segunda-feira, abril 07, 2014

Fiéis fazem procissão com relíquia de São José de Anchieta

Um grupo de fiéis e religiosos fez na manhã deste domingo (6) uma procissão do Pátio do Colégio à catedral da Sé, no centro de São Paulo, na qual levaram uma relíquia do padre José de Anchieta, um pedaço do fêmur que seria do
jesuíta.

A procissão é em homenagem à canonização do padre, que foi decretado São José de Anchieta pelo papa Francisco na última quinta-feira.

Anchieta veio para o Brasil em 1553 e participou da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, berço da capital paulista.

Segundo os organizadores, cerca de 2.000 pessoas participaram da procissão e estão agora na catedral da Sé, onde o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, realiza missa de ação de graças em homenagem ao terceiro santo brasileiro. A polícia afirma que cerca de mil pessoas participaram do ato.

Diversas figuras políticas acompanham a missa em homenagem a Anchieta, entre elas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e sua mulher, Lu, e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também acompanhado se sua mulher, Ana Estela. A catedral da Sé está lotada.

O prefeito destacou o legado deixado pelo santo para a cidade. "Anchieta deixou um legado de cultura, respeito à diversidade e ética como poucos que pisaram aqui", afirmou Haddad aos presentes na cerimônia, defendendo que esta herança seja resgatada.

Alckmin também elogiou o exemplo do padre jesuíta. "Padre Anchieta é um exemplo para nós católicos e para todas as pessoas de boa vontade. Ele era um homem de corpo franzino, mas fé muito forte", afirmou.

A cerimônia religiosa contou ainda uma apresentação de Agnaldo Rayol, que cantou a música "Ave Maria".

Santo Sem Milagres

A canonização de São José de Anchieta encerrou um longo processo, iniciado em 1597, logo após a morte do jesuíta nascido nas Ilhas Canárias.

Para dom Odilo, a demora de 417 anos no processo de canonização de Anchieta decorreu da difamação sofrida pelos padres jesuítas no século 18, o que levou à expulsão da ordem do Brasil em 1759.

Outro entrave para o processo era a falta da comprovação de milagres. Tradicionalmente, são necessários pelo menos dois para que alguém seja declarado santo - um para a beatificação e outro para a canonização. Anchieta não tem nenhum atestado de realização de milagres, apesar de serem várias as narrativas históricas a esse respeito.

No Brasil, pelo menos três milagres atribuídos a Anchieta eram acompanhados pela Igreja Católica. Obstáculos como a falta de exames médicos dificultavam a comprovação desses feitos - para que os milagres sejam reconhecidos, é preciso provar que não existe explicação científica para o fenômeno.

A dificuldade em comprová-los levou a uma mudança de estratégia. A alternativa foi investir na amplitude da devoção e provar que Anchieta já tinha seguidores e fiéis. Deu certo.

O milagre foi dispensado pelo papa Francisco -João Paulo 2º fez o mesmo quando confirmou a beatificação de Anchieta. "Milagre não é o mais importante. Não é o santo quem faz o milagre, é Deus, por intercessão do homem", disse Scherer na última quarta-feira.

A concessão do título de santo sem a comprovação de milagres não é inédita. Em dezembro passado, o próprio Francisco declarou santo outro jesuíta sem milagres reconhecidos, o padre Pierre Favre.

Já o papa João 23, que também será canonizado em abril, teve um milagre reconhecido quando virou beato, mas será declarado santo sem uma segunda ocorrência.

Apesar de ter nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta ficou conhecido como o "apóstolo do Brasil" por sua atuação no país. Além de ter participado da fundação de São Paulo, em 1554, ele esteve também no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e na Bahia.

O Brasil tem outros dois santos, Madre Paulina (nascida na Itália), canonizada em 2002, e Frei Galvão, que recebeu o título em 2007. Nascida na Itália, ela foi canonizada 60 anos após sua morte. Já no caso de Frei Galvão, único santo nascido no Brasil, a nomeação demorou 185 anos.

Reprodução Cidade News Itaú via Jcnet

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