sábado, janeiro 10, 2015

Hollande diz que ameaças à França não terminaram

François Hollande faz pronunciamento nacional nesta sexta (9) após ação policial que encerrou dois sequestros na França (Foto: AP Photo/Remy de la Mauviniere)O presidente francês, François Hollande, disse que a França conseguiu enfrentar o atentado terrorista ao jornal "Charlie Hebdo", cometido na última quarta-feira
(7), mas que as ameaças ao país não terminaram. Hollande fez pronunciamento nacional após a ação policial que matou os suspeitos de cometerem atentado à sede do semanário, além de outro atirador que fez reféns nesta sexta-feira (9) em um mercado judaico de Porte de Vincennes, em Paris.
Diversos reféns são retirados pela polícia de mercado kosher em Paris (Foto: Thomas Samson/AFP)Diversos reféns são retirados pela polícia de
mercado kosher em Paris nesta sexta
(Foto: Thomas Samson/AFP)
Operações policiais simultâneas encerraram os dois sequestros que estavam em andamento na França nesta sexta.

Os irmãos Chérif e Said Kouachi, suspeitos de matar 12 pessoas no ataque contra o "Charlie Hebdo", fizeram um refém em uma empresa Dammartin-en-Goële, que saiu salvo.

No mercado de Porte de Vincennes, Amedy Coulibaly, suspeito de ter matado uma policial na véspera e que afirmou estar "sincronizado" com os suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", também fez reféns. Hollande confirmou que este sequestro deixou quatro mortos.
Em seu discurso o presidente classificou o sequestro no mercado judaico de um "atentado antissemita".

Amedy Coulibaly (Foto: Reuters)Amedy Coulibaly (Foto: Reuters)
"Queria pedir a união da nossa sociedade, que sifnifica que temos que lutar contra tudo que pode nos dividir. Temos que ser implacáveis contra o racismo e antissemitismo, porque esse atentado de hoje ao mercado foi antissemita. Esses que cometeram esses atos dramáticos não têm nada a ver com a religião muçulmana", disse.
"Os assassinos foram neutralizados graças a uma ação dupla e gostaria de saldar a coragem e a bravura dos policiais civis e militares que participaram dessas intervenções. Estamos muito orgulhosos deles. Quando a ordem foi dada, fizemos a invasão com coragem para salvar os reféns e neutralizar os terroristas", afirmou.

Após a ação simultânea, a polícia francesa divulgou que procura Hayat Boumeddiene, de 26 anos, por associação com Coulibaly. Os dois são considerados suspeitos da morte a tiros da policial Clarissa Jean-Phillipe na quinta-feira (8). O "Le Monde" afirma que  Boumeddiene não estava presente no sequestro.
Hollande também disse que participará da manifestação que foi marcada para o próximo domingo, que contará com a presença de outros chefes de estado, e chamou "todos os franceses a levantar valores da democracia e da liberdade".
"A França está consciente e sabe que pode enfrentar ameaças com suas forças de segurança e sabe também que as ameaças não acabaram. Gostaria de pedir vigilância e mobilização", afirmou.

Como começou
O ataque ao jornal aconteceu na manhã de quarta-feira (7) na sede do jornal, que já havia sido alvo de um ataque no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé.
Os dois supostos autores do massacre se entrincheiraram nesta sexta-feira (9) com um refém em uma pequena empresa a 40 km de Paris, após um tiroteio com as forças de segurança.
A busca pelos suspeitos passou antes pelas regiões de Villers-Cottêrets, onde os suspeitos foram vistos, e Crépy-em-Valois, antes de ser direcionada a Dammartin-en-Goële. Incidentes localizados foram reportados em Paris na quarta e quinta-feira, incluindo a morte de uma policial em Montrouge.

Esse policial teria sido morto por Amedy Coulibaly, como se suspeitava, segundo fontes do jornal "Le Monde". Culiblay é o sequestrador morto no mercado Porte de Vincennes.
Os dois irmãos franceses filhos de argelinos já estavam sob observação da polícia.
Segundo a agência Associated Press, Chérif foi condenado em 2008 a três anos de detenção por acusações de terrorismo (dos quais cumpriu 18 meses), após ajudar a enviar voluntários para lutar no Iraque.
A agência de notícias Reuters informou que Said Kouachi visitou o Iêmen em 2011 e se encontrou com o pregador da rede Al-Qaeda Anwar al Awlaki, que está morto, durante sua estadia no país.
Segundo a agência, Said esteve no Iêmen por vários meses em 2011 como um dos estrangeiros que entraram no país para realizar estudos religiosos, mas não houve informação confirmada sobre ele ter sido treinado pela Al-Qaeda na Península Arábica (Aqap), um dos braços mais ativos do grupo militante.
Outro suspeito, Hamyd Mourad, de 18 anos, se apresentou à polícia na quarta-feira em Charleville-Mézières. Segundo a agência Associated Press, ele decidiu se entregar após ver seu nome associado ao caso em redes sociais, mas alega inocência.

Vítimas
Todos os mortos do atentado ao "Charlie Hebdo" foram identificados. As vítimas da revista são: o editor e cartunista Stéphane Charbonnier (conhecido como Charb), os cartunistas Wolinski, Jean Cabu e Bernard Verlhac (conhecido como Tignous), o desenhista Phillippe Honoré, o economista e vice-editor Bernard Maris, o revisor Mustapha Ourad e a psicanalista Elsa Cayat, que escrevia uma coluna quinzenal.

As demais vítimas, segundo o jornal Le Monde são: o policial Franck Brinsolaro, morto dentro da redação, o agente Ahmed Merabet, morto na rua durante a fuga dos atiradores, o funcionário da Sodexo que trabalhava no prédio Frédéric Boisseau, e um visitante da redação, Michel Renaud.
Outras 11 pessoas ficaram feridas, sendo 4 em estado grave, de acordo com a agência Reuters. Entre elas, estaria o jornalista Philippe Lançon, crítico literário do jornal "Libération" e que também escreve ao "Charlie Hebdo".
O jornalista Laurent Léger sobreviveu ao atentado e contou sua história à rádio francesa “France Info”. “No inicio, pensei que eram fogos de artifício. Então ouvi passos. Ainda me pergunto como consegui escapar”, disse ele.

Fonte: G1

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