quinta-feira, julho 01, 2021

Após Dominguetti mostrar suposto áudio de Miranda, Renan diz que governo usou inquérito da PF para proteger sócio da Precisa



O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou nesta quinta-feira (1º) que o governo utilizou a Polícia Federal para proteger o sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano.


De acordo com Renan, a Polícia Federal teria aberto um inquérito que cita Maximiano apenas para dar a ele o status de "investigado" – e, com isso, facilitar a aprovação de um habeas corpus para que ele pudesse se manter em silêncio na comissão.


"Ontem, nós tivemos uma eloquente utilização da instituição da Polícia Federal. Porque, não sendo investigado nessa comissão, o senhor Maximiano teve contra si aberto uma investigação na Polícia Federal. E essa investigação serviu de base para a concessão do habeas corpus pela ministra Rosa Weber, numa burla", prosseguiu.


Na quarta, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber decidiu que Francisco Maximiano pode ficar calado em depoimento à CPI, porque é investigado e não pode ser forçado a produzir provas contra si mesmo. Em razão disso, o depoimento dele foi adiado, e o de Dominguetti, adiado.


A afirmação foi feita logo após Luiz Dominguetti, que diz representar a empresa Davati em negociações no Brasil, exibir um áudio à CPI em que o deputado Luis Miranda (DEM-DF), supostamente, procurava a firma para tratar da compra de vacinas.


O áudio (ouça no vídeo abaixo) não traz textualmente a palavra "vacina" – o que levou senadores da oposição a questionar a referência de Dominguetti a esse arquivo. Em razão das contestações, o celular de Luiz Dominguetti foi apreendido pela CPI.


Testemunha 'plantada'

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) levantou, na comissão, a suspeita de que Dominguetti tenha sido "plantado" para confundir os trabalhos.


"Com todo respeito, essa testemunha foi plantada aqui. Ela foi plantada, ela está em estado flagrancial do artigo 342. Tem que dar voz de prisão a esse depoente", disse Contarato.


"Com base em que o senhor fala isso? Plantada por quem?", questionou o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO).


"Com base em quê? Olha aí qual é a conversa, a conversa anterior a esse áudio. Esse áudio se refere a que? Ele se refere a Walmart, a pequenos contratos, ele nunca fez contrato nenhum com o Ministério da Saúde, pelo amor de Deus", respondeu Contarato.


Ao jornal "O Globo", na manhã desta quinta, o CEO da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, negou que o áudio recebido por ele e divulgado por Dominguetti, com a voz de Luis Miranda, fizesse referência a negociação de vacinas.


Reações

A fala de Renan Calheiros gerou reações inflamadas da base governista na CPI. Marcos Rogério declarou que Renan estava levantando acusações "gravíssimas" contra a PF.


Líder do governo no Senado e membro da CPI, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) também contestou Renan Calheiros.


"Não foi a ação da PF que o transformou em investigação. Quem transformou o senhor Maximiano em investigado foi a quebra do sigilo telemático do senhor Maximiano feita por essa CPI", disse Coelho.


Renan retrucou.


"Não posso concluir? Surpreendemente, nós acabamos de interrogar, um depoente traz um vídeo, um áudio contando, historiando, narrando algumas mazelas que por ventura poderiam envolver o deputado Luis Miranda que esteve aqui na semana passada. Em nome de que? Do mesmo proposito que a polícia federal abriu a investigação ontem? Em nome do mesmo proposito que o proprietário da precisa entrou com pedido diretamente no gabinete do Supremo para burlar o Supremo tribunal Federal?"


"Essa CPI não vai aceitar esse tipo de coisa. Nós não estamos aqui para isso. Nós estamos aqui para investigar. O povo brasileiro precisa saber que esses genocidas, esses genocidas que causaram tanta dor no Brasil vão ser responsabilizados sim. Haja o que houver. Quanto mais trapaça...", prosseguiu Renan, antes de novo bate-boca com governistas.


Fonte: G1

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