quinta-feira, novembro 20, 2014

Congresso discute a operação e manutenção de arenas no pós-copa

Foto: José AldenirPela primeira vez em Natal, o Congresso Brasileiro de Custos teve como tema: “A gestão, as despesas pós-Copa e pré-Olimpíadas 2016”.
Uma das graves consequências já é possível perceber no campo econômico do esporte mais popular do país – a elevação dos preços dos ingressos.

“É um problema muito grave porque no Brasil é um esporte do povo. Era uma opção de lazer barata e deixou de ser com a construção das novas arenas”, disse Ridalvo Medeiros de Oliveira, organizador local do evento e professor de Contabilidade da UFRN. Além do valor das entradas, a violência em grandes clássicos e alternativas para ver o jogo (tevê a cabo e bares) colaboram para afastar o torcedor das arquibancadas.

Segundo o professor, o Rio Grande do Norte já não possuía uma massa de torcedores expressiva se comparado com Estados vizinhos e os novos preços afugentam o público já reduzido. “Isso deve ser pensado pela gestão da Arena, pelos clubes e pela secretaria [Especial da Copa]“, sugeriu.

Na verdade, alguns clubes já começaram a analisar esse problema. Exemplo disso foi o jogo do ABC contra o Ceará. O time da casa colocou ingressos à disposição a partir de R$ 5. O valor chegou a lembrar os preços da extinta “geral”, setor mais popular dos estádios brasileiros antes das construções das arenas para a Copa de 2014. O resultado foi um público de 15.277 pagantes. No total de espectadores do jogo válido pela Série B do “Brasileirão” chegou a 16. 573 pessoas (incluindo não pagantes e sócios) e a renda foi de R$ 183.835.

O atual recorde de público da Arena das Dunas está com o América, quando 30.575 pessoas acompanharam o duelo contra o Flamengo no mês passado. Mas o organizador local do evento acredita que a atração desse público é um fator esporádico. “São jogos muito pontuais que conseguem atrair esse público, só Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, mas não o nosso campeonato estadual”, observou. Tanto é que a estratégia dos clubes é exatamente utilizar a Arena das Dunas apenas em jogos com adversários do sudeste que contam com torcida espalhada pelo Brasil.

O professor reconhece a necessidade de lucrar, porém, no contexto local, a gestão do futebol pode dar um tiro no pé se uma política de atração de torcedores não for perene. “Não podemos perder de vista que é um empreendimento e como tal necessita de retorno, mas o torcedor fanático está deixando de ir ao estádio”, finalizou.

Eleição X Copa

A Eleição de 2014 custou três vezes mais que a Copa do Mundo 2014 no Brasil. Essa é análise do presidente da Associação Brasileira de Custos (ABC), Carlos Diehl. Para ele, os R$ 25 bilhões investidos no mundial de futebol do Brasil é pouco expressivo diante do dinheiro que os partidos gastam para ganhar votos. “Se comparar, as eleições movimentaram R$ 75 bilhões, então o valor não foi tão significativo. E nós temos eleições a cada dois anos”, analisou o professor.

Diehl também prefere não comparar com eventos globais organizados por outros países em virtude das especificidades. A comparação com a África do Sul, por exemplo, não seria tão eficaz, pois o número de cidades-sede foi menor que no Brasil. Quando se compara com países desenvolvidos, ele acredita que também pode haver distorções. “Nós sempre temos mais a fazer do que eles”, referiu-se às obras de infraestrutura.

O presidente da entidade organizadora do congresso falou também sobre o modelo de gestão. Na avaliação do dirigente, a natureza do modelo de concessão não é necessariamente uma salvação para todos os casos. “No Brasil durante muito tempo tivemos problemas de concessões de rodovias em que a concessão era privada por exemplo”, citou. Para ele, no contrato deve haver parâmetros de avaliação de desempenho para a manutenção da empresa concessionária.

De acordo com a organização, a 21ª edição do Congresso Brasileiro de Custos reuniu mais de 400 profissionais de todo o país de segunda até hoje em Natal. Engenheiros, contadores, economistas e professores universitários não apenas se concentraram em atividades científico-acadêmicas, como também fizeram visitas técnicas a empresas, como a Indústria Guararapes.

Fonte: Portal JH

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!