quarta-feira, julho 13, 2022

Filho de petista assassinado por bolsonarista diz que pessoas ligadas ao presidente 'estão fazendo campanha' com morte

Leonardo Miranda de Arruda, de 26 anos, filho de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu , no oeste do Paraná, criticou nesta quarta-feira (13) o uso político do crime pelo entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição nas eleições de outubro.


Bolsonaro enviou na terça (12) o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) a Foz do Iguaçu para se encontrar com dois irmãos bolsonaristas de Marcelo. Em uma ligação de vídeo, Bolsonaro convidou os irmãos para uma coletiva de imprensa em Brasília sob o argumento de que a "imprensa" tentava colocar a morte de Marcelo sob sua responsabilidade. O assassino é o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador declarado de Bolsonaro.



Otoni não se encontrou com a viúva de Marcelo, Pâmela Suellen Silva, nem com Leonardo, filho do primeiro casamento da vítima.


Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, nesta quarta-feira (13), Leonardo disse não ter sido convidado para o encontro. Afirmou ainda que a família só quer paz e justiça pela morte do pai dele.


"Não foi feito nenhum contato comigo nem com os demais familiares. Foi feito sim um contato com os meus tios, a esposa do meu tio. A princípio era para ser algo mais sigiloso toda essa conversa e ganhou uma proporção muito rápida. [...] Muitas pessoas ligadas ao presidente estão fazendo campanha através disso, então no fim das contas a gente só quer paz, que esse ódio todo acabe. A gente só quer justiça pelo meu pai," afirmou o jovem.


Marcelo enviou vídeo ao estúdio I falando sobre a repercussão da morte do pai — Foto: Reprodução


Pâmela, viúva de Arruda, afirmou ao g1 que também não foi convidada para o encontro --e que Otoni e o presidente não a procuraram e que só aceitaram falar com "ala bolsonarista" da família.


Nesta quarta, Bolsonaro falou em Brasília sobre a conversa com os irmãos do petista. Ele declarou que a imprensa só tem mencionado o fato de Pâmela não ter sido convidada para o encontro e que lamenta a morte de Arruda.


"O que que a imprensa fala? 'Não falou com a viúva'. Meu Deus do céu, o Otoni foi lá conversou com dois irmãos. Se a viúva tivesse lá, falaria com ela também. 'Ah, mas ignorou a viúva que deixou dois filhos'. O tempo todo. A gente lamenta, para mim não justifica o que aconteceu, a motivação, briga lá do nada, infelizmente uma morte e o outro está no hospital," afirmou o presidente.


O petista Marcelo Arruda (esq.) foi morto por Jorge Guaranho (dir.), apoiador de Bolsonaro — Foto: Reprodução


'Não existe intolerância'

A defesa de Garanho se manifestou nesta quarta-feira (13) em entrevista à RPC. Os advogados Cleverson Ortega e Poliana Lemes Cardoso afirmaram que crime não teve motivação política.


“Nós temos certeza, não existe uma intolerância política. Apesar do Guaranho ter um posicionamento de direita, ele não era uma pessoa extremamente voltada a política, então a motivação politica está totalmente descartada. [...] Ele fazia ronda e aconteceu essa fatalidade, que é uma tragédia. Mas a questão política pode ser completamente descartada," informou a advogada Poliana.

Conforme a defesa, o que levou o policial federal penal a atirar, foi ele ter se sentido ameaçado após o veículo que ele estava com a esposa e filho, ter sido atingido por terra, jogada pelo petista.


“Ele se sentiu ameaçado por ter sido jogada muita pedra, perdão, muita terra, contra ele, estando com a esposa e filhos dentro do carro," afirmou Poliana.

O caso

Câmeras de segurança registraram o momento em que o policial penal chegou de carro e parou na porta da festa. Ele fez uma manobra e virou o carro. Marcelo e a esposa saíram e houve uma discussão.


O boletim de ocorrência informa que Guaranho chegou ao local de carro e que no veículo estavam também uma mulher e um bebê.


Depois de alguns segundos, Jorge foi embora. Ele voltou ao local minutos depois no mesmo carro, desceu do veículo e atirou ainda do lado de fora.


Segundo o documento, ele desceu do carro armado, gritando: "Aqui é Bolsonaro!". De acordo com o boletim, o policial penal não era conhecido de ninguém na festa nem foi convidado.


O atirador, em seguida, entrou no salão de festas, onde disparou novamente contra Marcelo. 


Outra câmera, instalada dentro do salão onde ocorria a festa de aniversário, registrou o momento em que o tesoureiro do PT foi baleado.


Ao ser atingido por Guaranho, Marcelo Arruda, que estava armado, revidou. Nas imagens da câmera, Marcelo aparece caindo no chão do salão.


O atirador fez então outros disparos, conforme mostra o vídeo. Em seguida, uma mulher - que, segundo a polícia, seria a esposa de Marcelo - tentou impedir que o atirador continuasse e o empurrou.


A comemoração era realizada na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A.


Fonte: g1

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