quarta-feira, junho 20, 2012

Sob suspeita, o juiz da vara em que corre o caso Cachoeira pede à Corregedoria que o investigue



O juiz Leão Aparecido Alves, titular da 11a Vara Criminal de Goiás, requereu à Corregedoria do Tribunal Regional Federal de Brasília que o investigue. O magistrado deveria ter assumido a condução do processo da Operação Monte Carlo. Porém, declarou-se impedido. A Polícia Federal apura a suspeita de envolvimento da mulher e de uma assessora de Leão num suposto vazamento de informações para um destacado membro da quadrilha de Carlinhos Cachoeira.

Deve-se à ministra Eliana Calmon, corregedora Nacional de Justiça do CNJ a informação sobre o requerimento remetido ao TRF. Ela falou com os repórteres depois de se reunir com o próprio Leão e com Paulo Augusto Moreira Lima (na foto), que, até a semana passada, despachava como juiz auxiliar na mesma 11a Vara Criminal.

Era Moreira Lima quem conduzia o processo da Monte Carlo. Sentindo-se ameaçado, pediu para deixar o caso. O TRF transferiu-o para outra jurisdição. Desde segunda-feira (18), ele despacha na 12a Vara Criminal. Normalmente, Leão deveria ter assumido a condução do processo contra Cachoeira e seu bando. Porém…

Abalroado pela suspeição, Leão viu-se compelido a renunciar ao caso. A PF levou a mulher e a assessora do juiz à alça de mira após rastrear um telefonema disparado para José Olímpio Queiroga Neto, sócio de Cachoeira na exploração de jogos ilegais em Valparíso (GO). As duas personagens ligadas ao magistrado seriam usuárias do aparelho que contactou Queiroga. Suspeita-se de vazamento de dados sigilosos. Daí o pedido de Leão à Corregedoria do TRF.

No encontro com Eliana Calmon, o magistrado Moreira Lima foi instado a informar o porquê de ter pedido para deixar o caso Cachoeira. Na entrevista, Eliana relatou, em termos vagos, o que ouviu a portas fechadas:

“O juiz confirma apenas a questão do telefonema que ele recebeu de alguém de um presídio de segurança máxima. Falou também de um carcereiro que o procurou contando que ouviu um preso dizendo algo. Contou também de um policial que visitou os pais dele.”

Curiosamente, a ministra atribuiu a decisão do juiz de se afastar do caso não às ameaças veladas, mas a um certo enfado: “Ouvimos do magistrado suas razões, porque o nosso entendimento é de que a magistratura não pode estar fragilizada. Ou seja, com medo do crime organizado. Naturalmente que o juiz deu as razões, disse que se sentia cansado, extenuado, e que gostaria de sair do processo, após 16 meses de trabalho”.

Eliana acrescentou: “No nosso entendimento, negar esse pedido seria até um ato de desumanidade. Daí eu entendo que ele sai não por fragilidade, não por covardia, não porque ele esteja com medo. Ele sai porque ele quer, efetivamente, descansar disso tudo, dessa notoriedade.”

O CNJ cometeu um erro básico ao organizar a reunião desta quarta. Se o juiz Leão encontra-se sob suspeição, ele jamais deveria ter sido ouvido na presença do colega Moreira Lima, em tese vítima suposta ação de vazamento. Por razões óbvias, os dois juízes teriam de ser escutados em conversas separadas.

Com a saída de Moreira Lima e a declaração de suspeição de Leão Aparecido, o processo contra Cachoeira e Cia. foi às mãos de um terceiro magistrado: Alderico Rocha Santos, titular da 5ª Vara Federal de Goiás. Curiosamente, Alderico não participou do encontro do CNJ.

Embora tenha atribuído a saída de Moreila Lima mais ao cansaço do que às ameaças, Eliana Calmon informou que a Comissão de Segurança do CNJ tomou providências para garantir a proteção dele e também a de Alderico, o novo magistrado da Monte Carlo. Ah, bom!

Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú

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