"Mandala da Prosperidade": novo esquema de pirâmide ganha adeptos no RN

Não é NNEX ou Telexfree, mas as promessas de ganhos imediatos sem esforço são as mesmas. A chamada "Mandala da Prosperidade", esquema de

pirâmide financeira que ganhou adeptos em todo o Brasil no segundo semestre deste ano, principalmente no Sul e Sudeste, está cada vez mais popular no Nordeste do país. Sem um produto sequer para justificar a pirâmide, o esquema usou como argumento inicial a necessidade de ajuda mútua entre mulheres. Especialistas afirmam que esquema é ilegal, mas Rio Grande do Norte ganha adeptos.

Reprodução/WhatsAppEsquema faz com que envolvidos mudem de nível de acordo com entrada de novos participantes

O esquema da "Mandala da Prosperidade", que já funciona há mais de um ano nos EUA, é simples. O sistema usa grupos de Whatsapp para dar andamento ao esquema.  O dinheiro é depositado diretamente na conta bancária pessoal e cada participante é responsável por convidar novas pessoas. O sistema é dividido em "áreas" dentro da Mandala - fogo, ar, terra e água, sendo o "fogo" o primeiro estágio e a "água" o último, quando o participante é beneficiado. O "objetivo" é fazer a Mandala girar, fazendo com que cada um dos participantes chegue até a área da água.

Reprodução/FacebookPotiguares buscam novos adeptos à mandala através do Facebook e WhatsApp

Ao aderir, o usuário doa os R$ 100 e precisa convidar mais duas pessoas para que também fazerem a doação. Quando completarem oito pessoas pagando os R$ 100, na chamada área do "fogo", a Mandala se divide e quem estava na área da "água" recebe os R$ 800. As quatro pessoas que estavam no "fogo" passam para a área do "ar" e ficam com a obrigação de, cada um, convidar mais duas pessoas para fazerem as doações na área do "fogo". Quem estava na área do "ar" vai para a "terra" e, em seguida, quem estava na "terra" vai para a "água". Como são duas pessoas que estavam na "terra", cada uma vai para a "água" com uma nova Mandala e receberá os R$ 800.

O esquema, no entanto, já é alvo análise do Ministério Público do Acre, que foi o estado onde houve a primeira suspensão do funcionamento do Telexfree, um dos maiores esquemas de pirâmide financeira que tiveram atuação no Brasil. Apesar de não haver uma empresa gerindo diretamente o esquema, o promotor Marco Aurélio Ribeiro, da Promotoria de Defesa do Consumidor, do Ministério Público do Acre (MP-AC), já se manifestou e considera a prática ilegal, já que todo sistema piramidal é um crime contra a economia popular.

Além da ilegalidade, especialistas garantem que o esquema não se sustenta. Segundo a consultora de finanças e autora do livro Bolsa Blindada, Patrícia Lages, os esquemas de pirâmide beneficiam poucas pessoas em detrimento de muitas outras. "A base de uma pirâmide sustenta os lucros dos demais. Quem está abaixo vai pagar para quem está acima e a base sempre é maior do que o topo. Nesses esquemas, em média, 12% se beneficiam e 88% pagam para essa contribuição. É um esquema que não se sustenta", garantiu, em seu blog.

No Rio Grande do Norte, várias pessoas aderiram ao esquema de "doações" no esquema da Mandala da Prosperidade. No Facebook, várias pessoas têm divulgado os números dos próprios contatos através do WhatsApp, inclusive através de grupos na rede social. Ainda não há a confirmação se Polícia Civil ou Ministério Público potiguar investigam o esquema.

Fonte: Tribuna do Norte