quinta-feira, novembro 09, 2017

PF investiga encontro de Garibaldi e Sarney e tentativa de 'soltura antecipada' de Henrique Eduardo Alves

Imagem mostra monitoramento do carro oficial do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) (Foto: Reprodução)A Polícia Federal suspeita que o senador Garibaldi Alves e outros familiares do ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, primo do parlamentar, buscaram ajuda do ex-presidente José Sarney para tentar uma “soltura antecipada” do ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Segundo as investigações, a busca era, possivelmente, para tentar influenciar o julgamento de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Henrique Eduardo Alves está preso há mais de quatro meses e foi um dos alvos da Operação Lava Jato, deflagrada há duas semanas, um desdobramento que nasceu do farto material apreendido nas buscas e apreensões da Manus, ação da PF nascida em junho.
Um relatório da Operação Manus ao qual o blog teve acesso registra gravações telefônicas, com autorização da Justiça, entre o senador Garibaldi e Laurita, esposa de Henrique Eduardo Alves, e também com Larissa, filha do casal.
O documento de 76 páginas, com data de 19 de outubro deste ano, mostra ainda que Garibaldi e Larissa foram monitorados pela PF em um carro oficial do Senado, a caminho de uma suposta casa da família Sarney.
Os grampos telefônicos e a vigilância presencial dos policiais estão registrados sob o título de “Encontro na Casa do Presidente”, e variam entre os dias 06 e 10 de outubro deste ano.
O primeiro diálogo importante trata de ligação entre Garibaldi e Laurita realizada no dia 8 deste mês, às 18h51:

GARIBALDI: olhe, o Presidente marcou pra amanhã
LAURITA: certo
GARIBALDI: sete e meia da noite, na casa dele
LAURITA: ótimo, perfeito, tá ótimo, então vai à tarde e (...) pega no aeroporto, né
GARIBALDI: é verdade, é, tá certo
LAURITA: tá ótimo, tá perfeito, muito obrigada
GARIBALDI: viu
LAURITA: obrigada viu
GARIBALDI: tá
LAURITA: Deus abençoe você
GARIBALDI: um abraço Laureati [Laurita]

O que diz o documento da PF após transcrição do diálogo: “Importante ressaltar que a ligação ocorre em meio a um contexto de uma tentativa e busca contínua de Laurita e Andressa (filha) de meios para conseguir a soltura antecipada de Henrique Eduardo Alves".
"Ademais, segundo as demais ligações da investigada Andressa, a sessão de julgamento de seu pai no Superior Tribunal de Justiça (STJ) estava prestes a ocorrer, motivo pelo qual existe a possibilidade de que tal encontro tenha sido arranjado no sentido da obtenção de benesses nesse julgamento”, continua relatório.
Depois disso, a PF registra conversa, interceptada no dia seguinte, da secretária de Garibaldi para o telefone de Andressa, na qual é marcado um encontro entre o senador e a filha de Henrique Alves na lanchonete Giraffas, no Gilberto Salomão, centro comercial do Lago Sul, bairro nobre de Brasília, pouco antes da suposta ida à casa de Sarney.
Segundo a PF, o suposto encontro na casa do ex-presidente estava marcado, primeiramente, para as 19h30 de 9 de outubro último, há quase um mês.
"Aproximadamente uma hora antes do encontro (09/10/2017 às 18h10min), o motorista [do senador] telefona para Andressa para combinarem o local exato onde passarão a integrar o mesmo carro em direção ao encontro”, explica o documento.
Cinco minutos depois o próprio senador conversa com Andressa, através do telefone desse motorista, diálogo que o blog também reproduz a seguir:

GARIBALDI: Andressa
ANDRESSA: oi
GARIBALDI: já soube da antecipação?
ANDRESSA: já, sete horas né?
GARIBALDI: é, sete horas lá
ANDRESSA: é, eu tô saindo aqui com minha mãe do aeroporto, vou só assinar um papel, é aqui pertinho do Gilberto, eu encontro vocês, é aqui do lado mesmo, é caminho
(...)
ANDRESSA: é rápido, é no caminho, só vou passar aqui no contador só pra assinar um papel
GARIBALDI: tá certo
ANDRESSA: tá, é caminho
GARIBALDI: você trouxe a lista direitinho é, tudo né?
ANDRESSA: não, mas eu tenho de cabeça, qualquer coisa eu anoto lá
GARIBALDI: hein?
ANDRESSA: eu sei de cabeça, eu anoto lá
Para a PF, é “importante destacar que Garibaldi preocupa-se que Andressa leve para a reunião uma lista, ao que Andressa responde que sabe de cabeça”.
"Tendo em vista a proximidade da data do julgamento no STJ anteriormente mencionada neste relatório, bem como o efetivo engajamento da investigada no caminho jurídico do processo penal de seu pai, tudo indica que referida lista seja relacionada a este julgamento”, diz o documento.


GARIBALDI: Andressa
ANDRESSA: oi
GARIBALDI: já soube da antecipação?
ANDRESSA: já, sete horas né?
GARIBALDI: é, sete horas lá
ANDRESSA: é, eu tô saindo aqui com minha mãe do aeroporto, vou só assinar um papel, é aqui pertinho do Gilberto, eu encontro vocês, é aqui do lado mesmo, é caminho
(...)
ANDRESSA: é rápido, é no caminho, só vou passar aqui no contador só pra assinar um papel
GARIBALDI: tá certo
ANDRESSA: tá, é caminho
GARIBALDI: você trouxe a lista direitinho é, tudo né?
ANDRESSA: não, mas eu tenho de cabeça, qualquer coisa eu anoto lá
GARIBALDI: hein?
ANDRESSA: eu sei de cabeça, eu anoto lá
Para a PF, é “importante destacar que Garibaldi preocupa-se que Andressa leve para a reunião uma lista, ao que Andressa responde que sabe de cabeça”.
"Tendo em vista a proximidade da data do julgamento no STJ anteriormente mencionada neste relatório, bem como o efetivo engajamento da investigada no caminho jurídico do processo penal de seu pai, tudo indica que referida lista seja relacionada a este julgamento”, diz o documento.


GARIBALDI: Andressa
ANDRESSA: oi
GARIBALDI: já soube da antecipação?
ANDRESSA: já, sete horas né?
GARIBALDI: é, sete horas lá
ANDRESSA: é, eu tô saindo aqui com minha mãe do aeroporto, vou só assinar um papel, é aqui pertinho do Gilberto, eu encontro vocês, é aqui do lado mesmo, é caminho
(...)
ANDRESSA: é rápido, é no caminho, só vou passar aqui no contador só pra assinar um papel
GARIBALDI: tá certo
ANDRESSA: tá, é caminho
GARIBALDI: você trouxe a lista direitinho é, tudo né?
ANDRESSA: não, mas eu tenho de cabeça, qualquer coisa eu anoto lá
GARIBALDI: hein?
ANDRESSA: eu sei de cabeça, eu anoto lá
Para a PF, é “importante destacar que Garibaldi preocupa-se que Andressa leve para a reunião uma lista, ao que Andressa responde que sabe de cabeça”.
"Tendo em vista a proximidade da data do julgamento no STJ anteriormente mencionada neste relatório, bem como o efetivo engajamento da investigada no caminho jurídico do processo penal de seu pai, tudo indica que referida lista seja relacionada a este julgamento”, diz o documento.


MOTORISTA RAIMUNDO: é, eu vou passar o Senador Garibaldi pra você
ANDRESSA: ah, tá bom, obrigada
GARIBALDI: Andressa
ANDRESSA: oi
GARIBALDI: eu fiquei até agora esperando aquela notícia pra dar pra tu
ANDRESSA: sei
GARIBALDI: e até agora eu não recebi a notícia, liguei pra ele, mas ele não chegou em casa
ANDRESSA: ah tá
GARIBALDI: aí ele tava...o Secretário dele disse que assim que ele chegar vai pedir pra ele ligar
ANDRESSA: tá tá bom
GARIBALDI: aí ele diz...você vai amanhã mesmo?
ANDRESSA: vou amanhã de manhã, dez horas
As interceptações demonstram que o julgamento do caso no STJ estaria marcado para o próximo dia 31 de outubro, o que não ocorreu. O blog entrou em contato com a assessoria do STJ. Existem dois habeas corpus impetrados pela defesa de Henrique Eduardo Alves, datados do fim de agosto deste ano.
Os habeas corpus ainda não foram a julgamento, mas tem parecer contrário dado pelo Ministério Público Federal. Segundo a assessoria, a regra é que os HCs sejam levados ao órgão colegiado, nesses casos a Sexta Turma.
O que dizem os citados
Ao blog, o senador Garibaldi Alves confirmou a ida à casa do ex-presidente Sarney para pedir “ajuda” e tratar do caso de Henrique Eduardo Alves, seu primo, que foi presidente da Câmara dos Deputados.
"Sempre frequento a casa do Sarney aqui e acolá para pedir ajuda. E em uma dessas vezes, à noite, eu fui, em companhia da Andressa, para conversar sobre o problema do deputado Henrique, ouvir a opinião dele, como homem experiente, mas não houve nenhuma consequência”, afirmou ele sobre a suspeita de tentar “saída antecipada” de Henrique da prisão.
O advogado de Sarney, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que o ex-presidente recebe Garibaldi com frequência, e que é amigo dele e da família de Henrique Eduardo Alves.
“O ex-presidente confirma o encontro com Garibaldi e Andressa, mas diz que eles foram lá mais para contar história, que não houve pedido de nada. E mesmo se houvesse um pedido de liberdade, ele não teria nenhum tipo de influência e não poderia fazer nada”, disse Kakay ao blog.
O advogado de Henrique, Marcelo Leal, afirmou que tem trabalhado tecnicamente, buscando as vias judiciais, e acredita que o mérito do habeas corpus é muito bom, e que, por isso, acredita na concessão das medidas.
Procurado pelo blog, o advogado de Andressa, Erick Pereira, afirma que não pode comentar as informações porque elas estão sob sigilo. Segundo ele, quando o sigilo da investigação for retirado pela Justiça, as explicações serão dadas à coluna.
O blog ligou para os números de Andressa, filha de Henrique, do marido dela, Bruno, e para Laurita, esposa de Henrique, mas não conseguiu o contato.

Fonte: G1

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