quarta-feira, março 28, 2018

Mãe de jovem morto por promotor crê em condenação após reviravolta: 'Nunca perdoei'

Diego Mendes Mondanez, de 20 anos, foi morto em Bertioga, SP (Foto: Reprodução/TV Tribuna)A família de Diego Mendes Mondanez, morto a tiros aos 20 anos pelo então promotor de Justiça de São Paulo Thales Ferri Schoedl, em Bertioga, no litoral paulista, acredita em uma reviravolta no caso e na condenação do autor dos disparos. Na terça-feira (27), a decisão que o absolvia do crime foi anulada.

Schoedl, na época com 29 anos, foi preso em flagrante em 30 de dezembro de 2004 por atirar contra Diego e o amigo Felipe Cunha de Souza, também de 20 anos, ao fim de um luau na praia da Riveira de São Lourenço. A alegação foi de que os dois o teriam ameaçado e, também, provocado a namorada dele.

Felipe sobreviveu aos ferimentos, mas Diego morreu, mesmo após ser socorrido. Denunciado no ano seguinte por homicídio qualificado, Thales alegou legítima defesa aos desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, que o absolveram. Por ser promotor, ele tinha direito a foro especial.

Thales Ferri Schoedl foi absolvido após alegar legítima defesa à Justiça (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Thales Ferri Schoedl foi absolvido após alegar legítima defesa à Justiça (Foto: Reprodução/TV Tribuna)

Apesar do não entendimento pela condenação, o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu, em 2008, negar a Schoedl o vitaliciamento no cargo, uma vez que ele ainda estava em estágio probatório, e acabou exonerado. A Promotoria recorreu, então, para que o julgamento ocorresse em um júri popular.


Passados 13 anos, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu anular o julgamento que absolveu Thales Schoedl. No entendimento dele, o Órgão Especial do TJ-SP não deveria ter feito o julgamento, pois não havia definição sobre a prerrogativa do cargo que, na prática, ele não exercia.

"Acontece que eu nunca perdoei ele [Thalles]. Quem deve fazer isso é Deus. A justiça vai ser feita agora, e vou provar para o Brasil e para o mundo que meu filho era inocente. Eu vou ter a minha justiça ainda viva", desabafou, emocionada, a mãe de Diego, Sônia Mendes Modanez, de 63 anos, após saber da nova decisão.

Ministro do STF,  Dias Toffoli, anulou decisão que absolvia Thales Ferri Schoedl (Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF)
Ministro do STF, Dias Toffoli, anulou decisão que absolvia Thales Ferri Schoedl (Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF)

O irmão do jovem morto, Bruno Mendes Modaneze, de 30 anos, acredita na condenação do ex-promotor. "Depois de tanto tempo, a gente perde a fé. Ele nunca nos procurou para pedir desculpas. Mas, agora, a gente espera que a justiça seja feita de verdade. Ficamos esperando por um milagre, que talvez tenha chegado".

O pai de Felipe, hoje com 33 anos e chef de cozinha em um restaurante na capital paulista, também celebra a anulação da absolvição. "Depois de 13 anos, veio aquilo que a gente sempre esperou. Nós sabíamos que aquele julgamento foi completamente inapropriado e injusto", disse Wilson Pereira Souza, de 68 anos.

Thales Ferri Schoedl é atualmente proprietário de um escritório de advocacia na capital paulista e professor de cursos preparatórios. A decisão que anulou o acórdão que o inocentou ainda pode ser revista pela Segunda Turma do STF. O G1 não conseguiu contato com ele até a última atualização desta reportagem.

Fonte: G1

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