terça-feira, outubro 04, 2016

Vereador afastado usou secretaria para captar voto em Ribeirão, diz PF

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Telefonemas gravados pela Polícia Federal (PF) entre o presidente afastado da Câmara de Ribeirão Preto (SP), vereador Walter Gomes (PTB), e o secretário municipal de
Infraestrutura, Osvaldo Braga, apontam que o parlamentar fez uso de uma secretaria municipal para captar votos durante a campanha eleitoral.
Gomes, que concorria à reeleição, foi derrotado nas urnas neste domingo (2). Investigado na Operação Sevandija, ele é acusado de envolvimento em organização criminosa e recebimento de propina.
As gravações autorizadas pela Justiça foram encaminhadas ao Ministério Publico Eleitoral (MPE). No dia 18 de agosto, Gomes ligou para Braga e pediu que fosse enviada uma máquina para fazer reparos em um campinho de futebol no Jardim Jandaia, na zona norte, bairro que é reduto eleitoral do candidato. O secretário retornou a ligação para confirmar o serviço.
Braga: Oh, tá indo, viu?
Walter: Tá indo pra lá? Tá indo.
Walter: Ah, então eu vou lá.
Braga: Era isso que eu tava tentando falar com você, mas já tá indo. Já saiu daqui.
Na mesma conversa, Gomes pede a Braga que refaça um serviço no bairro Flamboyant, onde estava marcado um jogo na semana seguinte. O secretário diz que já assumiu o compromisso, como o vereador havia solicitado.
Walter: Lá no Candido Portinario, o Paulo Modas, não sei se ele arrumou uma máquina, foi lá e fez um serviço muito porco. E os caras queriam, pelo menos...
Braga: Eu vou fazer lá, Eu fui lá aquele dia. Ah, não foi no Flamboyant.
Walter: É, lá no Flamboyant, é lá mesmo.
Braga: Eu fui lá pra fazer lá. Lembra que você marcou lá com o mineiro?
Walter: É, o mineiro falou comigo ontem.
Braga: Não, eu vou fazer lá. Pode ficar tranquilo que eu vou fazer lá.
Walter: Ele falou vê se ele faz pra nós, no máximo até semana que vem, pra que a gente possa fazer um jogo feminino e masculino.
Para a PF, fica evidente que o vereador se utiliza ora de sua posição de influência dentro da máquina administrativa municipal, ora de seu poder econômico, para o fim de conseguir votos na eleição que se aproxima.
Os áudios obtidos pela PF foram relatos pelo promotor eleitoral José Vicente Pinto Ferreira em denúncia encaminhada à Justiça Eleitoral. “(...) Conclui-se que o vereador Walter Gomes de Oliveira, que é candidato à reeleição, valendo-se do abuso do poder político e econômico, utiliza do seu atual mandato eletivo para barganhar e captar votos ilicitamente por meio da distribuição gratuita de dinheiro e outras vantagens a eleitores, inclusive, valendo-se da troca de seus objetivos, conforme evidenciado no diálogo entre o requerido e Osvaldo Braga, secretário da Infraestrutura", cita no documento.
Em outras conversas gravadas pela PF, moradores de diferentes bairros telefonam para Walter Gomes e pedem dinheiro para comprar desde camisas da torcida organizada do São Paulo até verba para pagar aluguel de chácara para festas. Em um telefonema gravado no dia 19 de agosto, o vereador prometeu R$ 100 a um homem para pagar o churrasco dos "meninos do Quintino".
Morador: Domingo eu queria fazer um churrasquinho pros meninos lá do Quintino, lá, não teria como cê me ajudar com uma caixinha de cerveja, não?
Walter Gomes: Depois eu ajudo com um R$ 100.
Morador: Tá bom.
Walter Gomes: Você tem carro?
Morador: Não tenho, tô só com uma moto. Tô trabalhando de mototáxi, vendi meu caro, véio.
Walter Gomes: Precisa arrumar uns carros pra colocar uns adesivos, caramba.
Morador: Ah precisa mesmo.  Eu vou arrumar uns pra você. A hora que eu for aí pegar [os R$ 100] você já me dá uns adesivos já.
Walter Gomes: É só você ir lá no comitê.
Para a promotoria, “a intenção de Walter em distribuir dinheiro e custear outras vantagens não era de obter apenas o voto da pessoa que lhe telefonou para pedir alguma vantagem, não visava apenas pessoa determinada, mas, sim, a quantidade de votos que os interlocutores em questão poderiam lhe proporcionar”.
Gomes está afastado da função pública pela 4ª Vara Criminal de Ribeirão, desde o dia 1º de setembro, quando a operação da PF e do Gaeco foi deflagrada. Ele também foi denunciado por ocultar da Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 1,3 milhão.
"Se eu dou uma camiseta de time, pago um churrasco, com dinheiro do meu bolso, eu vou criar um simpatizante que vai se tornar cabo eleitoral. Isso é captação de votos. Não importa a origem do dinheiro. Se ele usou dinheiro desviado, é um crime que será investigado pela polícia", afirma o promotor.
Procurado, o secretário Osvaldo Braga disse que é normal a Prefeitura atender qualquer pedido de vereadores.
O advogado de Walter Gomes disse que não houve crime porque o vereador sempre ajudou o esporte em Ribeirão.
Escândalo
Walter Gomes é um dos alvos de um escândalo que envolve o governo da prefeita Dárcy Vera (PSD) e a Câmara dos Vereadores. Ele e outros oito parlamentares da base aliada foram acusados de empregar cabos eleitores na empresa Atmosphera em troca de apoio dos projetos de interesse do Executivo na Câmara. Gomes também é acusado de receber propina do dono da empresa, Marcelo Plastino, que está preso.
O vereador chegou a ter a prisão pedida pela PF e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) - a Justiça negou.

Fonte: G1

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