quarta-feira, janeiro 30, 2013

Obra em teto da boate Kiss foi feita sem aviso, diz defesa


A defesa de um dos sócios da boate Kiss admitiu nesta quarta-feira (30) que a casa noturna revestiu por conta própria o teto do estabelecimento com uma espuma que foi instalada em cima do isolamento acústico. O local foi incendiado no último domingo (27) provocando a morte de 235 pessoas.


De acordo com o advogado Jader Marques, o sócio Elissandro Spohr, 28, fez um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público após a vizinhança se queixar do excesso de barulho do local. O processo, com mais de 500 páginas, foi firmado entre 2009 e julho de 2012, e previa a instalação de uma proteção acústica que formava uma espécie de "sanduíche" com gesso, manta de fibra de vidro e gesso novamente.


Segundo o advogado, essa obra foi feita, mas como as queixas dos moradores não cessaram, o sócio decidiu, segundo o advogado, procurar especialistas e engenheiros para resolver o problema.

Marques disse que a espuma foi a opção apontada, mas admitiu que o Ministério Público não tinha conhecimento dessa mudança. Questionado sobre quem eram esses profissionais consultados, o advogado não soube responder.


O advogado disse que a casa tinha "plenas condições" de receber a festa.

Segundo testemunhas, o fogo na boate Kiss começou na espuma de isolamento, após um integrante da banda Gurizada Fandangueira manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciou as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou.


SINALIZADORES

Segundo Marques, a banda Gurizada Fandangueira nunca tinha usado sinalizadores nas apresentações dentro da boate, apesar de a banda divulgar em seu site que fazia "espetáculo pirotécnico".

O advogado disse que um dos integrantes da banda disse ao sócio que "tinha novidades" para o show e que ele foi surpreendido com o sinalizador. "Ele não podia tomar providência porque não sabia o que seria feito. Foi uma surpresa". comentou.

SUICÍDIO

O advogado confirmou que Spohr, conhecido como Kiko, tentou suicídio no hospital onde está internado junto com a mulher, que está grávida. Segundo Marques, ele aproveitou um momento de distração dos acompanhantes e tentou se enforcar no banheiro. Agora, ele está algemado na cama e está sob o efeito de sedativos.

BOMBEIROS

O advogado reclamou da forma como o Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência. Segundo ele, um funcionário da boate ligou às 3 horas para pedir socorro e a chamada não foi atendida. "Foi uma operação desastrosa, ineficiente e desorganizada", afirmou Marques.

Ele diz que os bombeiros não poderiam ter permitido que civis ajudassem no resgate de outras vítimas. "Um bombeiro responsável não deve submeter um civil a tamanho risco."
Segundo ele, a água jogada pelo caminhão dos Bombeiros na única porta de saída da casa noturna também dificultou a saída dos frequentadores da casa noturna.

FERIDOS

Nesta quarta-feira, subiu para 143 o número de pessoas internadas em Santa Maria e Porto Alegre vítimas do incêndio. Nesse número estão 20 pessoas a mais que procuraram os serviços de saúde porque estiveram na casa noturna no momento da tragédia e apresentaram sintomas como cansaço e falta de ar, típicos da pneumonite química que pode ocorrer até cinco dias depois do acidente.

O número de pessoas em estado crítico, com risco de morte, permanece em 75. Eles estão dentro de um grupo de 82 pessoas internadas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), sendo que desses, 57 estão em Porto Alegre e 25 em Santa Maria. Não há previsão de novas transferências, hoje, de pacientes para a capital.

Reprodução Cidade News Itaú

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