quinta-feira, novembro 20, 2014

Monitor do Mackenzie é demitido e preso acusado de abusar de meninas

Antônio de Assis interpretou um menino malvado numa peça de teatro infantil durante a Páscoa para crianças do Mackenzie; para a sua defesa, meninas fantasiaram a possibilidade dele tê-las molestado (Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal / Facebook)Um monitor do colégio Mackenzie, em Barueri, na Grande São Paulo, foi demitido e depois acabou preso sob a acusação de abusar sexualmente de três meninas de 3
anos de idade em abril. Além de Antônio Bosco de Assis, de 44 anos, mais outros dois funcionários foram desligados da escola por suspeita de participarem do mesmo crime, mas só ele foi acusado de estupro e detido.
A defesa de Assis alega que o monitor nega os estupros, diz que ele é inocente e lista incoerências no processo. Segundo a advogada Anabella Marcantonatos faltam provas técnicas: imagens das câmeras do circuito interno da escola, laudos médicos periciais ou testemunho de pessoas que estavam com Antônio no momento do suposto crime.
A advogada diz que a prisão e a denúncia foram baseadas somente nos relatos das meninas e que elas podem ter sido influenciadas pelo papel interpretado pelo monitor em uma apresentação teatral. A defensora, que é mãe de duas meninas que também estudam na escola, diz que decidiu defender o monitor depois de ter tomado conhecimento do caso em uma reunião de pais.
A Justiça deverá julgar o monitor nesta semana.
Tio Malvado: relatos
“Acho que as meninas estão confundindo fantasia com realidade para acusá-lo: ele interpretou um menino mau, que maltratava crianças e animais em uma peça e depois passou a ser conhecido na escola como o tio malvado", disse.
O Mackenzie informou que assim que tomou conhecimento das denúncias de abusos feitas pelos pais das meninas, decidiu afastar os três funcionários citados por elas da unidade Tamboré para preservá-los.

O colégio ainda alegou que procurou a Polícia Civil para comunicar as acusações contra os empregados para que fossem tomadas providências. Dos investigados, somente Antônio foi responsabilizado por estupro.
Mas, segundo a defensora do monitor, não há provas técnicas que comprovem ter ocorrido o abuso sexual contra as crianças e seu computador também não teria sido periciado. "Pedi à Justiça que seja aberta uma nova instrução porque Antônio está preso sem provas", disse a defensora.

Ministério Público
O jornal "Folha de S.Paulo" revelou o caso na quarta-feira (18). Na denúncia feita pela Promotoria, o abuso ocorreu em 22 de abril. Antônio foi acusado de “aproveitar-se da momentânea ausência de vigilância” de outros funcionários para despir e tocar as crianças durante a aula de educação física, de acordo com a Folha de S.Paulo.
O promotor Eduardo Querobim não quis falar com o G1 sobre o caso, segundo a assessoria do MP, por se tratar de apuração sigilosa.

“No dia do ocorrido, se é que ocorreu, Antônio estava em outro local. Se ele tivesse ido para a educação física, as câmeras teriam registrado isso”, disse Anabella, que é mãe de duas meninas que estudam na mesma unidade do Mackenzie Tamboré, onde o monitor trabalhava.

De acordo com a defesa, mesmo consultas médicas feitas com pediatras particulares contratados pelos pais das supostas vítimas, e que integram o processo, que corre sob sigilo judicial, atestam que não há como concluir que houve abuso.

Justiça
Antônio está preso desde 8 de abril. Nesta semana, a juíza Cynthia Straforini deverá julgar o caso. O réu responde por estupro de vulnerável. A pena para esse crime pode chegar a 30 anos de prisão. Em 2009, a legislação também passou a considerar estupro a manipulação dos genitais e não só penetração.

Procurada pela equipe de reportagem, a assessoria do Tribunal de Justiça (TJ) informou que a magistrada não iria se pronunciar porque o caso corre sob segredo.

Polícia Civil
O G1 também tentou falar com o delegado Alexandre Palermo, do 2º Distrito Policial, de Barueri, responsável pelas investigações que apontaram Antônio como o homem que abusou as crianças, mas a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que ele não iria falar.

Por meio de nota enviada por e-mail à redação, a SSP escreveu que “o processo criminal sobre o caso corre em segredo de justiça, motivo pelo qual não é possível comentar ou fornecer informações sobre as investigações. É preciso lembrar, no entanto, que o pedido de prisão do acusado foi endossado pelo Ministério Público e acolhido pelo Judiciário com base nas provas colhidas pelas investigações conduzidas pelo 2º DP de Barueri.”

Vítimas e o caso
O advogado João Carlos Bertini, que defende os interesses de um dos pais das crianças que teriam sido molestadas, não quis falar ao G1 sobre o caso quando foi procurado.

Segundo Anabella, o caso teve início quando uma babá de uma das crianças teria visto um vermelhidão nas pernas da menina enquanto os pais estavam viajando. Quando chegaram, a funcionária contou a eles que a menina dizia ter sido tocada por funcionários do colégio, que também teriam tido contado com outras crianças.
A advogada disse que anexou ao processo um abaixo-assinado com 66 assinaturas de pais de crianças do Mackenzie que acreditam na inocência de Antônio. “Além disso, tenho declarações de 15 funcionários que atestam a boa conduta do monitor nos nove anos que ele trabalhou no colégio”, afirmou Anabella.

Ela falou ao G1 que decidiu defender Antônio depois que o caso do suposto abuso chegou ao conhecimento dos pais em reuniões.

“Percebi que estavam querendo condenar o monitor sem qualquer prova técnica, baseando-se apenas no depoimento de meninas de 3 anos, que foram induzidas, a dizer quem estava com Antônio no dia que elas apareceram com assaduras”, disse Anabella.
“Mas os pais se esquecem que Antônio não trabalha com crianças de 3 anos, mas sim com as de 5 anos, e não estava na aula de Educação Física, conforme uma outra professora falou”.

No entendimento da defesa, o mais provável é que as meninas tenham criado uma memória falsa após terem assistido a uma peça de teatro durante a Páscoa. “Nela, Antônio interpretou um menino mal, que chutava as outras crianças, xingava e maltratava os animais. Depois disso, ficou conhecido como o ‘tio malvado’ pelas próprias crianças, que passaram a ter medo dele”.

Uma foto no Facebook do monitor o mostra representando o menino mau na peça. Nas redes sociais, amigos e outros pais de alunos manifestam apoio ao monitor. As três filhas dele, que é casado com uma operadora de telemarketing, estudam no Mackenzie. Uma faz faculdade de direito, na unidade Higienópolis, outras duas estão na Tamboré, onde o pai trabalhava.

As três meninas supostamente violentadas pelo monitor também continuam estudando no Tamboré, segundo informou a assessoria do Mackenzie.

Fonte: G1

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