de morrerem por coronavírus em todos os países afetados pela pandemia.

No Brasil, segundo os dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe, o sexo masculino representa 59% das mortes registradas por coronavírus.

Pesquisadores vêm descobrindo, ao longo dos últimos meses, vários motivos para isso. Alguns dos fatores não são relacionados ao organismo: por exemplo, os homens tendem a usar máscaras com menos frequência que as mulheres.

Várias pesquisas apontam, entretanto, que os hormônios sexuais masculinos, como a testosterona, têm papel central na diferença de mortalidade entre homens e mulheres. (Mulheres também produzem testosterona, mas em menor quantidade).

Veja abaixo dados dos principais estudos sobre o tema:

Genética

Em abril, um estudo alemão publicado na revista científica "Cell" indicou um gene presente nas células que facilita a infecção pelo Sars-CoV-2 (o novo coronavírus), chamado de TMPRSS2. Essa constatação foi importante porque o gene é regulado por hormônios masculinos (os chamados andrógenos).

Por causa disso, cientistas agora testam a hipótese de que tratamentos que inibem hormônios masculinos poderiam ser úteis (porque, com os hormônios inibidos, o gene TMPRSS2 ficaria "menos ativo", tornando a infecção pelo vírus mais difícil). Esse tipo de tratamento já é usado em alguns tipos de câncer de próstata, nos quais o TMPRSS2 também está envolvido.

Em maio, um estudo feito com pacientes italianos com câncer de próstata e infectados pela Covid-19 indicou a possibilidade de que esses tratamentos inibidores dos hormônios masculinos pudessem dar alguma proteção contra o novo coronavírus. Os cientistas, entretanto, sinalizaram que os resultados ainda precisam ser confirmados em estudos maiores e que levem outros fatores em consideração.

Testes

A possibilidade de tratamento com um inibidor de hormônios masculinos já está sendo testada na Universidade da Califórnia em Los Angeles, em 200 ex-militares, em um ensaio clínico controlado, segundo a "Science". Os pacientes que recebem a substância têm o nível de testosterona zerado em três dias.

O líder do estudo, o oncologista Matthew Rettig, disse que o efeito é equivalente a "castração cirúrgica", mas é temporário: enquanto no tratamento de câncer de próstata o medicamento é tomado várias vezes, no estudo há apenas uma dose. A expectativa é de que haja resultados em 4 ou 5 meses que mostrem se a mortalidade pela Covid foi reduzida.

Um outro ensaio clínico, na universidade americana Johns Hopkins, testa uma outra substância, que bloqueia os receptores dos hormônios masculinos. O remédio será aplicado em pacientes dentro de 3 dias após receberem o diagnóstico de Covid-19; o grupo será comparado a outro que não vai receber o remédio.

Segundo a "Science", mulheres serão incluídas nesse ensaio porque têm hormônios sexuais masculinos, ainda que em menor quantidade. Além disso, elas produzem estrogênio, que já demonstrou ajudar na recuperação em lesões agudas de pulmão. O remédio testado inibe os hormônios masculinos e estimula a produção de estrogênio.

Calvície

Uma pesquisa espanhola publicada em abril apontou para a calvície como um indício. Os cientistas verificaram que, de 41 pacientes espanhóis com Covid-19 analisados, 29 tinham calvície – que é associada à manifestação de hormônios masculinos. Os pesquisadores observaram que o estudo foi preliminar e mais investigação é necessária.

No mês seguinte, um outro estudo espanhol também levantou a falta de cabelo como uma questão: os cientistas descobriram que 79% de 122 homens internados em três hospitais de Madri com Covid-19 tinham calvície de padrão masculino.

Em um outro estudo, ainda não publicado, um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia em San Francisco indicou que um remédio inibidor de hormônios masculinos, usado para tratar calvície e tumores na próstata, consegue reduzir a quantidade de receptores nas células que o vírus usa para infectá-la. (Os receptores funcionam como "fechaduras", e o vírus, como a "chave", em uma infecção). Se a quantidade de receptores diminuísse, haveria menos "portas de entrada" para o vírus.

Resultados piores

Vários estudos têm confirmado a constatação de que a Covid-19 tende a ser mais grave em homens.

Em um estudo feito na Itália, 4.532 pacientes homens com Covid-19 foram comparados a 4.748 mulheres também com a doença. A pesquisa constatou que, no geral, os homens desenvolveram complicações mais graves, foram hospitalizados com maior frequência e tiveram resultados clínicos piores que os das mulheres.

Uma outra pesquisa italiana, publicada no início de abril, mostrou que 1304 dos 1591 pacientes graves (82%) de Covid-19 que precisaram ser internados em UTIs entre 20 de fevereiro e 18 de março na região da Lombardia eram homens.

Uma análise das características de pacientes em Nova York, nos Estados Unidos, publicada em abril, concluiu que as taxas de mortalidade pela doença foram maiores entre os homens em todas as faixas etárias acima dos 20 anos (nenhum paciente menor de 20 anos morreu).

Mais anticorpos

Por outro lado, os homens que se recuperam da doença parecem ter mais anticorpos para a Covid-19.

No Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês; semelhante ao SUS no Brasil) pediu especificamente que homens que já tivessem se curado do novo coronavírus doassem plasma para ajudar outros pacientes.

A justificativa do serviço foi que, como eles tendem a ter formas mais graves da doença, também teriam mais anticorpos depois de se recuperar, informou o jornal britânico "The Guardian".

Fonte: G1
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Prefeito de Itabuna, na Bahia, explica declaração polêmica: 'Pressão que estou levando ser humano nenhum aguenta'

Na última quarta-feira (1º), uma declaração do prefeito de Itabuna, Fernando Gomes (PTC), através de transmissão na internet, sobre a reabertura do comércio na cidade, ganhou repercussão nacional após ele dizer que autorizaria que estabelecimentos comerciais reabrissem as portas “morra quem morrer". Um dia depois, a gestão municipal divulgou uma nota afirmando que o prefeito foi mal interpretado e, nesta sexta-feira (3), em entrevista ao G1, Fernando Gomes explicou a declaração.

Fernando Gomes explicou declaração polêmica — Foto: Divulgação/Prefeitura de Itabuna
Fernando Gomes explicou declaração polêmica — Foto: Divulgação/Prefeitura de Itabuna

Fernando Gomes, que tem 81 anos e está no quinto mandato como prefeito em Itabuna, afirmou que a frase foi dita em um momento de pressão sofrida por ele durante o combate à pandemia do coronavírus na cidade.

"A gente diz as coisas e coloca umas palavras soltas, de raiva, já que está na pressão. Não colocaram o que eu disse antes. Ninguém fez mais em saúde em Itabuna que Fernando Gomes, tenho cinco mandatos de prefeito. Todos os postos daqui fui eu que construí. A pressão que estou levando ser humano nenhum aguenta. O governador está no palácio, prefeito está no palácio e prefeito está na rua. O Hospital de Base de Itabuna está hoje com 82 leitos, 10 leitos de UTI. Eu ia abrir [o comércio] e quando chegou na segunda-feira estourou [o número de casos da Covid-19] , encheu a Santa Casa e os 10 leitos de UTI do Hospital de Base. Sabe o que aconteceu? O prefeito que se vire para resolver o problema”, disse Fernando Gomes.


A previsão da prefeitura de Itabuna era colocar em prática a flexibilização das atividades comerciais a partir da última quarta-feira (1º). No entanto, a reabertura foi adiada porque o município registra 100% de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com a Covid-19, conforme apontou relatório da Procuradoria Jurídica do Município.

De acordo com o último balanço divulgado pela prefeitura de Itabuna, na sexta-feira, a cidade contabiliza 2.863 casos confirmados da Covid-19, 1.136 pessoas curadas e 72 mortes. Dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), informados no mesmo dia, dão conta de que o município é o quinto da Bahia com maior coeficiente de incidência por 100 mil habitantes, atrás apenas de Itajuípe, Gandu, Ipiaú e Uruçuca, todas também no sul do estado.

Na quarta-feira, Fernando Gomes falava sobre o processo de retomada do comércio na cidade quando, ao citar o dia de provável reabertura, disse “morra quem morrer”. A declaração foi parar nas redes sociais e teve uma repercussão negativa.

“Primeiro, lutar pela vida, a vida é uma só. [Depois que] morrer, acabou [a vida]. Não tem fortuna, não tem pobreza, não tem falência, não tem nada. Mas não posso abrir uma coisa que não tenho cobertura. Com a dúvida, com os nossos morrendo por causa de um leito em Itabuna, vou transferir essa abertura. No dia 8, mandei fazer o decreto, que no dia 9 abre, morra quem morrer”, disse o prefeito na quarta-feira.

Ao G1, nesta sexta, o prefeito lembrou os 115 dias de fechamento do comércio não essencial, mas garantiu que não tem qualquer descaso pela vida da população. O gestor disse também que se arrependeu da declaração.

“A pressão que recebo hoje em Itabuna, pouco ser humano aguenta receber. Uma palavra que eu disse. Agora querem criticar. Tudo política. Se você está em uma pressão, solta uma frase qualquer. Se está numa guerra, solta uma frase. Uma frase que um homem que está governando o município. Quer matar alguém? Não. Minha preocupação sabe o que é? O comércio está há 115 dias fechado".

"Sim [me arrependo]. Você solta uma frase... Bolsonaro solta, presidente dos EUA. Diz uma coisa e sai outra. É na pressão, o cara está nervoso com a pressão. Não é verdadeira [a frase] porque eu sempre procurei nos meus governos saúde e educação. Meu trabalho é esse e por isso me elegeram", continua.
Um dia depois da declaração do prefeito, o governador da Bahia, Rui Costa, decretou toque de recolher em Itabuna. Fernando Gomes explica que já tinha decidido pela medida por três vezes mas, na última, a Justiça suspendeu o decreto.

“Fiz o primeiro, segundo e terceiro [toque de recolher]. Só que o juiz de Itabuna derrubou meu decreto. Aí disse ao governador, que decretou. O juiz que não vai na rua, não vê a situação, derruba. A lei é para se cumprir”.

“[O governador] falou comigo, conversamos tudo. Uma frase que eu disse. Quem mais fez e faz pela vida sou eu em Itabuna na história. A imprensa bota só uma palavra. Estou consciente, sou cara de fé, sei o que estou fazendo”, continua o prefeito.

O prefeito de Itabuna reafirma o desejo de abrir o comércio da cidade, mas com segurança.

“Quero abrir comércio com segurança. Se eu tivesse, hoje, 20 leitos disponíveis, abriria hoje. Tem que ter normas, começar 9h e terminar 16h, todo mundo com máscara, álcool em gel na porta. Meu decreto é duro”.

“Vida é vida. O que está acontecendo nesse país...O desemprego é grande, situação difícil. Temos que combater o vírus e depois resolvemos a fome. Medidas duras têm que ser tomadas. Temos que zelar pela vida e também olhar que o cara tem que trabalhar. Agora conforme as normas para que o povo não perca seu emprego”, conclui.

Fonte: G1
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