terça-feira, novembro 26, 2013

'Deputado foi avisado sobre voo', diz advogado de piloto preso por transporte de cocaína

Em operação realizada no domingo (24), a Polícia Federal do Espírito Santo apreendeu 450 kg de cocaína em um helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa do deputado estadual por Minas Gerais Gustavo Perrella (SDD)O advogado Nicácio Pedro Tiradentes, defensor do piloto Rogério Almeida Antunes, preso no
último domingo (24) acusado de transportar 450 kg de cocaína em um helicóptero, afirmou que o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade-MG), proprietário da aeronave, foi avisado sobre o voo em que a droga foi levada.

De acordo com Tiradentes, tanto seu cliente quanto Perrella não sabiam que o helicóptero levava um carregamento de drogas e acreditavam que o voo tinha como finalidade transportar insumos agrícolas.

Antunes foi preso em flagrante pela Polícia Federal junto com mais três pessoas assim que o helicóptero pousou em uma fazenda do deputado localizada no município de Afonso Cláudio, no interior do Espírito Santo, no último domingo (24). A aeronave está em nome da empresa Limeira Agropecuária, de propriedade de Gustavo, que é filho do senador e ex-presidente do Cruzeiro Zezé Perrella (PDT-MG).

As informações de Tiradentes sobre o caso contradizem o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro --também conhecido como Kakay--, que representa os interesses de Gustavo Perrella. Kakay afirmou na segunda-feira (25) que Almeida Nunes utilizou o helicóptero sem autorização da família ou de representantes da empresa. "Ele usou fora do ambiente de trabalho, sem autorização, e ainda para fim absolutamente ilegal".

O deputado acusou ainda o piloto de ter furtado o helicóptero, já que não pediu autorização para utilizá-lo. Gustavo Perrella disse ainda que a aeronave deveria estar na revisão. Em entrevista por telefone ao UOL, o advogado de Almeida Nunes rebateu as acusações do parlamentar e afirmou que o piloto telefonou duas vezes para o deputado, que o autorizou a fazer o frete.

"Ele me explicou que ligou duas vezes para o patrão dele, que é o Gustavo, dono da empresa, que o autorizou a fazer o frete. O deputado foi avisado. O piloto foi enganado, achou que a carga era de implementos agrícolas. É um infeliz que embarcaram em uma canoa furada", disse o advogado.

Além de trabalhar como piloto de Gustavo Perrella, Antunes é lotado na 3ª Secretaria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no cargo de agente de serviço de gabinete, com salário de R$ 829,67.

O piloto está preso no Centro de Detenção Provisória de Viana (ES). Nicácio disse que pedirá à Justiça a liberdade provisória dele e solicitará a quebra de sigilo telefônico do piloto para comprovar as ligações para Gustavo Perrella. "O que me causou indignação foi que o deputado covardemente declarar hoje que ele roubou o avião, que pegou o avião sem ele [deputado] saber. Querem enlamear um pobre coitado".

O advogado disse que conversou ontem por cerca de cinco horas com o piloto. Segundo Nicácio, Antunes lhe relatou que só soube que a carga transportada era cocaína quando o helicóptero pousou na fazenda. O advogado afirmou que, segundo o relato do piloto, dois homens começaram a retirar a droga dos pacotes e a colocá-la em carros. "Eram pacotes lacrados". Neste momento, o grupo foi surpreendido pelos policiais federais.

Nicácio disse que, a partir da versão relatada por Antunes, concluiu que tanto o piloto quanto o deputado foram enganados pelos criminosos, que teriam se aproveitado de a fazenda dos Perrellas estar localizada em um lugar "ermo".

Apesar de ter conversado com o piloto, o advogado disse não saber de onde partiu o helicóptero, nem como a carga chegou até a aeronave. De acordo com Nicácio, além do piloto, somente o copiloto estava no helicóptero. Os demais detidos teriam aparecido apenas na fazenda em Afonso Cláudio.

Outro lado
A reportagem não conseguiu localizar advogado Antonio Carlos de Almeida Castro --conhecido como Kakay--, que defende Gustavo Perrella, para comentar as declarações de Nicácio. Ontem, Kakay afirmou ao UOL que o piloto utilizou o helicóptero sem autorização da família ou de representantes da empresa. "Ele usou fora do ambiente de trabalho, sem autorização, e ainda para fim absolutamente ilegal."

De acordo com Almeida Castro, Gustavo Perrella estava em Brasília no momento da operação. Kakay disse ainda que o helicóptero costuma ficar estacionado em um restaurante em Belo Horizonte.

A reportagem solicitou ao setor de comunicação social da PF no Espírito Santo uma entrevista com um dos responsáveis pela operação. Até o fechamento da reportagem, no entanto, o pedido não tinha sido respondido.

Reprodução Cidade News Itaú

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