quinta-feira, agosto 29, 2013

Caatinga: o bioma menos preservado no Brasil enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos


A caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro que ocupa 11% do território do país, estendendo-se por 844.453 km². Esse tipo de vegetação, característico da região nordeste do país, abrange os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. O nome “caatinga” é de origem tupi e significa "mata branca", numa referência à paisagem esbranquiçada da vegetação, frequentemente assolada pela seca.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Um estudo recente sobre o bioma, que é encontrado apenas no Brasil, faz um alerta grave: apenas 7,5% do território da caatinga estão protegidos em UC (Unidades de Conservação), conjuntos de estratégia para cuidar de áreas naturais a serem preservadas.

O alerta foi feito no Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA Educação, em junho deste ano, pelo biólogo Bráulio Almeida Santos, do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), que conduziu o estudo sobre o tema. Outro dado agrava ainda mais a situação: segundo o Ministério do Meio Ambiente menos de 1,5% do bioma contam com unidades de proteção integral, onde o homem não pode viver.

Além disso, a caatinga sofre com outros fatores. As maiores ameaças atuais a este ecossistema são a degradação ambiental, provocada pelo desmatamento e pelo uso dos recursos naturais (como a lenha, carvão ambiental e o uso excessivo da água para irrigação agrícola), a pecuária extensiva de caprinos e ovinos e as mudanças climáticas, que devem aumentar a temperatura na região.

Estima-se que tenha sobrado apenas 54% do bioma no Brasil. Os Estados que mais desmataram foram Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco.

A seca
Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), a região Nordeste enfrenta em 2013 a maior seca dos últimos 50 anos, com mais de 1.400 municípios e 27 milhões de pessoas afetados. No Piauí, 209 municípios, de um total de 224, estão em estado de emergência, devido à seca. Os agricultores estão com perdas que chegam a 90% da safra, só o Estado de Pernambuco perdeu 40% do rebanho. Para auxiliar os moradores e trabalhadores rurais da região, o governo editou a Medida Provisória 610, que oferece benefícios financeiros para amenizar os prejuízos da seca.

As secas têm afetado principalmente regiões na África, nos EUA, no México, no Brasil, e em partes da China e da Índia, Rússia e o sudeste da Europa. Além disso, a ONU estima que 168 países sejam afetados pela desertificação, nome dado ao processo de degradação do solo em terras secas que afeta a produção de alimentos e é agravado pela falta de chuvas.

A tendência é que a caatinga apresente cada vez mais manchas de desertificação. No Brasil, 62% das áreas susceptíveis à desertificação estão em zonas originalmente ocupadas por caatinga, sendo que muitas já estão bastante alteradas.

Características e o lado desconhecido da caatinga
O clima da caatinga é o tropical semiárido e suas características são pouca chuva, secas prolongadas e temperaturas elevadas. Pela pouca água existente no solo, a vegetação é rasteira, com árvores de porte baixo, muitas plantas espinhosas e cactáceas, como o xique-xique (Pilosocereus gounellei) e o mandacaru (Cereus jamacaru), que só existem lá. Entre as outras espécies encontradas na região destacam-se a barriguda, a catingueira, a umburana e o juazeiro.

A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis (principalmente lagartos e cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa-branca, cutia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais.

Apesar das circunstâncias desfavoráveis, a biodiversidade da caatinga é rica, apresentando muitos seres vivos de espécies diferentes, adaptadas ao clima local. O ecossistema é considerado a região semiárida mais diversa do mundo e possui cerca de 6.000 espécies, muitas ainda desconhecidas pelos pesquisadores. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, estima-se que 41% das espécies da caatinga permaneçam desconhecidas.

Até o momento, segundo dados do MMA, foram descritas na região 932 espécies de plantas, 241 de peixes, 79 de anfíbios, 177 de répteis, 591 de aves, 178 de mamíferos e 221 de abelhas. No caso da flora, mais de 30% das espécies descritas são endêmicas, ou seja, ocorrem apenas nesse ambiente e região e em nenhum outro lugar do mundo.

Reprodução Cidade News Itaú

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