quarta-feira, março 28, 2018

Editorial: Tiros em caravana de Lula e ameaça a Fachin atingem a democracia


Se a violência no Rio chega a requerer a intervenção federal, ela avança também em outras regiões. Nada resta a não ser enfrentá-la por todos os meios legais e, tanto quanto isso, impedir que se alastre pelo tecido social.

Neste sentido, é preocupante e potencialmente muito perigosa a coincidência de ser este um momento também de paixões político-partidárias e ideológicas, quando se aproxima uma campanha eleitoral decisiva para o país e com enorme fragmentação de candidatos.

Tiros na caravana de Lula no Sul e ameaças à família do ministro do Supremo Edson Fachin, relator na Corte de processos da Lava-Jato, entre eles um em que o ex-presidente está condenado já em duas instâncias, são atos repulsivos, antidemocráticos. Protestar é parte do jogo democrático. Jogar pedras, um crime. Atirar, ameaçar de violência extrema, inaceitável.

Precisam, por óbvio, de rápida e incisiva investigação. O Brasil atravessou boa parcela de seu período republicano sob governos autoritários. Mas já completa 30 anos no estado democrático de direito, cuja pedra fundamental é a Constituição de 88. Estas três décadas são o mais extenso ciclo de equilíbrio institucional da democracia representativa no país.

O Brasil tem passado por campanhas disputadas, mas dentro dos marcos legais. Nos desvios, as instituições atuam e restabelecem a legalidade. Inaceitável será que haja algum acidente nesta trajetória, por descaso da sociedade e do próprio Estado.

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!