quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Vereadora suspeita de forjar próprio sequestro sai de clínica e segue em silêncio em Ponta Grossa (PR)


Mais de um mês após ser presa por suspeita de forjar o próprio sequestro em Ponta Grossa (103 km de Curitiba), a vereadora Ana Maria de Holleben (PT) ainda não apresentou sua versão sobre o caso.

"Ela pediu para esclarecer pessoalmente o eleitorado sobre o que houve. Posso adiantar que não houve nem sequestro nem autossequestro. A meu ver, houve um equívoco de um dos assessores [que comunicou o alegado sequestro à polícia]", disse nesta terça-feira (5) ao UOL o advogado dela, Fernando Madureira.

Após ouvir da reportagem um pedido de entrevista com a vereadora, ele disse que ela irá se manifestar apenas no próximo dia 18, quando serão retomadas as sessões da Câmara Municipal de Ponta Grossa.

Enquanto isso, segundo Madureira, Ana Maria "descansa na casa de amigos". Após ter o alegado sequestro comunicado à polícia no último dia 1.º de janeiro, ela apresentou-se espontaneamente a um hospital cerca de 24 horas depois. No mesmo dia, o grupo antissequestros da polícia paranaense anunciou que ela forjara toda a situação.

No dia 3, ainda no hospital Ana Maria recebeu voz de prisão. Ela deixou o quartel do Corpo de Bombeiros no dia 9 e dali seguiu para uma clínica de repouso, de onde teve alta há uma semana. Desde então, não mais foi vista na cidade.

Vereadores querem CPI
Além da chance de "se explicar" a seus eleitores, Ana Maria terá pela frente uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no seu retorno à Câmara. Pietro Arnaud (PTB), eleito para o primeiro mandato em outubro, disse nesta terça-feira ter um requerimento assinado "por 22 dos 23 vereadores" para que se investigue a suspeita de autossequestro.

"Até mesmo o outro vereador do PT (Professor Careca) assinou o requerimento. Ela (a CPI) será votada assim que retomarmos as sessões parlamentares", informou o petebista.

Ana Maria também é investigada pela comissão de ética do PT municipal. O primo dela, o deputado estadual Péricles de Holleben Mello, preside a legenda em Ponta Grossa. "Deve levar ainda mais um mês [para termos uma conclusão]. A comissão vai ouvir todos os envolvidos e analisar o inquérito policial", informou ao UOL.

"Conversei com Ana Maria. O que ela me disse que aconteceu é outra coisa [em relação ao que o inquérito apontou]. Por isso, resolvi não me pronunciar sobre o caso. Só vou voltar a comentá-lo depois de ela dar sua versão publicamente", disse, recusando-se a entrar em detalhes.

Até agora, nem a comissão de ética do PT nem a polícia ouviu oficialmente a vereadora. Mesmo assim, o advogado dela se mostra confiante num desfecho favorável para a petista. "De jeito nenhum Ana Maria deverá ser presa. Falsa comunicação de sequestro é um crime de pequeno potencial ofensivo", afirmou.

"Por isso, deverá ser julgado por juizado especial. A pena deve ser trocada por prestação de serviços ou multa. E até mesmo o processo poderá ser suspenso, pelo fato do crime ter pena inferior a um ano, com réus primários e de bons antecedentes", diz.

Segundo Madureira, todos os suspeitos aguardam o fim do inquérito em liberdade.

O caso
O alegado sequestro de Ana Maria foi comunicado à polícia na terça (1.º) à tarde, logo após ela ser empossada no terceiro mandato como vereadora. O fato ocorreu quando ela seguia para casa, acompanhada da mãe, antes de ir para a primeira sessão da Câmara, que elegeria o presidente da casa.

"Não houve sequestro, mas uma simulação. O objetivo foi proteger o interesse pessoal (de Ana Maria), provavelmente político, de não votar nas eleições da Mesa Diretora", disse o delegado Luiz Alberto Cartaxo Moura, que comandou as investigações, no dia em que a vereadora reapareceu.

"Idalécio [Valverde da Silva, assessor da vereadora] preparou a simulação, e produziu provas, como furar os pneus e mexer no motor para impedir o funcionamento do carro que levava a vereadora. Isso foi constatado por perícia. Já Reginaldo da Silva Nascimento [também suspeito] dirigia outro carro, que levou a vereadora, de forma que a mãe dela que a acompanhava, achasse que fosse um sequestro", falou.

Dias depois, Aliel Machado (PCdoB) foi eleito presidente da Câmara de Ponta Grossa, numa eleição que terminou empatada. Por isso, foi decretado vencedor o parlamentar que recebeu mais votos nas eleições de outubro passado.

Machado fez parte da coligação que apoiou Péricles de Holleben Mello à prefeitura da cidade. O petista foi derrotado por menos de 1.700 votos por Marcelo Rangel (PPS).

Reprodução Cidade News Itaú

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