segunda-feira, março 23, 2015

Vaticano reconhece que tentou denegrir bispo salvadorenho

Manifestantes carregam cartaz com foto de Oscar Arnulfo Romero durante marcha pelo aniversário de 35 anos de sua morte neste sábado (21) em San Salvador (Foto: REUTERS/Jose Cabezas)Trinta e cinco anos depois do assassinato do monsenhor Oscar Arnulfo Romero, o Vaticano reconheceu que houve uma campanha para denegrir o religioso
salvadorenho na época do pontificado de João Paulo II.
Em fevereiro passado, o Papa Francisco reconheceu Romero como "mártir da Igreja", um passo-chave para sua beatificação. Com a assinatura do decreto, não será necessário demonstrar que o religioso realizou algum milagre para ser beatificado.
Oscar Romero, chamado de "a voz dos sem voz", denunciou as violações dos direitos humanos e manifestou-se contra a repressão que abalou o seu país. Ele foi morto em 24 de março de 1980 por um atirador de elite do exército salvadorenho, no momento em que realizava a homilia.
A extrema-direita acusava monsenhor Romero de ser, entre outras coisas, um marxista desequilibrado e fantoche dos padres adeptos da teologia da libertação.
Acusações, denúncias e críticas foram lançadas por diplomatas, políticos e religiosos.
Intrigas e pressões frearam o processo de canonização de Romero, que será finamente beatificado em 23 de maio, 19 anos depois do processo ter sido oficialmente aberto pelo Vaticano.
O arcebispo italiano Vincenzo Paglia, atual presidente do Conselho Pontifício da Família e postulador da causa de beatificação de Romero, reconheceu em fevereiro passado as inúmeras travas impostas ao processo.
"Se não fosse pelo papa latino-americano Francisco, Romero não seria beatificado", admitiu.
Entre os inimigos de Romero dentro do Vaticano figuram duas figuras influentes, os cardeais colombianos Alfonso López Trujillo, já falecido, e Darío Castrillón Hoyos, aposentado.
Os dois temiam que a beatificação de Romero se transformasse na canonização da Teologia da Libertação, segundo observou Andrea Riccardi, fundador da comunidade de São Egídio, o movimento católico que apoiou e financiou a causa de Romero.

Fonte: G1

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