terça-feira, agosto 23, 2022

Cristina Kirchner afirma que pedido de prisão contra ela é perseguição política

A vice-presidente argentina Cristina Kirchner afirmou nesta terça-feira (23) que o pedido de 12 anos de prisão feito contra ela é uma perseguição judicial para afastá-la da política.


Cristina Kirchner no balcão de sua casa em 23 de agosto de 2022 — Foto: Agustin Marcarian/Reuters


O Ministério Público pediu à Justiça que Cristina seja presa por 12 anos e seja inabilitada politicamente para sempre. Os promotores a acusam de participar de um esquema para desviar dinheiro público pelo qual um empresário fazia contratos com o Estado e repassava uma parte das verbas a ela (veja mais abaixo).


Cristina, uma advogada de 69 anos que foi senadora, primeira-dama, presidente e, agora, vice-presidente da Argentina, nega as acusações de corrupção: "Nada, absolutamente nada do que (os promotores) disseram foi provado", disse ela em um discurso de mais de duas horas transmitido pelas rede sociais de seu gabinete no Senado (na Argentina, o vice-presidente também é o presidente do Senado).


A ex-presidente foi acusada junto a outras 12 pessoas pelos crimes de associação criminosa e improbidade administrativa pelo Ministério Público.


Durante o discurso, centenas de apoiadores se reuniram em frente à sua casa em Buenos Aires e depois, em frente ao Congresso. "Não é um julgamento contra mim, é um julgamento contra o peronismo, os governos nacionais e populares", afirmou.


A vice-presidente, que tem foro especial por prerrogativa de função, solicitou nesta terça-feira uma ampliação de sua declaração preliminar, mas o pedido foi negado pelo tribunal que considerou que essa fase já está concluída e que eça poderá expor seus argumentos nas alegações da defesa, a partir de 5 de setembro.


"São 12 anos (de pedido de prisão), os 12 anos do melhor governo que a Argentina teve nas últimas décadas, por isso pedem 12 anos. Por isso, vão me estigmatizar e condenar. Se eu nascesse 20 vezes, faria o mesmo 20 vezes", afirmou.


"Querem vingança, disciplinar a classe política para que ninguém se atreva a fazer o mesmo de novo", afirmou Kirchner.


Solidariedade

No final de sua intervenção, Kirchner apareceu na sacada do Congresso para cumprimentar os manifestantes que a esperavam.


Além destas demonstrações de apoio, a vice-presidente recebeu a solidariedade de alguns líderes de esquerda da região, como os ex-presidentes Evo Morales, da Bolívia, e Dilma Rousseff, do Brasil.


"Manifesto minha mais incondicional solidariedade à vice-presidenta da Argentina e presidenta do Senado deste país irmão", escreveu Dilma em sua conta no Twitter.


Entenda a acusação

Os crimes dos quais Cristina é acusada teriam ocorrido de 2003 a 2007, quando Néstor Kirchner foi presidente, e 2007 a 2015, quando ela mesma foi presidente.


Para os promotores, ela foi líder de uma associação criminosa e orientava um esquema para que um empresário chamado Lázaro Báez conseguisse contratos para executar obras públicas na província de Santa Cruz (reduto político dos Kirchner). Uma parte do dinheiro que Báez ganhava, de acordo com o Ministério Público, era devolvido para os Kirchner.


O Ministério Público estimou em um bilhão de dólares a quantia que teria sido desviada pelo Estado.



O processo judicial começou em 2019, e estima-se que a decisão dos juízes seja conhecida até final do ano. Em caso de condenação, Cristina ainda pode recorrer. Enquanto não houver uma sentença da Suprema Corte e devido à sua imunidade política como vice-presidente e presidente do Senado, ela não será presa e nem ficará inabilitada.


Ela ainda responde a cinco outros processos.


Fonte: g1

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