terça-feira, janeiro 24, 2012

Advogado quer doar a instituições de caridade presentes recebidos pela falsa grávida de Taubaté (SP)

Carrinhos, berços e enxovais de bebê recebidos como doação pela pedagoga Maria Verônica Aparecida César Santos, 25, serão devolvidos ou doados a instituições de caridade de Taubaté (SP) sugeridas pela Justiça criminal. A proposta é do advogado de Maria Verônica, Enílson Castro, que na sexta passada (20) admitiu que a gravidez de quadrigêmeos sustentada pela cliente na mídia, desde o início do mês, era uma farsa sustentada por silicone e espuma.

Nesta terça-feira (24), Castro disse ao UOL que a doação dos presentes é uma forma de se evitar a acusação formal pelo crime de estelionato --pelo qual ela pode ser indiciada, segundo a Polícia Civil de Taubaté, juntamente com falsidade ideológica.

“Há uma corrente [jurídica] que entende que o crime não se configuraria se, antes do oferecimento da denúncia, houver o reparação do dano. A devolução do que foi recebido por meio de doação atenderia isso”, afirmou Castro. Sobre a devolução a quem deu os presentes, foi taxativo: “Não fomos ainda procurados por ninguém, mas estou à disposição para quem quiser de volta o que deu”.

O advogado afirmou que se consultaria com um juiz criminal para pedir orientação sobre entidades que possam receber as doações. Ele defende que, além do aspecto penal, o gesto também “ajudaria a Verônica a lidar melhor com isso”. “Porque toda vez que ela olha para essas coisas, volta a lembrança de todo o sofrimento que foi”, definiu.

Foi em uma conversa ontem com a pedagoga, por sinal, em que Castro diz ter ouvido as justificativas para a farsa criada, bem como se Maria Verônica teria tido sozinha a ideia. O advogado falou que só poderá tornar isso público depois do depoimento dela à polícia, que, conforme ele, será prestado até esta sexta (27). No entanto, sugeriu que a defesa deverá seguir alguma linha relacionada a distúrbios psiquiátricos ou psicológicos.

“Ontem ela estava bem mais tranquila, sem a pressão de sustentar ainda aquela história. Acabou sendo [o desmentido] um desabafo. É a primeira vez que atendo um caso assim, mas me consultei com algumas pessoas ligadas e com assuntos de psiquiatria forense para ouvir qualquer explicação dela”, indicou Castro.

Inquérito na polícia
Na semana passada, o delegado seccional de Taubaté, Ivahir Freitas Garcia Filho, havia dito que, se comprovadas a farsa e a obtenção de vantagem em detrimento de outros, a pedagoga poderia ser indiciada não só por falsidade ideológica, mas também por estelionato. Hoje, o advogado afirmou tê-la encontrado “muito assustada” com a possibilidade. “Não se sabe o que de fato levou a essa situação, as pessoas têm dificuldade de entender isso, até a família tem. E o assédio que ela está sofrendo é terrível”, afirmou.

Pela polícia, o inquérito tem 30 dias para ser relatado, desde a semana passada. O companheiro de Maria Verônica, Kleber Eduardo Vieira, 37, também deve ser ouvido.

Entenda o caso
Maria Verônica ganhou o noticiário nacional com a falsa barriga –na verdade, de silicone e espuma– exposta principalmente em programas de TV jornalísticos e de entretenimento.

Após uma reportagem da TV Record com um médico que atendeu Maria Verônica, contudo, a gravidez começou a ser contestada e a Polícia Civil resolveu abrir uma investigação.

Um dia depois, uma mulher de Blumenau (SC) acusou Maria Verônica de ter exibido, na realidade, imagens do ultrassom de seu filho divulgadas em um blog.

“Queremos que ela [Maria Verônica] esclareça em depoimento alguns pontos e faça depois o exame para ver se procedem notícias que vimos depois de ela ter anunciado a gravidez e para saber se ela foi beneficiada com algum tipo de doação. Se não está grávida e auferiu vantagem, aí pode-se vislumbrar, em tese, além de falsidade ideológica, também estelionato”, disse o delegado seccional, após a abertura de inquérito.

Fonte: Portal Uol

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