domingo, setembro 10, 2017

100% do território cearense corre risco de desertificação, alerta Funceme

Ceará sofre com seca prologanda, o que agrava a situação da desertificação (Foto: José dos Santos/Arquivo pessoal)
Com 100% do território suscetível à desertificação, o Ceará é o único estado da federação que pode se tornar completamente infértil se não houver um trabalho de recuperação das áreas em situação mais crítica.
A desertificação é definida pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação como sendo a degradação de terras, nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas. O fenômeno é resultante de diversos fatores, entre eles as variações climáticas e atividades humanas.
Mapeamento atualizado do território cearense realizado em 2016 constatou que 17.042 km², equivalentes a 11,45% do estado, estão fortemente degradados e suscetíveis à desertificação, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Para Margareth Carvalho, gerente do Núcleo de Recursos e Meio Ambiente da Funceme, a recuperação dessas áreas é, em tese, possível. "Para isso, precisamos de políticas públicas que tratem de manejo e conservação do solo", acredita.
Os cinco anos de seca contribuíram, fortemente, para o agravamento da situação. “Em 2013, contabilizamos mais de 30 mil açudes pequenos, de até meio hectare. Três anos depois, em 2016, o número desses açudes caiu para menos de 18 mil”, relata Margareth Carvalho. Segundo ela, o reservatório cria um ambiente mais úmido que contém o solo, diminuindo o processo de erosão e permitindo agricultura de subsistência.
Outro fator que agrava a qualidade do solo é a queimada, quando o agricultor põe fogo na mata para realizar plantio ou fazer pastagem. O processo, além de destruir a vegetação, retira a camada orgânica do solo, deixando-o mais pobre em nutrientes.
No período de ventos fortes no Ceará, de julho a novembro, o fogo pode ser alastrar facilmente destruindo grandes áreas da caatinga. Por essa razão, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) suspendeu, até o fim de dezembro, as queimadas controladas no Ceará a fim de proteger a cobertura florestal da caatinga.

Segundo o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação (PAE), foram classificadas como áreas suscetíveis à desertificação, as que possuem degradação da cobertura vegetal, assoreamento dos rios, pastoreio excessivo, perda da biodiversidade, perda da capacidade produtiva do solo, baixa relação entre capacidade produtiva dos recursos naturais e a sua capacidade de recuperação. As áreas apontadas como mais suscetíveis à desertificação no Ceará são Sertões dos Inhamuns, Sertões de Irauçuba, Centro Norte e os Sertões do Médio Jaguaribe.
Em 2009, estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), identifica 15 municípios do Ceará com maior propensão à desertificação: Canindé, Morada Nova, Catarina, São João do Jaguaribe, Ibicuitinga, Itatira, Umari, Deputado Irapuan Pinheiro, Acopiara, Madalena, Quixadá, Ocara, Palhano, Ibaretama e Paramoti.

Fonte: G1

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