quarta-feira, agosto 13, 2014

Motoboys de Natal passam a ser os mais novos alvos dos assaltantes

Foto: José AldenirCom a onda de arrastões que tem acontecido em Natal nos últimos meses, muitas pessoas estão optando pelo serviço de “delivery” (quando a pessoa faz o pedido por
telefone ou internet e recebe em casa). Essa mudança, apesar de ser positiva para as empresas de motoboys, acabou trazendo outro problema, já que nem mesmo os motoqueiros que fazem entregas estão escapando da insegurança que tem reinado na capital potiguar.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Moto Frete do Rio Grande do Norte (Sindmoto-RN), entre julho e agosto mais de 10 assaltos contra os motoboys aconteceram em Natal. “Esses são os casos que nós tivemos notícias e foram confirmados. Mas sabemos que vários outros casos aconteceram. Hoje temos pouco mais de 190 trabalhadores associados no sindicato, mas temos mais de 4 mil motoboys em Natal. Por isso temos certeza que esse número é bem maior”, destacou Michel Barreto, diretor geral do Sindmoto-RN.

Segundo Michel, as maiores ocorrências acontecem com os chamados “falsos pedidos”. “Já pedimos para as empresas fazerem uma triagem dos pedidos, para saber onde fica cada um. Porém, isso não acontece. Ligam para pedir uma pizza, por exemplo, e também pedem um troco bem alto. A empresa liga para o motoboy e ele vai entregar. Quando o motoboy chega lá, a casa muitas vezes não existe ou é um local bem escuro. Aí quando o motoboy se aproxima, é um assalto. O cara leva tudo, dinheiro do troco, a mercadoria, equipamentos, objetos pessoais e muitas vezes a própria moto, se o veículo estiver em boas condições. Se for uma moto mais “rodada”, o ladrão não pede a moto. Eles só querem as melhores”.

O presidente do Sindmoto-RN conta que um desses assaltos quase terminou com um motoboy morto. “Um dos nossos diretores foi fazer uma entrega. Quando ele chegou ao local, ele achou tudo muito estranho, pois o local era bem esquisito. Então ele percebeu a movimentação de um pessoal e notou que era um assalto. Quando ele tentou fugir, o pessoal atirou contra ele. O tiro acertou na região lombar e ele acabou ficando paraplégico”.

Além dos “falsos pedidos”, os motoboys também são vítimas dos assaltos “comuns”. “Os motoboys precisam fazer entregas nos mais diversos tipos de locais. Natal tem muitas regiões esquisitas que facilitam a ação dos bandidos. Os motoqueiros vão fazer as entregas nesses locais e aí surgem os bandidos. Eles fazem a abordagem e os motoqueiros não têm o que fazer, apenas entregar tudo o que eles querem”. “A maioria dos casos acontece com bandidos que chegam em motocicletas. Geralmente eles andam em dupla. O garupa desce e o outro faz o assalto. Nesses casos eles sempre levam a motocicleta também, que é para que a vítima não tente ir atrás deles”.

Ainda de acordo com Michel, um dos pontos que mais tem ocorrido assalto é o prolongamento da Avenida Prudente de Morais. “Naquela região os bandidos saem do meio do mato. Além disso, a iluminação no local é muito ruim. Já aconselhamos os motoboys a não utilizarem aquele local depois das 18h. Porém, quando acontecem pedidos em Emaús ou Parnamirim, eles pegam esse caminho para tentar chegar mais rápido”.

Com tantos casos acontecendo e sem a polícia conseguir passar a segurança necessária para que os motoboys possam trabalhar, muitas vítimas sequer estão fazendo o Boletim de Ocorrência (BO). “Nós falamos para eles irem fazer o BO, mas eles falam que não querem, pois irão passar várias horas na delegacia para registrar a ocorrência só para voltar para casa com um papel, pois a polícia nunca recupera o que foi roubado. Como normalmente são casos de roubos de pequenas quantias, eles preferem nem fazer o BO”, explicou o presidente do Sindmotos-RN.

Risco de acidentes no trânsito também aumentou

Além de terem que conviver com a criminalidade de Natal, os motoboys também precisam encarar o trânsito cada vez mais caótico da capital potiguar. Com uma frota de veículos que em 2014 ultrapassou a marca de 1 milhão, os acidentes com os motoqueiros também se tornaram comum. “De acordo com dados do Detran (Departamento de Trânsito) a cada 10 acidentes de trânsito, 7 acontecem com motocicletas. Nesse meio estão os motoboys”, frisou Michel Barreto.

De acordo com Michel, apesar de qualquer um que utilize motocicletas como meio de transporte correr riscos de acidentes, a situação é ainda pior para os motoboys. “Os motoboys trabalham com uma margem de tempo. Eles precisam fazer as entregas em um determinado tempo. Portanto eles andam mais rápido no trânsito”.

O presidente do Sindmoto-RN também lembrou que o prejuízo para os motoboys em caso de acidentes vai além da questão física. “O seguro DPVAT é muito caro. Apesar de conseguirmos pagar em três vezes, muitos não fazem. Se um motoboy sofre um acidente, se for um acidente leve, ele passa, no mínimo, uns 15 dias sem poder trabalhar. Quando é um pouco mais grave, ele passa uns dois meses. Durante esse tempo, ele deixa de ganhar comissão e o aluguel da moto, que são partes importantes do trabalho de um motoboy”. “Apesar de estarmos sujeitos a diversos tipos de perigos, as empresas ainda não nos pagam adicional de periculosidade. Resumindo, a nossa profissão é uma profissão extremamente perigosa. É aquela coisa, você vai trabalhar e não sabe se volta”.

Fonte: Portal JH

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