segunda-feira, novembro 20, 2017

Morte de paciente atendido 11 vezes por 5 médicos será investigada pelo Cremesp

Junio Cesar Pinheiro Carrion, de 34 anos, morreu após ser atendido 11 vezes em Guará, SP (Foto: Ronaldo Gomes/EPTV)
O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) abriu uma sindicância para apurar o caso de um paciente de 34 anos que morreu após ser atendido 11 vezes por cinco médicos diferentes na Santa Casa de Guará (SP).
Segundo o atestado de óbito, Junio César Pinheiro Carrion, de 34 anos, teve broncopneumonia e edema agudo pulmonar, problemas somente diagnosticados no último atendimento em 3 de novembro, data em que ele morreu.
Além da negligência por parte da equipe médica da Santa Casa do município, a família relatou que o rapaz foi transferido em uma ambulância sem médico e sem UTI para a Santa Casa de Joaquim da Barra, onde chegou a ser atendido.
O caso também está na Polícia Civil. O corpo foi encaminhado para análise no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) de Ribeirão Preto.
Mãe de Carrion, a empregada doméstica Dalva Carrion pede que os culpados sejam punidos. A morte do filho, segundo ela,
"Todos sabem que ele foi um anjo que Deus colocou no meu caminho. Não existe mais vida na minha vida. Não existe, acabou. Eu morri junto com ele. Eu apenas quero justiça. Se essa Santa Casa não pode socorrer ninguém, então por que tá aberta?", afirma.
A Santa Casa de Guará informou que o hospital registrou um boletim de ocorrência em que um médico alega não ter autorizado a remoção do paciente para São Joaquim da Barra. Confirma ainda que a provedora Angela Paulino Soares apenas falará sobre o assunto ao término de uma sindicância interna aberta pelo hospital.
Investigação no Cremesp
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, a sindicância sobre a morte de Carrion pode durar de seis meses a dois anos, entre coleta de documentos e depoimentos para esclarecer o caso.
Caso as denúncias sejam consideradas procedentes, os médicos podem ser albos de um processo ético-profissional, que pode resultar em sanções que vão desde uma advertência confidencial à cassação do exercício profissional.

"Na fase processual, após a notificação do médico acusado, denunciante e denunciado têm asseguradas iguais oportunidades de apresentar provas de acusação e de defesa, inclusive com a opção da presença de advogados", comunicou o órgão.

Prontuários da Santa Casa de Guará, SP (Foto: Ronaldo Gomes/EPTV)
Prontuários da Santa Casa de Guará, SP (Foto: Ronaldo Gomes/EPTV)

Negligência médica
De acordo com a família, Junio Carrion procurou a Santa Casa de Guará por 11 vezes e passou por cinco médicos diferentes desde que começou a passar mal em 20 de setembro até 3 de novembro, quando teve uma parada cardiorrespiratória e morreu em função de uma pneumonia nos dois pulmões, segundo o atestado de óbito.
Na maioria das vezes, segundo a empregada doméstica Dalva Carrion, o filho tomava um soro e era liberado. Ela conta que a situação se repetiu até as penúltimas consultas, entre 30 de outubro e 2 de novembro, e que, em 3 de novembro, novamente levou o filho ao hospital, mas dessa vez o rapaz teve que ser internado.
Dalva afirma que, após deixar temporariamente a unidade para buscar alimentos para o filho, soube de última hora que o paciente seria transferido às pressas. Na correria, ela conta que funcionários da equipe médica chegaram a informar que o caso do paciente era neurológico e que o atendimento gratuito era indisponível na cidade.

Ela afirma que, depois de sugerir que o filho fosse levado para São Joaquim da Barra, o paciente foi colocado em uma ambulância precária, que não tinha médico, UTI nem ventilador.
A empregada doméstica relata que as condições do filho pioraram durante a viagem e que, na chegada ao hospital, teve que pedir socorro por conta própria à Santa Casa, por falta de suporte da equipe de Guará.
"Se os médicos não têm condições de socorrer ninguém, então pelo amor de Deus gente, faz uma transferência, faz um encaminhamento. Se vocês não têm condições de socorrer alguém, faz um encaminhamento enquanto a pessoa tem condições de sobreviver. Não espera a última hora para mandar para algum lugar", lamenta.

Fonte: G1

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