quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Problemas em maternidades de Natal e interior superlotam Januário Cicco


Estrutura da Maternidade comporta 96 leitos, mas nesta quarta-feira, 16 mulheres estavam alojadas em macas e cadeiras nos corredores. Ontem, este número era de 30. Foto: José Aldenir
A falta de atenção dos governos Estadual e Municipal de Natal para condicionar melhores estruturas nas maternidades reflete na superlotação de mães e bebês nos corredores das unidades. Sem alternativa, a Maternidade Escola Januário Cicco, mantida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é um dos espaços onde os pacientes têm que ser alocados em cadeiras, macas e camas pelos corredores. Ontem, a Maternidade estava com 126 pacientes de alta e baixa complexidade. Hoje, o número caiu para 112, mas o problema ainda permanece, uma vez que a estrutura só comporta 96 leitos.

Segundo a direção da Maternidade Januário Cicco, antes a unidade só disponibilizava 92 leitos. Para ajudar a diminuir os números dos corredores, principalmente os casos de alto risco, foi preciso fazer adequações em algumas salas da casa. “Pegamos duas salas de estar, que funcionavam para acomodar melhor algumas mães e acompanhantes, e transformamos em duas enfermarias, cada uma com dois leitos. Hoje totalizamos 96 leitos, mas ainda não dá conta”, afirmou a diretora clínica, Maria da Guia Medeiros.

“Não tem ninguém da gestão Estadual ou Municipal que possa olhar com mais cuidado para essa situação. O mesmo problema crônico vem se repetindo a cada dia e não temos uma resposta concreta de nenhuma das gestões”, desabafou a diretora. Problemas estruturais nas outras maternidades de Natal fazem com que mais mulheres sejam encaminhadas para a Maternidade Januário Cicco.

O caso mais grave, de acordo com Maria da Guia, é o da maternidade das Quintas. Problemas no encanamento do Centro Cirúrgico, que vinha acontecendo há mais de três semanas, fez com que o número de mães aumentasse na Maternidade Escola. Em contato com o médico plantonista na unidade nesta quarta-feira (5), a equipe d’O Jornal de Hoje foi informada de que o centro cirúrgico das Quintas voltará a funcionar hoje.

“Isso já vai ajudar a desafogar os nossos corredores ainda hoje. Mas essa maternidade das Quintas deveria estar sempre em boas condições para nos dar um suporte, pois ela é a mais próxima daqui”, disse Maria da Guia Medeiros. Atualmente, a Maternidade das Quintas dispõe de 20 leitos, dos quais nove estão ocupados. Nas maternidades de Felipe Camarão, que possui 12 leitos, e Leide Morais, com 16 leitos, estão todos ocupados.

Cerca de 50% das pacientes que ocupam a Maternidade Escola Januário Cicco são originárias das cidades do interior do Estado, que em muitos casos não dispõem nem de profissionais para realizar os partos nem de insumos para utilizar nos procedimentos. Entre esses casos está a jovem Ledilene dos Santos Souza, de apenas 22 anos. Natural do município de Riachuelo, a moça foi encaminhada da unidade de saúde de São Paulo do Potengi para ter seu filho em Natal.

“Estava em trabalho de parto em São Paulo do Potengi, mas tive que ser encaminhada para Natal, pois lá não tinha material para realizar a cesárea. Graças a Deus deu tudo certo e meu filho nasceu saudável”, disse a jovem, que estava amamentando o recém-nascido em cima de uma maca disposta no corredor.

De acordo com a direção da Januário Cicco, mesmo com a superlotação, os profissionais conseguem equacionar os problemas relativos a recursos humanos, alimentação e insumos. “Realmente o nosso maior problema é espaço para colocar essas mães e seus bebês. Infelizmente a atenção que elas recebem, nos corredores, não tem a mesma qualidade. Qual a privacidade que elas possuem nessa situação?”, reflete Maria da Guia.

Reprodução Cidade News Itaú

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!