quinta-feira, maio 09, 2013

Peritos refutam laudo e dizem a júri que PC Farias e Suzana foram mortos


9/5/2013 - O médico-legista Daniel Muñoz contesta primeira hipótese dos peritos e faz demonstração do uso da pistola (Foto: Jonathan Lins/G1)


Peritos que contestaram, em 1996, o laudo inicial sobre as mortes de Paulo César Farias, o PC Farias, e da namorada, Suzana Marcolino, afirmaram nesta quinta-feira (8) ser impossível Suzana ter se suicidado. É o 4º dia de júri popular do caso. Eles apontaram falhas em laudo anterior, para afirmar que ela estava em posição de defesa. O julgamento começou na segunda (6), no Fórum de Maceió, e a previsão é de que a sentença saia nesta sexta (10).

Quatro policiais são acusados de duplo homicídio triplamente qualificado. PC Farias e Suzana Marcolino foram encontrados mortos em uma casa de Praia de Guaxuma, Alagoas, em junho de 1996.
O perito Domingos Tocchetto, da Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul, afirmou que é impossível Suzana ter se matado. Segundo ele, exames realizados nas mãos dela não identificaram nenhuma partícula metálica apta a demonstrar que ela utilizou uma arma de fogo para atirar. Além disso, nenhum exame desse tipo foi feito para checar outras pessoas da casa.
"Se ela tivesse atirado para seu peito, o vídeo mostrou o tempo que demora essa arma para recuar. Numa distancia de 3 cm [do corpo], porque não apareceu sangue nas maos de Suzana, por que não apareceu na arma? Isso exclui a possibilidade", disse.
"A ausência de resíduos de pólvora nas mãos de Suzana, da falta de sangue nas mãos e na arma dela são provas de que ela não impunhou a arma", afirmou. Segundo ele, havia manchas de sangue no criado-mudo ao lado da cama, o que indica que Suzana recebeu um tiro em pé, e não se matou sentada. Ele disse, no entanto, que nenhum teste foi feito para identificar de quem era o sangue.

9/5/2013 - No telão, é exibida imagem que simula uma suposta tentativa de defesa de Suzana Marcolino (Foto: Jonathan Lins/G1)No telão, é exibida imagem que simula uma
suposta tentativa de defesa de Suzana
Marcolino (Foto: Jonathan Lins/G1)
Os policiais foram acusados por omissão, por não terem impedido as mortes. O laudo inicial da equipe do médico-legista Badan Balhares concluiu que Suzana matou PC Farias e se suicidou em seguida. Mas, após ser contestado pelo legista George Sanguinetti, uma nova perícia foi feita, concluindo que o casal havia sido assassinado (Veja dúvidas sobre os dois laudos).
Em seguida, o legista Daniel Muñoz, da USP, que exumou o corpo de Suzana, afirmou que os vestígios encontrados nas mãos de Suzana estavam nas palmas. "Só tem uma saída. Ela estava com as mãos em volta da arma. É uma posição de defesa", afirmou.
A perícia concluiu que o disparo foi efetuado a 3 centímetros de distância da vítima, e não com a arma encostada no peito. "Tiro suicida é com arma encostada", afirmou. "Se houve refluxo de sangue, saiu sangue pelo orifício de entrada, e esse sangue atingiu o antebraço esquerdo e direito, a coxa direita e esquerda, ou seja, saiu uma quantidade  razoável de sangue, lógico seria que tivesse sangue na arma", completou. Não foi encontrado sangue no revólver.

Perito mostra foto de figurante simulando posição em que Suzana deveria estar na cama. (Foto: Jonathan Lins/G1)

Os primeiros peritos afirmam que não havia sangue porque a arma recuou na hora do tiro. "Tudo bem, isso é uma explicação. Mas é só uma explicação. E o juiz nos pediu provas", disse Muñoz. "Nós fizemos testes que mostraram que deveria ter sangue", afirmou. "A posição mais provável de Suzana é que ela estava levantando da cama em uma postura instável. Ninguém se suicida levantando da cama", disse.
O perito diz também que a altura errada de Suzana no primeiro laudo, de 1,67 m em vez de 1,57 m, "10 cm de diferença", prejudicou a perícia. "Se Suzana tivesse 1,57 m, haveria uma diferença entre trajeto [distância] e trajetória [caminho da bala] de cerca de 7 cm. Por isso, a Suzana não estava sentada", completou. "Se ele tivesse 1,67 m, ainda assim, não haveria coincidência. De qualquer modo, ela teria que estar levantando da cama."

9/5/2013 - Perito Domingos Tochetto usa uma arma para explicar a trajetória da bala (Foto: Jonathan Lins/G1)O perito Domingos Tochetto usa uma arma para
explicar trajetória da bala (Foto: Jonathan Lins/G1)
"Se ela estivesse sentada, ela teria que ter 2 metros de altura para haver coincidência entre trajeto e trajetória", afirmou Muñoz. "Então ela não estava sentada. Ela estava levantando. Essa é uma prova cabal de que, no caso da Suzana, foi homicídio."
O júri
Encerrada essa fase, começa o interrogatório dos réus, que têm o direito de permanecer em silêncio. Nesse caso, o silêncio não significa confissão. Também não é permitido que o réu fique algemado, exceto se comprovada a necessidade. Entenda como funciona o júri popular.
Por fim, os jurados se reúnem na sala secreta, o que deve ocorrer apenas na sexta-feira (10), para proferir o veredicto do caso. Com base nele, culpado ou inocente, o juiz vai redigir a sentença e dosar a pena, se houver condenação, ou o alvará de soltura, se determinada a absolvição.

Reprodução Cidade News Itaú

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