quinta-feira, março 20, 2014

Com FBI e suborno de ex-vice-presidente da Fifa, Copa no Catar fica cada vez mais improvável

Jack Warner (esquerda) e Mohamed bin Hammam: pivôs do escândalo de corrupção (AP Photo/Shirley Bahadur)O Catar ser escolhido como sede da Copa do Mundo de 2022 foi alvo de muita polêmica desde o anúncio, em dezembro de 2010. Mas talvez
nem mesmo o mais pessimista dirigente da Fifa esperasse a avalanche de problemas que viriam. Primeiro, foram as acusações de corrupção e compra de votos, depois as altas temperaturas na casa de 50°C durante a disputa do Mundial, a acusação de trabalho escravo e as implicações políticas de uma mudança da Copa de 2022 para o período de inverno do hemisfério norte. Nesta semana, mais uma acusação: Jack Warner, que era do alto escalão da Fifa, recebeu US$ 1,2 milhão da empresa de Mohamed Bin Hammam, o principal nome da candidatura do Catar para a Copa de 2022.

A denúncia veio do jornal Telegraph, que teve acesso a documentos que mostram que Warner recebeu da empresa controlada pelo ex-dirigente catariano pouco depois do Catar ter vencido a disputa para sediar o torneio. Outros US$ 750 mil foram pagos a filhos de Warner, e mais US$ 400 mil foram recebidos por um de seus funcionários. Mas se segure aí na cadeira porque a trama fica mais complicada que isso. Tudo isso aconteceu em 2011.

Segundo o jornal, o FBI está investigando Jack Warner e sua ligação com a candidatura do Catar. Mais: um dos filhos de Warner, que mora em Miami, estaria colaborando com as investigações como uma forma de delação premiada. Os documentos mostram uma nota de uma das empresas de Warner, Jamas, requisitando à uma empresa de Bin Hammam, Kemco, o pagamento de US$ 1,2 milhão por trabalhos prestados entre 2005 e 2010.

O documento é de 15 de dezembro de 2010, duas semanas depois do Catar vencer a disputa para sediar o evento. O documento diz que o dinheiro é “para pagamento a Jack Warner”.  A mesma empresa pagou mais US$ 1 milhão aos dois filhos de Warner pela mesma empresa. Em um documento, a descrição do pagamento destina-se a “compensar despesas legais e outros serviços”, mas outra carta afirma que o valor de mais de US$ 1 milhão é para cobrir “serviços profissionais prestados durante o período de 2005 a 2010”.

Tem mais. Ao menos um banco das Ilhas Cayman, conhecido paraíso fiscal, teria recusado inicialmente processar o pagamento por medo da legalidade da transferência financeira. Sim, ao menos um banco de um paraíso fiscal achou que o dinheiro era suspeito. O dinheiro então foi processado através de um banco de Nova York. Esta transferência teria chamado a atenção do FBI, que passou a investigar a sua origem.

“Esses pagamentos precisam ser propriamente investigados. A Copa do Mundo é o evento mais importante no futebol e nós precisamos estar confiantes que as decisões tenham sido tomadas pelas razões certas. Há muitas questões que ainda precisam ser respondidas”, afirmou uma fonte ao jornal. A investigação estaria nas contas de Jack Warner nos Estados Unidos e nas Ilhas Cayman.

Vale lembrar também que a Fifa diz estar investigando o processo de escolha das sedes de 2018 e 2022. Michael Garcia, investigador-chefe do Comitê de Ética da Fifa, está analisando possíveis irregularidades e deve apresentar um relatório ainda este ano.

O Comitê Organizador da Copa de 2022 se pronunciou negando qualquer envolvimento em atividades ilegais. “O Comitê de 2022 aderiu estritamente às regulações de candidatura da Fifa em conformidade com seu código de ética”, diz nota divulgada pelos catarianos. “O comitê supremo para a entrega e legado e os indivíduos envolvidos no comitê de candidatura de 2022 não têm conhecimento de todas as alegações em torno de negócios privados individuais”, afirma ainda a nota.

Reprodução Cidade News Itaú

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