quinta-feira, julho 03, 2014

Polícia investiga se membro da Fifa ligado a cambistas estaria no Rio

Polícia apreendeu planilhas de contabilidade da quadrilha, mais de cem ingressos, ingressos e documentos diversos (Foto: Mariucha Machado / G1)Um dos 11 presos no esquema de desvio e venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo aceitou fazer delação premiada. A informação foi
dada pelo delegado da 18ª DP (Praça da Bandeira), Fabio Barucke, nesta quinta-feira (3), durante uma coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle, na Cidade Nova, no Rio.

De acordo com o delegado, o advogado José Massih, um dos presos na operação policial, revelou, em depoimento, que um integrante da Fifa, que participaria do equema fraudulento, estaria no Rio de Janeiro, hospedado no Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul, e deixaria o país logo após o fim do Mundial. O nome do suspeito, no entanto, não foi divulgado pela polícia.
“O depoimento do advogado preso [José Massih] já mostrou a intenção de colaborar. Ele está querendo indicar a pessoa, trocando a informação pela liberdade dele. A delação premiada está prevista em lei. Sozinho, eu não posso dar a liberdade dele, mas o depoimento está sendo encaminhado para o Justiça para ser avaliado. Ele declarou o primeiro nome, mas, neste primeiro momento, está sob sigilo”, explicou Barucke.
Segundo o delegado, se a pessoas investigadas forem embora do país antes de serem presos, questões diplomáticas vão definir a situação dos envolvidos. No entanto, Barucke afirmou que a intenção da polícia do Rio é concluir os trabalhos antes do fim do da Copa, no próximo dia 13. O delegado acrescentou que a Fifa se colocou à disposição para ajudar na investigação. Os ingressos destinados a patrocinadores, a ONGs e seleções eram desviados.
A quadrilha internacional que desviava e vendia ilegalmente ingressos para copas do mundo foi desarticulada em uma operação policial na terça-feira (1). Outras sete pessoas ainda estão sendo investigadas pela polícia. “Sabemos que há um chinês que está em São Paulo e é responsável pela parte de lá. Falta a gente ainda identifica-lo”, disse o delegado.
Quem comprou ingressos da quadrilha será chamado para prestar esclarecimentos. Roberto de Assis Moreira, empresário do jogador Ronaldinho Gaúcho, e o ex-capitão da seleção brasileira Dunga devem depor como testemunhas, pois ligações mostram que eles poderiam ter negociado ingressos.
Preços variavam
De acordo com a polícia, os preços variavam de acordo com o desempenho das seleções. Se o Brasil fosse classificado para a final, o valor do bilhete poderia chegar a R$ 35 mil.
“Eles negociavam em todos os jogos e os preços oscilavam com o jogo. Era como se fosse uma aposta de valores. Eles esperavam a seleção passar para ver o preço que seria cobrado. Se o Brasil fosse para a final seria vendido por R$ 35 mil”, contou Barucke.

Operação da Polícia Civil prende cambistas no Rio (Foto: Reprodução)Operação da Polícia Civil prende cambistas no Rio
(Foto: Reprodução/TV Globo)
No último jogo no Maracanã, entre Colômbia e Uruguai, 21 pessoas foram autuadas pelo crime de cambismo, segundo o coordenador estratégico da Polícia Civil na Copa do Mundo, o delegado Tarcisio Jansen.
“Todos os órgãos estão trabalhando na repressão deste crime [cambismo]. No último jogo do Maracanã, foram 21 autuações no crime de cambismo. Este é crime muito recorrente no entorno do estádio. Tivemos autuações importantes também da Guarda Municipal na repressão de flanelinhas”, disse.
Esquema funcionava há 4 Copas do Mundo
A investigação tem 50 mil registros de ligações, mas, até esta quinta-feira, apenas a metade foi analisada. “Trabalhamos dia e noite em razão do pouco espaço de tempo, pois precisávamos deflagrar a operação antes do fim da Copa. Precisamos analisar todas as escutas”, frisou o titular da 18ª DP, Fábio Barucke.
Segundo Barucke, nas escutas, envolvidos comentavam entre si sobre a forte repressão ao cambismo no Brasil.  “Eles disseram que nas outras Copas do Mundo era muito fácil, mas citavam a dificuldade de praticar o cambismo em torno do estádio do Maracanã, por exemplo”.

Argelino está entre os detidos por cambismo e lavagem de dinheiro no Rio (Foto: Mariucha Machado/G1)Argelino está entre os detidos por cambismo e
lavagem de dinheiro no Rio
(Foto: Mariucha Machado/G1)
As 11 pessoas – 9 no Rio e 2 em São Paulo – presas vão responder por cambismo e formação de quadrilha. São eles: o argelino Mohamadou Lamine Fofana, o PM reformado Oséas do Nascimento, além de Alexandre Marmo Vieira, Antônio Henrique de Paula Jorge, Marcelo Pavão da Costa Carvalho, Sérgio Antônio de Lima, Ernane Alves da Rocha Júnior, Júlio Soares da Costa filho e Fernanda Carrione Paulucci, Alexandre da Silva Borges e o advogado José Massih.
Barucke afirmou que vai encaminhar para a Justiça o pedido de prisão preventiva dos detidos e solicitar quebra de sigilo dos envolvidos. “A investigação está em curso, essa foi a primeira fase. Vamos pedir a prisão preventiva dos envolvidos e a utilização destas provas no intuito de alcançar outros responsáveis”.

Reprodução Cidade News Itaú via G1

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