segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Agricultores buscam alternativas contra a seca no interior do RN


Mais um período chuvoso se aproxima e a esperança de precipitações no sertão do Rio Grande do Norte parece não ter fim. A seca que assola o município de Caicó, principal cidade da região Seridó do estado e que fica distante a 256 quilômetros da capital, preocupa agricultores e especialistas em meteorologia.

Capim elefante está seco, devido a falta de chuvas em Caicó (Foto: Jocaff Souza/G1)Capim elefante está seco, devido a falta de chuvas em Caicó (Foto: Jocaff Souza/G1)

Segundo dados registrados pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) no município em 2012, a média de chuvas registradas foi de 185 milímetros, muito abaixo do que o esperado, em torno de 600 milímetros. No mês de abril, não foi registrada qualquer precipitação na região. Já em junho, último mês com registro de chuvas, apenas 44 milímetros foram verificados pelo órgão, o que justifica o pedido de estado de calamidade feito pelo Governo do estado para 142 dos 167 municípios potiguares.

José Augusto filho, gerente da Emparn em Caicó (Foto: Jjocaff Souza/G1)José Augusto filho, gerente da Emparn em Caicó
(Foto: Jocaff Souza/G1)
Para o gerente da Emparn em Caicó, José Augusto Filho, a seca do ano passado foi uma das mais severas para o homem do campo. No entanto, a expectativa é de que a situação possa melhorar.
"Tivemos uma seca muito dura no ano passado e muitos agricultores perderam o que plantaram. Para este ano, a situação tende a melhorar, já que há indícios no clima de que as chuvas estão por vir", conta o gerente da Emparn em Caicó.
No mês de janeiro deste ano, foram registrados 31 milímetros de chuva em Caicó, segundo a Emparn. Contudo, as chuvas ainda estão esparsas, sem o fechamento completo das nuvens. Em alguns pontos da cidade, como em bairros e comunidades periféricas, ainda não foram registradas chuvas.
O gerente da Emparn em Caicó explica que devido a falta de chuvas, muitos agricultores perderam tudo que plantaram, como também os criadores de gado, já que não tinham comida para dar aos animais. A solução encontrada por eles foi a mudança no local dos pastos e das áreas de plantio para os principais cultivos, como feijão, milho e batata.
"Com a seca, alguns agricultores estão plantando nas margens de pequenos riachos e açudes, utilizando basicamente o cultivo de milho, feijão e batata. Outros que possuem animais, plantam o capim elefante (de corte), que serve como alimento para o gado", conta José Augusto Filho.
Alternativa eficaz
Em Caicó, uma parceria entre a Emparn e um grupo de agricultores, faz com que a situação melhore para quem sofre com os tormentos da seca. São 210 agricultores, que receberam uma vazante, que é um pequeno trecho de terra, às margens do açude Mundo Novo, com uma extensão de 20x100 metros. A forma utilizada pelos agricultores é plantar na beira da água. A medida que o nível sobe, eles se apressam para realizar a colheita e fazer um novo plantio.
José Augusto Filho explica que as chuvas registradas na última quinta-feira animaram os agricultores, mesmo sendo em pouca quantidade.
"Desde a última quinta-feira, as chuvas estão caindo aqui em Caicó, mas ainda são muitos esparsas. A expectativa é de que essas precipitações possam vir em maior intensidade e ajudem o homem do campo", conta.
Quem espera ansiosamente as chuvas é o agricultor Manoel Dias. Com 60 anos de idade, muitos deles passados no campo, Seu Manoel explica que a situação já esteve pior e que ficou por um período sem saber o que ter na mesa para comer.

Manoel Dias, agricultor (Foto: Jocaff Souza/G1)Seu Manoel Dias explica como cultiva batata, feijão e milho às margens do açude (Foto: Jocaff Souza/G1)

"Enfrentamos uma seca muito difícil no ano passado e quem plantou perdeu tudo. Fiquei até um tempo sem ter o que comer, mas fui atrás do meu sustento. Hoje, planto aqui na beira desse açude, mas sonho todos os dias pela chuva. Não só para encher os rios e açudes de Caicó, mas para lavar a alma do nosso povo tão sofrido", anseia o agricultor.
Ele é um dos tantos que fazem parte da parceria com a Emparn, às margens do açude Mundo Novo. Seu Manoel plantou feijão, milho e batata há pouco mais de um mês, e espera que nos próximos dias já possa realizar a primeira colheita.
"Eu rezo para que o nível do açude suba e que os próximos três meses de inverno, possa chover todos os dias. Agora, com essa pequena chuva, a gente já fica animado. Espero colher tudo antes de junho, para que no São João, eu possa comer o milho que plantei", planeja Seu Manoel.

José Francisco Dantas, criador de gado (Foto: Jocaff Souza/G1)José Francisco Dantas colhe o capim seco
para alimentar o gado (Foto: Jocaff Souza/G1)
Situação semelhante vive o criador de animais José Francisco Dantas. Ele tem uma pequena criação de gado e conta que por conta do grande período de seca, precisou ir a outro município para conseguir capim para alimentar seus animais.
"Possuo 40 cabeças de gado e não deixei morrer nenhuma, porque tive que conseguir o capim para alimentar os animais em outra cidade. Foi um sacrifício muito grande. Mesmo plantado às margens de um açude ou um riacho, o capim de hoje está seco e pequeno e não tem outro jeito de alimentar o gado, porque se for para comprar nos armazéns, fica muito caro", explica o criador de gado.

Previsão animadora

Com as primeiras chuvas deste ano, a previsão é de que o tempo continue nublado em algumas regiões do Rio Grande do Norte. De acordo com o meteorologista da Emparn, Gilmar Bistrot, por essa semana, as chuvas devem continuar com bastante intensidade.
"A justificativa para esse clima é a presença de uma zona de convergência intertropical na região Nordeste, o que favorece a criação de nuvens em locais mais áridos e consequentemente o surgimento das chuvas", explica o meteorologista.

Reprodução Cidade News Itaú

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