Duas semanas antes da estreia na Copa do Mundo de 2014, concentrado com a seleção brasileira em Teresópolis, Luiz Felipe Scolari assistia ao “Redação
No mesmo programa, o comentarista chamou Felipão de “Felipinho paz e amor”, numa referência irônica ao bom humor do técnico e a uma publicidade que ele havia feito naquele período pré-Copa. Helena criticou, ainda, a escolha da Granja Comary como local de treinamento da seleção brasileira. “Não é o lugar ideal”, disse, por conta do clima.
Naquela tarde, uma quarta-feira, 28 de maio, recebi um telefonema de Teresópolis. Minha fonte dizia que Felipão estava furioso com os comentários de Helena. Alguns jogadores, também, teriam se incomodado com as declarações.
Entendi na hora o que aquele telefonema significava. A CBF queria tornar pública, por meio de um jornalista especializado em TV, uma pressão que já estava fazendo nos bastidores junto ao SporTV contra Helena.
Próximo da cúpula do canal, o narrador Galvão Bueno, igualmente, não tinha como desconhecer essa incômoda situação – o mal-estar da comissão técnica da seleção brasileira com as criticas de um jornalista do grupo Globo. Achei que isso era uma informação relevante.
A nota foi publicada naquele mesmo dia, sem alcançar maior repercussão. Galvão nem ninguém saiu publicamente em defesa de Helena contra Felipão. A direção do SporTV, tampouco, se manifestou.
Em maio de 2015, depois de ser afastado do SporTV, Helena disse ao jornalista Luis Augusto Simon, do UOL: “Saí de lá porque senti que não me queriam mais. Basicamente isso. Começou quando eu critiquei o Felipão várias vezes. Várias posturas dele. Acharam que eu estava exagerando e que não deveria fazer aquilo”. Helena citou o episódio descrito na nota que publiquei como uma das “trombadas'' que teve.
A atitude que o SporTV e Galvão Bueno tiveram em maio de 2014 difere totalmente da observada esta semana, quando o narrador tornou pública uma pressão da CBF contra o comentarista Raul Quadros, do SporTV, que informou no ar sobre uma possível substituição de Dunga do comando da seleção.
A reclamação de Galvão surtiu efeito. O ex-jogador Careca, que teria sido vetado de participar de um programa do SporTV em retaliação aos comentários de Quadros, foi liberado pela CBF.
Sempre simpático com a seleção e a CBF, Galvão passou a adotar nova postura depois de três episódios: o 7 a 1, a volta de Dunga ao comando técnico da seleção e a prisão de José Maria Marin, ex-presidente da entidade, acusado de envolvimento em esquema de corrupção.
Nos últimos meses, Galvão surpreendeu com críticas a Marco Polo del Nero, o atual presidente da CBF, sugerindo que o cartola estava evitando acompanhar a seleção no exterior por medo de ser preso.
É este “novo” Galvão que peitou a CBF novamente esta semana, por conta da suposta retaliação a um comentário de Raul Quadros sobre Dunga. Imagino que Alberto Helena esteja acompanhando este novo momento com um sorriso nos lábios.
Fonte: Uol
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