sábado, junho 20, 2020

'Drive-thru' de testagem registra 924 exames positivos para Covid-19 em quatro dias em Natal

Nos quatro dias de ação na Arena das Dunas, em Natal, o “drive-thru” de testagens registrou 924 exames positivos para a Covid-19. Desses, 237 são de pessoas que ainda estão infectadas com o novo coronavírus. Os demais tiveram a doença e estão curados.

Drive-thru de testagem registra 924 exames positivos para Covid-19 em quatro dias em Natal — Foto: Pedro Vitorino/Cedida
Drive-thru de testagem registra 924 exames positivos para Covid-19 em quatro dias em Natal — Foto: Pedro Vitorino/Cedida

O balanço foi divulgado neste sábado (20) pela Secretaria Municipal de Saúde. De acordo com a SMS, ao todo foram realizados 5.425 testes rápidos entre a terça (16) e esta sexta-feira (19). As amostras foram colhidas pelos profissionais sem que fosse necessário que os pacientes saíssem de seus veículos.

Nos quatro dias de ação na Arena das Dunas, em Natal, o “drive-thru” de testagens registrou 924 exames positivos para a Covid-19. Desses, 237 são de pessoas que ainda estão infectadas com o novo coronavírus. Os demais tiveram a doença e estão curados.

O balanço foi divulgado neste sábado (20) pela Secretaria Municipal de Saúde. De acordo com a SMS, ao todo foram realizados 5.425 testes rápidos entre a terça (16) e esta sexta-feira (19). As amostras foram colhidas pelos profissionais sem que fosse necessário que os pacientes saíssem de seus veículos.

Exames de Covid-19 realizados no ''drive-thru" de testagem
DiaPositivos com a doençaPositivos curados
Terça-feira52319
Quarta-feira76246
Quinta-feira58208
Sexta-feira51151

Fonte: G1
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Artistas fazem mural para homenagear profissionais da saúde que atuam contra a Covid-19 em Rodolfo Fernandes, RN

Um grupo de artistas de Rodolfo Fernandes, no Oeste potiguar, fez um mural para homenagear os profissionais da saúde da cidade que atuam contra a Covid-19. A arte reproduz os rostos dessas pessoas usando máscaras de proteção.

Artistas fazem mural para homenagear profissionais da saúde que atuam contra a Covid-19 em Rodolfo Fernandes — Foto: Cedida
Artistas fazem mural para homenagear profissionais da saúde que atuam contra a Covid-19 em Rodolfo Fernandes — Foto: Cedida

O artista Jederson Barbosa se juntou com os amigos Torricele Oliveira e Fael Sherman para pintar o muro, que foi cedido por um morador. “Fica perto do hospital da cidade, no Centro”, contou Jederson. Os três artistas escolheram pessoas próximas para a homenagem. “São amigos nossos. A gente viu a batalha deles trabalhando e resolveu homenagear”.

Os homenageados são a secretária de Saúde do Município, Erica Mikaela, e os enfermeiros Igor Júnior e Jaedyna Mari. Além dos três, o grupo pintou ainda uma quarta imagem, de uma personagem criada, uma mulher negra.

A enfermeira Jaedyna Mari foi uma das homenageadas pelos artistas em Rodolfo Fernandes — Foto: Cedida
A enfermeira Jaedyna Mari foi uma das homenageadas pelos artistas em Rodolfo Fernandes — Foto: Cedida

A enfermeira Jaedyna Mari disse estar grata pelo “carinho e reconhecimento”. Jaedyna lembrou também das dificuldades no enfrentamento à Covid-19. “Por mais que nosso município não seja referência ao tratamento do Covid-19, estamos ali, prontos para receber cada um que está por vir, e sempre buscando a melhor forma de atendê-los. O reconhecimento do nosso trabalho é sempre muito gratificante”.

“Fiquei muito agradecido por todo o reconhecimento que tiveram pela gente e pelo nosso trabalho, pois não é fácil. Não é fácil estar na linha de frente, sempre bate aquela aflição, o medo. Mas de uma coisa tenho certeza: se estamos aqui é porque precisamos ajudar o próximo e isso estamos fazendo”, agradeceu também Igor Júnior.

O enfermeiro Igor Júnior disse estar grato pela homenagem — Foto: Cedida
O enfermeiro Igor Júnior disse estar grato pela homenagem — Foto: Cedida

Jederson reforçou que foi o empenho dos amigos que lhe trouxe a ideia do mural. “O que motivou a gente a fazer a homenagem foi essa dedicação deles, o cuidado com a população chamou nossa atenção. Daí fizemos essa linda homenagem pra eles, uma forma de agradecer por todo cuidado para com a população”, diz Jederson Barbosa.

A secretária Erica Mikaela elogiou os artistas e contou que a homenagem “encheu o coração de gratidão". “Aos artistas da nossa cidade, demonstro meu respeito e admiração pelo lindo trabalho. Sempre admirei a arte e merecem todo nosso reconhecimento. Nosso trabalho contra o Covid-19 tem sido dias desafiadores e de muita responsabilidade, estamos enfrentando um inimigo desconhecido, o medo é presente na rotina dos profissionais. Mas a cada amanhecer tenho a esperança de dias melhores e o reconhecimento e a gratidão da nossa população de todas as ações e assistência que os nossos profissionais estão desempenhando nos deixam felizes e firmes nessa batalha”.

A secretária de Saúde de Rodolfo Fernandes, Erica Mikaele, também ganhou caricatura no mural — Foto: Cedida
A secretária de Saúde de Rodolfo Fernandes, Erica Mikaele, também ganhou caricatura no mural — Foto: Cedida

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta sexta-feira (19) pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), a cidade de Rodolfo Fernandes tem atualmente sete casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e nenhuma morte provocada pela doença. Contudo o vírus não deixa de ser uma preocupação no município.

Além dos agradecimentos ao mural, a secretária de Saúde da cidade reforçou a necessidade do isolamento social para combater o avanço da pandemia. “Faço um apelo que fiquem em casa. Não saiam nas ruas, não fiquem aglomerados e usem máscara quando precisar sair de casa. É tempo de cuidado, preservem a vida de vocês e dos seus familiares. Venceremos a pandemia juntos, pois juntos somos mais fortes”.

Jederson, Torricele e Fael agora se preparam para fazer um segundo mural. “Já conseguimos um outro muro e vamos homenagear mais três pessoas: um médico, uma profissional de colhe sangue e um policial, pois eles (policiais) também estão na rua, em contato direto, trabalhando”, adiantou o artista.

Fonte: G1
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Emparn prevê inverno com 'temperaturas um pouco abaixo do normal' no Rio Grande do Norte

Estudos da unidade de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn) mostram que há uma tendência de inverno com temperaturas um pouco abaixo do normal no Rio Grande do Norte. Isto deve ocorrer devido às condições oceânicas, a maior circulação do vento, aumento da umidade e a predominância de dias nublados.

O inverno no estado começa neste sábado (20) e segue até o dia 22 de setembro, quando se inicia a primavera.

Chuva devem aumentar nas regiões Leste e Agreste do Rio Grande do Norte — Foto: Igor Jácome/G1
Chuva devem aumentar nas regiões Leste e Agreste do Rio Grande do Norte — Foto: Igor Jácome/G1

As temperaturas médias no RN deverão variar entre 20,8°C e 27,8°C em junho; entre 19,5ºC e 28,5°C em julho; entre 20,0°C e 30ºC em agosto; e entre 22° e 31ºC, em setembro. Nas regiões serranas (Serra de Martins, Serra de Santana, Serra João do Vale, Serra do Doutor e Serra de São Miguel), a temperatura pode cair até 15ºC.

"Na análise global das condições oceânicas e atmosféricas, o inverno deste ano acontecerá sob a influência do 'Fenômeno La Niña'. As águas no oceano Pacífico Equatorial estarão mais frias do que o normal durante os próximos meses. Essa condição altera um pouco as condições climáticas sobre o Nordeste brasileiro, induzindo uma tendência de uma estação com temperaturas um pouco abaixo do normal, devido à facilidade na circulação do vento e da predominância de dias nublados com chuva", explicou Gilmar Bristot, da Emparn.


Com relação às chuvas, a previsão para o período é de ocorrência de precipitações concentradas nas regiões Leste e Agreste, com volumes esperados de 506,5 e 226,9 milímetros, respectivamente. No interior, deverão ocorrer chuvas, mas em volumes muito baixos: 73 mm na região Central e 85,1 mm no Oeste. A média de chuvas esperada é de 222,9 mm para o estado no período.

Fonte: G1
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Gás de cozinha sofre aumento de 5% e preço do botijão pode chegar a até R$ 76 no RN

O preço do gás de cozinha vai aumentar no Rio Grande do Norte entre R$ 2,50 e R$ 3,50. A Petrobras confirmou ao G1 que o preço médio do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) vendido nas refinarias subiu 5% a partir desta sexta-feira (19), o que vai interferir também no valor final do produto.

Gás de cozinha terá aumento em Natal — Foto: Heloisa Guimarães/Inter TV Cabugi
Gás de cozinha terá aumento em Natal — Foto: Heloisa Guimarães/Inter TV Cabugi

O Sindicato dos Revendedores Autorizados de Gás Liquefeito de Petróleo (Singás-RN) informou que ainda não foi notificado oficialmente sobre a porcentagem desse novo reajuste pela Petrobras e, dessa forma, destaca que não é possível cravar, por enquanto, de quanto será o aumento no preço final.

Apesar disso, o sindicato estima que o valor vai ser entre R$ 2,50 e R$ 3,50, fazendo o preço médio crescer para valores entre R$ 70 e R$ 76. Atualmente, o preço do gás de cozinha no Rio Grande do Norte varia entre R$ 68 e R$ 73. "Esse vai ser o terceiro aumento nos últimos 30 dias", disse o presidente do Singás-RN, Francisco Correia.

"Nós calculamos que vai ficar entre R$ 2,50 e R$ 3,50. Como não nos foi passado oficialmente, é uma especulação. Se o reajuste nos for informado no dia de hoje por exemplo, a partir de amanhã os novos botijões adquiridos já serão vendidos com o reajuste".


Francisco explicou que a recomendação do sindicato é para que o reajuste seja repassado apenas nos novos botijões. "Nossa recomendação é vender o estoque antigo com o preço anterior, sem o reajuste". Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio no estado é atualmente na faixa de R$ 68 e R$ 70.

Ao G1, a Petrobras informou que com o aumento de 5%, o preço médio em que o botijão de 13 kg sairá da refinaria é por R$ 25,29. A empresa informou que, no ano, o acumulado é de redução no preço de 9,1%, o que equivale a 2,52 R$/13kg. O valor final nos estados tem também a influência de impostos estaduais e federais, além das margens de distribuição e revenda.

"Desde novembro de 2019, a Petrobras igualou os preços de GLP para os segmentos residencial e industrial/comercial, e que o GLP é vendido pela Petrobras a granel. As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final", disse em nota a Petrobras.

De acordo com o Singás, no Rio Grande do Norte o consumo médio dos botijões de gás durante o período de isolamento social por conta do novo coronavírus tem sido o mesmo de antes. "A média ficou igual. Nós aumentamos o volume do consumo residencial, mas diminuímos o industrial, que é o de restaurantes e bares", explicou Francisco.

Ele relatou ainda que no início do período de isolamento, em março, temeu que faltasse gás de cozinha no estado, já que muitos clientes estavam comprando até 4 botijões de uma vez. "Isso dava para até cinco meses sem precisar trocar. E tinha gente que não estava conseguindo comprar. Depois de um trabalho de conscientização, perceberam que não necessário essa correria pelo botijão".


Preços de GLP
Segundo a Petrobras, os preços dos GLP "vendidos às distribuidoras tem como base o preço de paridade de importação, formado pelas cotações internacionais destes produtos mais os custos que importadores teriam, como transporte e taxas portuárias, por exemplo. A paridade é necessária porque o mercado brasileiro de combustíveis é aberto à livre concorrência, dando às distribuidoras a alternativa de importar os produtos. Além disso, o preço considera uma margem que cobre os riscos (como volatilidade do câmbio e dos preços)".

Fonte: G1
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Governo define atividades que podem voltar a funcionar na 1ª fase da retomada da economia no RN; confira

O Governo do Rio Grande do Norte publicou um cronograma para a retomada das atividades econômicas no estado e os protocolos de procedimentos que os estabelecimentos precisarão seguir nesse retorno. O funcionamento de diversas atividades econômicas foi suspenso por decreto publicado no dia 20 de março por causa da pandemia do coronavírus.

Comércio do Alecrim, Natal, RN — Foto: Pedro Vitorino/Cedida
Comércio do Alecrim, Natal, RN — Foto: Pedro Vitorino/Cedida

O início da retomada das atividades econômicas está previsto para o dia 24 de junho, mas é condicionado ao cumprimento de protocolos específicos de segurança sanitária. Dentre eles, a ocupação dos leitos de UTI que deve estar abaixo de 70%. A retomada das atividades foi marcada, a princípio, para o dia 17 de junho, mas não pôde acontecer porque a taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 99%.

A portaria que norteia a retomada saiu na edição desta sexta-feira (19) do Diário Oficial. De acordo com o governo, a publicação se refere à Fase 1 do retorno das lojas e demais estabelecimentos. Essa primeira fase, segundo determina a portaria, está subdividida em três frações. Ao todo, serão quatro fases, todas divididas em frações.

O Governo do Rio Grande do Norte publicou um cronograma para a retomada das atividades econômicas no estado e os protocolos de procedimentos que os estabelecimentos precisarão seguir nesse retorno. O funcionamento de diversas atividades econômicas foi suspenso por decreto publicado no dia 20 de março por causa da pandemia do coronavírus.

O início da retomada das atividades econômicas está previsto para o dia 24 de junho, mas é condicionado ao cumprimento de protocolos específicos de segurança sanitária. Dentre eles, a ocupação dos leitos de UTI que deve estar abaixo de 70%. A retomada das atividades foi marcada, a princípio, para o dia 17 de junho, mas não pôde acontecer porque a taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 99%.

A portaria que norteia a retomada saiu na edição desta sexta-feira (19) do Diário Oficial. De acordo com o governo, a publicação se refere à Fase 1 do retorno das lojas e demais estabelecimentos. Essa primeira fase, segundo determina a portaria, está subdividida em três frações. Ao todo, serão quatro fases, todas divididas em frações.

Fonte: G1
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Fundeb: relatora propõe que União contribua com 12,5% para fundo da educação básica em 2021

Fundeb: relatora propõe que União contribua com 12,5% para fundo ...

A relatora na Câmara dos Deputados do projeto que institui o novo Fundeb, deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO), decidiu reduzir a proposta de repasse em 2021 das verbas da União para o fundo, que financia o ensino básico. O valor previsto, de 12,5%, ainda é maior que o atual, mas menor que o descrito inicialmente no projeto.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) foi criado em 2007 como temporário e, por lei, será extinto em dezembro. O Congresso analisa uma nova proposta, para tornar o Fundeb permanente a partir de 2021. O dinheiro do fundo reforça a verba de estados e municípios para investimentos da educação infantil ao ensino médio.

No formato atual, a União complementa o fundo com 10% sobre o valor aportado por estados e municípios. A Câmara debate uma ampliação nesse percentual. Até agora, a fórmula previa 15% em 2021, com aumento de um ponto percentual por ano até o patamar de 20%, de 2026 em diante.

Em razão dos gastos com a pandemia do coronavírus, Dorinha diz que mudou esses números na última versão do parecer. A intenção, agora, é que a União complemente o Fundeb em 2021 com 12,5% do valor total.

O novo relatório continua prevendo o aumento gradual da participação do governo federal, com a meta de atingir os mesmos 20% a partir de 2026. O governo critica esse valor final e tenta negociar uma fórmula com números menores.

O texto refeito prevê 12,5% de complementação em 2021, 15% em 2022, 16,5% em 2023, 18% em 2024, 19% em 2025 e 20% em 2026. Com isso, no fim desse período, o mesmo percentual seria atingido em relação ao cálculo original.

O relatório, ao qual o G1 teve acesso, foi enviado nesta semana para análise do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pretende votar a matéria no plenário nas próximas semanas.


Segundo essa última versão, uma complementação de 12,5% em 2021 custaria R$ 3,5 bilhões à União. Até 2026, os percentuais escalonados somam um impacto de R$ 56,9 bilhões.

Crise econômica

Favorável à renovação do Fundeb, Maia passou a defender que o percentual atual, de 10%, seja mantido em 2021 em razão da situação fiscal do país. Por essa proposta, a complementação só aumentaria a partir de 2022.

“Todos já compreenderam que não pode ser a mesma projeção [de arrecadação] que tínhamos antes da pandemia. Advogo que a gente passe por 2021 e comece o crescimento apenas a partir de 2022”, disse na quinta-feira (18).

Dorinha Seabra, por sua vez, argumenta que estados e municípios precisarão de mais recursos justamente para garantir a volta às aulas com os cuidados necessários para evitar o contágio do coronavírus, como a eventual redução do número de alunos por sala no ano que vem.

“Eu tenho bastante dificuldade em não começar [o escalonamento] em 2021. O Fundeb é um financiamento estruturante e responde por mais de 60% do financiamento da educação básica. (...) O problema fiscal do Brasil não será resolvido se a gente resolver adiar de 2021 para 2022 para aumentar a complementação”, afirmou a deputada nesta sexta-feira (19).

Integrante da comissão especial na Câmara que debateu a PEC, o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) diz concordar com a relatora. “Se não começar a partir do ano que vem, será uma péssima mensagem. O que a gente não consegue aceitar é que a educação tenha esse grau de desatenção [em relação a outros setores]”, disse.

Articulação
O deputado Bacelar (Podemos-BA), que preside a comissão especial na Câmara, tenta articular uma reunião com Rodrigo Maia no início da próxima semana para discutir a nova proposta da relatora. “Estamos trabalhando para votar a PEC até o fim de junho”, explicou.

Por se tratar de uma mudança na Constituição, a PEC precisará ser votada em dois turnos tanto na Câmara quanto no Senado, ainda em 2020, para que não haja uma interrupção do financiamento da educação básica pública.

A ideia é tentar chegar a um texto com o máximo de consenso entre os parlamentares para viabilizar a votação sem sobressaltos no plenário.

Desde o início da pandemia, a Câmara adotou um sistema remoto de votações que evita a aglomeração em plenário. Por outro lado, segundo os deputados, a conversa virtual dificulta os acordos de última hora.

Segundo o líder da oposição na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE), há um entendimento para que a votação seja feita até a primeira semana de julho. Para o deputado, a pandemia torna o tema ainda mais relevante, já que a crise deverá escancarar ainda mais as desigualdades na educação básica.

“Temos que nos preocupar com o curtíssimo prazo porque houve uma queda nos repasses do Fundeb por conta da queda de arrecadação. Temos que atuar tanto na prorrogação do Fundeb quanto na questão imediata”, disse.

Já o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), titular da comissão especial do Fundeb, defende que a ampliação do fundo seja discutida apenas após a pandemia. Segundo o parlamentar, o ideal seria aprovar uma PEC para estender o Fundeb nos moldes atuais por um ano e, em 2021, discutir uma alteração mais profunda, “alinhada à nova realidade”.


“É extremamente importante termos um novo Fundeb, mas acredito não ser prudente votarmos neste momento, quando ainda não temos uma avaliação do nosso cenário fiscal causado pela pandemia”, disse.

Percentual
Além do momento "ideal" para votar a PEC, o percentual de complementação da União deverá ser outro ponto de embates.

Para o presidente da comissão externa que acompanha os trabalhos do Ministério da Educação, deputado João Henrique Campos (PSB-PE), a redução do aporte inicial pode até ser feita, mas desde que se chegue aos 20% em 2026.

“A gente não pode admitir essa possibilidade de mudar no longo prazo. O que pode ser discutida é a transição [do percentual]”, afirmou.

Líder do PSOL, a deputada Fernanda Melchionna (RS) se diz contrária à redução do percentual de 15%, previsto originalmente no parecer da relatora Dorinha.

“Se diminuir os recursos, vai ser mais difícil combater as desigualdades históricas e os impactos da pandemia”, afirmou a deputada. “Vamos fazer essa luta se o governo quiser rebaixar os valores”, acrescentou.

Governo
A construção da proposta sobre o novo Fundeb se deu, até o momento, sem a participação do Ministério da Educação. O motivo: a dificuldade de diálogo com o ministro Abraham Weintraub. A articulação, muitas vezes, ficou restrita a técnicos da área econômica.

Sem consenso sobre o percentual da União no fundo, Weintraub chegou a defender que o governo encaminhasse uma proposta própria, que limitaria a participação do Executivo a 15%, ignorando a PEC já em tramitação na Casa. A pasta, porém, nem chegou a enviá-la.

A saída dele do cargo, anunciada na quinta (18), poderá ajudar no debate com o governo, na avaliação da bancada da educação. Até a noite desta sexta, Weintraub seguia no posto.

"O ministério não participou em nada com o ministro Weintraub. Não cabe aventureiro, não cabe alguém que não respeite a educação. Tomara que seja um nome que possa pacificar o ministério, não ampliar o fosso [com o Congresso]”, disse João Henrique Campos.


O cálculo em disputa
O Fundeb entrou em vigor em 2007 e reúne parte dos impostos arrecadados pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios ao longo do ano. A União participa com 10% adicionais sobre esse somatório.

Esse montante, uma vez reunido, é repassado para as unidades da Federação que tiveram a menor arrecadação (e com isso, o menor investimento) por aluno. Em 2019, nove estados do Norte e do Nordeste receberam essa complementação.

Em 2019, o Fundeb reuniu R$ 166,61 bilhões – R$ 151,4 bilhões de arrecadação estadual e municipal, e R$ 15,14 bilhões da União.

Se a complementação fosse de 15%, como acontece no "ano um" da PEC em análise na Câmara, os cofres federais enviariam R$ 22,71 bilhões ao fundo.

Com o novo cálculo, de 12,5%, o aporte passaria para R$ 189,25 bilhões. Os valores reais devem ser diferentes porque, além de aumentar o gasto público, a pandemia do coronavírus também afetou negativamente a arrecadação de impostos em todo o país.

Mesmo que esses valores fossem mantidos estáticos – ou seja, que estados e municípios arrecadassem exatamente os mesmos valores de impostos que em 2019 –, o aumento gradual de um ponto percentual da complementação até 2026 representaria R$ 1,5 bilhão a mais, ano após ano.

Em 2026, o governo federal chegaria ao aporte de 20% adicionais, ou R$ 30,28 bilhões com base nos impostos de 2019.

Fonte: G1
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Morre prefeito de Borebi que contraiu Covid-19

O prefeito de Borebi (SP), Antônio Carlos Vaca (PSDB), que estava internado com Covid-19 em Bauru, morreu na manhã deste sábado (20). A cidade contabiliza, até o momento, 9 casos positivos.

Morre prefeito de Borebi que contraiu Covid-19; Antônio Carlos Vaca — Foto: Prefeitura de Agudos/Divulgação
Morre prefeito de Borebi que contraiu Covid-19; Antônio Carlos Vaca — Foto: Prefeitura de Agudos/Divulgação

Segundo o assessor, Fábio Alvares, o prefeito de 73 anos teve morte cerebral na noite de quarta-feira (17), mas não foi preciso desligar os aparelhos. Neste sábado, foi confirmada a morte.

Moradores soltam balões brancos para homenagear prefeito de Borebi — Foto: Vanessa Aguiar/TV TEM
Moradores soltam balões brancos para homenagear prefeito de Borebi — Foto: Vanessa Aguiar/TV TEM

De acordo com a assessoria, seria feito um cortejo em Borebi em homenagem ao prefeito no começo da tarde pelas principais ruas da cidade. No entanto, a Defesa Civil proibiu o ato.


Por isso, veículos ficaram estacionados e moradores soltaram balões brancos enquanto o carro da funerária passava pelo portão de entrada da cidade, pouco antes das 13h. Não haverá velório e ele será enterrado no Cemitério Municipal de Borebi.

Corpo do prefeito de Borebi chegou na cidade por volta das 13h — Foto: TV TEM/Reprodução
Corpo do prefeito de Borebi chegou na cidade por volta das 13h — Foto: TV TEM/Reprodução

Antônio Carlos estava internado no hospital em Bauru desde 24 de maio. Dois dias antes, ele tinha sido internado em um hospital de Lençóis Paulista e, por conta da gravidade, foi transferido para Bauru. Ele precisou passar por hemodiálise durante o tratamento e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O prefeito esteve na capital paulista - epicentro da doença no país - há quase dois meses pra cumprir compromissos da prefeitura de Borebi.

Antônio Carlos estava no terceiro mandato como prefeito de Borebi. Ele foi o primeiro prefeito eleito da cidade, em 1992, e também foi vereador, quando Borebi era distrito de Lençóis Paulista.

Além disso, foi professor em Borebi e moradores relataram à TV TEM que ele era muito querido na cidade. Segundo o secretário de saúde e amigo do prefeito, Regis Cirilo, Vaca deixou uma lembrança positiva.

“A cidade sente muito, a região sente muito. Ele era muito amado pelos cidadãos, em Agudos era muito querido também. Ele era um prefeito conhecido regionalmente, quando chegava nas secretarias de São Paulo e até Brasília. A lembrança é esse exemplo de humanidade que ele tinha. Ele atendia as pessoas com humanidade, com carinho, com respeito”, comenta o secretário.


Em nota, o Hospital Unimed Bauru informou que o paciente Antonio Carlos Vaca evoluiu a óbito às 7h05 deste sábado (20). Disse que ele estava internado desde o final de maio na UTI com quadro grave de insuficiência respiratória e que o resultado do exame feito pelo Instituto Adolfo Lutz, deu positivo para Covid-19.

Posse do vice-prefeito
O vice-prefeito de Borebi, Pedro Miguel de Araújo, assumiu o cargo que era ocupado pelo prefeito Antônio Carlos Vaca depois que ele recebeu o diagnóstico de morte cerebral.

De acordo com a Lei Orgânica do Município, a partir do 15º dia de afastamento do prefeito, o vice deve ser empossado.

Fonte: G1
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OMS registra recorde de casos novos de coronavírus num único dia

A Organização Mundial da Saúde registrou, na quinta-feira (18), um recorde de casos novos de Covid-19 num único dia: 150 mil.

OMS registra número recorde de casos de coronavírus em um único ...

O diretor-geral, Tedros Adhanom, avisou: a pandemia está acelerando e o mundo está numa fase nova e perigosa.

O chefe da OMS disse que é compreensível que muita gente esteja cansada de ficar em casa e que países estejam ansiosos para reabrir a economia, mas alertou que o vírus ainda está se espalhando rapidamente, ainda é mortal e a maioria das pessoas ainda está suscetível. E pediu que todos os países e todas as pessoas fiquem extremamente vigilantes.

Ao ser questionado sobre o Brasil, o diretor-executivo do programa de Emergências da OMS, Mike Ryan, elogiou os profissionais de saúde que estão, nas palavras dele, bravamente na linha de frente. Ele afirmou que os profissionais da saúde representam 12% dos infectados pelo novo coronavírus no Brasil e destacou a coragem e o profissionalismo para servir aos brasileiros.

Fonte: Jornal Nacional
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Prefeito de Bruges, na Bélgica, é esfaqueado no pescoço

O prefeito de Bruges, na Bélgica, foi esfaqueado no pescoço neste sábado (20) por um homem que foi rapidamente detido, informou a promotoria da cidade.

Dirk De fauw, prefeito de Bruges, na Bélgica — Foto: Dirk De Fauw/Twitter
Dirk De fauw, prefeito de Bruges, na Bélgica — Foto: Dirk De Fauw/Twitter

Dirk De fauw, 62 anos, que também é advogado, foi levado para o hospital e deve passar por uma cirurgia. Sua condição é "estável", afirmou a porta-voz da promotoria, Céline D'havé.

A porta-voz confirmou a abertura de uma investigação por "tentativa de homicídio".

Ela não revelou nenhuma informação sobre o homem detido.

De acordo com os primeiros elementos revelados pela imprensa local, o ataque teria acontecido perto do escritório de advocacia de De fauw, no bairro de Saint-Andries.

O criminoso poderia ser um cliente ou ex-cliente do advogado, "com um passado psiquiátrico", afirma o site do jornal Het Laatste Nieuws.

"É muito cedo para falar algo, estamos investigando as circunstâncias", disse D'havé à AFP.

Fonte: G1
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Farmacêutica suíça encerra estudo sobre hidroxicloroquina

O grupo farmacêutico suíço Novartis anunciou o fim de um teste clínico sobre a hidroxicloroquina para tratar os pacientes de Covid-19. Segundo a empresa, o motivo é a falta de participantes, informou a agência France Presse.

Foto mostra comprimidos de hidroxicloroquina, substância usada para tratar malária e algumas doenças autoimunes, como lúpus. — Foto: John Locher/AP
Foto mostra comprimidos de hidroxicloroquina, substância usada para tratar malária e algumas doenças autoimunes, como lúpus. — Foto: John Locher/AP

Em um comunicado, a Novartis explica que tomou a decisão de "deter e encerrar um teste clínico com hidroxicloroquina contra a Covid-19" pelas graves dificuldades de contratação dos participantes, o que tornou "impossível" finalizar o estudo.
Em 20 de abril, o grupo anunciou um acordo com a agência americana de medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), para organizar testes clínicos de fase 3 da hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados por Covid-19.

Os testes tinham como objetivo avaliar o uso do tratamento em 440 enfermos em uma dezena de cidades nos Estados Unidos.

Mas, em 15 de junho, as autoridades de saúde americanas retiraram a autorização do uso em caráter de urgência de dois tratamentos contra a Covid-19, a cloroquina e a hidroxicloroquina, que o presidente Donald Trump chegou a defender durante algum tempo.

A FDA anunciou, em 28 de março, a autorização para a prescrição destes tratamentos contra a malária, apenas no hospital, a pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Polêmica
A polêmica sobre a eficácia da hidroxicloroquina passou da área científica e entrou no debate político.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu pela segunda vez testes com este tratamento e chegou à conclusão de que o fármaco eficiente no tratamento contra a malária não reduz a taxa de mortalidade dos pacientes hospitalizados de Covid-19.

No Brasil, o Ministério da Saúde informou que vai ampliar as orientações de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o tratamento precoce da Covid-19 em dois perfis de pacientes: crianças e grávidas.

Questionada pelo G1 sobre se há novos estudos e evidências científicas que justificam a manutenção das orientações para uso do droga, a representante do Ministério da Saúde desqualificou a decisão dos EUA, afirmando que o FDA se baseou em trabalhos de "péssima qualidade".

"Os trabalhos usados não podem ser referências utilizadas, são trabalhos de péssima qualidade metodológica, vamos continuar produzindo bons trabalhos no Brasil e vamos aguardar que o mundo produza evidências clínicas de nível A", disse a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro.

Fonte: G1
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A questão é saber se chegaremos ao final da pandemia com vergonha ou com decência, diz Mario Sergio Cortella

Para o filósofo, escritor, palestrante e professor universitário Mario Sergio Cortella, o isolamento social tem trazido à tona memórias da juventude. No início dos anos 70, aos 18 anos de idade e em busca de uma experiência religiosa mais intensa, o então estudante de filosofia decidiu viver três anos enclausurado em um convento da Ordem dos Carmelitas Descalços.

Para Cortella, é muito ruim que combate à pandemia divida atenção no país com ameaças à estabilidade democrática — Foto: Chico Max/ BBC
Para Cortella, é muito ruim que combate à pandemia divida atenção no país com ameaças à estabilidade democrática — Foto: Chico Max/ BBC

Embora tenha decidido não seguir com a carreira religiosa ao descobrir-se apaixonado pela docência, afirma que a experiência reverbera até hoje, principalmente no recolhimento da pandemia. "Afora as quatro horas no período da manhã em que eu ficava na universidade de segunda a sábado, no restante do dia eu tinha companhia por umas duas horas apenas", relembra.

Da janela de sua cela, como era chamado seu quarto no convento, via-se o pico do Jaraguá, recorda o professor e autor de best-sellers, que afirma jamais ter previsto que o aprendizado daqueles dias voltaria a ser tão útil em 2020, aos 66 anos.

Trabalhando em esquema de home office e na divulgação do livro "A diversidade: Aprendendo a Ser Humano", em que aborda o preconceito racial, o escritor e a mulher, Cláudia, têm se revezado também nas tarefas domésticas, às quais o jovem Cortella se dedicava com afinco nos seus dias de convento.

"No convento todos nós tínhamos que trabalhar o tempo todo", diz o professor, que era responsável pela criação de coelhos e pelo cultivo dos pinheiros na comunidade.

Lidando "sem sufoco" com o isolamento atual, sua maior preocupação no momento é justamente com o "fosso" existente entre as diferentes condições em que muitos brasileiros estão enfrentando a pandemia.

"Se nós não dermos conta, enquanto nação, do cuidado com aqueles que são mais vitimados pela ausência de recursos financeiros, de emprego decente, de alimentação, de uma moradia saudável, se nós não cuidarmos disso desde agora haverá um aprofundamento desses fossos", alerta o acadêmico, que defende que um dos papéis da filosofia é iluminar o caminho sobre os perigos em tempos de angústia como o atual.
Adepto do "otimismo crítico", como ele define, Cortella diz que a pandemia levanta questionamentos éticos a todos os brasileiros sobre como foi possível que a situação chegasse a tal ponto.

"A questão não é só eu chegar ao final desse túnel escuro que é a pandemia, e ali respirar aliviado porque eu o atravessei. É como é que eu chegarei? Se eu chegarei com decência, se eu chegarei com a ideia de que mereci mesmo atravessar e lá chegar, ou se chegarei envergonhado", afirma.
"Para que eu não tenha nenhuma vergonha de deixar de fazer o que eu deveria ter feito, de ter esquecido que eu poderia ter feito, e mais do que tudo, aquilo que é parte de uma solidariedade que neste momento não pode de modo algum ser só retórica, 'estamos juntos!', 'estou com você!'. Como é que é isso no cotidiano?", questiona.

"O descuido vem da onde? Ele não vem só daquilo que se faz, mas também daquilo que não se faz. Vem também não só daquilo que se diz, mas daquilo que se omite. O descuido vem quando há ausência de compaixão, ausência de transparência, e nós podemos ter isso em várias nações e também na nossa encontramos isso."

Cortella diz, no entanto, acreditar que prevalecerá a capacidade humana de reinventar novos modos de superação.

"Persiste em mim a possibilidade de imaginar algo que eu sempre lembro e que os nosso avós, bisavós, trisavós, diziam sempre: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe."
Leia os principais trechos da entrevista, concedida por meio de teleconferência:

BBC News Brasil - Eu sei que o senhor é um otimista nato. Na quarentena o senhor continua otimista? Como tem sido esse isolamento?

Mario Sergio Cortella - São dois momentos e dois movimentos que não são idênticos. Para mim não é tão complexo o isolamento, por várias razões. Primeiro, eu estou habituado a um trabalho, uma atividade que, embora em vários momentos seja em meio ao público, a palestras, a viagens, à convivência, a hotéis, cidades, etc, ainda assim, uma parte da minha atividade é mais quieta, na medida em que eu também escrevo, também faço atividades que me colocam em um certo silêncio.

Do ponto de vista material, das circunstâncias, eu não tenho e não tive até o momento nenhum obstáculo intransponível, em relação às minhas provisões, às minhas capacidades, minhas necessidades. Cláudia, com quem sou casado e eu, em todo esse tempo, partilhamos nossas tarefas e cada um de nós continua atuando, naquilo que é possível, pelo trabalho a partir de casa.

Há, no entanto, uma agonia muito grande na medida em que a gente, mesmo estando protegido, sabe o número de pessoas que, em uma atividade essencial, que não é o caso da minha, têm que se colocar em uma vulnerabilidade maior.

Por isso eu não passo por nenhum tipo de sufoco neste momento, exceto o sufoco interior relativo à preocupação com a vida em geral, com outras pessoa à minha volta, não só a família, o ciclo de amigos, mas todo o conjunto do modo da vida humana que sofreu ali uma alteração.

Mas como você lembrava, eu tenho sim um otimismo crítico, não é um otimismo ingênuo em que eu acho que tudo ficará bem, que basta nós aguardarmos e virá. Mas eu acho que nós humanos e humanas somos capazes, na nossa trajetória, na reinvenção de muitos modos de superação.
Esse [momento] é muito complexo, instigou a necessidade de maior humildade da nossa parte, especialmente quanto à nossa suposição equivocada de que éramos absolutamente invencíveis. Mas também nos gerou outros modos de contato e relação.

Por isso, persiste em mim a ideia da esperança ativa, persiste em mim a possibilidade de imaginar algo que eu sempre lembro e que os nossos avós, bisavós, trisavós, diziam sempre: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.

Eu não supus, aos 66 anos de idade que eu tenho, que eu encontraria essa condição. E fico imaginando o que dirão meus quatro netos daqui a 30, 40 anos, o que que eles viveram. O que que isso significou, qual foi o impacto na vida deles. Isto é, como é que será relatado o passado em um futuro daqui a algumas décadas.

BBC News Brasil - O senhor, quando morava em Londrina, pertencia à ordem católica dos Carmelitas Descalços, onde o senhor viveu um período enclausurado.

Cortella - É, mas não foi em Londrina (PR). Eu nasci em Londrina, meus pais paulistas estavam ali no norte do Paraná. De lá saí para a cidade de São Paulo, onde moro até hoje, no final do ano de 1967.

E aqui eu estudei, terminei o que seria o antigo ginásio. E quando eu entrei na universidade, quando terminei o primeiro ano de filosofia, eu tinha 18 anos. Decidi que eu queria fazer uma experiência religiosa mais intensa.

A religiosidade é uma herança familiar, minha família tem uma tradição familiar católica, minha mãe — hoje com 91 anos de idade, e moramos perto, a um quarteirão e meio — tem formação católica.


Eu sempre tive a perspectiva de que poderia, na minha profissão, mais adiante, também ter a escolha da atividade da pregação, do trabalho missionário, que é algo que eu tinha desde Londrina, como uma condição mais direta.

E ao fazer 18 anos e entrar na universidade eu decidi que ia entrar em uma ordem religiosa na qual pudesse viver uma experiência de clausura, isto é, enquanto estava na universidade, que eu pudesse ficar fechado numa clausura aprendendo coisas, lidando com a vida, olhando mais para o chão e não apenas para o alto das coisas e, portanto, fiquei três anos em um convento da Ordem Carmelitana Descalça, na Rodovia Anhanguera, no km 18,5.

Da janela da minha "cela", do meu quarto, dava para ver o pico do Jaraguá inteirinho. Não existe mais esse convento, aquele espaço do convento foi mais tarde vendido pela ordem, que foi para outro lugar, e até hoje ele abriga um complexo local de produção de notícia, de informação, de televisão, é sede de uma das TVs que nós temos no Brasil (nota do editor: são os estúdios do SBT).

Esses pinheiros, alguns que eu ajudei a plantar e que eram pequenas mudas, olha só, 45 anos depois, esses pinheiros hoje são árvores imensas. E quando eu vou à emissora de TV e passo pelo estacionamento eu olho os pinheiros dos dois lados, que eu ajudei a fazer.

Entendi que minha rota de vida não se daria naquela direção, que eu gostava mesmo da docência porque num convento e numa atividade missionária que acontecia nos intervalos da universidade, eu gostava muito de atividades de convivência em regiões distantes no Brasil. Estive na Amazônia algumas vezes, em comunidades de nações indígenas, e outras em comunidades mais distantes.

BBC News Brasil - A minha curiosidade é: agora, nessa experiência de isolamento, isso despertou memórias do senhor dessa época? Tem aspectos que o senhor compara?


Cortella - Claro, em vários momentos. Porque em uma ordem religiosa, especialmente em uma ordem carmelitana, embora a gente não fique isolado de modo contínuo, existe um isolamento programático, isto é, momentos em que a solidão é necessária para a meditação, para a produção, para o estudo.

Digamos que, afora as quatro horas que eu passava na universidade toda manhã, no restante do dia eu tinha companhia por apenas duas horas. Também no restante eram momentos de quietude.

Até quando se ia para a capela, naquilo que se chama no mundo religioso católico das ordens de momento do ofício, se fazia ali um momento de silêncio, de reclusão. Por isso eu reavivei várias situações desse tipo — embora hoje eu não possa dizer que seja católico, porque seria ofensivo dizer que sou um praticante de uma religião dado que não frequento igrejas, não vou a cultos, etc —, a ideia da forma mais isolada de ser, o silêncio, dado que o convento ficava afastado da beirada da estrada, havia um silêncio imenso naquele lugar. E também daquilo que é o trabalho doméstico, digamos.

Durante boa parte da minha vida eu contei com auxílio de pessoas em relação a alimentação, roupa, faxina, limpeza, por conta de ter uma atividade externa. Mas no convento, não. No convento, todos nós tínhamos que trabalhar o tempo todo. Um dos lemas clássicos que o cristianismo coloca a partir de uma carta de um dos apóstolos que não conheceu Jesus, mas é o principal teólogo na origem cristã, que é Paulo, em uma das cartas de Paulo, ele diz: quem não trabalha não come.

E eu tinha duas atividades: afora ter que cuidar das minhas coisas, afora o fato de que nós não tínhamos propriedade privada no convento, isto é, tudo era comunitário. Até financeiramente. Se eu recebesse algum presente, algum dinheiro, alguma contribuição, era colocada em uma caixinha, literalmente, uma caixa de sapato. E ali, quem precisava pegava, e quem tinha, colocava.


Esse modo de vida comunitária foi facilitador, mas eu cuidava de duas coisas: a mim cabia cuidar de algo que hoje eu acho um pouco estranho, eu ajudava a cuidar de coelhos, que compunham parte da alimentação do convento.

E a segunda: eu cuidava dos pinheiros, isto é, da área imensa de pinheiros que se tinha, e como sabem muitas pessoas, ele pega fogo com facilidade, porque ele tem uma resina. Então, para manter toda a parte de baixo sempre limpa.

BBC News Brasil - Falando um pouco agora de outro aspecto da pandemia sobre o qual o senhor fala muito, que é a cidadania. Essa pandemia evidenciou que muitos brasileiros não têm esse direito à cidadania, a direitos básicos, e questões de desigualdade com as quais nós convivemos na sociedade viraram uma questão de vida ou morte. Como essa convivência de nós brasileiros com tantas pessoas sem cidadania nos afeta?

Cortella - Uma das questões mais sérias deste momento é nós trazermos à mente algumas perguntas decisivas, especialmente no campo ético. A pandemia evidenciou desigualdades, fissuras, fossos. Ela não os criou ainda, mas vai criá-los.

Se nós não dermos conta, enquanto nação, do cuidado com aqueles que são mais vitimados pela ausência de recursos financeiros, de emprego decente, de alimentação, de uma moradia saudável, se nós não cuidarmos disso desde agora, haverá um aprofundamento desses fossos. Esses fossos existiam, mas agora ganharam uma nitidez imensa. Eles estão à nossa volta como parte daquilo que no jornalismo se chama de pauta. Uma pauta cotidiana, que está à mostra.

Há duas atitudes possíveis: uma é fechar os olhos e imaginar que não está acontecendo, o que não só é tolo, como de nada adiantará em relação a levar a uma solução. A segunda forma é fazer-se uma pergunta que é: mas o que foi que eu fiz? Porque uma tendência nossa nessas situações é dizer: o que foi que eu fiz? Porque a resposta é fácil (...): eu não fiz nada para isso (pandemia) acontecer.

Mas a pergunta tem que ser outra: o que foi que eu não fiz? O que que eu deixei de fazer, eu Cortella, como uma pessoa que vive nesta nação, para que coisas como essas que agora estão sendo evidenciadas chegassem em um nível que ganham uma característica aterrorizante para quem nessa situação já está?
Segundo: se aquilo que eu deixei de fazer é algo que eu não posso refazer, porque aquele tempo não existe, o que eu posso fazer desde agora? É necessário que a gente olhe sempre com uma perspectiva: face aquilo que temos, ou a pessoa diz 'o que eu posso fazer', de modo entregue, desanimado, até acovardado e, eventualmente, cúmplice. Ou coloca um ponto de interrogação e diz 'o que eu posso fazer?' E sai em busca de uma resposta e vai buscá-la.

Será vergonhoso, e eu venho insistindo nesse tema, todas as vezes que alguém toca nesse assunto como você agora fez. A questão não é só eu chegar ao final desse túnel escuro que é a pandemia, e ali respirar aliviado porque eu o atravessei. É: como é que eu chegarei? Se eu chegarei com decência, se eu chegarei com a ideia de que mereci mesmo atravessar e lá chegar, ou se chegarei envergonhado.

É preciso também que eu me sinta mais respeitoso comigo e olhe tudo o que houve para que eu não tenha nenhuma vergonha de deixar de fazer o que eu deveria ter feito, de ter esquecido que eu poderia ter feito, e mais do que tudo, aquilo que é parte de uma solidariedade que neste momento não pode de modo algum ser só retórica, "estamos juntos!", "estou com você!". Como é que é isso no cotidiano?
Ora, nosso país passará por momentos mais difíceis do que estamos vivendo agora no ponto da capacidade de acesso a bens, a meios, ao provimento da vida. O mundo passará, mas nós também. (...) Por isso volto e concluo: O que foi que eu não fiz? E aí pensar no que eu devo fazer.

BBC News Brasil - A pandemia, além de mexer com a nossa rotina, nos traz novos questionamentos éticos, sobre como convivemos com isso até agora. E quando se fala do poder público? Em muitos países, o governante teve esse papel de unir as pessoas, dar esse sentimento de nação. Aqui no Brasil nosso presidente tem sido mal avaliado na condução da pandemia e acusado de demonstrar pouca solidariedade. Isso pode ser considerada uma postura antiética neste momento?

Cortella - Duas coisas. Primeiro, Millôr Fernandes lembrava sempre, é verdade, que um povo que precisa de salvador não merece ser salvo. Afinal de contas, nós temos que negar o que em larga razão teve Lima Barreto quando disse que no Brasil nós não temos povo, nós temos público.

Há pouco menos de 100 anos, ele dizia, com toda razão, e porque é parte da nossa trajetória a postura de espectadores daquilo que está acontecendo à nossa volta. É algo que agrava a circunstância, mas não é uma fatalidade que nos leve a ficarmos sem ação.

Neste momento eu acho extremamente desconcertante o modo como a gestão do Executivo federal vem fazendo a condução daquilo que é a atual crise profunda que o país vive. Nós temos exemplos cotidianos de colisões internas.

Voltando ao teu ponto de partida: será que é antiético? Se a gente entender a ética como sendo o cuidado com a vida coletiva. Todas as vezes que há um descuido isso acaba se tornando antiético. E o descuido vem da onde? Ele não vem só daquilo que se faz, mas também daquilo que não se faz.

Vem não só daquilo que se diz, mas daquilo que se omite. O descuido vem quando há ausência de compaixão, ausência de transparência, e nós podemos ter isso em várias nações e também na nossa encontramos isso.

Aliás, uma das coisas que nos faz falta hoje são lideranças comprometidas com a preservação da integridade das vidas do país, de modo que não se resvale apenas para a disputa no campo da ideologia ou da política.

BBC News Brasil - Há um clima de conflito entre os poderes, e se discute se há riscos para a democracia. Isso preocupa o senhor?

Cortella - Eu tenho um livro com o Renato Janine Ribeiro que eu gosto muito do título dele, do conteúdo também: "Política para não ser idiota" foi lançado há muitos anos e é um diálogo entre nós. E nós ali lembramos que a palavra idiota significava uma pessoa que ficava olhando só para o próprio umbigo, que não era capaz de tomar conta também da vida da comunidade. E político era aquele que ajudava a cuidar da comunidade.

Sendo eu um cidadão, eu não sou um político institucional, eu não sou um político partidarizado, não sou um político formalizado como atividade profissional. Mas eu sou um cidadão, por isso eu sou alguém que tem que se interessar pela vida da comunidade.
Eu nasci em 1954. A primeira vez que eu votei para a Presidência da República foi em 1989, 100 anos após a proclamação da República.

E eu já era alguém que estava como adulto, já era pai. Isso significa que essa castração de alguns dos mecanismos do cidadão em relação ao voto (ocorreu) durante um período. Havia um movimento de censura, havia uma atividade em que se tinha uma repressão a várias manifestações, e o nosso país ultrapassou essa fase.

Nosso tempo republicano não é tão extenso, ele tem 131 anos. Mas dentro dessa República, desde 1989, nós ainda temos um período muito restrito de democracia no sentido mais amplo.

Nós tivemos durante o período republicano governos em que o voto era censitário, em que se votava a partir do tanto de propriedade que se tinha. A proibição do voto ao analfabeto até 1988 na nossa Constituição tirou do circuito da possibilidade de escolha milhões e milhões de brasileiros.


Nossa democracia é muito recente. Pessoas com mais idade como eu entendem mais fortemente qual é o impacto que traz a ausência da democracia na possibilidade de liberdade de ação, de pensamento.
Quando nós temos hoje manifestações quase que cotidianas de algumas pessoas que se dizem avessas à democracia, embora na democracia se possa isso dizer, a grande diferença entre uma democracia e uma ditadura, que alguns reivindicam, é que em uma democracia eu posso reivindicar a ditadura, mas na ditadura eu não posso reivindicar a democracia. Essa é uma diferença decisiva.
Por outro lado, nós brasileiros temos, eu digo vez ou outra, um afeto um pouco mais limitado pela nossa democracia. A gente não a afaga com tanta tranquilidade.

Uma democracia é aquela que fez com que os conflitos sejam coordenados, para que a gente não chegue ao confronto. O fato de alguém pensar diferente de mim na política não significa que a pessoa esteja equivocada. Mas não é porque ela pensa como eu que só por isso ela está certa.
Nós podemos ter pensamentos diferentes, eles podem ser até divergentes, estão em campos separados, mas isso não coloca em mim o desejo de fazer com que essa pessoa seja enclausurada, detida, descartada, a menos que ela cometa algo que é considerado absolutamente criminoso, inconstitucional, uma brutalidade na nossa sociedade.

Por isso sim, é muito ruim nós já termos uma pandemia que é massiva e enquanto isso temos também que lidar com contínuas ameaças à nossa estabilidade democrática. Afinal, se alguém tem algum tipo de intenção em relação ao debate sobre a nossa democracia, esse não é o momento mais adequado.

Porque até quem defende a presença de uma ditadura, por exemplo, essa ditadura o que faria em relação à pandemia no nosso país? Ofereceria o quê? São as instituições democráticas que estão atrapalhando o combate ao vírus? O contrário.

Todas as vezes em que há um abalo nas instituições democráticas se retarda a condição de combate ao vírus.

Seria uma contribuição patriótica tão grande, não que a gente deixasse as nossas diferenças, porque elas estão abaixo ou acima de nós, mas que elas fossem colocadas lateralmente nesse momento para que a gente pudesse lidar com aquilo que é decisivo.
BBC News Brasil - Neste momento em que estamos vivendo tantas crises ao mesmo tempo, a filosofia pode ajudar? Que pensamentos ela oferece para momentos de angústia como o atual?

Cortella - A filosofia não tem a finalidade de serenar. Mais do que isso, a tarefa da filosofia é levantar indagações sobre o sentido das coisas, por que fazemos o que fazemos.

BBC News Brasil - Me refiro a esse sentido, porque as pessoas estão se questionando mais.

Cortella - Isso. A filosofia não é um conhecimento prático no sentido operacional técnico. Ela é uma possibilidade de pensar o próprio pensamento, de pensar o sentido como significado e direção das nossas ações. Nessa hora, auxilia.

Não que ela vá fazer com que você passe a ter mais trabalho, que a economia se reative. Mas quando a gente mergulha em alguns pensadores, algumas convicções, ela retira de nós algumas de nossas certezas imobilizadas, e também nos coloca em um campo de criatividade.

O pensamento filosófico, que é metódico, estruturado, aumenta nossa condição de repertório para nossa criatividade de enfrentamento. Embora não seja consoladora, a filosofia ainda assim contribui para que a gente consiga entender que parte de aquilo que conosco está não decorre de uma fatalidade, mas de uma circunstância, que talvez nós consigamos aprender mais com aquilo que estamos vivendo do que os danos que isso poderá trazer para quem passar pela pandemia sem qualquer tipo de cicatriz mais densa.

Pessoas ligadas a essa área, também da filosofia, têm sido muito convidadas para participarem de conversas, de entrevistas, não porque a gente consiga dizer 'é aqui que é a direção', mas porque a gente consegue, por vez ou outra, lembrar a frase de um filósofo mineiro que já faleceu, o Neidson Rodrigues, 'a tarefa da filosofia é como a do farol no mar'. Aquele farol na ilha. A tarefa do farol não é dizer para onde você vai, é alertar em relação aos perigos.

BBC News Brasil - Duas coisas que mudaram radicalmente agora, entre tantas, foi a educação. Muitos pais de repente se transformaram em professores e numa convivência com os filhos totalmente diferente. E outro público que me vem à cabeça é o jovem, que ia começar agora seu plano, sua educação, fazer o Enem, fazer a faculdade. O senhor como educador experimentadíssimo, o que diria para esses dois públicos?

Cortella - Fico feliz que a gente conclua a nossa conversa com essa questão porque eu gosto muito de educação escolar também. O que a pandemia nesse novo modo nos ensina é que esta atividade que hoje é feita em casa não é substitutiva àquilo que a escola no dia a dia oferece. A escola é uma experiência sociocultural insubstituível.

Ela não é só um local de aprendizado de conhecimentos e informações. Ela é de convivência, de aprendizado de valores, de cidadania, solidariedade. Portanto, hoje esse modo emergencial em que a escolarização está sendo feita é complementar, ela não é suplementar.

Quando nós cessarmos este momento, claro que a própria escola terá aprendido várias coisas. Uma delas é que, para recuperar uma parte do tempo que teve que ser adiado, alguns conteúdos terão de ser deixados de lado para que se compense os patamares de aprendizado e as referências.

E aí se notará que, ao fazer a escolha de quais conteúdos podem ser deixados neste caminho, talvez eles não fossem necessários na rota que estava sendo trilhada. E esse é um aprendizado, que a gente chama de seleção de conteúdo ou organização curricular, que é algo que nos ensinará bastante.

Eu tenho visto colegas meus educadores de educação básica, e alguns têm me dito isso nas escritas que fazem, nas redes sociais: nem nós somos tão ruins, dizem eles, como capacidade de aprender o mundo tecnológico, que a gente achou que não conseguiria, nem parte das crianças e jovens é tão preparada como suporiam.

E por último, no sentido literal da expressão, o jovem que se preparava para uma etapa sabe hoje que uma circunstância, sendo ela de fato provisória, e se as autoridades públicas souberem lidar com esse momento, ela não alterará tanto esse caminho.

Quando eu tinha 17 anos e ia para a universidade, 17, 18, 20 anos era um terço da vida média, porque (vivia-se), em média, 60 anos.

Ora, um menino ou uma menina de 16, 17 anos hoje está em um quinto da vida dele. (...) Por isso, não é uma questão de impedir. É adiar uma circunstância. (Isso) se as autoridades públicas forem capazes de usar a racionalidade pedagógica para não produzir um assassinato das condições educacionais escolares, que são necessárias.

Portanto, talvez nós nos lembremos que esta circunstância é só um momento transitório, que terá efeitos mais adiante, mas que a educação escolar, especialmente, vem aprendendo e vem ensinando bastante.

Nunca tantas pessoas entenderam que a escola não é só um lugar para aprender os componentes curriculares, matemática, língua estrangeira moderna, biologia, física.

BBC News Brasil - E a valorizar os professores, né?

Cortella - Quem sabe. Talvez, talvez. Veremos. É uma das coisas que se pode aprender e entender. Por isso, voltando ao ponto de partida, quando em 1973 eu entrei na universidade para fazer filosofia e depois, na sequência, no convento da ordem carmelitana descalça, jamais eu poderia imaginar que nós viveríamos uma situação como esta.

Mas também jamais achei, desde aquela época como também não acho agora, que não houvesse alternativa, que não houvesse saída. Ela é difícil, ela é complexa, mas ela não é impossível.

Fonte: G1
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