terça-feira, fevereiro 18, 2014

Família de menino morto em hospital vai pedir contraprova de dengue

Familiares de William Gabriel pediam justiça em protesto nesta segunda em frente ao Hospital Papi em Natal (Foto: Victor Lyra/Inter TV Cabugi)A família de William Gabriel Ferreira da Silva Gomes, de 9 anos, que morreu em novembro no hospital Papi, na zona Leste de Natal, pretende pedir um novo exame para saber as causas da morte da criança. Um laudo necroscópico
entregue no início do mês pelo Instituto Evandro Chagas, do Pará, indicou que uma dengue hemorrágica matou o menino, no entanto os familiares da vítima continuam acreditando que uma superdosagem de medicamentos complicou o quadro clínico de William Gabriel.

"Meu filho morreu no dia 21 de novembro e no dia anterior, quando ele começou a sangrar pela boca, fizeram um exame de dengue e não deu nada. Como é que depois quase três meses dizem que o menino faleceu de dengue?", questiona a mãe Francisca Aparecida Ferreira da Silva, que discorda do resultado do laudo do instituto. "O hospital tem que se responsabilizar pelo que fez. A pretensão é fazer um novo exame. Não vamos deixar por isso mesmo. Imagine perder um filho e não saber porque ele morreu. A dor é grande", diz.

Apesar da posição da família, a delegada Rossana Pinheiro, que investiga o caso na 1ª Delegacia de Polícia Civil, explica que tanto os depoimentos quanto os laudos anexados ao processo indicam que a causa da morte foi mesmo dengue hemorrágica. "O que está nos autos converge com a morte por dengue hemorrágica. Sobre o exame feito no hospital ao qual tivemos acesso, o resultado foi considerado sugestivo de dengue, mas não conclusivo. O conclusivo foi emitido pelo Instituto Evandro Chagas, que é uma referência na área", relata a delegada.

Ainda segundo Rossana Pinheiro, os profissionais ouvidos afirmam que o menino morreu sem apresentar sintomas da dengue, como febre. "A dengue hemorrágica pode matar em até 24 horas sem a manifestação do sintomas. São casos em que o sistema imunológico está muito abalado, conforme me disseram os médicos", conta.

Quanto ao infectologista de quem a família ouviu hipótese de superdosagem de medicamentos, a delegada informou que o profissional confirmou o parecer inicial de que poderia ter havido uma hepatita medicamentosa. Porém, após ver o laudo do Instituto Evandro Chagas, o infectologista chegou à conclusão que o diagnóstico de dengue hemorrágica estava correto.

Rossana Pinheiro chegou a solicitar uma junta médica ao Conselho Regional de Medicina (CRM), mas teve o pedido negado. "O CRM me informou que só pode formar uma junta médica mediante determinação judicial", explica. A delegada concluiu a fase de depoimentos e agora trabalha para remeter o processo ao Ministério Público Estadual.

Suspeita de superdosagem

O pai de William Gabriel relatou que o menino deu entrada no hospital no dia 29 de outubro e foi diagnosticado inicialmente com uma asma alérgica. O menino foi liberado no dia 11 de novembro, no entanto, quando voltou para Pendências, a criança teve novas crises respiratórias. "Ele teve três crises e a médica da cidade achou melhor mandá-lo para Natal novamente. Desta vez pedimos um infectologista e ele nos disse que Gabriel estava com coqueluche e que o recomendado era suspender os medicamentos, mas não foram suspensos", detalha.

Protesto foi realizado na tarde desta segunda em frente ao Hospital Papi, em Natal (Foto: Victor Lyra/Inter TV Cabugi)Protesto foi realizado em novembro no hospital
(Foto: Victor Lyra/Inter TV Cabugi)
De acordo com José Gomes, depois da piora do garoto foi pedido mais uma vez que os medicamentos fossem suspensos. Dias antes do falecimento, William Gabriel começou a sentir fortes dores no corpo. "Ninguém sabia o porquê. Quem estava no hospital escutava os gritos do meu filho. O infectologista nos disse que era preciso fazer uma ressonância, mas não foi possível no dia", acrescentou.

Ainda no quarto, a mãe de William Gabriel notou que a visão do menino foi para um lado só. "Ele não enxergava, ficou sem visão. Perguntava onde a mãe estava no quarto", diz José Gomes. No mesmo dia a criança começou a cuspir sangue e foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde teve uma hemorragia e faleceu.

Na época da morte, o hospital Papi também informou que abriria um procedimento administrativo para apurar o caso pela Comissão de Revisão de Prontuário e Óbitos. "Em seus 44 anos de existência, o Papi sempre manteve o compromisso com a transparência e a ética no cuidado dos seus pacientes, e não medirá esforços para esclarecer este fato à opinião pública e trazer à tona toda a verdade", dizia a nota enviada pelo hospital.

Reprodução Cidade News Itaú

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