sábado, janeiro 24, 2015

Ipojuca (PE) foi a cidade que menos criou empregos no país em 2014

Trabalhadores garantem serviços essenciais durante greve em Suape (Foto: Reprodução/TV Globo)A proximidade do fim das obras no Complexo Industrial e Portuário de Suape contribuiu para Ipojuca, no Grande Recife, ser a cidade com pior desempenho na criação de
empregos no Brasil em 2014. O município, que em 2013 teve aumento de 502 vagas, teve um decréscimo de 22.382 postos com carteira assinada, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgado nesta sexta (23).
A retração dos postos de trabalho na cidade era uma situação prevista, devido à fase de conclusão de grandes obras, como a Refinaria de Abreu e Lima. Para 2015, mais cortes são esperados, com uma estimativa para o fim de janeiro de, aproximadamente, 5.000 demissões, conforme a chefe da seção de Inspeção do Trabalho, da Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Ipojuca, Aline Amoras.
"Essa desmobilização é esperada. É um cronograma normal de obras que a gente tem, sabíamos que haveria um grande aumento de contratações na fase de obras. Em 2014, já era de se esperar que fossem aumentando as demissões. Agora começa a se construir um novo perfil de contratações: acaba a obra e começa a contratação de uma mão de obra mais especializada", aponta Amoras.
Em nota, a Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Qualificação e Trabalho define os resultados de 2014 como frutos de um "reajuste de mercado", citando também a conclusão das obras em Suape e a sazonalidade de culturas, como a cana de açúcar. O documento diz ainda que o secretário Evandro Avelar se reuniu com o prefeito de Ipojuca, Carlos Santana, "para estabelecer parcerias e trazer melhorias para a unidade da Agência do Trabalho localizada no município". Outra medida diz respeito ao "aumento de ofertas de cursos de qualificação para reaproveitamento da mão-de-obra e fortalecimento de políticas para micro e pequenas empresas da região".

Trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima e da Petroquímica de Suape em greve. (Foto: Igo Bione/JC Imagem/Estadão Conteúdo)

As demissões do ano de 2014 foram marcadas por protestos, principalmente por questões como atraso de pagamentos e ausência de quitações de direitos trabalhistas, como a disputa judicial entre trabalhadores contra uma terceirizada que prestava serviço à Petrobras – a estatal chegou a ter as contas bloqueadas.
Levantamento feito em dezembro passado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral (Sintepav-PE) contabiliza que cerca de 5 mil demissões, a maioria de Suape, foram homologadas na sede da entidade, na Zona Oeste do Recife – isso sem contar as demissões feitas em subsedes como Ipojuca. Esses números se referem ao segundo semestre de 2014.

A previsão da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Perrnambuco (SRTE-PE) é que, entre 2014 e 2016, ocorram 42 mil demissões no complexo portuário e industrial. Analisando apenas o mês de dezembro de 2014, é possível ver um saldo de negativo de geração de postos, com menos 3.972 vagas em Ipojuca.
Além do final das obras, que afeta ainda outras áreas que prestam serviços, há também a indústria da cana-de-açúcar, com a fase de entressafra, que contribui para essa redução nos postos de trabalho. "Esse é um movimento muito sazonal para a economia. A gente espera entre 600 e 700 demissões por conta da entressafra. Algumas usinas vão desmobilizando devagar, outras cessam completamente. Até fevereiro ou março você tem dispensas", explica a chefe da seção de Inspeção do Trabalho em Ipojuca, Aline Amoras.
Retração
Em números absolutos, Pernambuco ficou em último lugar no saldo de geração de empregos em 2014, em comparação com os outros estados do país, com 626.279 admissões e 640.072 demissões, o que representa um declínio em termos absolutos de 13.793 postos ou -1,01%. A construção civil apresentou uma queda de 25.076 postos, e a indústria da transformação, menos 3.473 postos, enquanto o setor de serviços apresentou uma expansão de 10.195 vagas formais.
Cabo de Santo Agostinho, que também integra o Complexo de Suape, conta com um decréscimo de 4.449 vagas no último ano, sendo o segundo município do estado em saldo negativo de expansão. A Região Metropolitana do Recife apresentou uma diminuição de 20.062 empregos formais em 2014, sendo que a capital registrou 248.147 admissões e 250.781 demissões, com um saldo de menos 2.634 vagas.
A Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Qualificação e Trabalho comentou, por meio de nota, que "considerada a soma dos resultados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), publicados entre 2010 e 2013, somados com os resultados referentes ao ano de 2014 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Pernambuco tem um saldo positivo de 344.692 empregos gerados ao longo desses quatro anos, permanecendo como o estado que mais gerou empregos na região Nordeste".

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!