quinta-feira, julho 06, 2023

Aposentados enfrentam a ofensiva de quem oferece crédito consignado que não foi pedido

A Secretaria Nacional do Consumidor recebeu em 2023 mais de 28 mil reclamações sobre crédito consignado. Os aposentados estão entre os que mais sofrem com o assédio comercial.


O aposentado Luiz Adriano acordou com R$ 36 mil a mais na conta - e não foi presente. Era um empréstimo consignado feito por outro banco; empréstimo que ele não pediu nem queria. Luiz fez uma reclamação no Procon, que acionou o banco e ele conseguiu devolver o dinheiro.


“Eu tinha que me livrar daquilo, porque era uma dívida que eu não queria. Eles fizeram o boleto, eu fiz o pagamento e o dinheiro saiu da minha conta”, conta.


O Luiz Adriano fez exatamente o que é preciso para combater o abuso na oferta de crédito consignado: ele registrou uma reclamação. É a partir de registros como o dele que a Federação Brasileira de Bancos tenta regular esse mercado.


A Febraban criou a autorregulação do consignado em janeiro de 2020. Desde então, já aplicou 1,2 mil punições a correspondentes bancários - empresas que oferecem empréstimos em nome dos bancos. Foram 552 advertências, 602 suspensões temporárias e 46 definitivas.


Autorregulação do empréstimo consignado já aplicou 552 advertências, 602 suspensões temporárias e 46 definitivas — Foto: JN


Os principais alvos do assédio comercial são funcionários públicos e aposentados, porque as parcelas são debitadas do pagamento e eles não correm o risco de perder a remuneração.



A orientação da Febraban para quem não quer receber ofertas é pedir o bloqueio deste tipo de ligação no site nãomeperturbe.com.br. Desde 2020, já foram quase 4 milhões de solicitações.


Se as ligações indesejadas continuarem, é preciso reclamar no serviço de atendimento do banco, no Procon ou no site consumidor.gov.br. Em 2023, a plataforma do Ministério da Justiça já recebeu 28 mil reclamações.


O diretor de autorregulação da Febraban diz que o cerco ao assédio aos clientes vai aumentar a partir de julho.


“Assim como é feito hoje com as empresas, que são os correspondentes, nós atuaremos com as pessoas físicas. Elas serão monitoradas - a qualidade do atendimento, a qualidade da oferta -, e havendo alguma irregularidade, da mesma forma, elas também serão punidas e não atuarão mais em nome dos bancos. A voz do consumidor é importante para a gente avançar, cada vez mais, na autorregulação do crédito consignado”, afirma Amaury Oliva.


Fonte: Jornal Nacional

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