quinta-feira, julho 01, 2021

Promotores de NY acusam a Trump Organization de fraude e crimes fiscais

Os promotores de Nova York, Estados Unidos, acusaram formalmente nesta quinta-feira (1º) a Trump Organization de fraude e crimes fiscais.


Fachada da Trump Tower, em Nova York, em foto de 2016 — Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP/Arquivo


Antes do anúncio, o diretor financeiro (CFO) da companhia, Allen Weisselberg, havia se apresentado às autoridades judiciais para prestar esclarecimentos (leia mais adiante nesta reportagem).


Ele e a empresa do ex-presidente americano Donald Trump responderão por um "esquema de 15 anos de evasão de impostos". O valor estimado dos desvios chega a US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 8,6 milhões).


A Trump Organization é o braço de negócios imobiliários que alçou o magnata Donald Trump à fama antes que ele chegasse à Casa Branca – primeiro nas colunas sociais e programas de TV.


Carey Dunne, conselheiro-geral da Promotoria do distrito de Manhattan, que investigava o caso, classificou o que chamou de "esquema de pagamentos ilegais" como "abrangente e audacioso".


"Este foi um esquema de fraude fiscal de 15 anos envolvendo pagamentos não registrados", disse Dunne durante a audiência desta.

CFO se apresentou à justiça


O diretor financeiro da Trump Organization, Allen Weisselberg, se apresentou às autoridades judiciais nesta quinta (veja vídeo acima). Ele rejeitou as acusações e alegou inocência.


Weisselberg é um contador de 73 anos que passou grande parte de sua carreira trabalhando no império imobiliário da família Trump, no qual ingressou em 1973.


Também ajudou o ex-presidente a administrar o conglomerado durante seu período na Casa Branca.


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Allen Weisselberg se apresenta à Justiça dos EUA nesta quinta-feira (1º), quando foi formalmente acusado de crimes fiscais. — Foto: REUTERS/Andrew Kelly


Trump não deve ser indiciado por enquanto

Estas são as primeiras denúncias formais de uma investigação que dura anos – inicialmente tratadas pela esfera civil, ela passou em maio a ser também criminal, por suspeita de fraudes bancárias e evasão.


Os jornais "The Wall Street Journal", "The New York Times" e "The Washington Post" dizem que as acusações se referem a benefícios em espécie concedidos Weisselberg que não teriam sido declarados à Receita.


Trump não deve ser indiciado por enquanto, mas a investigação do Ministério Público de Nova York continua (veja mais abaixo).


O ex-presidente sempre negou qualquer irregularidade e disse que a investigação era uma "caça às bruxas" por por motivos políticos, pois Vance é filiado ao Partido Democrata (nos EUA, os membros do Ministério Público são eleitos e é comum que os promotores sejam ligados a partidos políticos).


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Imagem de arquivo mostra a entrada do Trump International Hotel em Washington, no dia de sua abertura — Foto: Kevin Lamarque/Reuters


A investigação

O promotor distrital inicialmente se concentrou em investigar pagamentos para comprar o silêncio de duas mulheres que afirmam ter tido casos com Trump, mas avançou para evasão fiscal e fraude.


O inquérito é conduzido de maneira sigilosa e, em março, obteve acesso a oito anos de declarações de Imposto de Renda de Trump, após uma decisão da Suprema Corte do país


A decisão foi uma resposta a um pedido feito pelos advogados de Trump, que tentavam manter as informações fiscais do ex-presidente sob sigilo.


Em 2018, Michael Cohen, o ex-advogado de Trump, foi preso após reconhecer que havia pago pelo silêncio de duas mulheres quando elas acusaram o então candidato republicano à Casa Branca de ter mantido relações sexuais fora do casamento.


Antes de ser preso, Cohen alegou que Trump – com o apoio de seus familiares – cometeu diversas fraudes fiscais e bancárias ao longo dos anos.

Segundo o ex-advogado, o republicano teria "inflado seus ativos" para aparecer na lista dos homens mais ricos da revista "Forbes", mas mentiu e desinchou os números para não pagar impostos.


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Michael Cohen na saída de seu apartamento em Nova York, antes de se entregar à Justiça — Foto: Jeenah Moon/Reuters


IR presidencial

Durante a campanha presidencial americana e os quatro anos em que ocupou a Casa Branca, Trump se recusou a divulgar as suas declarações de Imposto de Renda – algo que era feito por todos os seus antecessores.


Os presidentes americanos sempre divulgaram suas declarações, detalhando as fontes de renda e impostos pagos, em nome da transparência.

Em setembro, o jornal "The New York Times" revelou que Trump não pagou imposto de renda em 10 dos 15 anos anteriores à sua eleição — e pagou apenas US$ 750 de imposto em 2016 e em 2017 (justamente o ano em que foi eleito e o primeiro no cargo).


Em maio deste ano, Biden retomou a tradição rompida por Trump e publicou a sua declaração de impostos.


O atual presidente americano e sua esposa, Jill, ganharam no ano passado US$ 607 mil (cerca de R$ 3,16 milhões na cotação da época).


O casal pagou US$ 157 mil em Imposto de Renda federal, uma alíquota efetiva de 25,9%, e mais US$ 28,8 mil de IR estadual em Delaware, onde residia antes de chegar à Casa Branca.


Fonte: G1

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