quinta-feira, maio 16, 2024

Julgamento no TRE: Testemunha diz que integrante do governo Castro orientou a trair Bolsonaro na campanha de 2022

O governador Cláudio Castro — Foto: Reprodução/TV Globo


O Tribunal Regional Eleitoral julga na próxima semana a ação na qual a Procuradoria Regional Eleitoral pede a cassação do governador Claudio Castro (PL), de seu vice Thiago Pampolha (MDB) e do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, por abuso de poder político e econômico.


Um fato curioso passou desapercebido do mundo político. Nas alegações finais, a Procuradoria inclui o depoimento de duas testemunhas que afirmam ter recebido dinheiro público para trabalhar como cabos eleitorais.


De acordo com os relatos, eles foram orientados a pedir votos para o grupo político de Claudio Castro, à exceção do candidato a PL a presidente, Jair Bolsonaro. Segundo elas, a ordem era pedir voto para Lula. A traição de Castro sempre foi uma suspeita do bolsonarismo. Mas pela primeira vez há relatos confirmando o que sempre foi apontado como "paranoia de Bolsonaro".



Os cabos eleitorais eram contratados a pretexto de trabalhar em projetos sociais do Ceperj, uma fundação que deveria se dedicar a produzir estatísticas para lastrear políticas públicas, uma espécie de IBGE fluminense. Mas, na prática, os contratados recebiam dinheiro público para fazer campanha, segundo sustenta o Ministério Público Eleitoral.


Mayra Carvalho é uma das testemunhas. Ela conta que começou a trabalhar nos projetos em maio de 2022, ano da eleição. Perguntada pelos procuradores se durante o tempo em que trabalhou alguém solicitou que fizesse campanha eleitoral, ela respondeu que sim e deu nomes dos candidatos que deveriam apoiar, entre eles Castro e Lula, a chapa da traição.


Duas testemunhas apontam uma das coordenadoras do projeto Cidade Integrada, identificada como Ana Cláudia, como a responsável por passar as orientações políticas.


"A gente estava na hora do expediente, ela (Ana Cláudia) me mandou uma mensagem pedindo para atender a ligação, eu acho. A ligação via WhatsApp. Eu atendi e ela falou para colocar no viva-voz e juntar a equipe para ouvir. Ela falou que estava chegando a campanha política, o trabalho ia se intensificar e que ela precisaria que a gente fizesse campanha inclusive nas redes sociais para esses candidatos que eu falei e quem não concordasse avisar no momento, que ia ter que ser desligado".


Outra testemunha, Rodrigo Gaviorno, confirmou a ligação. De acordo com eles, a campanha não se limitou às redes sociais. Os contratados do Ceperj tinham que participar de inaugurações de obras, distribuindo panfletos e fazendo "volume" na frente do palanque quando Castro ia discursar. Lula nunca participou de um ato de campanha


O governo Castro afirma que os projetos foram extintos assim que as denúncias - feitas pelos jornalistas Igor Mello e Rubem Berta - foram publicadas. Acrescenta que confia na Justiça Eleitoral e que não foram apresentados nos autos do processo elementos novos que sustentem as denúncias.


Fonte: Blog do Octávio Guedes

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