quinta-feira, outubro 21, 2021

Governo do RN apresenta propostas para renegociar contrato de parceria público-privada com a Arena das Dunas; veja pontos

O Governo do Rio Grande do Norte anunciou nesta quinta-feira (21) uma série de mudanças que pretende fazer no contrato de Parceria Público-Privado com a empresa administradora da Arena das Dunas, em Natal. Ao todo, oito pontos foram apresentados.


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Arena das Dunas foi construída para a Copa do Mundo de 2014 (Arquivo) — Foto: Augusto César Gomes


A proposta elaborada por um Comitê de Gestão e Eficiência visa a renegociação do contrato assinado em 2011 para demolição e remoção do estádio Machadão e ginásio Machadinho, além da construção, manutenção e gestão do estádio Arena das Dunas por 20 anos.


As mudanças são defendidas pelo governo após os resultados de duas auditorias realizadas pela Controladoria Geral do Estado (Control) em 2020 e 2021. A primeira apuração acabou levando deputados estaduais e a criarem uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar o contrato. Os trabalhos da CPI ainda estão em andamento.


Segundo a Control, a auditoria mais recente apontou que o estado paga mais do que a Arena das Dunas comprova em despesas. A ação foi um desdobramento da anterior, que apontou prejuízo de R$ 421 milhões para o Estado, no contrato. A Arena das Dunas contestou relatório na época.


Ainda de acordo com o governo, a revisão está prevista no contrato assinado entre as partes, que pode acontecer a cada cinco anos, por comum acordo. Segundo o documento, a provocação pode ocorrer por iniciativa da concessionária ou do poder público.



“Nossa auditoria apontou que a concessionária apenas comprovou R$ 160 mil em despesas de manutenção por mês, enquanto pagamos R$ 2,4 milhões. No geral, pagamos quase R$ 12 milhões para despesas comprovadas na ordem de R$ 6 milhões – quando computamos os gastos com pagamento do financiamento; é necessário acharmos um novo equilíbrio de modo que o contrato fique bom para ambas as partes, hoje favorece muito a empresa”, afirmou o controlador-geral, Pedro Lopes.


Em nota, a Arena das Dunas disse que "reafirma sua disponibilidade para buscar alinhamento na execução do contrato da PPP que mantém com o estado do Rio Grande do Norte, por entender que é o caminho natural para um pleno aproveitamento da concessão em favor de ambos".


"Esta concessionária segue, então, aguardando a inauguração dos trabalhos em foro próprio para caminhar no sentido do saneamento das pendências identificadas pelas partes", finaliza na nota.


Propostas do governo

Quadro de Indicadores de Desempenho - nota X percentual: segundo o governo, o contrato precisa exigir excelência, ou seja, precisa ser mais rígido quanto a redução do percentual, incidindo inclusive a partir de nota “menor que 100”, e não somente “menor que 80 maior que 75”;

Quadro de Indicadores de Desempenho - sistema avaliativo: segundo o governo, o contrato deve ser revisado para prever quatro índices de qualidade: a)Índice de Qualidade (IQ) para avaliar a qualidade do serviço prestado, onde será realizada pesquisa de satisfação, o público; b) Índice de Disponibilidade (IDI) para avaliar o grau de disponibilidade do Complexo de Estádio; c) Índice de Conformidade (IC) para avaliar a conformidade às normas, certificados e relatórios exigidos; d) Índice Financeiro (IF) para avalia o desempenho financeiro e de gestão administrativa.

Verificador independente: segundo o governo, atualmente o serviço prestado não é suficiente para que o Estado consiga usufruir o máximo do contrato. "O Verificador possui em seu corpo de trabalho um engenheiro civil (responsável), um engenheiro mecânico e um engenheiro eletricista, não existindo avaliação quanto a gestão do Arena, mas somente da parte física". De acordo com o grupo, precisa-se exigir do verificador profissional da parte de auditoria, bem como especialista em análise financeira, além de maior transparência com relação aos seus métodos de avaliação.

Reequilíbrio econômico e financeiro: segundo o governo, é necessário estabelecer o equilíbrio-financeiro propondo pagamento pelos custos efetivamente desembolsados para cumprir gastos com financiamentos, impostos e despesas operacionais de manutenção do estádio, adicionado de taxa de administração.

Multas: a Cláusula 42 do contrato fala sobre as multas, porém, a Control considerou que é uma cláusula que merece atenção. "Acontece que o Contrato estabelece a multa de 5% (cinco por cento) no valor mensal da contraprestação, para que o poder concedente pague à concessionária sempre que descumprir qualquer cláusula ainda que parcialmente, contudo a recíproca não é verdadeira, já que para a concessionária só incide em multa com relação a atrasos no cumprimento de cronograma de execução de investimento, ou seja, fora pensado apenas pontualmente quanto a construção da Arena, sendo deixado de lado quanto a operação e manutenção do bem público".

Prazo: o governo também disse que a cláusula de prazo para o pagamento da contraprestação também merece ser revisada. "Para que de fato o pagamento seja realizado o poder concedente precisa tramitar um processo, que demanda tempo, sobretudo por existirem vários órgãos interessados, assim, seria importante ainda uma renegociação contratual quanto ao prazo para que o pagamento seja efetuado, para que de fato o erário não venha a ser prejudicado pelas multas", disse.

Renúncia e ações judiciais: o Executivo ainda quer que a partir da negociação, a Arena renuncie a ações judiciais, em especial sobre multa, juros e demais encargos cobrados por supostos atrasos no pagamento, reconhecendo o modelo de pagamento acordado em 2019, de três desembolsos mensais nos dias 5, 15 e 25.

Fontes adicionais de receitas: O governo também quer que a concessionária apresente proposta de pagamento do valor devido a título de fonte de receitas adicionais no período de 2014 a 2021, na forma atual do contrato, podendo ser revista a proporção prevista a partir do valor a ser pago pelo Poder Concedente para custear despesas de gestão e operação para geração dessas receitas.


Fonte: G1

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'Assassinados sem direito a julgamento', diz prefeita de cidade do RN sobre irmãos mortos em confronto com a polícia

Após ter dois irmãos mortos em confronto com forças de segurança na Bahia, a prefeita Damária Jácome, da cidade de João Dias, no Oeste potiguar, negou crimes atribuídos à família e disse que os homens foram assassinados "sem chance de serem julgados".


Arsenal que pertencia aos homens que morreram em confronto com a polícia na Bahia — Foto: Polícia Civil


Os dois irmãos eram foragidos da Justiça, com mandados de prisão por tráfico internacional de drogas, associação ao tráfico e organização criminosa. Os nomes deles estavam a lista dos procurados pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).


As declarações da prefeita foram feitas em nota encaminhada à Inter TV Cabugi após a repercussão do caso.


"Eu e minha família estamos vivendo os piores momentos das nossas vidas. Perdi dois dos meus quatro irmãos. Jovens que foram brutalmente assassinados", disse.


A operação que terminou com as mortes de Deusamor Jácome de Oliveira e Leidjan Jácome de Oliveira foi denominada 'Sinaloa' pela Polícia Civil e aconteceu na última terça-feira (19) na Bahia.


Os policiais foram à zona rural do município de Barra para cumprir mandados de prisão preventiva contra os dois homens.


De acordo com a Polícia Civil, no momento em que as equipes chegaram ao local os suspeitos atiraram contra os policiais e houve confronto. Os dois irmãos foram atingidos, socorridos ao hospital, mas não resistiram e morreram.



No local onde eles estavam foram apreendidos um veículo de luxo, duas pistolas e munições.


Ainda segundo a Polícia Civil, os suspeitos são apontados como os principais fornecedores de drogas no Nordeste, chegando a comercializar, durante os meses de investigação, mais de R$ 30 milhões em maconha. O grupo atuaria como uma empresa, com divisões de tarefas e filiais dentro e fora do país.


Familiares presos

Também nesta terça (19) outro irmão da prefeita de João Dias foi preso na operação. Romeu Jácome de Oliveira, de 35 anos, foi detido dentro de um shopping, também na Bahia. Em seu desfavor existia um mandado de prisão em aberto por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa.


Em junho deste ano Samuel Jácome de Oliveira, também irmão da prefeita, foi preso pela polícia em Aracaju, suspeito dos mesmos crimes.


Os suspeitos são filhos do atual presidente da Câmara de Vereadores de João Dias, Laete Jácome e irmãos da vereadora Damares Jácome.


Laete Jácome foi preso em flagrante, dentro de casa, em outubro de 2020, junto com outras seis pessoas. No imóvel, onde foi cumprido um mandado de busca e apreensão, foram encontradas armas como espingardas, rifles e pistolas e munições.


A própria prefeita, então candidata, também teve mandado de prisão expedido pela Justiça e ficou foragida, na época, por suposto envolvimento em grupo responsável por receptação posse ilegal de arma de fogo, mas está em liberdade por decisão da Justiça. Ela foi eleita como vice, mas assumiu o comando do município após a renúncia do prefeito eleito, Marcelo Oliveira, em julho deste ano. Nesta quarta (20) ela decretou luto oficial de três dias na cidade.


Veja nota completa da prefeita

Eu e minha família estamos vivendo os piores momentos das nossas vidas. Perdi dois, dos meus quatro irmãos. Jovens que foram brutalmente assassinados. Mas, mesmo diante dessa grande tristeza, em respeito a população do Rio Grande do Norte e, especialmente ao povo da minha querida João Dias, venho repor a verdade dos fatos e repudiar, veementemente, as ilações e mentiras que nossos adversários tentam propagar.



Nunca fui condenada pela Justiça. O que há são acusações desprovidas de qualquer prova. Ressalte-se que a defesa já foi apresentada ao Judiciário com todos os argumentos que demonstram a minha inocência.


Ontem (terça-feira) meus dois irmãos foram assassinados, sem que a eles fosse dado o direito de ser julgado pela Justiça dos homens. Tiraram a vida de dois jovens e estraçalharam com toda família do povo de João Dias, afinal, somos todos um só família.


Agradeço as orações e toda solidariedade. Vamos continuar nossa caminhada, nossa missão como cidadã, que a mim foi delegada a gestão da minha querida cidade.


Damaria Oliveira


Fonte: G1

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Novo parque eólico com capacidade instalada de 206 MW começa a operar em São Miguel do Gostoso

Um novo parque eólico começou suas operações com 49 aerogeradores e capacidade instalada de produção de 206 MW de energia limpa nesta quarta-feira (20) no Rio Grande do Norte.


O parque Cumaru, da Enel Green Power fica localizado em São Miguel do Gostoso, no Litoral Norte potiguar e foi lançado em um evento. O complexo teve investimentos de R$ 948 milhões.


Parque eólico Cumaru em São Miguel do Gostoso, RN — Foto: Divulgação


“A atual crise hídrica reforça a importância da diversificação da matriz energética no Brasil e as vantagens das fontes eólica e solar", disse Roberta Bonomi, diretora da empresa. Ela ainda considerou que o projeto amplia a "geração verde" no país e contribui "para um sistema cada vez mais seguro, em que a complementariedade das fontes beneficia toda a sociedade”



A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), participou do lançamento e também destacou a produção de energia eólica - que o estado lidera nacionalmente - como alternativa à crise energética. O estado tem 5,8 GW de potência instalada, somente em energia eólica.


“A gente tem que celebrar investimentos como esse, porque cada vez mais torna-se imperativo, fundamental e imprescindível o investimento em novas fontes de energia: energia limpa, verde e renovável. E esse empreendimento vem se somar ao esforço global em prol de uma matriz energética mais sustentável", disse.


Parque eólico Cumaru, em São Miguel do Gostoso, RN — Foto: Divulgação


Segundo a empresa, o parque eólico Cumaru será capaz de gerar mais de 966 GWh por ano, "evitando a emissão de mais de 543 mil de toneladas de CO2 na atmosfera anualmente".


A produção de energia do parque será integralmente fornecida ao mercado livre para venda a clientes comerciais.


Além do parque no Rio Grande do Norte, a empresa está concluindo a construção de outros três parques eólicos e um parque solar no Nordeste e que somam cerca de 1,1 GW de capacidade instalada.


Fonte: G1

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Aplicativo conecta pessoas que têm lixo reciclável em casa para doar ou vender a empresas interessadas no material

Um aplicativo produzido por potiguares e disponível para população de Natal está conectando pessoas que possuem lixo reciclável na própria casa e queiram doar ou até vender a coletores e empresas interessadas no material.


Lixo reciclado em Natal Rio Grande do Norte latas recicladas reciclagem RN — Foto: Divulgação


O "Chama uZeh" atua há seis meses na capital potiguar e já participou da coleta de mais de 50 toneladas de lixo. Atualmente, mais de 10 mil usuários - entre pessoas e empresas - utilizam a plataforma.


"O aplicativo foi concebido através de uma necessidade de mercado que já existia na qual a gente não tinha o serviço por parte de empresas, nem de entes públicos de fazer uma coleta seletiva de fato. Não só a coleta, mas a implementação do resíduo numa economia circular", explicou o head de operações e produtos da empresa, Magnos Patrício.


"A grosso modo, ele funciona como um aplicativo de transporte da reciclagem, onde a gente conecta as partes. Quem quer comprar, com quem quer vender, com quem quer doar. E aí a gente maximiza e dá muita eficiência ao processo".

Segundo explica Magnos, qualquer pessoa ser um gerador de resíduo que terá destinação correta, através do aplicativo.


"Você mesmo da sua residência consegue hoje praticar a coleta seletiva com inclusão na economia circular. E a gente conecta você a pessoas ou empresas cadastradas na plataforma pra fazer essa coleta. Pra que a gente de fato consiga ter a destinação correta do produto, gerando receita para as partes que estão inseridas no contexto", falou.


Atualmente o aplicativo funciona apenas na plataforma Android e está sendo desenvolvida para ser lançada no IOS. É possível também se cadastrar através do site da plataforma (clique AQUI).


O lixo recolhido é cadastrado no sistema pelo tipo de resíduo. Podem ser cadastrados, por exemplo, metais ferrosos (como ferro e aço), metais não ferrosos (alumínio, cobre, latão entre outros), papelão, plástico e lixo Eletrônico (monitores, celulares e computadores).


Celulares podem ser recolhidos — Foto: Geert Vanden Wijngaert/AP


O acesso ao aplicativo é gratuito tanto para pessoas físicas como para empresas. "Qualquer cidadão pode utilizar da ferramenta pra fazer a destinação correta do resíduo", explica Magnos.


Para as empresas, ele diz que caso optem por um produto mais alinhado, é disponibilizado uma consultoria, "onde a gente massifica essa precificação de resíduos, dá uma espécie de consultoria pras pessoas conseguirem alavancar os recursos que hoje estão sendo jogados no lixo". Mas, ele reforça, que "num modo geral, é um produto pra sociedade, que vem como muita causa e propósito".


Segundo o head head de operações e produtos, atualmente a maior quantidade de usuários do aplicativo "são pessoas físicas, donas de casa, que tinham a frustração de separarem o lixo e terem que colocar junto ao lixo normal, uma vez que a ineficiência da coleta seletiva da cidade não ajudava as pessoas que queriam destinar de forma correta".


Com o aplicativo, ele acredita que esse serviço pode ser ampliado. "Com dois cliques, você já operacionaliza a plataforma e já sugere, oferece no mercado através de uma doação, de uma venda, a possibilidade de alguém estar coletando na sua casa de forma correta e gerando renda, o que é mais bacana", fala Magnos.


"Não necessariamente você precisa vender e fazer uma diferença na sua vida. Mas você pode doar para alguém que vai vender e que pode vender também através da plataforma. Então a plataforma hoje é feita pra uma pessoa que está desempregada gerar uma renda, uma dona de casa que precisa de um complemento de renda. Ela de fato traz impacto social, sustentabilidade e logística reversa".


Ações sociais

No próximo domingo (24), a empresa vai realizar um evento na área externa do Parque das Dunas para arrecadar lixo reciclável e transformar o valor arrecadado em cestas básicas para alimentar famílias de baixa renda. O evento ocorre às 15h e contará com uma aulão de zumba do professor Janjan Lima, além de brindes e sorteios. O evento anterior, no bairro Nordeste, coletou mais de 5 toneladas de lixo reciclável.


Fonte: G1

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Onze meses após morte de família, relatório propõe retirada planejada de construções nas falésias de Pipa

Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão próximos de concluir o relatório técnico de análise da situação atual das falésias de Tibau do Sul e Nísia Floresta. O documento conta com 12 proposições - entre elas uma transferência planejada das construções instaladas nas bordas, que foram identificadas como áreas de risco.


Vista aérea falésia de Pipa Tibau do Sul — Foto: Idema


O estudo foi encomendado após a tragédia que vitimou um casal, o filho de sete meses e o cachorro da família em Pipa, no dia 17 de novembro do ano passado.


Stella Souza, de 33 anos, Hugo Pereira, de 32, e o filho deles, Sol de Souza, de 7 meses, morreram após queda de parte da falésia em Pipa — Foto: Redes Sociais


O documento, com sua versão final, será entregue ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e ao Ministério Público Federal (MPF) entre o final do mês de outubro e o mês de novembro.


O documento está em fase de finalização, mas o pesquisador que coordenou os estudos, o geógrafo da UFRN Rodrigo Freitas, apontou algumas das proposições feitas, além de explicar parte do trabalho realizado pela equipe.


Entre as medidas que constam no relatório, está o acompanhamento de áreas de risco para a retirada de estabelecimentos e casas que estão instalados nas bordas das falésias, consideradas áreas de risco; o impedimento da chegada de carros e pessoas à beira das falésias; a correção na drenagem das estradas; e a utilização de placas informativas de maneira mais abrangente (veja detalhado mais abaixo).


O estudo

No estudo, os pesquisadores coletaram material das falésias, que compreendem principalmente as praias de Pipa, em Tibau do Sul, e de Tabatinga, em Nísia Floresta.


Segundo Rodrigo Freitas, foi feito também análise através de drones, escaneamento com laser, "para identificar a descontinuidade, onde há fraturas", além do mapeamento de cobertura do sol e das construções que estão próximas à falésia.


Outro trabalho realizado foi o de monitoramento da dinâmica marinha, ou seja, como a onda está quebrando e provocando a erosão, assim como se a praia está erodindo mais ou se está depositando.



"Aplicamos também umas técnicas de penetração do solo, para buscar identificação de fraturas ou alguma estrutura ali próxima à borda da falésia, especialmente ali em Tabatinga, que é um mirante que tem muita gente, uma atividade turística muito intensa", falou.

Eles também avaliaram o contexto dos locais, que recebem muitos turistas. "Para se ter ideia, a gente fez a contagem de pessoas em Tabatinga e na parte da manhã de um domingo passam mais de 1 mil pessoas no Mirante dos Golfinhos", pontuou.


Vista da Enseada dos Golfinhos (do alto do Mirante dos Golfinhos) na praia de Tabatinga, no litoral Sul potiguar — Foto: Paulo Francisco


As equipes também fizeram rapel nas áreas como forma de medir as camadas e a composição das falésias. Assim, é possível fazer uma leitura e um melhor diagnóstico do trecho. "Tudo isso pra gente identificar aquelas áreas que tem mais fraturas, que estão mais suscetíveis a ocorrência de deslizamento e aquelas áreas que estão mais estáveis".


"A erosão na falésia é contínua, mas não ataca toda região de falésia ao mesmo tempo, então tem uma parte que erode, cai, e aí ele pode se estabilizar e passar anos estável. E aí outra parte mais a frente vai erodir".


Segundo o pesquisador, as falésias têm recuado com o tempo. "Quando olhamos para isso numa escala de 20 anos, a gente observa que os limites das falésias eram bem diferentes do que a gente tem hoje. Então a falésia vai continuar recuando".



Proposições

O geógrafo Rodrigo Freitas explica que esse recuo diagnosticado nos estudos indica que as falésias vão seguir recuando e outros pontos podem ser afetados.


Por isso, o relatório propõe uma transferência planejada das construções que são instaladas nas bordas das falésias, que, por serem ativas, vão continuar erodindo e uma hora essa manifestação chegará ao trecho das construções.


"Em grande parte dos trechos de falésia, tem construções. Então uma das coisas que a gente está propondo é um 'plano de desinvestimento'. Ou seja, a gente vai medir essa erosão, acompanhar, pra identificar se pode estar tendo uma erosão maior. Pra que as pessoas que tenham construções ali, casas, bares, restaurantes, tenham um tempo pra migrar pra outra área, porque vai cair", pontuou.


Segundo ele, o objetivo "é fazer algo programado com o menor impacto social, ambiental e econômico", já que com o monitoramento da área é possível fazer essa desocupação de forma planejada.


O pesquisador explica que soluções como colocar muro de arrimo não são tão simples pois as falésias são protegidas por lei e impactaria também o turismo da região, já que os trechos são atrativos naturais para as praias.


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O Chapadão é uma conhecida falésia da Praia de Pipa, no litoral Sul potiguar — Foto: Divulgação


"Lá na Praia de Cacimbinhas, em Pipa, só no período da manhã passam mais de 1,3 mil pessoas. Todas essas pessoas vão lá tirar suas fotos, colocar as belezas da falésia. Isso vai pras redes sociais e quem vê quer conhecer também. E assim a gente tem um fluxo turístico muito grande em função da beleza natural das falésias".


Foto de uma área próxima à do acidente que matou uma família em Pipa nesta terça-feira (17) mostra o desgaste na falésia provocado pelas marés — Foto: Juliane Barreto/Inter TV Cabugi

Segundo o pesquisador, as falésias são ambientes estáveis, mas devem ser ocupadas de forma organizada, com distância da borda.


Outra proposta feita pela equipe é a correção na drenagem de alguns trechos da estrada para Tabatinga e também para Pipa. "A drenagem da estrada está carreando pra borda da falésia. Então num evento extremo de chuva, como aconteceu aqui em 2014, pode levar a danos", explica.


"Nós temos uma diferença topográfica de 30 metros ali entre a praia e onde a estrada passa (em Tabatinga). Numa chuva intensa, a água da estrada está drenando, o material é muito friável e a erosão pode se instalar rapidamente em uma noite de chuva intensa. Seria para drenar para o outro lado", pontuou.


Outro ponto apontado pelo geógrafo é que é importante, principalmente na faixa de areia da praia, ter placas de aviso sobre o perigo, já que, diferente do topo, é um trecho onde há risco de queda em toda extensão da falésia.


"A recomendação é colocar placas de aviso pra que a pessoa não caminhe próximo à borda da falésia. Mantenham uma distância. Na maré cheia, não passar nesses pontos, pras pessoas também evitarem a borda da falésia", diz.


Segundo o pesquisador, todas as proposições feita são elas de baixo custo e também respeita a o fato da área ser protegida por lei.


Contexto socioeconômico

O pesquisador diz que o relatório também respeita uma questão socioeconômica do trecho. "Só em Pipa e Tibau do Sul tem mais de 8 mil empregos diretos relacionados ao turismo. Então é muita gente. E quanto isso não reverbera de empregos indiretos?", pontua.


"São áreas de risco? São. É preciso fazer algumas intervenções? É preciso. Mas é regular o uso. O objetivo não é restringir, mas regular pra dar mais segurança".


Ele diz ainda que "nenhuma dessas ações surtirá efeito se as pessoas não colaborarem". "Lá em Pipa mesmo, tem um aviso de área de risco, de um bloco que pode cair. Mas a pessoa vai e tira a foto ao lado da placa".


Continuidade do estudo

Segundo o professor, é necessário que, apesar da conclusão desse relatório, haja um acompanhamento da situação das falésias.


Os pesquisadores, por isso, vão buscar um investimento com o Ministério do Desenvolvimento Regional para que a pesquisa se prorrogue por pelo menos mais cinco anos.


"Uma das coisas que estamos propondo é fazer essa medição semestral. Na realidade, contínua, onde ela vai sendo acompanhado mês a mês, identificando aquelas áreas que tem maior risco, porque dá tempo pras construções que estão em cima serem relocadas, aquelas que estão próximas à borda da falésia. Dá pra gente ir monitorando e vendo onde o risco está ocorrendo mais", explica.


Falésias da praia da Pipa — Foto: Canindé Soares


"É importante que haja o monitoramento. Só essa análise de agora, pontual, não vai resolver. Porque para a discussão, não tem mais repercussão na sociedade e aí vai ter depois uma nova caso aconteça outro acidente".


Fonte: G1

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Média móvel de mortes por Covid no Brasil completa 10 dias abaixo de 400 e volta a indicar queda

O Brasil registrou nesta quinta-feira (21) 461 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, com o total de óbitos chegando a 604.764 desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias ficou em 366 -- abaixo da marca de 400 pelo décimo dia seguido. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -20% e voltou a apontar queda após um dia em estabilidade.


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Os números estão no novo levantamento do consórcio de veículos de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil, consolidados às 20h desta quinta. O balanço é feito a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.


Evolução da média móvel de óbitos por Covid no Brasil nos últimos 14 dias. A variação percentual leva em conta a comparação entre os números das duas pontas do período — Foto: Editoria de Arte/G1


Veja a sequência da última semana na média móvel:


Sexta (15): 319

Sábado (16): 331

Domingo (17): 325

Segunda (18): 322

Terça (19): 351

Quarta (20): 380

Quinta (21): 366

Em 31 de julho, o Brasil voltou a registrar média móvel de mortes abaixo de 1 mil, após um período de 191 dias seguidos com valores superiores. De 17 de março até 10 de maio, foram 55 dias seguidos com essa média móvel acima de 2 mil. No pior momento desse período, a média chegou ao recorde de 3.125, no dia 12 de abril.



O consórcio errou ao divulgar na quarta-feira (20) que o estado do Acre não divulgou novos dados sobre casos e mortes de Covid até as 20h. Não houve mortes registradas em 24 horas no estado, mas foram 8 novos casos atribuídos no boletim, divulgado no início da tarde. O dado foi corrigido retroativamente na série histórica do consórcio.16.295


Em casos confirmados, desde o começo da pandemia, 21.696.575 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 16.303 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi 12.146 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação de -20% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica queda nos diagnósticos.


Em seu pior momento a curva da média móvel nacional chegou à marca de 77.295 novos casos diários, no dia 23 de junho deste ano.


Fonte: G1

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Empresas brasileiras perdem R$ 284 bilhões em valor de mercado em três dias com piora fiscal do país

Em três dias, as empresas brasileiras perderam R$ 284 bilhões em valor de mercado na bolsa de valores, segundo um levantamento realizado pela provedora de informações financeiras Economatica.


Em três dias, as empresas brasileiras perderam R$ 284 bilhões em valor de mercado — Foto: Nelson Almeida/ AFP


Ao fim do pregão de segunda-feira (18), as ações das empresas listadas na B3 somavam R$ 4,984 trilhões. Nesta quinta-feira (21), passaram a valer R$ 4,7 trilhões.


Nesta semana, o mercado financeiro tem reagido muito mal aos movimento da equipe econômica. Na quarta-feira (20), o ministro Paulo Guedes falou em "licença" para furar o teto de gastos para financiar o valor de R$ 400 para o programa Auxílio Brasil.


Nesta quinta, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, caiu 2,75%, a 107.735 pontos - é a pior pontuação do ano e a menor desde 23 de novembro (107.378 pontos). Na quarta, registrou leve alta de 0,10%. E na terça, recuou 3,28%.


Na semana, o tombo acumulado do Ibovespa é de 6,03%.


Desde terça-feira, as empresas que mais perderam valor de mercado foram Petrobras (queda de R$ 24,1 bilhões), Vale (R$ 23,9 bilhões) e Magazine Luiza (R$ 12,3 bilhões).


O mercado de câmbio também teve um dia de forte tensão. O dólar fechou em alta de 1,92%, cotado a R$ 5,6651, no maior patamar desde desde 14 de abril.


Fonte: G1

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Votação no Conitec de diretrizes contra o uso de remédios do 'kit Covid' fica no empate sem voto da Anvisa

A votação de um conjunto de orientações sobre o tratamento de pacientes de Covid-19 terminou em empate no colegiado da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), órgão consultivo do Ministério da Saúde.


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Bolsonaro com uma caixa de cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid, em foto de setembro de 2020.. — Foto: REUTERS/Adriano Machado/Arquivo


O grupo se reuniu nesta quinta-feira (21) para votar como deve ser o cuidado de pacientes fora dos hospitais e as diretrizes tratavam, entre outros pontos, de um novo posicionamento contra os remédios do chamado "kit Covid".


O resultado, confirmado pelo g1, foi inicialmente divulgado pela Rádio CBN, que detalhou que o resultado ficou em 6 a 6, sendo que cinco votos contrários foram de representantes do ministério e outro do representante do Conselho Federal de Medicina (CFM).


As diretrizes foram elaboradas por um grupo de especialistas que auxilia o Ministério da saúde na análise de medicamentos e tecnologias. O convite para a análise do tema foi feito pelo próprio ministro Marcelo Queiroga após ele ser cobrado de que o Brasil não tinha protocolo nacional para tratar a doença.


Após o convite de Queiroga, primeiro os especialistas analisaram o uso da cloroquina, azitromicina, ivermectina e outros medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19 para pacientes hospitalizados. O parecer foi contra o uso, nos hospitais, de medicamentos sem eficácia comprovada contra o Sars-Cov-2.



Após essa primeira etapa, o grupo passou então à análise dos protocolos para pessoas que não precisaram de internação.


Contra mesmo fora dos hospitais

De acordo com a colunista Julia Duailibi, o mesmo posicionamento contrário ao uso se repetiu no estudo sobre como tratar a Covid ambiente ambulatorial, ou seja, para pessoas que tiveram casos leves e que não precisaram ser internadas ou hospitalizadas.

O parecer contrário foi apontado por membros da CPI da Covid como motivo para adiamento da votação. Isso porque, na reunião do Conitec realizada em 6 e 7 de outubro, um dos membros do colegiado pediu a retirada de pauta da análise das diretrizes para o tratamento ambulatorial argumentando que novos estudos deveriam ser analisados e incorporados ao parecer do grupo.


Próximos passos

Agora, depois do empate, o relatório segue para consulta pública. De acordo com nota divulgada pela Anvisa, somente após a consulta e nova votação o documento será liberado para análise final.


"Importante esclarecer que, independentemente da votação, o relatório vai para consulta pública para participação da sociedade e posterior votação para deliberação final", informou a Anvisa.


Sem voto da Anvisa

Em nota, a Anvisa esclareceu que não teve a oportunidade de votar porque o representante da agência que acompanhava a votação de modo remoto precisou de ausentar por algumas horas para pegar um voo. Durante esse intervalo, a votação foi feita.


"Até a hora, em que o membro da Anvisa saiu da reunião, não havia sido definido o horário da votação do relatório", disse a Anvisa em nota. "Ao chegar em Brasília às 14h20, o representante entrou na plataforma da reunião e percebeu que esta havia sido finalizada e que o relatório com diretrizes do tratamento ambulatorial da Covid-19 já havia sido votado", esclareceu a Anvisa.


Fonte: G1

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Ao menos 16 tubarões foram vistos em Balneário Camboriú desde agosto

Desde agosto, quando a draga passou a operar na megaobra de alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú, no Litoral Norte, 16 tubarões de porte médio foram avistados no mar da região


A contagem é feita pela curadoria do Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), que fica em Balneário Piçarras, na mesma região.


Na semana passada, três surfistas que praticavam o esporte relataram ter encontrado um tubarão na praia. Em setembro, um outro tubarão, com cerca de dois metros de comprimento, foi avistado nadando junto ao molhe da Barra Sul, onde ocorreu parte da obra.


Para o biólogo André Rodrigues Neto, o aparecimento dos animais no local possui relação com as mudanças feitas na orla.


No entanto, não há motivo para preocupação, pois as espécies avistadas não costumam atacar e são comuns. Desde a década de 1960 há registro dos animais na região


Tubarão foi visto em área central de Balneário Camboriú (SC) — Foto: Redes Sociais/Reprodução


Veja o que atrai os tubarões

Além disso, o maior avistamento dessas espécies já era esperado pela prefeitura. Segundo o especialista em vida marinha, pequenos peixes começaram a se alimentar dos crustáceos que estão agregados aos sedimentos e areia remexidos pela obra. Isso, por consequência, atraiu animais maiores, já que houve uma ampliação na oferta de alimentos.


"Os tubarões têm um senso olfativo e sensorial muito aguçado. Então, qualquer movimentação, que a gente chama de frenesia alimentar, acaba atraindo esses animais para cá", explica Neto.

Além disso, a segundo a secretária de Meio Ambiente, Maria Heloísa Lenzi, o aumento do registro ocorre porque moradores e visitantes estão mais atentos ao que ocorre na região.


Desde março deste ano, quando as obras de alargamento começaram, a pasta monitora o comportamento dos animais no mar da região.


"A obra está atraindo muitos olhares, o que aumenta a chance de avistarem de animais. Nós entendemos que isso tudo é muito positivo, porque estamos vendo que a enseada de Balneário Camboriú possui uma grande biodiversidade", disse.


Fonte: G1

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Marcos Mion se emociona ao falar de permanência no 'Caldeirão' em 2022: 'Vale a pena ter esperança'

Marcos Mion se emocionou no "Mais Você" desta quinta-feira (21) ao falar da permanência no comando do "Caldeirão" em 2022.


Marcos Mion chora ao falar sobre permanência nos sábados da Globo — Foto: Reprodução/TV Globo


O apresentador foi confirmado nas tardes de sábado da Globo na quarta (20).


"Vale a pena ter esperança. Você pode ser a pessoa mais talentosa do mundo, mas se a porta não se abre, você não vive esse sonho. Eu corri o risco de não conseguir. Ter fé e seguir firme nos seus sonhos, vale a pena", afirmou, emocionado, em entrevista à Ana Maria.


"Quando recebo a notícia que eu vou ficar no sábado, fazendo o final de semana da Globo, poxa vida... É muito bonito você acreditar nos seus sonhos, é muito mágico realizá-los", disse o apresentador.



Segundo a TV Globo, "a temporada 2022 do Caldeirão trará novidades, mas, até lá, Mion e sua turma continuam tocando quadros como o 'Sobe o Som', no qual o já cobiçado 'Lucinho de Bronzeado' é disputado por duplas que têm a missão de descobrir que o artista por trás do telão.


No 'Tem ou não tem', as famílias precisam acertar as respostas mais recorrentes de 100 brasileiros para perguntas do dia a dia, disputando R$30 mil."


Mion na Globo


Marcos Mion no 'Caldeirão' — Foto: Globo/João Cotta


Mion foi contratado em agosto para ser apresentador da TV Globo e do Multishow. Em setembro, assumiu o comando do "Caldeirão" após a ida de Luciano Huck para os domingos na grade da emissora.


"Aconteceu! O sonho aconteceu… O sábado à tarde da TV Globo é nosso. Sou só lágrimas e gratidão! Amo vocês que estão vivendo isso tudo comigo", escreveu Mion em seu Instagram.


Fonte: G1

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Pastor é suspeito de abusar sexualmente de meninas dentro de igreja na Vila Kennedy



A polícia investiga se um pastor abusou sexualmente de meninas dentro da igreja em que pregava, na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio.


Como mostrou o RJ2 nesta quinta-feira (21), a denúncia surgiu quando a família de uma garota de 11 anos procurou a delegacia para contar o que teria acontecido dentro da igreja.


Com isso, outra vítima criou coragem e afirmou também ter sido abusada pelo mesmo pastor. Hoje adulta, a mulher disse que sofreu a violência quando tinha 8 anos.


Para a polícia, o pastor pode ter feito outras vítimas.


Inocência perdida

Foi numa conversa com o avô que o sinal de alerta para o possível crime foi ligado. O diálogo a seguir é narrado por um parente da vítima.


"Ela falou assim: 'vô, o que que é estupro?' Aí, meu pai falou assim: estupro é quando uma pessoa pega a mulher a força, leva ela para o canto e faz certas coisas com ela que não pode", explicou o parente.

"Aí, ela falou assim: 'Mas, vô, eu quero saber por causa que (sic) o pastor veio por trás de mim, se esfregou em mim, me agarrou por trás e se esfregou. Aí, meu pai foi e tomou um susto na hora, né? E falou: 'Que isso, menina? É verdade mesmo? É, vô, to falando a verdade. Ele se esfregou em mim...", relatou o familiar.



Os abusos teriam acontecido dentro da Primeira Igreja Batista, na Vila Kennedy, onde o pastor Antônio Carlos de Jesus Silva, de 51 anos, pregava. Para os familiares, que frequentavam a congregação, foi difícil assimilar os fatos contados pela menina.


"Bem, eu fiquei assim sem acreditar e acreditando. Eu fiquei assim, entre a cruz e a espada, porque você nunca vai pensar isso de uma pessoa que você confia. Uma pessoa que conviveu o tempo todo com você. Você nunca vai imaginar isso, né?", declarou a avó da criança.


Sessões de terapia sem a família

Outro caso relatado pela menina teria acontecido no consultório do pastor. Ele também é psicólogo e atende dentro do shopping de Bangu, na Zona oeste. Antônio Carlos ofereceu sessões de terapia de graça para a criança. Durante os encontros, ele não permitia que a família ficasse.


"Ele falava que era para ela entrar com ele, né? Para ela desabafar. Como a gente confiava nele, há muitos anos conhecendo ele, a gente achou que não ia ser nada demais. É um profissional e ela estava realmente com probleminha de saúde, a gente queria ver ela ficar boa, né?", detalhou a avó.

Entretanto, depois das sessões, a família notou uma piora na criança. Foi preciso aumentar a dosagem de remédio e, às vezes, a menina chorava. O diagnóstico atribuído a ela era de ansiedade.


Mas no fim de uma das consultas, a mãe e avó estranharam o comportamento da criança. Em conversa com a mãe, a menina relatou ter sido beijada no pescoço pelo pastor.


"Eu perguntei pra minha filha assim: por que você está assim? Aí, ela falou: mãe, o pastor, ele beijou meu pescoço, passou a mão nos meus peitos e botou eu sentada no colo dele. Eu falei: verdade, mesmo? É, mãe. Tô falando a verdade . Ele fez isso comigo, ele passou a mão nos meus peitos."



Queixa na polícia

A família registrou queixa na polícia no dia 27 de abril na Delegacia de Atendimento à Mulher de Campo Grande. No inquérito, foi incluída a gravação de uma conversa entre o pastor e a menina


No registro, parentes relatam que o pastor assediava e dizia "coisas" à criança. Chamado para depor, o religioso negou todas as acusações. Ele alegou ter se oferecido para atender a menina no consultório porque ela começou a ter surtos psicóticos e também "possessão demoníaca".


Na versão dele, a menina teria revelado que era transsexual e a família teria ficado estarrecida. Disse, também, que ele estaria trabalhando a comunicação com a criança.


O pastor ainda acrescentou que a criança teria criado uma personagem chamada "menina safadinha", e que ele seria o "amiguinho safadinho". Com essa "comunicação", afirmou em depoimento que teria conseguido descobrir revelações suicidas da criança.


Prisão preventiva

Por se tratar de estupro de vulnerável, um crime hediondo, a delegada responsável pelo caso pediu a prisão preventiva do pastor. Em maio, o Ministério Público estadual denunciou Antônio Carlos à Justiça e pediu que ele fosse proibido de se aproximar e manter contato com a vítima ou familiares dela.


No entanto, o MP entendeu que a prisão não era necessária porque o pastor era réu primário e não teria ameaçado a vítima. Só que agora o processo está em um impasse na Justiça.


"A Justiça está no conflito negativo de competência. Ou seja, uma vara especializada em violência doméstica e uma vara comum estão discutindo de quem é a competência para processar o caso. A ponto de se levar para segunda instância no Tribunal de Justiça essa resolução", explicou o advogado Carlos Nicodemos Oliveira Silva.


"Um caso que foi registrado em 27 de abril de 2021, e até o presente momento não tem uma medida aplicada em relação à prisão do acusado, à produção das provas , oitivas das vítimas e testemunhas, o que gera um prejuízo, e que gera uma revitimização para todas elas", lamentou o advogado.



Igreja se manifesta nas redes

Cinco meses depois do registro na polícia, a Primeira Igreja Batista na Vila Kennedy se manifestou nas redes sociais.


Disse que repudia qualquer tipo de crime e que aguarda a Justiça apurar o caso.


Enquanto isso, afirmou a congregação, o pastor Antônio Carlos está afastado do cargo de liderança do pastorado.


Mais uma vítima

As acusações da criança e da família levaram outra vítima a romper o silêncio. Hoje, ela é uma jovem de 22 anos. Quando tinha 8, ela afirmou que sofreu abusos do pastor dentro da igreja.


Só que nunca teve coragem de denunciar o que aconteceu. Foram 14 anos de silêncio e sofrimento. Perguntada pelo RJ2, a mulher disse que tinha medo de contar que havia sido vítima de um crime.


"Ninguém ia acreditar porque ele é um pastor, entendeu? E até mesmo a minha avó não iria acreditar, por ela ser da igreja e ter ele como um pastor, um pai. Porque a gente nunca vai acreditar que um pastor vai fazer isso com as pessoas da igreja", resumiu.


Segundo ela foram pelo menos dois anos de abuso.


"Eu tinha oito anos de idade e fui vivenciando aquilo dentro da igreja, dentro do templo. Ele começou a passar a mão, colocar o pênis pra fora, ficava esfregando em mim, entendeu? E avisava pra mim para eu não falar com a minha avó, pedindo sigilo que se eu falasse, eu ia ver", relatou.


A jovem acrescentou que foram vários os casos de abuso.


"Inúmeras vezes acontecia isso. Aonde ele me via, acontecia. Me levava para um local bem fechado, entendeu? E ali, ele fazia tudo."


O que diz a delegada do caso

A delegada Viviane da Costa, que investiga o caso, disse que existem dois procedimentos abertos, com duas vítimas. E que os abusos ocorriam da mesma forma.



"Solicitamos que, caso haja outras vítimas, que elas não tenham medo e nem vergonha, e compareçam na delegacia para denunciar. Porque na prática verificamos que esse tipo de crime ocorre de forma reiterada, e que há mais de uma vitima", ressaltou a policial.


Fonte: G1

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