O deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que aparece em um vídeo no qual afirma que "quilombolas, índios, gays e lésbicas" são "tudo que não presta", declarou que o episódio foi armado.
Em entrevista ao UOL, o parlamentar diz que reafirma as críticas que fez às lideranças dos movimentos sociais e ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, a quem acusa de estar a serviço dos grupos que foram alvos das ofensas, mas que não é preconceituoso.
"Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma. É ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta. É eles que têm a direção e o comando do governo", declarou em audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, no fim de novembro do ano passado, na cidade gaúcha de Vicente Dutra.
"Não sou homofóbico, passou na hora de falar. Mas [em relação a Carvalho] não retiro o que disse e continuo dizendo", disse nesta quinta-feira (13).
Conforme Heinze, a forma com que sua fala aparece no vídeo está sendo deturpada.
"Quis dizer sobre o comando dos movimentos, a coisa podre, ruim que comanda esses movimentos tendenciosos. Eu defendo os índios. O que eles querem eu sei. Estive em Roraima, Rondônia, no Rio Grande do Sul conversando com eles."
De acordo com o deputado, paira sobre o país a sensação de impunidade, o que faz com que diversos movimentos sejam comandados por líderes com interesses próprios.
"Em relação aos índios, o jeito que eles são comandados, e os próprios black blocs. É uma sensação de impunidade. Se não tiver respeito e ordem, as coisas ficam desse jeito. Está aí o pessoal fazendo o que bem entende."
Nesta tarde, o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do RS, o deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) encaminhou ao MPF (Ministério Público Federal) um ofício, no qual cobra providências em relação às declarações do deputado federal.
Mais cedo, o PP gaúcho emitiu uma nota em que afirma que o conteúdo da fala de Heinze no vídeo se trata apenas de uma opinião do deputado. "O partido não compartilha de forma nenhuma com qualquer manifestação preconceituosa ou que incite a violência contra qualquer grupo."
Heinze é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e seu partido, o PP, integra a base de sustentação do governo federal.
A reportagem entrou em contato com o diretório estadual do PP, que disse que descarta qualquer tipo de repreensão ao parlamentar, ficando sua manifestação representada apenas pela nota.
O UOL também enviou um email à Secretaria-Geral da Presidência, mas ainda aguarda um posicionamento.
Reprodução Cidade News Itaú
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