quinta-feira, fevereiro 13, 2014

'Foi rebelião, sem dúvida, e grave', diz promotor sobre confusão em presídio

Presos são levados de volta às celas depois da rebelião (Foto: Katherine Coutinho/G1)“Foi uma rebelião, sem dúvida nenhuma, e grave". A frase é de Marcelus Ugiette, promotor da Vara de Execuções Penais do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que
conversou com a imprensa no início da tarde desta quinta-feira (13), depois de visitar a Penitenciária Agroindustrial São João, em Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife, onde dois detentos morreram e oito ficaram feridos em uma rebelião, durante manhã. Horas antes, a Secretaria de Ressocialização (Seres) afirmou que foi apenas um tumulto, uma vez que o estado não perdeu o controle da unidade. Para Ugiette, pelo menos 60% dos presos estavam envolvidos. De acordo com a Seres, a unidade do regime semi-aberto abriga quase três vezes a quantidade de pessoas que é capaz de receber - há 1.870 presos, quando a capacidade é de 650.

Marcelus Ugiette disse que o Ministério Público vai apurar o caso (Foto: Katherine Coutinho/G1)Marcelus Ugiette disse que o Ministério Público vai apurar o
caso (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Ugiette disse que conversou com cerca de cem presos, informalmente, e assegurou que o MPPE vai apurar os fatos ocorridos durante a confusão. Segundo ele, a reclamação mais comum é de maus tratos e abuso por parte da direção. Ainda de acordo com o promotor, os presos afirmam que os dois mortos foram vítimas de tiros da Polícia Militar.  "Vamos apurar como está aí dentro, a questão do respeito aos direitos e a dignidade, porque isso é importante nesse contexto, para evitar excessos de um lado quanto do outro", declarou.

O promotor deixou o presídio no começo da tarde, mas informou que deve retornar no final do dia para averiguar se está, de fato, tudo calmo. De acordo com a Secretaria de Ressocialização, os líderes do tumulto estão sendo identifcados e devem ser encaminhados para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.


Mortos e feridos
Segundo a assessoria de imprensa da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Igarassu, dois detentos já chegaram mortos à unidade e um terceiro foi encaminhado ao Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista. Não há informações sobre o estado de saúde dele nem dos outros cinco presos que foram socorridos direto para o HMA. De acordo com o secretário de Ressocialização, as famílias dos feridos estão sendo informadas.

Os detentos se queixam da qualidade da comida, e pedem a liberação da entrada de alimentos. Eles também protestam contra o uso da tornozeleira eletrônica. Do lado de fora, durante toda a manhã, foi possível ouvir barulho de tiros e bombas e havia muita fumaça. Grupos de presos ocuparam o telhado da unidade prisional, segurando faixa e armas caseiras, como facas, bastões com fogo e espadas.

O Batalhão de Choque da Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e pelo menos três ambulâncias foram enviados ao local, assim como um carro da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe).

Pouco após as 11h, o secretário de Ressocialização, coronel Romero Ribeiro, garantiu que a situação já estava controlada. "Só depois de uma avaliação podemos dizer o que realmente aconteceu", garantiu. Ele não falou sobre o que vai ser feito do diretor da unidade, Ricardo Pereira.

Reprodução Cidade News Itaú

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