quarta-feira, outubro 20, 2021

Vice diz que vai propor inclusão no relatório da CPI de pedido de indiciamento de reverendo

Fazendo upload: 1078660 de 1078660 bytes.


O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou ao g1 nesta quarta-feira (20) que vai propor a inclusão do reverendo Amilton Gomes de Paula na lista de pedidos de indiciamento da comissão.


Nesta quarta, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) apresentou o relatório final à comissão (vídeo abaixo). O documento pede o indiciamento de 66 pessoas e duas empresas e será votado na próxima terça-feira (26). Até o dia da votação, podem ser feitas alterações no texto.


O reverendo é fundador de uma entidade privada chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Ao longo dos trabalhos da CPI, ele foi considerado peça-chave na investigação sobre as negociações do governo brasileiro com empresas “atravessadoras” na venda de vacinas.


Durante os depoimentos da CPI, os supostos vendedores de vacina Luiz Paulo Dominghetti e Cristiano Carvalho apontaram o reverendo como o responsável por abrir as portas do Ministério da Saúde à Davati Medical Supply – empresa que dizia ter uma oferta de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em meio a uma escassez mundial do imunizante.


Tanto Dominghetti quanto Carvalho foram alvos de pedidos de indiciamento por corrupção ativa. O reverendo, no entanto, não consta na lista.



“Vou falar com o Renan [Calheiros] e vamos corrigir”, afirmou o vice-presidente da CPI. Randolfe Rodrigues afirmou que o reverendo foi o responsável por intermediar as negociações da Davati com o Ministério da Saúde. “Ele foi protagonista”, disse.


Relatório final

Ao longo das mais de mil páginas do relatório, há dezenas de menções ao reverendo Amilton Gomes sobre suas tratativas em nome da Davati.


O relatório informa que, durante as negociações, “houve uma disputa pelo negócio” entre o reverendo e Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Dias foi acusado de cobrar propina para concretizar a compra das vacinas da Davati.


“Essa rivalidade chama a atenção, pois, em se tratando da busca urgente de vacinas para a população brasileira, deveríamos estar diante de uma situação de convergência de forças, de um objetivo comum. A evidência, portanto, é de que não se buscava atender o interesse público, mas, ao contrário, privilegiar um interesse particular”, escreve o relator no parecer.


Em depoimento à CPI, o reverendo chorou, disse que a instituição que fundou tinha "interesses humanitários" e confirmou que a entidade receberia doações caso o negócio com o governo brasileiro fosse concretizado.


Quem é o reverendo

Conforme mostrou o Jornal Nacional, o então diretor de Imunização do Ministério da Saúde Laurício Monteiro Cruz deu aval para que o reverendo e a Senah negociassem a vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro com a empresa americana Davati Medical Supply.


O reverendo teve reuniões no Ministério da Saúde com Laurício Cruz e com o então secretário-executivo Élcio Franco, que concentrava, no ministério, as decisões sobre a compra das vacinas.


E-mails de março deste ano indicam que o reverendo propôs a compra do imunizante a US$ 17,50 por dose, valor três vezes maior que os US$ 5,25 pagos pelo ministério em janeiro a um laboratório da Índia.



‘Excluídos’

O relatório da CPI da Covid apresentado nesta quarta também deixou de fora seis pessoas que integravam formalmente a lista de investigados pela comissão.


Ao longo dos quase seis meses de trabalhos, o relator incluiu 37 pessoas no rol dos investigados. A medida, na prática, tem o poder de mudar o formato dos depoimentos – garantindo, por exemplo, o direito ao silêncio.


Além disso, de acordo com o próprio relator, apesar de não ser uma “regra geral”, seria um “indício” de que haveria o pedido de indiciamento.


Alguns investigados chegaram a constar entre os pedidos de indiciamento em documentos preliminares do relatório - como o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto, e o sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Catori. Os dois, no entanto, foram retirados de última hora.


Outros investigados que não figuram no relatório são Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas; José Alves Filho, presidente da Vitamedic (fabricante de ivermectina); Helcio Bruno, presidente do Instituto Força Brasil; e Regina Célia, fiscal do contrato da vacina Covaxin.


Fonte: g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!