segunda-feira, novembro 20, 2017

Termina prazo dado para presidente do Zimbábue renunciar

O prazo dado pelo partido para que o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, deixe o cargo terminou nesta segunda-feira (20). A CNN informou que ele concordou em renunciar e já redigiu sua carta de demissão, mas até o momento o líder não fez um pronunciamento oficial. Os generais teriam concordado com todas as demandas feitas pelo chefe de estado, entre elas a imunidade para ele e sua mulher, Grace.
No domingo (19), Mugabe foi afastado da liderança de seu partido, o Zanu-PF, e recebeu um ultimato: caso não deixasse o cargo até o meio-dia (local, 8h no horário de Brasília) desta segunda, os procedimentos para um impeachment seriam iniciados.
Face ao silêncio de Mugabe sobre sua renúncia, o chefe do partido, Lovemore Matuke, disse à Reuters que os parlamentares da agremiação se reúnem ainda nesta segunda para começar a traçar as estratégias para afastar Mugabe do poder.

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, durante seu discurso transmitido pela televisão, neste domingo (19) (Foto: AP Photo)
O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, durante seu discurso transmitido pela televisão, neste domingo (19) (Foto: AP Photo)

Mugabe convocou de uma reunião de gabinete de governo para terça-feira (21), segundo o seu secretário de estado.
Impeachment
Na teoria, o processo impeachment é relativamente longo, que envolve uma sessão conjunta do Senado e Assembleia Nacional, depois a formação de um comitê de senadores de nove membros. Depois, prevê outra sessão conjunta para confirmar sua demissão com uma maioria de dois terços.
No entanto, especialistas constitucionais disseram que o partido tem o número necessário e poderia tirá-lo em menos de 24 horas. "Eles podem acelerá-lo. Isso pode ser feito em questão de um dia", disse John Makamure, diretor executivo do Southern African Partition Support Trust, uma ONG que trabalha com o parlamento em Harare, segundo a Reuters.

Homem segura bandeira do Zimbábue em protesto contra o título de doutora em filosofia concedido à mulher do presidente Robert Mugabe, Grace, nesta segunda-feira (20)  (Foto: AFP)
Homem segura bandeira do Zimbábue em protesto contra o título de doutora em filosofia concedido à mulher do presidente Robert Mugabe, Grace, nesta segunda-feira (20) (Foto: AFP)

Na terça, os parlamentares do principal partido de oposição do Zimbábue, o MDC, realizarão uma reunião na terça para decidir se devem se juntar aos rivais da legenda no poder no impeachment.
Emmerson Mnangagwa, ex-vice-presidente do país, que foi demitido por Mugabe há poucas semanas, foi anunciado como o novo líder do partido e vai ser indicado pelo Zanu-PF à presidência do Zimbábue, segundo o ministro de cibersegurança, Patrick Chinamasa.

Militares do Zimbábue se insurgem e afastam Robert Mugabe  (Foto: Karina Almeida/Editoria de Arte)
Militares do Zimbábue se insurgem e afastam Robert Mugabe (Foto: Karina Almeida/Editoria de Arte)

Entenda a crise
A crise no Zimbábue começou no início da semana passada, quando militares informaram ter começado uma operação contra "criminosos" próximos ao presidente Robert Mugabe, tomando as ruas e assumindo o controle de prédios públicos e da TV estatal.
Isso aconteceu uma semana depois da queda do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, que começava despontar como possível sucessor de Mugabe (e agora assume seu lugar na liderança do partido).
Mnangagwa foi demitido por deslealdade e sua saída foi vista como uma estratégia para ascender a primeira-dama Grace Mugabe ao poder.
Mugabe e a esposa chegaram a ficar confinados em sua mansão de luxo, conhecida como "Blue Roof", por imposição dos militares. No sábado, um sobrinho do líder havia dito que ele estava "pronto para morrer pelo que é correto" e não tinha nenhuma intenção de deixar o poder.
O partido Zanu-PF estabeleceu um prazo, que terminou nesta segunda-feira, para que Mugabe deixasse o poder. Contrariando as expectativas, o presidente de 93 anos chegou a fazer um longo discurso na TV estatal ZBC (Zimbabwe Broadcasting Corporation), mas não anunciou a sua renúncia. Por isso, os parlamentares decidiram começar a discutir o impeachment ainda nesta segunda-feira (20).

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!