sábado, outubro 05, 2013

Marina fala como candidata, mas deixa decisão para hoje

Adotando discurso de candidata após ter tido o registro de seu partido negado pela Justiça Eleitoral anteontem, a ex-senadora Marina Silva decidiu anunciar apenas hoje se permanece na disputa à Presidência em 2014.

Após maratona de reuniões que atravessou madrugada, manhã e tarde de ontem, e sob críticas pesadas de apoiadores, Marina disse estar inclinada a trabalhar para "quebrar" a atual polarização política no país e "aposentar de vez a Velha República".

"Vai pesar na minha decisão a disposição dos que estão preocupados com a ideia de que a gente tem que quebrar a polarização oposição por oposição', situação por situação'", afirmou a ex-senadora, sem citar PT e PSDB, que desde 1994 dividem a disputa pelo Palácio do Planalto.

Ela tem o convite de oito partidos, mas tem considerado de forma mais consistente, segundo aliados, o PPS, com quem deve ter encontro na manhã de hoje. A única resistência a ser superada seria a atuação da sigla na votação do Código Florestal, que contrariou o setor ambientalista.

Interlocutores de Marina também afirmaram que ela foi procurada por integrantes do PSB do governador Eduardo Campos (PE), pré-candidato à Presidência.

A decisão será tomada hoje, no prazo limite para que os candidatos às eleições do ano que vem se filiem a partido.

"Esse manejo é que estamos fazendo: como manter princípios e coerência e darmos uma contribuição para o Brasil", disse Marina, ao ser questionada se não achava incoerente a filiação a outras legendas ante o discurso de que a montagem de seu partido visava a renovação da política.

Ela disse ainda estar vivendo um "grande desafio pessoal". "Já me deparei com situações complexas na minha vida. A primeira foi quando perdi minha mãe. A segunda foi o processo difícil de sair do PT e a terceira está sendo essa decisão".

Desde fevereiro empenhada na montagem da Rede Sustentabilidade, Marina viu sua pretensão de disputar o Planalto pela sigla naufragar anteontem, após o Tribunal Superior Eleitoral barrar o registro da sigla devido à insuficiência das assinaturas de apoio apresentadas.

A derrota foi contundente: 6 votos a 1 no tribunal. Após sair da corte, a ex-senadora iniciou uma reunião de seis horas com aliados que só terminou de madrugada, às 5h.

O encontro teve bate-boca entre ela e o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), um dos seus principais articuladores, que questionou a sua capacidade administrativa para montar a sigla, e trocas de críticas entre outros integrantes da Rede.

"O que aconteceu na reunião tinha a ver com o momento de tensão, onde várias pessoas estavam colocando seus posicionamentos", disse Marina ontem à tarde.

Nessa reunião noturna começou a divisão entre os aliados sobre o futuro da ex-senadora: um grupo, que inclui familiares, como a filha Moara, e militantes mais jovens da Rede, defende que ela não migre na última hora, o que reeditaria prática típica da política tradicional, combatida por Marina desde a montagem do Movimento da Nova Política, gênese da sua sigla.

Outro, formado principalmente por detentores de mandato, afirma que ela não pode desprezar o capital de 19,6 milhões de votos de 2010 e o segundo lugar nas pesquisas.

Mesmo tendo saído desse encontro às 5h, Marina dormiu pouco e retomou as conversas quatro horas depois, desta vez em sua casa.

Segundo aliados, chegou a ouvir, por meio de teleconferência, a posição de mais de 60 integrantes da Rede.

Às 18h, ela dizia à imprensa que ainda não tinha decidido. "Ainda tenho uma longa noite e um dia, então estou num processo decisório", afirmou, explicando que o sistema da Rede é o de buscar o "consenso progressivo".

Reprodução Cidade News Itaú

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