domingo, setembro 27, 2020

Clubes se irritam, isolam Fla em guerra e estudam retaliação nos bastidores

É pesado o clima nos bastidores do Campeonato Brasileiro da Série A. De um lado, o Flamengo; do outro, os outros 19 clubes e a força da CBF. Incomodados com posturas recentes do Rubro-Negro em disputas fora das quatro linhas, parte considerável dos times trata a disputa com o time da Gávea como "guerra" e estuda até retaliações na esfera jurídica.


Rodolfo Landim, presidente do FlamengoImagem: Pedro Ladeira/Folhapress


A paciência dos dirigentes dos clubes envolvidos e da confederação foi ficando pelo caminho durante a última semana e deixou de existir entre ontem (26) e hoje (27). No início, a irritação era pela pressão exagerada do Flamengo pela volta do público já em 4 de outubro, enquanto um acordo informal sinalizava para uma avaliação da possibilidade apenas para o segundo turno do Brasileiro, em novembro.

Ontem, uma reunião entre clubes e CBF determinou que, por enquanto, o veto ao público nos estádios está mantido. O Flamengo não participou do encontro, que teve 19 votos a zero contra o retorno dos torcedores aos jogos. O Rubro-Negro justificou a ausência dizendo que a reunião era uma convocação da Comissão Nacional de Clubes e que, por isso, era apenas um convidado, no que foi contestado pela confederação.

Não bastasse isso, a disputa com CBF e Palmeiras nos bastidores pelo adiamento do jogo deste domingo aumentou ainda mais o desgaste. Enquanto clubes e confederação ajustavam uma nova regra, segundo a qual um time com no mínimo 13 jogadores está apto a jogar, o Flamengo pediu duas vezes ao STJD para suspender a partida. Não conseguiu, mas se beneficiou de ação na Justiça comum em pedido do Sindeclubes, sindicato que é presidido por um funcionário do Rubro-Negro.

Neste domingo, com o mandado de segurança pedido pela CBF sendo negado pelo TRT-RJ e a confirmação, por ora, do adiamento de Palmeiras x Flamengo, o tom subiu. Em conversas entre os dirigentes e relatadas ao UOL Esporte, alguns citavam a "soberba" do clube da Gávea. "Chega!", chegou a decretar um deles.

Os regulamentos são claros, com previsão de penas gravíssimas: os clubes não podem pleitear nem se beneficiar de decisões da "Justiça Comum" que digam respeito à organização das competições.

-- Sergio Sette Camara (@camara_sette) September 27, 2020

Foi então que começou uma avaliação interna de possíveis retaliações ao agora inimigo geral. Pedidos de punição exemplar foram citados. Os cartolas lembravam itens do regulamento geral da competição que preveem duras penas ao time que se beneficia de despachos da Justiça comum. Apesar de o STJD ter mantido o duelo com o Palmeiras, ainda prevalece a definição da desembargadora do TRT-RJ.

À reportagem, ao menos 13 clubes falaram em tom de rompimento total com o Flamengo, enquanto outros evitaram se manifestar. Enquanto aguardam as tentativas da CBF para manter o jogo de hoje, os clubes já articulam uma reunião amanhã para deliberar sobre os próximos passos. O presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, já afirmou publicamente que o campeonato precisa ser paralisado caso o protocolo acordado entre os times não seja cumprido. O Rubro-Negro, por sua vez, não comenta a situação.

Fonte: Uol

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PCC queima carros de luxo de rival na fronteira do Paraguai, diz polícia

Três carros de luxo de um narcotraficante paraguaio foram queimados ao mesmo tempo, na última terça-feira (22), na fronteira do Paraguai com o Brasil, a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital), de acordo com policiais do país vizinho.



22.set.2020 - Chevrolet Camaro incendiado na cidade de Pedro Juan Caballero (Paraguai)

Policiais nacionais do Paraguai, que atuam na cidade de Pedro Juan Caballero, onde os carros foram queimados, afirmaram que o narcotraficante Artemio Júnior Rojas Calonga, dono dos automóveis, foi ameaçado por chefes da facção paulista um dia antes, na segunda-feira (21).

Foram incendiados um Chevrolet Camaro, uma Range Rover e um Jeep. Os carros foram queimados à luz do dia em pontos distintos da cidade. De acordo com a polícia, o ataque não foi contra os bens propriamente ditos de Calonga. A suspeita é de que o PCC destruiu os carros porque eles foram utilizados anteriormente em crimes e podiam ter provas.

A polícia paraguaia afirma que Calonga, que atua na fronteira entre as cidades de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS) fornecendo drogas para o PCC e para o CV (Comando Vermelho), "desrespeitou acordos" com a facção paulista e, por isso, foi ameaçado de morte.

Policiais paraguaios afirmam que, desde segunda-feira, Calonga e os traficantes que trabalham com ele sumiram da região da fronteira. Ainda de acordo com os policiais, um "salve" (recado) emitido por cartas pelo PCC orientou que todo traficante que se juntar a Calonga na fronteira será tratado como inimigo.

Aquela região é estratégica para facções criminosas brasileiras porque não há nenhum tipo de fiscalização na fronteira, que é terrestre, e dividida apenas por uma avenida. É comum a travessia na fronteira até mesmo a pé. Não são raros os casos de paraguaios e brasileiros que fazem a travessia por trabalho, estudo ou lazer diariamente.

Aquela fronteira é uma das principais portas de entrada ao Brasil da maconha produzida no Paraguai e da cocaína produzida na Bolívia. Quando a droga entra no país tem como principais destinos os portos brasileiros, de onde grande parte é enviada para outros continentes por meio de navios de carga.

Fonte: Uol

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Candidatos com patrimônio milionário receberam ajuda de R$ 600, diz jornal

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Pelo menos 298 candidatos a vereador e prefeito receberam o auxílio emergencial de R$ 600, mesmo tendo patrimônio maior do que R$ 1 milhão, conforme declararam à Justiça Eleitoral, de acordo com levantamento realizado pelo jornal "O Globo".

A princípio, ter patrimônio alto não impedia, necessariamente, o recebimento da ajuda criada pelo governo para reduzir os impactos da pandemia de coronavírus na economia.

O auxílio é destinado a trabalhadores sem carteira assinada e desempregados. Inicialmente, entre os critérios para ter direito, era necessário que a família tivesse renda mensal total de até três salários mínimos (R$ 3.135) ou renda de até meio salário mínimo por pessoa (R$ 522,50), e ter rendimentos tributáveis de até R$ 28.559,70 em 2018 (conforme declaração do Imposto de Renda feita em 2019).

Ao estender o auxílio por mais quatro parcelas de R$ 300 cada, o governo endureceu as regras. Entre as mudanças, o critério de renda foi atualizado para 2019 (segundo declaração de 2020), e quem tinha bens ou direitos maiores do que R$ 300 mil em 31 de dezembro de 2019 não pode receber as demais parcelas.

O jornal identificou 254 candidatos a vereador, 25 a vice-prefeito e 19, a prefeito, que receberam o auxílio e declararam ter o patrimônio milionário. Do total, 15 disseram ter mais de R$ 5 milhões. A publicação ressalta, porém, que alguns podem ter sido alvos de fraude.


Fonte: Uol

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Sistema prisional do RN 'zera' casos de presos e agentes com covid-19

A Secretaria da Administração Penitenciária (Seap) confirmou neste sábado (26) que não há mais nenhum caso confirmados de Covid-19 na população carcerária do Rio Grande do Norte. Com 10.447 presos, o Estado é um dos primeiros do Brasil sem registros de infeção em internos e policiais penais e o único do Nordeste sem óbitos em razão da pandemia do novo coronavírus, segundo a pasta.



Presídios do RN não têm nenhum caso de Covid-19, segundo a Seap — Foto: Ayrton Freire/Inter TV Cabugi


O estado registrou casos confirmados de 529 internos e 186 agentes. Todos já estão curados, segundo a secretaria. Neste sábado (26), houve uma missa em comemoração por não ter ocorrido nenhuma morte. O secretário da Administração Penitenciária, Pedro Florêncio Filho, afirmou que as 17 unidades prisionais do estado foram isoladas em 13 de março.


“O primeiro registro de infeção entre os servidores aconteceu em 3 de abril e entre as pessoas privadas de liberdade ocorreu em 19 de maio. Já o gráfico com a curva da pandemia começou a cair em meados de agosto”, informou.


Não existe registro de servidor infectado há mais de 20 dias. O secretário ressalta que o efetivo foi testado quase que por completo e que, no Nordeste, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o RN teve um dos mais baixos índices de infeção entre os policias penais.



“O esforço dos servidores nas unidades foi decisivo para o enfrentamento da infecção. Passados seis meses de pandemia e com os números favoráveis, retomamos as visitas presenciais com todo cuidado e precaução. Não podemos relaxar e vamos permanecer atentos aos protocolos”, disse.


Nas unidades com até 600 presos, as visitas já foram retomadas. Há protocolos. As visitas, por exemplo, se limitam a uma pessoa por interno e não existe qualquer contato físico. Na próxima semana, será a vez das unidades maiores: Penitenciária Estadual de Parnamirim, Cadeia Pública Dinorá Simas, Penitenciária Rogério Coutinho e Penitenciária Estadual de Alcaçuz.


Segundo Pedro Florêncio, as medidas sanitárias e de prevenção continuam: os presídios são desinfectados diariamente; policiais penais, internos e usuários utilizam equipamentos de proteção individual e têm álcool para higienização à disposição; o horário do banho de sol dos apenados foi prolongado; colchões são expostos diariamente ao sol. Os novos internos passam por exames das unidades de saúde e ficam em quarentena.


“Com essa epidemia foi duplicada a higienização, o cuidado com as máscaras, com o fardamento”, conta a Gleyci Laine, de 26 anos, condenada por tráfico de anabolizantes.


Mayara Aracelly, de 31 anos, presa por tráfico de drogas, está sem ver os filhos, crianças, desde março. A distância dos familiares tem feito as apenadas do Complexo João Chaves, na Zona Norte de Natal, se dedicarem ao trabalho de artesanato. As peças são vendidas e o dinheiro destinado aos parentes delas.


"Minha mãe, meus filhos. É difícil passar seis meses sem ver eles, mas temos que compreender que é por segurança", afirmou Mayara.


Fonte: G1

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Médico-veterinário explica combate a verminoses que atingem rebanhos de caprinos e ovinos no RN

Um dos problemas mais comuns enfrentados pelos criadores de caprinos e ovinos são as verminoses que atingem os animais. Na fazenda Magalhães, em Apodi, a agricultura Thalia Rizia, cria ovelhas e já chegou a perder alguns animais devido à doença.



Verminoses podem levar animais à morte — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi


"Por mais que a gente sempre esteja vermifugando, aparece. Dá diarreia e anemia nos animais. E pra controlar a gente limpa as instalações todo dia e faz a vermifugação", conta.


O médico-veterinário Pollastry Diógenes explica que as verminoses - tão comuns nos rebanhos de caprinos e ovinos - causam fraqueza, anemia, perda de peso, dificuldade de absorção de nutrientes e problemas de reprodução. Mas elas podem ser controladas por exemplo, por meio de um rodízio de pastagens e colocando em dia a vermifugação dos animais.


"É importante frisar um ponto em relação à vermifugação, que é cumprir o período de carência do vermífugo, caso esse animal seja destinado ao abate ou mesmo à produção e consumo de leite", ressalta.


Alguns criadores podem até manter em dia a vermifugação e ainda assim, relatar a presença de verminoses nos animais, e isso pode acontecer porque quando é utilizado o mesmo vermífugo por muito tempo, ele cria resistência e não responde mais ao tratamento.


A melhor maneira de saber se o vermífugo utilizado está fazendo efeito, é realizando exames de fezes nesses animais. Caso constatada a presença de vermes, o médico-veterinário vai indicar um tratamento e as dosagens que devem ser aplicadas.


Fonte: G1

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Produtores investem em plantação de cana-de-açúcar irrigada para fazer cachaça artesanal no sertão potiguar

Em meio a vegetação da caatinga, o verde do canavial se destaca. A plantação de cana-de-açúcar fica em uma propriedade na zona rural de Assú, no Oeste potiguar. Os dois hectares plantados se desenvolvem de forma satisfatória. Quem teve a ideia de começar o cultivo no Vale do Açu foi o engenheiro agrônomo Antonez Aquino.


“Não é comum no semiárido do nordeste o cultivo de cana-de-açúcar. A gente vê nas regiões litorâneas do estado, na Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Quando você adentra para o sertão, você não tem um plantio de cana por causa das condições climáticas. A precipitação anual é de 400 mm de água por ano. A cultura precisa de pelo menos 1200 mm”, explica o produtor.


Para resolver a barreira da falta de chuva periódica e viabilizar o plantio, o canavial é irrigado diariamente por meio da técnica de gotejamento, onde a água é aplicada de forma pontual através de gotas diretamente ao solo.


A irrigação nas lavouras de cana-de-açúcar ainda é pouco utilizada. Mas esse processo tem sido intensificado nos últimos cinco anos e interfere diretamente na produção.


No Rio Grande do Norte, a média de produtividade é de 47 toneladas por hectare - isso nas plantações de sequeiro, ou seja, aquelas que dependem da água da chuva. Com a irrigação, essa produtividade poderá ultrapassar as 100 toneladas.



Cana-de-açúcar produzida no Oeste potiguar será usada em fabricação de cachaça artesanal. — Foto: Reprodução/Inter TV Costa Branca


Outro benefício da irrigação é o aumento no número de ciclos de produção da cana. Enquanto no plantio tradicional a planta se desenvolve por cinco anos, com a irrigação, os ciclos podem chegar a até 12 anos para que o cultivo seja renovado.


Até o início do próximo período chuvoso, a expectativa do produtor é ampliar a área plantada, totalizando seis hectares de cana-de-açúcar. O que deve gerar uma produção entre 600 e 720 toneladas da matéria-prima pra cachaça. Toda a produção será destinada para a fabricação da bebida artesanal.


As primeiras plantas devem atingir o ponto certo para serem colhidas a partir de novembro deste ano. Enquanto a cana não cresce, os preparativos no alambique seguem na reta final. O maquinário para a produção da cachaça está praticamente pronto. A instalação do alambique de cobre, fundamental na fabricação da cachaça, foi um passo importante.


“A gente visitou vários engenhos na Paraíba, Pernambuco e Minas Gerais. Então foram várias visitas e conseguimos tirar o melhor de cada um para montar esse alambique aqui no Vale do Açu, bem no coração do Rio Grande do Norte”, lembra George Darlos, sócio do projeto.


Segundo George, tudo vai funcionar como um ciclo fechado reunindo a produção da cana-de-açúcar com a fabricação da bebida num só lugar.


“A cana é irrigada aqui no nosso próprio terreno e a gente tem uma característica para retirar o melhor caldo é que a gente colhe e em menos de 24 horas é moída, fermentada e destilada no nosso alambique de cobre. Depois que sai o coração da cachaça, as outras partes podem ainda ser reprocessadas através da coluna de álcool e esse sub-produto se transforma em álcool combustível. É um ciclo fechado e nada se perde. Até o bagaço da cana, depois que a gente extrai, põe pra secar ao sol e a gente coloca na caldeira pra gerar vapor e destilar a próxima cachaça”, diz.


A expectativa é que a cachaça feita no Vale do Açu comece a ser vendida a partir do próximo ano. O objetivo é ganhar o mercado mais exigente das cachaças artesanais.


“Toda nossa cachaça vai ser armazenada por no mínimo seis meses. A gente vai trabalhar com três madeiras de envelhecimento carvalho, uburana e jequitibá. A madeira incorpora um aroma, um sabor na cachaça que diferencia ela, torna mais elaborado, um produto gourmet”, revela George.


Fonte: G1

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Alta dos alimentos deve agravar insegurança alimentar no Brasil

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Aliado ao fim do auxílio emergencial, aumento dos preços pode fazer com que Brasil volte ao Mapa da Fome. Provocada pela alta do dólar e da demanda, inflação dos alimentos deve continuar pelos próximos meses.


No começo da pandemia, Tamires Belineli de Souza, recepcionista de 32 anos, desempregada há um, conseguia comprar 12 litros de leite com a parte que sobrava para isso dos R$ 600 do auxílio emergencial – única fonte de renda da família. Além dela, o leite servia para alimentar a filha de 10 anos e o marido, também sem trabalho, por um mês. Uma opção de carne ou frango era frequente nas refeições.


Agora, Souza dá conta de comprar apenas cinco litros de leite por mês. Carne virou quase luxo, e é preciso revezar. "Às vezes, deixo de comer alguma coisa para dar para a minha filha", diz a moradora do Parque Santo Antônio, na Zona Sul da capital paulista, que passou a recorrer a doações para complementar a alimentação.


Para quem gasta tudo ou quase tudo que ganha com comida, não há escapatória diante da inflação dos alimentos: é preciso deixar de comer ou substituir comida nutricionalmente boa por ultraprocessados. Se o auxílio emergencial ajudou a evitar que muita gente caísse na pobreza e até mesmo tirou muitos da situação de vulnerabilidade, a perspectiva do fim do benefício associada à alta dos preços dos alimentos formam uma equação perigosa.



O benefício de R$ 600 reais, que chegou a R$ 1,2 mil para mães solteiras, começou a ser pago em abril para um período inicial de três meses. Em junho, foi alongado por mais dois meses, e no início de setembro, o governo prorrogou a transferência por mais quatro meses, reduzindo a parcela mensal a 300 reais. A última parcela será paga em dezembro.


A inflação dos alimentos no Brasil, na esteira de demanda maior e da forte desvalorização do real frente ao dólar, deve continuar pelos próximos meses, segundo economistas, e tende a agravar o quadro de insegurança alimentar no país, conforme representantes de entidades ligadas a segurança alimentar ouvidos pela DW Brasil.


"Mesmo com o auxílio emergencial, estamos prevendo que o Brasil esteja voltando para o Mapa da Fome", afirma a antropóloga Maria Emilia Pacheco, ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e membro do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN).


A fala de Pacheco ecoa a avaliação do economista Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) da Organização das Nações Unidas (ONU). "Isso [alta dos alimentos] é muito preocupante, porque a grande maioria desses 65 milhões de brasileiros que receberam o auxílio utilizam o recurso para comprar comida, o próprio IBGE mostra. Com o preço dos alimentos aumentando, eles têm que comprar menos. E têm um problema nutricional também."



Em 2014, o Brasil deixou o Mapa da Fome da ONU – que inclui países em que mais de 5% da população se encontra em pobreza extrema, ganhando menos que 1,90 dólar por dia –, e caminhava a passos largos para voltar a ele, quando foi "salvo" pelo auxílio emergencial. "Com certeza, acabando o auxílio emergencial, tem risco de voltarmos. A redução [do valor do auxílio] já vai ser um baque", diz Balaban.


Segundo Preto Zezé, representante global da Central Única das Favelas (Cufa), é perceptível um aumento na procura por doações de cestas básicas nos últimos meses, embora ainda não haja dados consolidados dessa alta. Desde o início da pandemia, as doações da entidade já alcançaram 1,175 milhão de famílias em 5 mil favelas. "Você tem o arroz aumentando, e o auxílio caindo. As pessoas estão sem perspectiva", diz.


"Quanto menos se ganha, mais da renda é comprometido com comida. Os mais pobres perceberam uma inflação gigantesca dos alimentos, porque a cesta deles é só de alimentos e foi o que mais subiu nos últimos meses. O brasileiro de classe média alta tem uma cesta muito diversificada, e muitas coisa ele deixou de consumir. Tudo o que a classe média economizou, ela pode gastar a mais em alimentos", diz o economista Andre Braz, do grupo que acompanha o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) .


Conforme dados do Datafolha de agosto, a compra de alimentos é o principal destino do auxílio emergencial para 53% dos entrevistados. Entre os que têm renda menor, essa parcela sobe para 61%.


Por que os preços subiram?

Segundo o IBGE, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi de 0,24%, a maior alta para o mês em quatro anos, influenciada principalmente por alimentação e bebidas, que tiveram incremento de 0,78% no período e pelos transportes (0,82%). No acumulado do ano, os alimentos que mais encareceram foram cebola (50,40%), leite longa vida (22,99%), arroz (19,25%) e óleo de soja (18,63%) – este último, ficou 9% mais caro só no mês passado .



Na última semana, o Dieese divulgou que o preço da cesta básica aumentou em 13 de 17 capitais pesquisadas em agosto. Nos últimos 12 meses, todas as capitais nas quais é feita a pesquisa, com exceção de Brasília, tiveram aumento de dois dígitos no preço da cesta.


A alta dos preços dos alimentos é resultado de uma soma de fatores. Recentemente, uma demanda maior da China – principal parceiro comercial do Brasil –, que se recupera economicamente dos impactos da pandemia de covid-19, pressiona os preços internos. De janeiro a agosto, o valor exportado para os chineses cresceu 14% em comparação com o mesmo período do ano passado. Só no mês passado, a alta foi de 8%. Soja e carnes estão entre os líderes no aumento de vendas ao exterior, e é daí que vem a pressão maior sobre esses produtos.


A alta do dólar também contribui, e muito. De agosto de 2019 a agosto deste ano, o real perdeu 36% do seu valor em relação à moeda americana. "Isso aumenta o preço de commodities agrícolas, que passam a custar mais caro para a gente. Não importa que o Brasil seja um grande produtor, porque os preços são cotados internacionalmente", explica Braz.


Essa desvalorização do real, diz o economista, também contribui para que a China compre ainda mais do Brasil, que tem as exportações barateadas pelo câmbio. Se por um lado isso é bom para a balança comercial brasileira, acaba aumentando os preços internamente.


Para Balaban, da ONU, há outro ponto importante na equação: a falta de apoio à agricultura familiar, que deixa o consumidor mais refém dos preços internacionais das commodities. Desidratação de programas do governo federal, como o de Aquisição de Alimentos, acabaram por desincentivar os pequenos produtores, aponta.


"São eles que produzem o que comemos, e não o agronegócio. Não existe milagre: se você não apoia os agricultores familiares, você faz com que eles sejam expulsos de sua terra. Todos os países do mundo que se desenvolveram têm agricultura familiar forte", afirma Balaban.



Alguns produtos reagiram também a efeitos sazonais. É o caso do feijão, explica Braz, que teve uma primeira safra ruim, reduzindo a oferta do produto e aumentando o preço. Outro exemplo é o leite, cujo preço sobe no inverno porque há um desgaste das pastagens, que contribui para a perda de peso dos animais e uma consequente produção menor.


Soma-se a isso a demanda interna, que cresceu durante a pandemia à medida que a população passou a fazer mais compras para comer em casa em substituição a refeições fora do domicílio. O próprio auxílio emergencial, que injetou R$ 50 bilhões por mês na economia, contribuiu para a pressão do lado da demanda.


Como praticamente todos esses fatores continuam sobre a mesa, a perspectivava é que os preços dos alimentos continuem sob pressão nos próximos meses. "A inflação dos alimentos deve continuar incômoda, não a vejo cedendo para níveis em torno da meta de inflação", diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.


Apelo a supermercados

O presidente Jair Bolsonaro disse na última terça-feira (08/09) ter feito um apelo aos supermercadistas para que a margem de lucro sobre os produtos alimentares essenciais seja mantida próximo de zero. Isso depois de pedir, na semana passada, "patriotismo" por parte dos empresários e que evitassem repassar os aumentos ao consumidor, reavivando na memória dos brasileiros os chamados "fiscais do Sarney" – segundo o ex-presidente José Sarney, cada cidadão deveria ser um fiscal os preços. Bolsonaro negou, no entanto, que fosse recorrer a canetadas para segurar os preços.


Pacheco, ex-presidente do Consea, acusa o governo federal de culpabilizar supermercadistas ao mesmo tempo que enfraquece órgãos como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável por estoques públicos, importantes para a manutenção de preços, e programas como o de Aquisição de Alimentos.


Para Gonçalves, não faz sentido debater margem de lucro. "O mais óbvio é tentar aumentar a importação rapidamente, para aumentar a oferta, não tem outro jeito, já que o Brasil não leva muito a sério a questão dos estoques reguladores", diz o economista.


A Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério da Economia, anunciou nesta quarta-feira que decidiu zerar a taxa de importação de arroz, cujo preço subiu de forma mais acentuada nas últimas semanas. A medida vale até 31 de dezembro. "Contribui para alguma desaceleração do arroz, mas é um produto só, e quantos temos na cesta básica? Não parece ser uma coisa séria a ponto de mitigar esse problema", avalia Braz, da FGV.


Senacon e Procon investigam abuso de preços

Após as declarações de Bolsonaro, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, enviou questionamentos, na quarta-feira, às principais empresas e associações ligadas à produção e distribuição de alimentos da cesta básica, que terão cinco dias para responder. A Secretaria também deve discutir junto aos Ministérios da Agricultura e da Economia medidas para mitigar o aumento dos preços.


O órgão também convidou os ministérios da Agricultura e da Economia para discutir medidas que mitiguem o "aumento exponencial nos preços de alimentos que compõem a base alimentar dos brasileiros".


Em comunicado, a Senacon disse não ser possível falar em abuso de preços sem antes avaliar toda a cadeia de produção. Mas, caso seja comprovado que há abusos, podem ser aplicadas multas que ultrapassam R$ 10 milhões.


O Procon também pretende atuar. "Os preços dos alimentos explodiram. Um saco de arroz, por exemplo, chegou a R$ 40. Apesar de sabermos que se trata de uma questão macroeconômica, alta do dólar e facilitação da exportação, o consumidor não pode ser prejudicado. Atuaremos para combater a alta dos preços", afirmou o diretor-executivo do Procon-SP, Fernando Capez, em comunicado à imprensa.


Fonte: G1

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Cresce número de cidades com mais mulheres que homens eleitores; 3 em cada 5 municípios têm mais eleitoras

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As mulheres são a maioria dos eleitores em 3.386 dos 5.568 municípios (61%) onde haverá eleições neste ano. Esse número já é superior ao registrado no pleito anterior, de 2016. Naquela ano, elas já eram mais da metade dos eleitores em 2.963 municípios. Os dados foram levantamentos pelo G1 no repositório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


No total, 147,9 milhões de eleitores estão aptos a participar destas eleições – 52,5% são mulheres e 47,5%, homens. Em 2016, as mulheres eram 52,2% e os homens, 47,8%.


Entre os municípios com a maior proporção de mulheres eleitoras estão Salvador (BA), Olinda (PE) e Queimados (RJ), todos com 56%. Já os estados com o percentual mais alto de mulheres são Pernambuco e Rio de Janeiro, ambos com 54%.


Por outro lado, os municípios com mais eleitores homens são Marajá do Sena (MA), Serra Nova Dourada (MT), Novo Santo Antônio (MT) e Santa Cruz do Xingu (MT), todos com 56%. Nenhum estado registra mais eleitores homens do que mulheres. O Pará é o único estado que apresenta a mesma proporção de eleitores homens e mulheres.


Segundo projeção do IBGE, a população brasileira é formada por 51% de mulheres e 49% de homens. Segundo a demógrafa do IBGE Izabel Marri, a pequena diferença entre os dados se deve ao fato de o eleitorado ser formado principalmente por pessoas na idade adulta. Já o número maior de mulheres se deve a fatores sociais e biológicos.


“Ao longo da vida morrem mais homens por fatores biológicos e há maior mortalidade de homens do que mulheres principalmente por causas externas, como homicídio e acidentes. Quando a gente observa a pirâmide etária brasileira, quanto mais a gente avança [na idade] maior o grupo de mulheres do que de homens”, diz.


Quanto às cidades com mais homens, ela aponta que um dos motivos pode ser a presença de atividades como pecuária, agropecuária ou mesmo extração mineral, que atraem homens na idade economicamente ativa.


Mulher na política

A cientista política Teresa Sacchet, professora do programa de pós-graduação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (UFBA), lembra que as mulheres já garantiram a reserva de, no mínimo, 30% das vagas para eleições proporcionais, mas diz que isso ainda não refletiu completamente em mulheres eleitas.


O número de mulheres eleitas até aumentou nas eleições de 2018 em comparação com os anos anteriores, mas a participação feminina no Brasil ainda é baixa. Segundo ela, algumas mudanças na legislação, como a cota de vagas para mulheres e a mesma regra para o repasse do Fundo Eleitoral, contribuíram para isso.


Ela lembra ainda que nestas eleições surgiram também mais cursos voltados para a capacitação de mulheres candidatas, como o “(Re)Presente! Mais Mulheres na Política”, que ela coordena. Para a cientista política, os partidos precisam encarar a representação de mulheres e negros na política como uma questão importante.


“A maior parte das mulheres eleitas ainda é branca. Mesmo em estados como a Bahia, quase 70% das mulheres eleitas são brancas, sendo que 82% da população é negra. Então tem muita desigualdade, muita desigualdade na disputa, muita luta. As regras implementadas são boas, porém não estão sendo cumpridas”, afirma Teresa.

Ela cita, por exemplo, o dinheiro repassado a candidatas mulheres que eram obrigadas a devolver a verba a dirigentes e também o uso de recursos do Fundo Partidário tendo como destino a capacitação de mulheres para outras finalidades.


Teresa acrescenta ainda que, apesar de se estimular a participação das mulheres, não é certo dizer que “as mulheres são mais corretas e menos corruptas” do que os homens nem mesmo associá-las “ao papel de mãe, de emotivas, ao papel de cuidado, que trilha as mulheres e dificulta a entrada delas na vida pública”. Ela reforça, porém, a pluralidade de vozes na tomada de decisões, com opiniões vindas de diferentes parcelas da população, é importante na construção de políticas públicas.


A pesquisadora associada do LabGen-UFF Débora Thomé, doutora em ciência política e coautora do livro “Mulheres e Poder: Histórias, Ideias e Indicadores”, reitera que o financiamento da candidatura é um dos principais fatores relacionados à taxa de sucesso de um candidato.


Ela lembra ainda que, apesar de a lei obrigar o destino de 30% do dinheiro público para campanha de mulheres, a distribuição ainda é “superconcentrada”. Para ela, a vitória de um candidato também é mais provável se ele estiver disputando uma reeleição e se tiver boas relações com o partido. Além disso, afirma Débora, as mulheres ainda precisam desenvolver relações dentro de partidos dominados por homens.


“Eu não acredito que a mulher é melhor ou pior ou que o homem é melhor ou pior na política. Só que quando você tem grupos que não estão representados na política significa que essa democracia não está perfeita. Não está nem perto disso. As instituições, as regras, estão bloqueando essa entrada das mulheres de alguma forma. Não há um favorecimento para as mulheres na política. Essa é a perda. Isso demonstra que as instituições não estão funcionando bem se as mulheres não estão entrando. E isso vale tanto para nível local quanto para nível nacional”, diz a pesquisadora.

“O nível local é por onde as pessoas começam. Quando as pessoas se candidatam, de um modo geral, elas vão tentar virar vereadora, depois vão tentar outro cargo maior. Muitas vezes é assim que funciona. Então, se você tem dificuldade de entrar até na vereança, como a gente quer imaginar que vai ter mais deputadas, mais governadoras? O Brasil tem uma governadora eleita e há 26 estados. E o percentual de prefeitura é 10%, muito baixo. É o pior país da América Latina, não estou comparando com os países nórdicos. A América Latina está discutindo paridade [de gênero], e a gente está salvando a cota de 30% e olhe lá.”


Fonte: G1

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