quarta-feira, agosto 25, 2021

Aziz chama fiadora da Precisa de 'Lorota Bank' e diz que governo deixou empresa agir para 'ludibriar' ministério

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), usou o termo "Lorota Bank" para se referir nesta quarta-feira (25) à FIB Bank, empresa que atuou como fiadora da Precisa Medicamentos em contratos com o governo federal.


Segundo Aziz, o papel da FIB Bank era "ludibriar" agentes públicos – e o governo teria permitido que a empresa "entrasse" no Ministério da Saúde para tentar se beneficiar.


O presidente da FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Júnior, prestou depoimento à CPI nesta quarta. Durante a audiência, senadores apresentaram uma série de inconsistências na capacidade financeira do FIB Bank e na composição do quadro societário da empresa.


"O papel do 'Lorota Bank' é ludibriar. Mas o papel nosso e, principalmente, o papel do Tribunal de Contas da União, o papel da Controladoria-Geral da União e o papel do ordenador de despesa do Ministério da Saúde era não permitir que o 'Lorota Bank' entrasse no Ministério da Saúde. E eles permitiram que entrasse", afirmou Aziz.





O apelido "Lorota Bank" foi cunhado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) e faz referência ao termo inglês fib, que em português significa "mentira".


O FIB Bank foi fiador no contrato firmado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde na negociação da vacina Covaxin. A CPI quer saber o motivo pelo qual a Precisa contratou o FIB Bank – que, apesar do nome, não é uma instituição financeira – e se há irregularidades no processo.



A CPI também apura se a empresa tem algum sócio oculto – e, se sim, a quem ele seria ligado.


"Existiam servidores dentro do Ministério da Saúde que compactuaram com isso e que estão lá ainda, não saíram. A CGU, junto com o ministro Marcelo Queiroga [Saúde], demoraram", declarou Aziz.


"O papel do Ministério da Saúde é não deixar ser ludibriado e não ludibriar o povo brasileiro, principalmente quando estavam morrendo milhares de pessoas, 575 mil vidas perdidas", completou o presidente da CPI.

Presidente da FIB Bank, Roberto Pereira ouviu as falas de Omar Aziz calado.


Para Alessandro Vieira (Cidadania-SE), algum agente político abriu as portas do Ministério da Saúde para que empresas de "prateleira" como a FIB Bank tentassem colocar em andamento um esquema de "drenagem de recursos e lavagem de dinheiro".


"Como é que tudo isso funciona sem ter um personagem político que possa dar um empurrão, porque nada disso funciona sem a política, a má política. Não é a política de verdade não, é a politicagem", afirmou Vieira.


"É muito claro o que nós temos aqui: nós temos uma estrutura que faz toda uma maquiagem de recursos, que simula a existência de um patrimônio. O processo, os dois sócios do fundo MD falecidos, o processo desse tal imóvel nababesco de R$7 bilhões todo lastreado em uma documentação com flagrantes características de problema aqui. O imóvel nunca teve registro, senador Omar Aziz. Só vale R$7 bilhões, segundo a avaliação de um engenheiro que, se eu não estiver enganado, já esteve preso por fraudes em avaliações", completou o senador do Cidadania.



Eliziane Gama questionou se Roberto Pereira tem alguma relação com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde, mas o presidente da FIB Bank negou.


'Governo não gastou um tostão'

Os indícios de irregularidades na negociação envolvendo Precisa e FIB Bank também foram alvo de ataques de governistas na CPI. O senador Marcos Rogério (DEM-RO), integrante da tropa de choque de Bolsonaro, cobrou investigação da Polícia Federal sobre o caso.


Jorginho Mello (PL-SC), outro aliado de Jair Bolsonaro, classificou a atuação da empresa de "picaretagem".


"A gente fica até meio com vontade de dispensar o senhor [Roberto Pereira], porque é tanta besteira que o senhor está falando aqui que isso vai lhe custar caro, sabia? Essa picaretagem que os senhores tentaram fazer contra o governo federal", disse Jorginho.


Ao mesmo tempo, os parlamentares defenderam o governo federal – ressaltando que o contrato foi interrompido antes que qualquer valor fosse desembolsado.


"Ainda bem que o governo não comprou, ainda bem que o governo não comprou e não gastou um tostão nisso, mas os senhores vão ter que ser responsabilizados por isso", disse.


Na mesma linha, Marcos Rogério disse que não se pode falar em corrupção por parte do governo porque nem um centavo foi pago.



Alessandro Vieira rebateu: "Não adianta ficar repetindo aqui, gritando, usando uma voz bonita, impostada, parecendo locutor, para dizer que não tem corrupção se não tiver pagamento. A corrupção se dá no pedido", disse.


Fonte: G1

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