quinta-feira, julho 11, 2013

Consórcio assume Maracanã e já fala em atrasar obras obrigatórias

Grupo de empresas diz que dará obras em cinco anos; contrato fala em 2,5 anos

O consórcio que administrará o Maracanã pelos próximos 35 anos assumiu na terça-feira o controle do estádio. Na quarta, o presidente do grupo de empresas formado pela Odebrecht, a AEG e a IMX, de Eike Batista, já falou em adiar a entrega das obras obrigatórias para o processo de privatização.

Em entrevista coletiva concedida para o anúncio do contrato entre o Complexo Maracanã Entretenimento SA com o Fluminense, primeiro clube a acertar sua volta à arena, João Borba disse a jornalistas que os investimentos de cerca de R$ 600 milhões que o consórcio será obrigado a fazer na área do complexo esportivo serão realizados em cinco anos. O contrato assinado entre governo do Rio de Janeiro e o grupo empresarial determina que isso seja feito em dois anos e meio.

"Temos um grande investimento a fazer. São R$ 600 milhões em cinco anos", disse Borba, ao se referir das chamadas obras incidentais, do seu custo e seu cronograma de construção.

Essas obras incidentais são, na verdade, modificações na área do complexo esportivo no Maracanã planejadas pelo governo estadual para adequar o espaço para a Copa do Mundo de 2014, Olimpíada de 2016 e ao novo modelo de negócios do estádio. Estão incluídas na lista de intervenções, a construção de estacionamentos, a demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Júlio Delamare, assim como a construção de novos equipamentos esportivos.

De acordo com o estudo de viabilidade econômica que baseou a privatização do Maracanã, todas as obras incidentais custariam R$ 594 milhões. Esse mesmo estudo previa que elas fossem realizadas e pagas nos dois primeiros anos da concessão do estádio.

Nesta quinta-feira, entretanto, Borba disse que o plano não é bem esse. Após dar uma nova previsão para a realização de investimentos obrigatórios, o presidente do Maracanã SA foi ser questionado sobre os prazos contratuais, mas não respondeu. A assessoria de imprensa da concessionária também não soube explicar o novo cronograma de obras. Só ressaltou que o plano de realização terá de ser dividido e paralisado algumas vezes para não atrapalhar a preparação da Copa e Olimpíada.

A determinação de que as obras não atrapalhassem os grandes eventos esportivos já está previsto no contrato de concessão. Um possível atraso na entrega das obras também. Para isso, entretanto, o governo do Rio precisa autorizá-lo.

Procurados pelo UOL Esporte, nem a concessionária nem o governo responderam se os novos prazos para as obras já foram acordados.

Acordo

A extensão dos prazos para as obras obrigatórias, caso confirmado, não seria a primeira concessão feita pelo governo ao novo administrador do Maracanã. Na semana passada, um acordo entre o grupo empresarial e o Estado garantiu ao consórcio o direito de assumir a administração do estádio antes de o contrato de concessão entrar em vigor.

Quando o edital de licitação do Maracanã foi lançado, foi estabelecido que o consórcio vencedor da concorrência só assumiria o controle do estádio após apresentar ao governo fluminense acordos para o uso da arena com, pelo menos, dois clubes cariocas. Isso garantiria que a principal função do Maracanã, a de ser palco dos principais jogos de futebol disputados no Rio de Janeiro, seria cumprida.

Na licitação, ainda existia a possibilidade do consórcio assumir o controle do estádio sem o acordo com os clubes. Neste caso, porém, o grupo empresarial deveria informar ao governo que assumiria o risco de administrar o estádio sem a parceria com os times. Feito isso, o contrato de concessão da arena entraria em vigor e o consórcio passaria a responder pelo Maracanã. Em caso de desistência, o grupo de empresas teria de pagar multa ao governo.

Na sexta-feira passada, porém, o governo do Rio informou fechou um acordo com o Complexo Maracanã Entretenimento SA. O Estado entregou o Maracanã, mesmo sem o acordo com os dois clubes cariocas ou que o consórcio assumisse a responsabilidade pelo estádio. Assim, caso o consórcio não consiga firmar esses acordos, poderá devolver o estádio ao governo sem multa.

Reprodução Cidade News Itaú

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