quarta-feira, agosto 09, 2023

Ao pedir prisão de Vasques, PF diz que dois servidores mentiram em depoimento por 'reverência' a ele


O relatório da Polícia Federal (PF) que pediu a prisão do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques afirma que dois servidores mentiram em depoimento aos investigadores por "reverência" ao ex-chefe.


O ex-diretor geral da PRF foi preso preventivamente – por tempo indeterminado – na manhã desta quarta-feira (9), em Santa Catarina, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)) Alexandre de Moraes.


Os policiais rodoviários citados na investigação são Naralúcia Leite Dias, que atuava como chefe do Serviço de Análise de Inteligência da PRF, e Adiel Pereira Alcântara, então coordenador de Análise de Inteligência da corporação.



Os dois foram ouvidos na investigação que apura possível direcionamento na atuação da PRF para interferir no resultado das eleições de 2022.


Segundo o relatório, ambos, "faltaram (e/ou omitiram) a verdade" e preferiram "suportar eventuais ações adversas a relatar as determinações ilegais" de Vasques. A PF, no entanto, não detalhou quais foram as informações falsas ou omissões prestadas por eles.


Os investigadores afirmam que a prisão de Vasques era necessária para evitar "interferência" e "combinação de versões". O blog não conseguiu contato com as defesas de Naralúcia Leite Dias e Adiel Pereira Alcântara.


Depoimentos dos servidores

O relatório diz que "ao perceber contradições e omissões" nos depoimentos dos servidores, a PF apreendeu os celulares dos dois. O material foi analisado e, segundo os investigadores, as conclusões foram que:


o efetivo da PRF utilizado no segundo turno das eleições 2022 foi muito maior na região Nordeste do que nas demais regiões do Brasil, além do que o efetivo convocado para atuar em dias de folga nos dias 28 a 30/10/2022 gerou um pagamento muito maior na região;

os pontos fixos de fiscalização foram muito maiores na região Nordeste, sendo que, entre 28 e 30/10/2022, a quantidade de ônibus fiscalizados na região foi apenas de 221 a menos que a soma das demais regiões do Brasil, e a retenção de ônibus no Nordeste foi quase o dobro da soma dos retidos nas demais regiões;


O relatório diz que "mesmo com todos os fatos subsequentes que foram a público, e obviamente sabendo que a análise do conteúdo de seus celulares os desmentiriam, podendo procurar a Polícia Federal para se retratar ou colaborar com as investigações (ainda na possível condição de testemunhas), [os dois servidores] optaram por não fazê-lo".


A PF afirma ainda que um diretor de Polícia de Estado "atuar de forma a determinar um policiamento direcionado com o intuito de dificultar/impedir eleitores de votarem, e mencionar que a instituição deveria escolher um lado, indica uma atuação como Polícia de Governo, colocando interesses sociais e políticos acima dos interesses da sociedade, o que é inadmissível em um Estado Democrático de Direito".


Fonte: Blog do Valdo Cruz

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